edição n.º 644 • ANO XXV • abril|2011 esta revista é parte integrante do jornal nordeste e não pode ser vendida separadamente
Folar estimula economia da região
Entrevista António Pinto Leite: “Empresas devem fugir do Estado para vencerem a crise”
Ensino Superior:
IPB aposta em investigação na fileira no azeite
Opinião:
FMI: Desastre ou Esperança?
“COM TODO O DIREITO”
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Trabalho Suplementar Tem um horário de trabalho e num determinado dia fez mais horas do que aquelas estipuladas? Saiba o que isso significa, se vai ou não ser remunerado por esse trabalho e qual o descanso adicional devido pelo mesmo.
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Noção de trabalho suplementar. O trabalho suplementar, muitas vezes designado por “trabalho extraordinário”, é todo aquele que é prestado fora do horário de trabalho e que é solicitado pelo empregador nas situações de acréscimo eventual e transitório de trabalho (que não justifique contratar alguém propositadamente), nos casos de força maior (p. ex. devido a calamidades ou intempéries) e em situação de necessidade indispensável para prevenir ou reparar prejuízo grave para a empresa ou para a sua viabilidade (esta análise é feita caso a caso pela própria empresa). Exclusões. Não é considerado trabalho suplementar o que é prestado para compensar atrasos ou ausências do trabalhador que sejam da sua responsabilidade, desde que haja acordo entre este e o empregador para a referida compensação, tal como a situação em que o trabalhar permanece no trabalho durante mais algum tempo para finalizar alguma tarefa, desde que esta tolerância de tempo não ultrapasse quinze minutos face à hora estabelecida para o fim do período normal de trabalho diário. Nesta última hipótese, o trabalhador será sempre pago por esses acréscimos de trabalho com os valores/hora correntes, o que ocorrerá quando esses tempos somarem 4 horas ou, caso tal não se verifique, no final do ano.
Isenção de horário. Fica também excluído da noção de trabalho suplementar aquele que é prestado no regime de isenção de horário, desde que esta isenção não tenha estipulado um número máximo de horas de trabalho diárias ou semanais. Se assim for, então as horas prestadas além desses limites são consideradas como trabalho suplementar. Obrigação do trabalhador. O trabalhador, por regra, é obrigado a prestar trabalho suplementar desde que lhe seja solicitado legitimamente pelo empregador perante algumas das situações já referidas (acréscimo eventual e transitório de trabalho, caso de força maior ou situação de necessidade indispensável para prevenir ou reparar prejuízo grave para a empresa ou para a sua viabilidade). O trabalhador só poderá solicitar dispensa de trabalho suplementar alegando um motivo atendível cuja justeza é analisada caso a caso, pesando-se, em confronto, os interesses do trabalhador e do empregador. Limites. O número de horas de trabalho suplementar que podem ser exigidas a um trabalhador varia em função da própria dimensão da empresa onde trabalha. A título de exemplo, e considerando a regra do Código do Trabalho, tomemos uma microempresa (com menos de 10 trabalhadores) ou uma média empresa (entre 10 a
49 trabalhadores). Nestes casos, os limites são os seguintes: 175 horas por ano; 2 horas num dia normal de trabalho (dia normal: aquele que não é feriado, dia de descanso obrigatório ou complementar). O limite semanal é aferido por referência a uma média num período, normalmente de 4 meses. Mas, somadas as horas de trabalho normal com as horas de trabalho suplementar, a média semanal nunca pode ultrapassar as 48 horas. Registo. O empregador tem de fazer o registo de todo o trabalho suplementar que os trabalhadores realizam, anotando as horas em que ocorre o seu início e o seu fim, num suporte documental (p. ex., num impresso adaptado ao sistema de controlo de assiduidade existente na empresa) sem rasuras ou emendas. Este registo tem de ser visado pelo trabalhador após a prestação do trabalho. Pagamento. Se o trabalho suplementar for prestado num dia útil, a primeira hora ou fracção desta (p. ex., 20 min.) será pago com um acréscimo de 50%, considerandose sempre uma fracção como se fosse uma hora. Caso seja prestado num dia de descanso semanal complementar ou obrigatório ou ainda num feriado, será pago com um acréscimo de 100%.
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cadavez jurista e docente no I.P.B.
Descanso compensatório. O trabalhador que presta trabalho suplementar em dia útil, em dia de descanso complementar ou em feriado tem direito a um descanso compensatório remunerado, correspondente a 25% das horas de trabalho que efectuou. Gozará este descanso quando o mesmo totalizar um número de horas igual ao seu período normal de trabalho diário. No entanto, se prestou trabalho suplementar no dia de descanso semanal obrigatório, então terá direito a um dia completo de descanso, independentemente das horas de trabalho que efectuou. Gozará este dia de descanso num dos 3 dias úteis seguintes ao trabalho prestado. Legislação: artigos 100.º, 203.º, 211.º, 226.º, 227.º, 229.º, 231.º, 268.º e 271.º do Código do Trabalho. Nota importante: Para calcularmos o valor da hora de trabalho, temos de adoptar a seguinte fórmula legal: (Rendimento Mensal x 12) : (52 x período normal de trabalho semanal).
Para perguntas e sugestões: comtodoodireito@ipb.pt
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EDITORIAL
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Folar contraria crise económica
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economia nacional vive dias dramáticos, mas a região de Trás-osMontes e Alto Douro procura contrariar a crise com a organização de certames para promover os produtos da terra, ajudando os produtores da região a fazer negócio e a produzir mais quantidade e com melhor qualidade. A Feira do Folar de Valpaços, um evento que já vai na 13ª edição, é um exemplo de como se pode contrariar a crise, apostando na promoção e na venda daquilo que de melhor se produz no concelho, rentabilizando os recursos endógenos. Numa altura em que a economia precisa de ser estimulada, a realização destes certames é fundamental para que haja movimentação de recursos fi-
nanceiros. É desta forma que as regiões do interior do País assumem um papel relevante na economia nacional, demonstrando que estão bem vivas numa altura em que o País vive assombrado com os problemas financeiros que põem em risco o financiamento externo. Os números revelam que as tradicionais feiras são verdadeiros centros comerciais. No caso de Valpaços, no ano passado o volume de negócios, analisando apenas a venda directa, rondou 1,25 milhões de euros durante três dias. Além disso, este evento também contribui para que a restauração e unidades de alojamento tenham um acréscimo significativo de receitas. Estes resultados traduzem a eficácia do investimento de cerca de 150 mil eu-
ros que a autarquia tem vindo a fazer na promoção da Feira do Folar. Este ano, apesar da crise, os produtores não baixam os braços e afirmam que vão produzir a mesma quantidade do que no passado, acreditando que a qualidade do produto vai cativar os visitantes. É deste optimismo que o País precisa para se erguer do amontoado de dívidas em que foi mergulhando ao longo dos anos. Apesar do poder de compra das famílias ter sido reduzido com os cortes salariais e o aumento da carga fiscal, a economia não pára e o comércio precisa de iniciativas de promoção para ultrapassar os obstáculos impostos pela crise.
ne s t a e diç ão: nesta edição: 8|
t e r e s a
batista d i r e c t o r a
economia
Valpaços quer vender folar certificado já no próximo ano 10| Feira do Folar é o maior evento do norte do país 12| Bolo Podre promove Santa Maria de Émeres 13| Folar vendido a nível nacional 14| Poço da Vila: Azeite com selo de qualidade
entrevista 04| 21 empresas de Bragança faliram em 2010
empresas pme excelência 2010
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16| Santos Jóia: uma empresa sólida em crescimento
e ainda:
“Com todo o direito”
ensino superior
02|
20| Linhas de Investigação do IPB
economia social
23| Projectos sociais criam emprego
18|
opinião
06| Vais conhecer o homem dos teus sonhos 07| Desastre ou Esperança? FEEF e o FMI aterram em Portugal
22|
Trabalho suplementar
rotas & destinos
Vinhos velhos e Azeites novos deixam saudades em Tabuaço
ciência & ensino
Instituto Gulbenkian no top 10
ENTREVISTA
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As empresas atravessam dificuldades e os empresários
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têm que fazer esforços acrescidos para encontrar soluções que lhes permitam ultrapassar a actual crise económica. Numa altura em que o número de empresas a fechar as portas não pára de aumentar e o risco de falência é muito elevado, a Voz do Nordeste entrevistou o presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), António Pinto Leite, que fala dos desafios que se impõem aos líderes empresariais, das dificuldades que levam as empresas a fechar as portas e do futuro do País.
