Revista Automotive Business | edição 43

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Automotive

FEVEREIRO DE 2017 ANO 9 • NÚMERO 43

SETOR AUTOMOTIVO CORRE ATRÁS DA REVOLUÇÃO DIGITAL EMPRESAS SE PREPARAM PARA OFERECER MAIS TECNOLOGIA, INVESTIR NA EXPERIÊNCIA DO CONSUMIDOR E ADAPTAR O MODELO DE NEGÓCIO

• INOVAR-AUTO FALHOU. COMPETITIVIDADE É NOVO FOCO

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• MONTADORAS VÃO INVESTIR R$ 40 BILHÕES NO BRASIL

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O FUTURO É FEITO DE ALUMÍNIO LÂMINA DE PARA-CHOQUE TRASEIRO

LÂ PARA E CR

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Cada vez mais, o alumínio ganha espaço na indústria automobilística. Agora, é a vez dos sistemas de absorção de impacto. Provedora de soluções, a CBA inova e traz para o Brasil o alumínio de alta resistência, mais leve que o aço e com flexibilidade geométrica para atender às diversas necessidades de montadoras e sistemistas.

A CBA É FINALISTA DO PRÊMIO REI 2017 CATEGORIA INSUMOS: Alumínio de alta resistência em sistema de absorção de impacto.

Inovação feita por brasileiros para uma segurança maior dos carros no Brasil.

A CBA é uma das maiores produtoras de alumínio da América Latina, atuando com foco em prover soluções e serviços para os seus principais clientes do mercado automotivo. Saiba mais em www.aluminiocba.com.br

LÂMINA DE PARA-CHOQUE E CRASH BOX

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LUIS PRADO

ÍNDICE

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CAPA

A REVOLUÇÃO DIGITAL NO SETOR AUTOMOTIVO AS EMPRESAS DEVEM OFERECER MAIS TECNOLOGIA, INVESTIR NA EXPERIÊNCIA DO CONSUMIDOR E AJUSTAR O MODELO DE NEGÓCIO

34 DISTRIBUIÇÃO QUANTO MAIS PRUDENTE, MELHOR Concessionário precisa ser conservador

14 NEGÓCIOS NOVO PANAMERA CHEGA AO BRASIL Veículo passou por grande renovação

/ DIVULGAÇÃO

12 CARREIRA GM MUDA NA AMÉRICA DO SUL Três presidentes representam a região

POLLUX

8 NO PORTAL

30 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO AS FÁBRICAS INTELIGENTES O futuro da indústria de carros LLUX: ROBÔS DA PO m co o çã en ut man em tempo real monitoramento

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LUIS PRADO

36 FÓRUM DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

FÓRUM estimula novos contatos e troca de experiência

RODADA DE NEGÓCIOS Evento promove o networking 40 INVESTIMENTOS MONTADORAS RENOVAM APOSTAS Projetos em andamento são expressivos

53 INDÚSTRIA COOPER STANDARD AJUSTA APORTES Empresa define novas fábricas

VOLVO EM CURITIBA (PR a maior parte do investim ) receberá ento

54 LANÇAMENTO NASCE O CAPTUR BRASILEIRO A base é o Duster

DIVULGAÇÃO / VOLV O

56 LANÇAMENTO COMEÇA A PRODUÇÃO DO WR-V SUV global foi concebido no Brasil 58 LANÇAMENTO NOVO ECOSPORT SUV repaginado aparece em Detroit

43 CENÁRIOS 2017 INOVAR-AUTO 2 Foco em competitividade

52 CRÉDITO FINAME INCENTIVA O MERCADO Pesados recebem bem as mudanças

DIVULGAÇÃO

50 TECNOLOGIA SIEMENS PLM DRIBLA A CRISE Empresa cresce com indústria 4.0

/ FORD

48 ARTIGO A CONSTRUÇÃO DO FUTURO O ponto de vista da Anfavea

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EDITORIAL

REVISTA

www.automotivebusiness.com.br

Paulo Ricardo Braga Editor paulobraga@automotivebusiness.com.br

REVOLUÇÃO À VISTA S

ão tempos nebulosos para o setor automotivo que, enquanto enfrenta a crise no mercado brasileiro, precisa encontrar disposição para olhar adiante e se preparar para a revolução digital em curso no setor. O papel do carro na sociedade está em transformação com o avanço da conectividade e da automação. Não é diferente nas fábricas de veículos e a chamada Indústria 4.0 começa a ganhar espaço no Brasil. Os dados assumem papel central – são eles que ditam a lógica da produção ou o melhor trajeto para desviar do trânsito. Essa revolução é tema central desta edição da revista Automotive Business. Colocamos em pauta as questões mais relevantes, indicando a velocidade dessas transformações e seu impacto no Brasil que, pelas características de sua indústria, pode acompanhar com alguma defasagem as grandes inovações que estão a caminho. Fomos descobrir o esforço dos fornecedores para se adaptar à nova realidade e explicar, afinal, qual é o papel que eles devem assumir nessa nova realidade. Também mostramos que, ainda que mais lentamente do que em mercados maduros, a indústria 4.0 começa a dar passos consistentes no Brasil. Apresentamos nesta primeira edição do ano os resultados de uma pesquisa de cenários promovida pela consultoria Roland Berger em conjunto com Automotive Business. O resultado não foge muito das expectativas de uma retomada gradual da atividade e da confrontação entre as montadoras e seus fornecedores, mas há aspectos interessantes a considerar, especialmente no que diz respeito à conclusão do Inovar-Auto e à formatação da nova política industrial. Em plena revolução digital, em que as pessoas estão permanentemente conectadas, aquecemos os motores para o Fórum da Indústria Automobilística, que será realizado em 17 de abril e prova que os encontros ao vivo, para relacionamento e uma boa conversa regada a preciosos insights de negócios, ainda estão na ordem do dia. Nada menos de 850 profissionais relacionados ao setor automotivo devem estar presentes no Golden Hall do WTC, em São Paulo, para um dia de palestras, debates, feira de tecnologia e uma inédita rodada de negócios, que aproximará os participantes do evento com uma centena de representantes das áreas de compras