Voz Nordeste (VN) – Perante a actual conjuntura económica desfavorável para as empresas, o que é que a ACEGE tem feito no sentido de ajudar os empresários a superar a crise? António Pinto Leite (APL) - Perante uma crise com esta dimensão, a primeira prioridade da ACEGE tem sido apelar e ajudar ao sentido de liderança dos responsáveis empresariais. Se os líderes não resistem firmes nas adversidades, quem resiste? Há um dever moral dos líderes empresariais de manter a confiança e a esperança de todos os que os rodeiam.
Em segundo lugar, por todo o país passamos a mesma mensagem: a crise deve constituir um exercício de sentido social para todos os líderes empresariais. E vamos mais longe, sublinhamos que o critério do amor ao próximo é o critério empresarial a ser seguido: tratar os outros, sejam colaboradores, fornecedores ou a comunidade envolvente, como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos no seu lugar. Finalmente, prosseguimos a denúncia do desperdício do Estado como a principal causa do drama português. O Estado não deve absorver mais de 40% da riqueza nacional e
hoje absorve cerca de 50%. VN – A ACEGE lançou o Fundo Bem Comum para apoiar projectos empreendedores de desempregados com mais de 40 anos. Porquê a aposta nesta faixa etária? APL- A sociedade actual é iníqua para o envelhecimento. Há um extremar de competitividade que leva a subvalorizar o factor experiência e a sobrevalorizar o factor energia. Há também uma contradição insustentável em tudo isto: a vida biológica é cada vez mais longa e a vida profissional cada vez mais curta. Economicamente, será impossível sustentar com dignidade pessoas que a partir
dos 40 anos e por mais 40 anos ficam sem trabalho. O desemprego senior é uma das zonas mais intensas de sofrimento social, daí termos centrado a nossa atenção neste problema. VN- Quantas empresas já encerraram em Portugal entre o ano passado e o início deste ano? APL – Em 2010 agravou-se significativamente o número de processos de insolvência, relativamente a 2009. Em 2010, cerca de 5.100 empresas entraram no ciclo da insolvência. VN- O distrito de Bragança segue a tendência nacional? Quantas empresas já fecharam as portas, no mesmo pe-
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ríodo, nesta região do País? APL - Bragança contrariou a tendência nacional. Em 2009, entraram nos tribunais 28 processos de insolvência e em 2010 apenas 21. Houve, assim, em Bragança, um decréscimo de 25%. VN – Quais os principais problemas que levam ao encerramento das empresas? APL - Neste momento, a maior crise vem da falta de liquidez e das restrições ao crédito. As crises financeiras são sempre muito perigosas, porque atingem o coração da actividade económica. O não pagamento pontual aos fornecedores e o papel sem perdão do Estado nessa matéria ainda agrava mais a falta de liquidez das empresas. VN – O atraso nos pagamentos da parte do Estado aos fornecedores e prestadores de serviços tem contribuído para a falência de empresas em Portugal? APL - Naturalmente. É inaceitável que o Estado, que é pago com os nossos impostos, seja causador de sofrimento social por má gestão do dinheiro que lhe entregamos. Mas o pior é o facto de o Estado servir de exemplo e servir de desculpa para que muitos que podem pagar a horas não o façam. O Estado alimenta uma cultura de não cumprimento na sociedade. VN – O que é que motivou a ACEGE a celebrar, recentemente, um protocolo com a Confederação da Indústria Portuguesa no sentido de os fornecedores serem pagos a tempo e horas? APL - Vamos lançar esse projecto com a CIP, pedindo às empresas que se comprometam publicamente a pagar a ho-
ENTREVISTA
ras aos seus fornecedores. Os estudos sobre sinistralidade empresarial e aumento do desemprego causados pelo não pagamento pontual entre empresas apontam para números preocupantes. Portugal é o país europeu pior classificado nesta matéria. Não pagar a horas causa encerramento de empresas e desemprego, causa sofrimento. Pagar a horas é o mínimo ético empresarial.
VN – Quais os ramos de actividade mais afectados pela crise em que o País está mergulhado? APL - Prefiro ver o tema do outro lado: têm resistido à crise os sectores que, em tempo, se adaptaram às novas condições de mercado. Estamos hoje integrados numa moeda muito forte e com o mercado global à nossa disposição, mas também capaz de nos destruir. O calçado, sectores tecnológicos de ponta, o vinho, certos segmen-
tos do turismo, o sector exportador em geral, são casos de sucesso. O sector dos serviços também tem muitos casos de sucesso. Há muita gente a quem a vida corre bem em Portugal e esses casos devem inspirar todos os portugueses. Vão sofrer muito os sectores dependentes do Estado, o próprio sector público empresa-
rial. O sector privado foi sucessivamente avisado: este Estado acabaria na bancarrota. VN – De que forma é que os empresários podem dar a volta à crise e sobreviver na actual conjuntura económica? APL - Primeiro, sejam quais forem as dificuldades, actuando como líderes verdadeiros, sem medo e com capacidade inspiradora. Depois, motivando e investindo nas pessoas que estão nas suas empresas, porque é o factor humano que faz a diferença. Por outro lado, pensando estrategicamente, descobrindo o novo mundo de oportunidades que está por explorar, as novas alianças que deverão fazer, fugindo do Estado e das suas benesses. Apostando em produtos e serviços diferenciadores, na gestão da marca, na inovação, nos nichos de mercado internacionais. E trabalhando, trabalhando e exigindo, exigindo. VN- Qual o papel dos empresários na procura de soluções para resolver os problemas económicos que os País enfrenta actualmente? APL - Os empreendedores têm um papel decisivo no futuro de Portugal. Vou mais longe: Portugal depende, como poucas vezes na sua História, dos seus empreendedores. Sem criação de riqueza não haverá Estado social, nem protecção dos mais desfavorecidos, nem afirmação de Portugal no Mundo. Os empresários são empreendedores por excelência, mas há outros empreendedores: os trabalhadores incansáveis e com mérito, os profissionais liberais, os funcionários públicos exemplares, os voluntários, os estudantes com grande desempenho, os investigadores, as mães e os pais que suportam duras vidas profissionais e não desistem de acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos, tanta gente activa, criativa, inconformada, que luta pelo seu futuro e do seu país com alma.
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OPINIÃO
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“Vais conhecer o homem dos teus sonhos” 6
“A verdadeira finalidade do método científico é garantir que a Natureza não nos levou, erradamente a pensar que sabemos algo que efectivamente não sabemos” Robert Pirsig, Zen and the Art of Motorcycle Maintenance josé mário
l e i t e d i r e c t o r- a d j u n t o
da Fundação Gulbenkian
Perante a irracionalidade da s decisões arbitrária s (ou sujeita s “aos caprichos dos a stros”) nenhum argumento racional pode ser eficazmente esgrimido. O problema é quando a “crença” atropela a s legítima s e racionais expectativa s de terceiros colocando em causa o normal percurso da vida tal qual é e deve ser entendida e vivida.
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uando fui ver o último filme de Woody Allen cujo título coincide com o que agora escrevo, ainda não tinha sido publicado o meu texto da revista anterior. Também ainda não me tinha sido pedido um texto sobre a importância da vinda a EARMA a Bragança. Nem tinha lido a transcrição em epígrafe. No filme em causa há uma personagem crucial: Cristal, uma quiromante que convence Helena das suas capacidades videntes e premonitórias. Sally, a filha, inicialmente incentiva a mãe a manter e aprofundar este relacionamento por entender que as consultas na quiromante eram mais benéficas (e mais baratas) que o acompanhamento psiquiátrico que Helena iniciara, destroçada por um divórcio que apenas a charlatã conseguira “racionalizar”. Arrepende-se amargamente quando a vidente (provavelmente receosa da perda do poder de compra da fiel cliente) convence Helena a recusar à filha o empréstimo que lhe havia garantido. Por causa de um “certo alinhamento dos as-
tros”. O problema é que Sally já se tinha despedido e dependia do dinheiro da mãe para iniciar uma nova actividade que lhe garantiria a sua sobrevivência. E de nada valeram os intensos, insistentes, dramáticos e desesperados protestos e pedidos de explicações e de revisão da decisão. Perante a irracionalidade das decisões arbitrárias (ou sujeitas “aos caprichos dos astros”) nenhum argumento racional pode ser eficazmente esgrimido. Na maioria dos casos são de pequena monta os malefícios e, normalmente, “terapêuticos” pois atingem sobretudo os crédulos de tais práticas. Não vem daí grande mal ao mundo se contabilizarmos o carácter propedêutico que as necessárias falhas (que um dia terão de acontecer) há-de exercer, mais tarde ou mais cedo. O problema é quando a “crença” atropela as legítimas e racionais expectativas de terceiros colocando em causa o normal percurso da vida tal qual é e deve ser entendida e vivida. E o que é que tudo isto tem a ver com a economia, que é o tema desta revista? Tem tudo. Porque a extrema crise em que
estamos mergulhados deve-se, segundo toda a informação que é conhecida, ao facto de, durante anos termos pensado ser mais ricos que o que efectivamente éramos. E alguns levaram essa crença, voluntária ou involuntariamente, a um nível que o método científico nunca permitiria. Depois de ter visto o filme e de ter respondido ao município de Bragança sobre o congresso anual da Earma fiquei satisfeito por ler a citação de Robert Pirsig. Quase parece uma sequência lógica de algum estranho alinhamento cósmico. Claro que não passa de mera coincidência. Colocar hipótese contrária seria negar a essência da própria sequência, que só existe e é relevante precisamente pelo conteúdo… que claramente contraria a mesma hipótese. (parece confuso, mas não é! – a coincidência que existe é a da aceitação da prevalência da racionalidade sobre quaisquer outros factores. Aceitar que a coexistência se deve a factores cósmicos, destrói o ponto comum acaba com a própria coincidência!)
OPINIÃO
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Desastre ou
Esperança?
O FEEF e o FMI aterram em Portugal E finalmente Portugal vê-se obrigado a recorrer à ajuda externa do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). As dúvidas quanto à incapacidade de Portugal manter o equilíbrio orçamental acabaram por se confirmar. E agora? O que vai ser de Portugal e dos portugueses? Antes ainda de perspectivar o futuro próximo, importa analisar sucintamente como foi possível chegarmos a este ponto.
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nfelizmente para Portugal, o pico da crise financeira ocorreu apenas um ano antes das eleições legislativas de 2009. Como sabemos, anos pré-eleitorais são sempre de “corta-fitas”. E no exacto período em que deveríamos começar a apertar o cinto, fizemos exactamente o contrário. Quer um exemplo? Fruto dos impactos imediatos e fortíssimos da crise financeira, a maior parte das economias ocidentais entrou em processos de deflação, que corresponde à baixa generalizada dos preços. Este processo é menos frequente, pois como se sabe os preços tendem a subir ao longo do tempo, ou seja, inflação. A prova dos efeitos imediatos é que as variações mensais dos preços foram negativas em todos os meses do último trimestre de 2008. E foi neste ambiente de deflação, que se previa algo duradouro, que o governo anunciou um aumento espectacular de 2,9% nos salários da função pública para o ano seguinte. Claro que foi cuidadamente justificado, pois o ministério das finanças previu para
2009 a baixa da inflação média para 2,5%, pelo que se justificaria aumentos salariais na função pública de 2,9%, cobrindo a inflação esperada e resultando num aumento real de salários de apenas 0,4% (isto é, descontado o aumento dos preços ao valor do aumento nominal dos salários). E qual é que haveria de ser o valor final da inflação em 2009? Foi negativa em 0,8%, i.é., deflação, pois claro! Ou seja, o ganho real dos salários dos funcionários publicos em 2009 afinal não foi nem 0,4%, nem tão pouco 2,9%, mas sim 3,7%! Nada mal para quem está na “maior crise de sempre”. Mas o pior é que se tratou de uma indicação perversa que foi passada à população em geral: a de que tudo estava bem, “business as usual”. Mas não estava, até porque esse “falso” aumento já levantou voo, com o corte médio de 5% nos vencimentos para 2011. Aliás, aproveito para acrescentar que a inflação média se situa actualmente em 2% e com tendência para subir. Isto quer dizer que os cortes reais de salários efectivos na fun-
çao pública em 2011 não vão ser de 5%, mas provavelmente superiores a 7%! E isto sem contar com eventuais medidas adicionais de austeridade. Em 2009, o governo português justificou aquele que haveria de ser um défice recorde de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) com a necessidade de suavizar os efeitos da crise económico-financeira global, mas rapidamente se comprometeu a baixar o défice para 2010, i.é., após as eleições. Essa redução seria para pouco mais de 8% e teria de ser obrigatoriamente alcançada, pois trata-se de um nível elevadíssimo de défice, insustentável a prazo (recordo que o Euro obriga os países a não exceder os 3%). Tolerância zero para mais erros de previsão. Contudo, neste momento, o défice para 2010 já vai em 8,6%, a agora que todo o mundo quer, e vai, continuar a escrutinar as contas públicas portuguesas ao pormenor, a tendência será provavelmente de subida. E quanto piores forem os números da execução orçamental, mais esforços ainda terão de vir a ser
humberto
ribeiro docente do IPB
exigidos aos portugueses. O que significa então o regresso da ajuda externa? Um acto de rendição. O reconhecimento que falhámos, que as previsões e as políticas adoptadas não eram as mais apropriadas e que agora precisamos de ajuda para não cair no abismo, que seria deixarmos de ter os fundos necessários para a economia e a sociendade continuarem a funcionar. O preço: provavelmente mais medidas adicionais de austeridade, e uma certa travessia no deserto, necessária para digerir anos de despesismo e endividamento excessivo. Quem paga? Já sabemos, os o costume. E a quem assacar responsabilidades? Cada um dirá de sua justiça. Os factos são que actualmente temos os mais altos níveis de sempre em regime democrático quanto a défice, endividamento e desemprego. E claro, estamos em recessão económica, após uma década perdida de crescimento económico. Não tenho dúvidas que Portugal se voltará a erguer. Só não sei quando e em que moldes.
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ECONOMIA
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Valpaços quer vender folar ce A Feira do Folar de Valpaços é uma referência a nível nacional e é um forte impulso económico
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para o concelho. Com a XIII Feira do Folar, Produtos da Terra e seus Sabores à porta, a Voz do Nordeste entrevistou o presidente da Câmara Municipal de Valpaços, Francisco Tavares, que falou da evolução do certame, do seu peso na economia do concelho e do processo de certificação do folar, que deverá estar concluído já no próximo ano.
1 – A Feira do Folar de Valpaços é um dos maiores certames da região Norte. Qual o peso deste evento no desenvolvimento económico do concelho? Começámos há 13 anos. Na altura, não tínhamos ideia que iria atingir esta dimensão. Hoje, a Feira do Folar é uma maisvalia económica para o concelho. O produto de excelência é o folar, mas há outros produtos associados à sua produção que também são importantes para a economia local. Na feira também temos o vinho, o azeite, o fumeiro e outros produtos da região. Este certame representa um volume de negócios significativo e os
expositores ficam contentes ao longo das feiras. É uma aposta para continuar, porque fortalece a economia do concelho. 2 - Qual o volume de negócios que este certame representa para o concelho? Em termos de venda directa de produtos representa 1,25 milhões de euros, mas durante toda a semana que antecede a feira há dinâmica económica. Temos animação e actividades culturais, as pessoas visitam-nos e os comerciantes têm mais movimento nas suas casas. Apesar da crise, esperamos que este ano o número de visitantes ultrapasse os 50 mil. Para além da feira temos a
gastronomia, o património cultural e paisagístico. 3 – Este certame ajuda os agricultores, pequenos produtores e empresários do concelho a vender os seus produtos e a produzir em maiores quantidades? O folar afirmou-se a nível regional e nacional. Para além da Feira, já há uma série de produtores que têm os seus produtos à venda em lojas no Porto e em Lisboa e produzem folar durante todo o ano. A Câmara Municipal também tem feito todos os esforços para que este produto se afirme pela qualidade e temos reunido esforços para conseguir a certificação do folar de Valpa-
ços. Neste momento, o processo está a decorrer com mais celeridade e esperemos que daqui a um ano o processo de certificação do folar esteja firmado. Associamo-nos à QUALIFICA, uma empresa que certifica produtos regionais, e esperemos no próximo ano já ter o nosso produto com o selo da certificação no mercado. Os produtores também têm feito um esforço muito significativo ao longo dos anos, para melhorarem e adaptarem os seus espaços de produção do folar. Também tem havido mais controlo da qualidade deste produto, porque o nosso folar afirma-se pela qualidade e não tanto pela quantidade.
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ECONOMIA
ertificado já no próximo ano Este produto é uma mais-valia local e os produtores têm consciência disso. É um filão económico que não podemos desprezar. 4- A certificação é um processo complicado, porque o folar é feito com muitos produtos. Os produtores têm que cumprir regras exigentes para se poder avançar com o processo de certificação? O folar é o produto final. Há uma fileira de produtos que incorporam o folar, como a farinha, os ovos, as carnes, que têm que ser certificados previamente. Alguns já estão certificados, como é o caso do azeite, fumeiro e farinhas, o que torna mais fácil a certificação do folar. Com a QUALIFICA a tratar deste processo temos a certeza que no próximo ano temos o folar certificado, reconhecendo todo o esforço que a autarquia fez para que a certificação do folar fosse uma realidade. Quando um produto é certificado há regras de fabrico e os produtores sabem que não podem desviar-se desses parâmetros para conseguirem o selo de certificação e garantirem a qualidade a quem compra o produto. 5 – A certificação é uma for-
ma de valorizar ainda mais este produto? Naturalmente que sim. Qualquer produto que seja certificado tem garantia de qualidade e as pessoas que o adquirem procuram essa mesma qualidade, porque querem um produto com determinadas c a ra c t e r í s t i cas e a certificação é uma garantia de que não é adulterado. 6 – Na Feira do Folar encontramos o folar artesanal, mas também aquele que é fabricado pelas padarias e pastelarias. A certificação vai abranger todo o folar? Sim. O modo de fabrico do folar tradicional e do folar mais
artesanal. O folar comercial é feito em fornos modernos. No entanto, a qualidade é precisamente a mesma. Temos empresas que vendem folar no concelho de Valpaços já com o nome firmado no mercado, o que é uma mais-valia para o concelho, porque é mais um fluxo económico. Por isso, temos aqui uma riqueza muito grande que temos que aproveitar e as instituições, a autarquia e a própria sociedade civil tem consciência disso, pelo que, no futuro, vamos continuar a apostar neste produto. 7 – O folar tem promovido o concelho de Valpaços a nível nacional e além fronteiras…
comercial é precisamente o mesmo. O local da confecção é que é diferente. Os fornos a lenha ainda são preservados nas aldeias e é onde é feito o folar
Começou-se de forma tímida, mas hoje este certame está firmado a nível regional, nacional e, até, além fronteiras. O município tem algumas gemina-
ções na Europa e o folar está sempre presente nas nossas refeições. Além disso, o folar também já faz parte da gastronomia local. 8- A par do folar, esta Feira também tem contribuído para a afirmação de outros produtos da terra? Para além do folar, temos o azeite, o vinho, a amêndoa que também são produtos com muito peso na economia local. Ao nível da agricultura, o vinho, o azeite, a amêndoa e a castanha representam cerca de 50 milhões de euros na economia do concelho. Portanto é um concelho rico. Temos que valorizar a agricultura e os governos têm que estar atentos à riqueza produzida neste concelho. O governo devia ter uma atenção especial para com os municípios que produzem riqueza e não estão à espera do Estado para trabalhar. As pessoas investem e deviam ser concedidos mais apoios para o sector primário, mais incentivos para os agricultores afirmarem os seus produtos no mercado. No concelho, temos mais de 20 produtores e engarrafadores de vinho, com prémios, que são empreendedores.
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especial
ECONOMIA AMÊNDOA
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Feira do Folar
é o maior evento do Norte do País Certame alia a componente económica aos eventos culturais e recreativos, que cativam os visitantes
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alpaços transforma-se num verdadeiro centro turístico durante os próximos dias 15,16 e 17 de Abril. A XIII Feira do Folar, Produtos da Terra e seus Sabores assume-se como uma montra do folar de qualidade, mas também dos produtos genuínos que se produzem no concelho,
como o azeite, o vinho, o fumeiro, a doçaria ou o mel. Segundo o vice-presidente da Câmara Municipal de Valpaços, Amílcar Castro, este certame é o maior de todo o Norte do País, quer em termos de visitantes, quer ao nível do volume de negócios. “Conseguimos fazer mais de
1 milhão de euros sem contar com o movimento nos restaurantes e hotéis. Aqui o alojamento enche e as pessoas até procuram dormidas em Mirandela e Chaves”, garante o autarca. Neste evento vão participar cerca de 70 expositores do concelho de Valpaços, visto
que o moderno pavilhão multiusos já se revela pequeno para acolher todas as solicitações. “Só aceitamos os produtores e produtos da nossa terra, porque não temos um espaço que possa albergar toda a gente que mostra interesse em participar”, justifica Amílcar Castro.
sitantes deixam aqui dinheiro, levam a imagem do nosso concelho e divulgam os nossos produtos”, salienta o autarca. A par da vertente económica, esta Feira também conta com actividades culturais, como a apresentação de um livro sobre arte rupestre no concelho de Valpaços, desportivas, nomeadamente um Raid TT e um
espectáculo de Taekwondo. Já a animação está garantida pelas bandas musicais e grupos etnográficos do concelho. A divulgação a nível nacional é outra aposta do município, que, este ano, vai ter uma emissão em directo através do Programa das Festas, da RTP, e mantém a transmissão no programa Terra a Terra, da TSF.
Folar dinamiza economia local
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ntre os stands presentes na Feira do Folar encontram-se seis stands de folar artesanal, 13 de folar e fumeiro artesanal, seis de fumeiro tradicional, 11 de folar de padaria, dois de bolo podre, 14 instituições, que mostram à comunidade aquilo que fazem ao longo do ano, cinco espaços de artes decorativas,
e duas cooperativas, que representam o vinho e o azeite. No certame também se pode encontrar o vinho, o azeite, o mel, as compotas, os frutos secos, entre outros produtos da terra. Em tempo de crise, Amílcar Castro realça que este evento é uma “golfada de ar fresco” para a economia local. “Os vi-
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GASTRONOMIA REGIONAL - TABERNAS TÍPICAS GRUPOS MUSICAIS - BANDAS FILARMÓNICAS11 RANCHOS FOLCLÓRICOS - CONCERTINAS VIII RAID TT “ROTA DO FOLAR” ORGANIZAÇÃO: MUNICÍPIO DE VALPAÇOS
ENTRADA LIVRE
CONTACTO: SECRETARIADO DA FEIRA DO FOLAR Email: secretariado.feiradofolar@valpaços.pt Telf.: 278 710 130 - Fax: 278 711 135
especial
ECONOMIA AMÊNDOA
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Bolo Podre promove Santa Maria de Émeres 12
Receita tradicional é mantida no âmbito de um projecto que garante a confecção deste produto e a divulgação da freguesia
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Bolo Podre é um doce tradicional da freguesia de Santa Maria de Émeres, no concelho de Valpaços, que tem sido promovido pela Feira do Folar. A receita tradicional é assegurada por Irene Teixeira e Dul-
ce Cardoso Alcoforado, que são os rostos de um projecto que aposta no fabrico de Bolo Podre, aliado à promoção da freguesia. Há quatro anos, Dulce Alcoforado avançou com a construção de instalações novas, que estão certificadas para a confecção de Bolo Podre, um investimento de cerca de 60 mil euros, financiado em 50 por cento pela Associação de Desenvolvimento do Alto Tâmega (ADRAT). O novo espaço permitiu confeccionar bolos em maior quantidade, mantendo sempre a receita tradicional, que tem passado de geração em geração. Farinha, ovos, azeite, chá de laranja e canela são os principais ingredientes deste doce típico da Páscoa. “ É uma tradição muito anti-
ga. Já tem mais de 200 anos. Antigamente, chamavam-lhe o bolo dormido, porque não havia fermento e a massa ficava toda a noite a levedar”, conta Irene Teixeira, de 64 anos. O afamado Bolo Podre de Santa Maria de Émeres tem vindo a ganhar projecção e na Feira do Folar de Valpaços é um produto que esgota, porque há muita gente a procurar este doce. “Este bolo pode estar um mês em casa que não se estraga. Os ingredientes são todos caseiros. É um doce que acompa-
nha bem com queijo, compota e também pode ser torrado”, enaltece Dulce Acoforado, de 68 anos. A aposta na certificação é o passo a dar no futuro, para que este produto possa ser ainda mais valorizado no mercado. Iva Alcoforado, mentora deste projecto, afirma que esta aposta tem sido um sucesso, o que faz com que o Bolo Podre de Santa Maria de Émeres já esteja à venda em lojas de produtos regionais do Porto, Lisboa, Braga ou Guimarães.
Folar à moda antiga Fabrico de folar artesanal para a Feira de Valpaços ganha peso na economia local
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osefa Soares começou a produzir folares em grande quantidade para vender na Feira do Folar de Valpaços. Esta produtora de folar de Vilarandelo vê este certame como uma oportunidade de negócio, que ajuda a equilibrar as contas nesta época do ano. A receita tradicional e os ingredientes caseiros são a essência do folar, que ganha um sabor especial quando é con-
feccionado nos tradicionais fornos a lenha. A isto junta-se o fumeiro caseiro, que é produzido em maior quantidade a contar com a confecção do folar. Josefa Soares afirma que faz mais de 200 folares para vender na feira. Para que o produto não falte durante os três dias do certame, Josefa conta com a ajuda de duas colaboradoras. “Tenho sempre folar fresquinho”, assegura.
A qualidade do produto contribui para que esta produtora tenha clientes certos, que foi fidelizando durante os 12 anos em que participa no certame. Este ano, Josefa teme que a Feira do Folar tenha menos visitantes, devido à crise, mas garante que vai fazer a mesma quantidade de folar dos anos anteriores, na expectativa que conseguir escoar toda a produção.
ECONOMIA
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Folar vendido a nível nacional Panificadora Moutinho alia a produção em grandes quantidades ao fabrico tradicional
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folar produzido na Panificadora Moutinho, em Argeriz (Valpaços), é vendido a nível nacional e internacional. A qualidade deste produto regional é reconhecida de Norte a Sul do País e, até, além fronteiras. Na época da Páscoa, o folar desta padaria é enviado para a comunidade emigrante nos quatro cantos do mundo. O folar com rótulo Panificado-
ra Moutinho pode, ainda, ser adquirido em lojas de produtos regionais, no Porto, em alguns hipermercados e nos pontos de venda no concelho de Valpaços. A empresa tem, ainda, um serviço de distribuição regional, que leva o folar às aldeias, onde este produto é muito procurado, principalmente na época da Páscoa. Maria da Conceição Moutinho, proprietária da Panificadora Moutinho, afirma que esta casa já produz folar há 30 anos. No início, este produto só era fabricado nesta época festiva, mas garante a empresária que desde que se realizam as feiras a procura de folar tem aumentado significativamente e o
negócio tem crescido. “Produzimos folar todos os dias e durante todo o ano, mas é na época da Páscoa que produzimos em maior quantidade”, salienta Maria da Conceição Moutinho. Na altura da Feira do Folar de Valpaços, que coincide com a Feira organizada pela Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Lisboa, a Panificadora
Moutinho faz mais de 5 mil folares. A par dos certames, Maria da Conceição afirma que recebe encomendas que surgem no âmbito da promoção feita nas feiras onde está presente. “Há pessoas do Porto, Braga, Guimarães, que se deslocam aqui à padaria para comprar folar nesta época da Páscoa”, realça a empresária.
Carnes de qualidade marcam a diferença
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padaria Moutinho alia a produção em grandes quantidades ao fabrico tradicional, o que faz com que o folar tenha bom aspecto e um sabor irresistível. “A única coisa que é feita numa máquina é a massa, porque fazemos grandes quantidades. O resto do processo é todo artesanal, desde pôr as carnes a enfornar. Tam-
bém são feitos em formas de barro e em fornos a lenha. É isto que faz com que o nosso folar fique tão bom”, enaltece Maria da Conceição Moutinho. As carnes utilizadas por esta panificadora também marcam a diferença. Salpicão, linguiça e carne da pá dão um acabamento “perfeito” ao folar. “Não conseguimos comprar a pequenos produtores, porque gastamos grandes quantidades, mas trabalhamos com
fornecedores que nos garantem a qualidade”, enaltece a empresária. A panificadora Moutinho emprega 12 colaboradores, mas na época da Páscoa cria mais seis postos de trabalho para a confecção do folar. No futuro, Maria da Conceição afirma que gostava de alargar a venda de folar a outras cidades e a mais hipermercados.
ECONOMIA
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Po ç o d a Vil a : a z e i t e c o m 14 Henrique Cardoso quer abrir postos de venda próprios em diferentes zonas do País para vender o “ouro” com a marca “Poço da Vila”
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roduzido na Quinta do Carrasco, na aldeia de Abreiro (Mirandela), o azeite “Poço da Vila” prima pela qualidade, garantida através do controle de todo o processo de produção, transformação e engarrafamento. O azeite virgem extra produzido nos cerca de 50 hectares de olival que são propriedade de Henrique Cardoso é vendido a nível nacional, mas também já entrou no mercado internacional, nomeadamente em França. Na região é possível adquirir este “ouro” transmontano directamente na
Quinta do Carrasco, mas também pode ser degustado nalguns restaurantes típicos, como é o caso do restaurante “Adega” e do restaurante “O Grês”, em Mirandela. Henrique Cardoso afirma que o objectivo é aproximar o azeite “Poço da Vila” do consumidor. “Ainda durante este ano vamos abrir lojas nossas em pontos estratégicos do País. Estamos já à procura de um espaço no Porto, em Mirandela também iremos abrir uma loja e iremos estudar outros locais”, enaltece o empresário. A produção de azeite é uma
tradição familiar que já tem meio século, mas a marca “Poço da Vila” só surgiu há 10 anos, dois anos depois da Quinta do Carrasco ter apostado na construção de um lagar moderno e adaptado às exigências do mercado. Henrique Cardoso realça que o lagar tem duas linhas de produção independentes, o que permite fazer a separação da azeitona consoante a sua qualidade. “Através deste sistema conseguimos seleccionar lotes de maior qualidade”, enaltece Henrique Cardoso.
“ P oç o da Vila ” V i rg e m Ex tra e c o m s e l o DOP O lagar da Quinta do Carrasco transforma, anualmente, cerca de 2 mil toneladas de azeitona, mas só cerca de 150 mil quilos são utilizados para produzir o azeite “Poço da Vila”. “Também fazemos a transformação de azeitona de outros agricultores. Por isso, é que nem toda a azeitona que transformamos é utilizada para o azeite que vendemos engarrafado”, explica Henrique Cardoso. O empresário enaltece, ainda,
que se trata de um lagar ecológico, que tem vindo a sofrer algumas alterações ao nível da modernização dos equipamentos ao longo dos tempos. O resultado é o azeite de qualidade, que já foi distinguido com um prémio internacional na Feira Semana Verde da Galiza (Espanha), em 2008. Henrique Cardoso afirma que este prémio foi um incentivo para continuar a apostar na produção de azeite de qualidade.
O azeite “Poço da Vila” resulta da transformação das variedades verdeal transmontana, cordovil, madural e cobrançosa. A par do Azeite Virgem Extra, o “Poço da Vila” também é comercializado com o selo DOP, que garante o cumprimento de vários parâmetros de qualidade. Ao nível das vendas, Henrique Cardoso afirma que o ponto alto é nos meses de laboração do lagar, em que as pes-
soas procuram o azeite novo, e na época das amendoeiras em flor. “Vem muita gente que aproveita para comprar os produtos da região e o azeite é um deles”, realça o empresário. Com a qualidade reconhecida, o azeite “Poço da Vila” vai ganhar uma nova posição no mercado nacional, com a abertura de lojas próprias em diferentes zonas do País.
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ECONOMIA
m sel o d e q u a li d a d e
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AZEITE VIRGEM EXTRA
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Rua Casimiro Morais – Abreiro – MIRANDELA Telm.: (+351) 966 047 633 E-Mail: a.b.a.@portugalmail.pt
EMPRESAS EMPRESAS PME EXCELÊNCIA 2010
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S a n t o s J ó i a s : uma empresa sólida em crescimento 16 Galardão PME Excelência 2010 distingue o desempenho da Santos Jóias Ourivesaria Óptica, Lda, um negócio empreendedor que não pára de crescer
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Santos Jóias nasceu há mais de 50 anos, pelas mãos de Manuel Francisco dos Santos, um homem apaixonado pela ourivesaria que iniciou a sua carreira na venda ambulante, tendo aberto a primeira loja em Macedo de Cavaleiros, em 1953. A partir daí, a empresa do ramo da Ourivesaria e Óptica tem passado de geração em geração e tem conquistado o mercado. Esta empresa tem vindo a crescer ano após ano, o que lhe permite criar emprego na região e alcançar excelentes resultados financeiros, contrariando a conjuntura económica desfavorável que se afigura como um obstáculo para o sector empresarial. Prova disso é a recente distinção com o galardão PME Excelência 2010, um prémio atribuído pelo IAP-
MEI - Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, que pretende recompensar as empresas que se evidenciaram pela qualidade dos seus resultados e elevados padrões competitivos, com rácios de solidez financeira e de rentabilidade acima da média nacional. António José Vaz, sócio-gerente da Santos Jóias Ourivesaria e Óptica, Lda, afirma que este prémio foi uma surpresa, mas garante que vem de encontro ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela empresa. “ Temos como objectivo a qualidade, inovação e a superação das expectativas dos nossos clientes.”, enaltece o empresário. Para António José Vaz este prémio é uma homenagem ao fundador da empresa e aos colaboradores da Santos Jóias.
“Dá-nos alento para continuar a empreender, tendo em conta que os tempos não são fáceis na área empresarial”, realça o sócio-gerente. No entanto, o empresário lança um desafio às entidades envolvidas na atribuição deste prémio, para porem à disposição das empresas programas
que lhes permitam desenvolver projectos mais ambiciosos, bem como uma diferenciação positiva ao nível das condições de acesso à banca. “O estatuto PME facilita o acesso à banca, porque nos dá um raiting melhor, mas não é suficiente”, garante o sócio-gerente da Santos Jóias.
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EMPRESAS PME EMPRESAS EXCELÊNCIA 2010
Santos Jóias aposta na formação de todos os colaboradores A Santos Óptica Médica, membro fundador do Instituto Óptico, oferece serviços de Contactologia, Topografia Corneal, Terapia Visual, Tonometria, Ortoqueratologia, bem como consultas visuais grátis. Conta, ainda, com a colaboração do Dr. Horário Correia na área da Oftalmologia.
Na Ourivesaria, a Santos Jóias oferece produtos com design agradável e inovador e tem a representação de várias marcas de prestígio nacional, como a Omega, a Mont Blanc ou a Topázio. Dispõe, ainda, de uma oficina para reparação de relojoaria e artigos em ouro.
Esta foi a primeira vez que a Santos Jóias recebeu o galardão PME Excelência, mas os excelentes resultados desta empresa do ramo da Ourivesaria e Óptica já tinham sido reconhecidos com a atribuição de dois prémios PME Líder. António José Vaz é o rosto da Santos Jóias desde 1983, tendo deixado uma carreira na banca para dar continuidade a um negócio de família e faz questão que os seus filhos abracem este projecto de sucesso. “Estamos já numa fase em que a minha preocupação é preparar o caminho para a terceira geração. Dois dos filhos são Optometristas, licenciados pela Universidade do Minho, e estão a tirar o mestrado na mesma área, um deles termina este ano e o outro no próximo ano. Vamos ter os primeiros mestres na área da Optometria formados em Portugal, o que é um orgulho por saber que todo o trabalho que desenvolvi ao longo dos anos foi bem aceite pelos meus seguidores”, confessa António José Vaz.
A importância de apostar na formação é enaltecida por Luís Santos, Optometrista da Santos Jóias Ourivesaria e Óptica, Lda. “com o nível de investimentos que um consultório de Optometria nos obriga a fazer, sentimos necessidade de saber mais, para que possamos tirar todo o partido de aparelhos como o Retinógrafo ou o Topógrafo , o mestrado surge nesse sentido, pois habilita-nos não só a lidar com este tipo de aparelhos, mas também pretende aumentar os nossos conhecimentos em diversos campos como a contactologia ou a patologia ocular. Apesar de não ser nossa função tratar doenças oculares, é absolutamente fundamental reconhecer sinais e sintomas para que exista um correcto acompanhamento/encaminhamento.”, enaltece o técnico da visão. Aliás, a formação estendese aos 15 colaboradores que fazem parte dos quadros da Santos Jóias. A empresa cria as condições para que todos adquiram as competências necessárias para prestarem um serviço de qualidade a todos
os clientes. “Tive sempre como grande objectivo que as nossas casas fossem uma referência ao nível
dos produtos na área da Ourivesaria e da Óptica”, enaltece o empresário. A abertura de lojas em pontos considerados estratégicos levaram a Santos Jóias a instalar-se em Bragança, onde está há mais de 14 anos, Mogadouro, Alfândega da Fé e prepara-se agora para abrir uma nova loja em Chaves.
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ROTAS & DESTINOS
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Vinhos Velhos e A 18
deixam saudades em S uces s o do I S h ow Tas t e lev a organização a garantir continu id ad e d o cer t am e n o p róxim o ano
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I Show Taste de Vinhos Velhos e Azeites Novos despediuse de Tabuaço com vontade de regressar. O sucesso alcançado, tanto ao nível do número de visitantes, como no volume de contactos e negócios, levam o presidente
da Câmara Municipal de Tabuaço, João Ribeiro, a garantir a continuidade do evento. “É para manter nos próximos anos, com algumas mudanças para melhor”, garante o edil. Na óptica do autarca, o município já merecia um certame assim, tanto pela excelência
dos vinhos e azeites que brotam destas terras, como pelas paisagens contornadas pelo Douro e Távora. Aliás, não foi à toa que a Rota do Azeite de Trás-os-Montes, em parceria com a Rota das Vinhas de Cister e a Rota do Vinho do Porto, escolheram Tabuaço para servir de palco a um evento inédito a todos os níveis. Tanto assim é, que o secretário de Estado da Administração Local, José Junqueiro, no encerramento deste I Show Taste, realçou a cooperação entre diferentes entidades para o desenvolvimento regional. “Estamos perante um novo paradigma de emprego criado pelo Turismo”, salientou o governante. E é neste sector que Tabuaço tem conhecido um franco desenvolvimento, seja ao nível das magníficas quintas, que enaltecem a hospitalidade e
a gastronomia duriense, seja ao nível da confecção de produtos locais, como o afamado bolo-rei, muito procurado por quem visita o concelho. No último dia do certame, as atenções viraram-se para as demonstrações de cozinha tradicional e moderna. De um lado, Adalberto Pinto, proprietário de um restaurante na aldeia de Sendim (Tabuaço), preparou os tradicionais rojões e o fumeiro na brasa. Do outro, alunos e formadores da Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego apresentaram pratos mais requintados. O resultado foi um duplo show-cooking e uma saúdável disputa entre dois tipos de cozinha, onde a qualidade é o denominador comum. A estas iguarias juntaram-se os carros clássicos, com mais de 50 anos, que fizeram um percurso turístico entre Sabrosa e Tabuaço.
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ROTAS & DESTINOS
Azeites Novos Tabuaço
Profissionais de topo protagonizam workshops Durante o certame realizaramse provas de azeite e vinhos, bem como workshops dedicados a estes produtos de excelência, onde estão incluídos os espumantes. Todos else contaram com profissionais de topo a nível europeu. O parisiense Emmanuel Delmas participou numa Prova de Degustação de Vinhos Velhos e Azeites Novos, no Museu do Imaginário Duriense (MIDU), patrocinada pela Rota do Vinho do Porto.
No dia dedicado ao espumante, as honras da casa estiveram a cargo de Txema Garcia Diaz, um verdadeiro embaixador do Champanhe em Espanha. Já o italiano Marco Oreggia dirigiu o workshop dedicado aos azeites, onde cerca de 60 pessoas degustaram algumas das melhores marcas produzidas em Portugal.
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ENSINO SUPERIOR
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Linhas de inves Doutoramentos exploram a fileira da oliveira 20
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Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) tem vindo a desenvolver um vasto trabalho de investigação ao nível da fileira da oliveira. Nesta área, já foram concluídas cinco teses de Doutoramento e estão mais cinco em curso. Foram, igualmente, terminadas 10 teses de Mestrado dedicadas a esta
A
temática com um forte impacto na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Nos últimos 20 anos, a Escola Agrária tem dedicado especial atenção a esta cultura, de forma a aumentar a sustentabilidade das explorações e o rendimento dos agricultores. Têm sido vários os temas trabalhados no âmbito de projectos com financiamento externo, quer nacional quer internacional, como sejam a mecanização da cultura e a colheita mecânica da azeitona, a fertilização do olival e a manutenção do solo, a rega do olival e neces-
sidades de água da planta, a protecção contra pragas e doenças que afectam a azeitona e a oliveira, bem como a determinação do momento de colheita da azeitona. A caracterização de azeites varietais e azeite de Trás-os-Montes DOP e a caracterização dos diferentes tipos de azeitona de mesa produzidas a nível regional também têm sido temáticas abordadas pelos investigadores do IPB. Actualmente, estão a ser desenvolvidos nove projectos com financiamento externo no âmbito desta importante fileira
para a economia transmontana. Estão em curso duas acções em rede financiadas pelo PRODER, que incluem outras instituições regionais ou nacionais, com vista à transferência do conhecimento para o sector, ao nível da fertilidade do solo e protecção da cultura contra pragas e doenças, quer em termos de determinação do melhor momento para a colheita das diferentes cultivares que compõem o azeite de Trás-os-Montes, a quantidade de azeite e a sua qualidade.
Investigação ajuda agricultores
manutenção da superfície do solo com métodos alternativos à mobilização tradicional é também alvo de trabalho num projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, onde se procuram estabelecer os métodos mais adequados de manutenção do solo da cultura, protegendo-o da erosão, aumentando a sua fertilidade e o rendimento da cultura. O ataque de pragas e doenças provoca prejuízos conside-
ráveis aos agricultores. Se, por um lado, o ataque dos inimigos da oliveira reduzem a quantidade de azeitona produzida, por outro, podem também diminuir a qualidade do azeite daí resultante. O uso de pesticidas para o combate a estes inimigos da cultura não é uma prática viável em olivicultura sustentável, uma vez que pode ter impactos ambientais negativos e deixar resíduos no azeite. Neste sentido, é necessário encontrar formas alter-
nativas e sustentáveis de combater os inimigos da oliveira, um trabalho desenvolvido em quatro projectos financiados, como sejam o desenvolvimento de micoinsecticidas, com baixos riscos ambientais, e a valorização e incremento da acção dos inimigos naturais. Por último, é dada especial atenção aos produtos do olival, quer seja através do aproveitamento e extracção de diferentes compostos com alto valor biológico existentes nas
águas russas, quer pela caracterização dos azeites varietais das diferentes cultivares de azeitona e diversos tipos de azeitona de mesa, quer ainda através do desenvolvimento de produtos alternativos, como as pastas e snacks à base de azeitona e azeite, actividades financiadas por um projecto nacional e outro internacional. Mais informação pode ser encontrada em http://esa.ipb. pt/investigacao/projectos-emexecucao/.
30% da produção de azeite sai de Trás-os-Montes Em Portugal, e sobretudo nas regiões do interior, a oliveira é uma cultura de grande importância económica, social, ambiental e paisagística. A azeitona produzida destina-se maioritariamente à extracção de azeite. No entanto, a pro-
dução destinada a azeitona de mesa tem aumentado nos últimos anos. É de destacar também que a produção nacional não é suficiente para as necessidades do País, que, de acordo com a previsão do Conselho Oleícola Internacional para
o ano de 2010, foi de 74 000 toneladas e um consumo anual de 7,5 kg / habitante. Trás-os-Montes é uma importante região produtora, responsável por cerca de 30% da produção de azeite nacional.
ENSINO SUPERIOR
• edição n.º 644 • ano XXV • abril|2011 •
s t i g a ç ã o d o IP B Parque de Energias Renováveis no Campus
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Instituto Politécnico de Bragança (IPB) tem vindo a desenvolver o projecto VERCampus, que visa a implantação no Campus Universitário de um “Parque Vivo” dedicado à divulgação das Energias Renováveis, nomeadamente solar fotovoltaica, solar térmica, eólica, hídrica, sistemas híbridos, smart grids, veículos eléctricos, biocombustiveis e medidas de eficiência energética. No contexto deste projecto, o IPB realizou obras de melhoria de eficiência energética dos edifícios e integrou sistemas de energias renováveis (solar térmica, solar fotovoltaica, eólica, hídrica e biocombustiveis) durante os últimos dois anos, um investimento de cerca 2,5 milhões de euros, provenientes do projecto Interreg PROBIOENER e do protocolo assinado com o
Estado, através do Ministro de Estado e das Finanças, com cofinanciamento de 75%. Nesta fase já foram instaladas uma central fotovoltaica de 45 kW (15 kW em cada uma das Escolas do Campus de Santa Apolónia); uma central eólica de 10 kWp, com duas turbinas instaladas nos antigos silos da EPAC; uma micro-hídrica de 2 kW; uma vitrina com vidros fotovoltaicos, com potência total de 1.2 kW; um seguidor solar de 3 kW e uma turbina eólica de 1.4 kWp, que vão funcionar como unidades de micro geração integrada numa “rede eléctrica inteligente” (smart grid), à escala piloto, para sistemas isolados. Estão, ainda, em funcionamento uma unidade de produção de biodiesel a partir de óleos usados; sistemas solares termodinâmicos para aquecimen-
to de águas quentes sanitárias em todos os bares do Campus, na cantina e nas três residências de estudantes. O Parque foi concebido para estar aberto à comunidade, através de um conjunto de actividades que vão desde o ensino e formação ao longo da vida, até à realização de projectos de transferência de tecnologia e de I&D, passando pela disseminação de fontes renováveis de energia e das tecnologias envolvidas, junto da comunidade envolvente, designadamente, empresas, instituições públicas e privadas e escolas de diferentes níveis de ensino. A designação de “Parque Vivo” pretende realçar que o Parque estará permanentemente activo, com a realização de actividades regulares abertas à comunidade em geral.
Soluções energéticas para reduzir custos
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concretização do projecto também vai permitir a realização de actividades de ensino e de formação, que é a principal missão do IPB, com uma componente de verificação e demonstração experimental no âmbito da formação ao longo da vida e dos cursos ministrados no IPB, designadamente o Mestrado em Energias Renováveis e Eficiência Energética e a licenciatura em Engenharia de Energias Renováveis, entre ou-
tros cursos de mestrado e de licenciatura. Por outro lado, o projecto visa assegurar também que as empresas e a comunidade em geral disponham de informação sobre os reais custos das suas soluções energéticas e sobre as melhores alternativas, de forma a estimular comportamentos mais eficientes que se traduzam numa utilização mais racional da energia. Para o efeito, o IPB está a desenvolver acções concretas com vista
a uma maior sustentabilidade energética, através da integração de energias renováveis e implementação de medidas de eficiência energética para, desse modo, contribuir para o desígnio nacional de redução de CO2 e obter uma poupança não inferior a 20% do consumo de energia até 2020, assumindo o compromisso de atingir este objectivo nos próximos anos.
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CIÊNCIA & ENSINO
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Instituto Gulbenkian
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Pelo segundo ano consecutivo, o Instituto de Ciência fica entre os 10 melhores lugares para doutorados
O
Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) ocupa a nona posição entre as instituições internacionais (fora dos Estado Unidos) para investigadores doutorados. Os dados foram avançados no âmbito de um inquérito anual da revista de Ciências da Vida ‘The Scientist’. Em 2011, só três instituições do ano anterior conseguiram manter-se na lista, entre elas o IGC que fica, pelo segundo ano consecutivo, entre os melhores. São os próprios investigadores, ligados a instituições de investigação em todo o mundo, que elegem os melhores lu-
gares para trabalhar, através deste inquérito. O Instituto Gulbenkian, cuja vice-presidência é ocupada pelo transmontano José Mário Leite, é a única instituição portuguesa com lugar neste Top 10. Numa carreira de investigação, o período de pós-doutoramento é crítico para solidificar a rota estabelecida durante o doutoramento, de modo a que o investigador se estabeleça como um futuro líder de investigação. Segundo António Coutinho, director do IGC, “os doutorados são extremamente importantes na produção científica dos grupos e na ‘saúde’
da instituição”. Marie Bonnet é francesa e está a realizar o seu pós-doutoramento no IGC. “No IGC sinto que os coordenadores confiam nos pós-docs, o que nos incentiva a traçar o nosso caminho, e estão empenhados em transmitir-nos o seu conhecimento, o que nos garante orientação para levarmos o nosso projecto de investigação a bom porto”, enaltece a investigadora. A multidisciplinariedade do IGC também é enaltecida por Marie Bonnet. “Permite-me contactar com outras áreas de investigação, colaborar com pessoas de especialidades di-
ferentes, tudo dentro da mesma instituição. O balanço entre a independência e orientação tem sido muito importante para a minha carreira e desde que cheguei ao IGC estou regularmente a adquirir novas competências”, conclui a investigadora francesa. No IGC trabalham, actualmente, 83 doutorados, em 46 grupos de investigação, de 20 nacionalidades, nomeadamente Alemanha, Angola, Argentina, Austrália, Brasil, Cuba, Dinamarca, Espanha, EUA, França, Grécia, Índia, Inglaterra, Israel, Itália, Japão, México, Portugal, Roménia e Suécia.
Tesouro Nacional do Brasil premeia aluno da UTAD Mestrando desenvolveu um trabalho de grande relevância para o Pará (Brasil)
J
ó Bezerra de Sales, economista brasileiro e aluno de Mestrado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), foi premiado pelo Tesouro Nacional de Finanças Públicas do Brasil, pelo seu trabalho “Transferências Intergovernamentais: a desigualdade na repartição da cota-parte do ICMS no Pará 1998 a 2008”. O jovem, especializado em
Gestão Pública e em Direito Tributário, foi orientado na sua investigação pela Professora Teresa Sequeira, da UTAD, tendo como co-orientador no Brasil o Professor José Raimundo Trindade, da Universidade Federal do Pará. Jó Bezerra de Sales frequentou o mestrado na UTAD ao abrigo de um convénio entre as duas Universidades. A sua dissertação foi submeti-
da ao XV Prémio Tesouro Nacional de Finanças Públicas, organizado pelo Ministério da Fazenda do Brasil, Secretaria do Tesouro Nacional e Fundação Getúlio Vargas, tendo sido escolhida entre os três melhores trabalhos de finanças públicas do Brasil em 2010. De acordo com o seu autor, o trabalho possui grande relevância para o Pará, pois revela graves distorções na repar-
tição das quotas do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) aos municípios, com recomendação de alterações na legislação, de modo a permitir uma distribuição mais equitativa e viabilizando um desenvolvimento mais equilibrado.
ECONOMIA SOCIAL
• edição n.º 644 • ano XXV • abril|2011 •
Proj e ctos soc i a i s c r i a m e m pr e g o Centro Social e Paroquial dos Santos Mártires dá trabalho a 16 pessoas e tem em curso um projecto que vai criar mais 32 empregos O CLDS, que está no terreno há cerca de um ano, é um bom exemplo do apoio em várias áreas prestado por esta instituição. Este programa já deu apoio a centenas de pessoas em várias áreas, nomeadamente criação de emprego, educação parental, associativismo e informação e acessibilidades (ver caixa). “Trabalhamos directamente com as pessoas, abrangendo a freguesia urbana da Sé e as freguesias rurais de Carrazedo, Rebordãos, Gostei e Nogueira”, salienta Carla Pires. A 1ª Feira de Emprego e Solidariedade, que vai decorrer nos dias 6 e 7 de Maio, em Bragança, é outra iniciativa desenvolvida no âmbito do CLDS. Esta iniciativa vai aliar o emprego, a educação e a soli-
dariedade, com o objectivo de dar respostas às pessoas que procuram trabalho numa altura em que a conjuntura económica é desfavorável. Nesta Feira vão marcar presença 45 empresas, entre as quais instituições de solidariedade, empresas de formação, escolas secundárias e de ensino superior, bem como empresas de vários ramos de actividade, nomeadamente agrícolas, de energias renováveis, agrícolas, de turismo, entre outras. A qualidade dos serviços prestados também é uma preocupação do Centro Social e Paroquial dos Santos Mártires, que aderiu ao projecto Qual_ is, uma parceria com a Rede Anti-Pobreza (EAPN), que visa a certificação da qualidade da instituição.
Dirigido por cinco pessoas em regime de voluntariado, o Centro Social e Paroquial dos Santos Mártires divide-se em três grandes departamentos: a Área Social, onde está integrado o Centro de Convívio e o Refeitório Social, o departamento de Projectos, do qual faz parte o CLDS, a formação, recursos humanos e marketing, e a Área Educativa, onde está integrado o Jardim-de-Infância e o ATL.
Estrutura da instituição
em 2009, o protocolo foi assinado no ano passado e a obra estará concretizada até 2013. Trata-se de um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros, financiado em 75% pelo Programa Operacional Potencial Humano (POPH). Em época de crise, as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) assumem um papel crucial na sociedade, tanto ao nível do apoio social que prestam, como ao nível da criação de postos de trabalho. “O terceiro sector é o maior empregador, tanto a nível regional, como nacional”, realça a coordenadora do Contrato Local de Desenvolvimento Social (CLDS) dos Santos Mártires, Carla Pires.
Números
O
Centro Social e Paroquial dos Santos Mártires, em Bragança, tem vindo a crescer ano após ano e emprega, actualmente, 16 pessoas. Estão, ainda, em curso outros projectos de âmbito social que vão permitir criar ainda mais postos de trabalho. A iniciativa “Academia Santos Mártires – Construir para Incluir”, que contempla a construção de um Lar Residencial, com 24 lugares, um Centro de Actividades Ocupacionais, com capacidade para 30 pessoas, e Residências Autónomas, com 13 lugares, vai permitir empregar mais 32 pessoas. A nova resposta social na área da deficiência foi aprovada
23
130 pessoas atendidas no gabinete de emprego 25 conseguiram um contrato de trabalho 11 foram encaminhadas para estágios profissionais 389 pessoas abrangidas pelas acções de intervenção parental 344 pessoas tiveram acesso às tecnologias da informação 4 associações criadas e 1 revitalizada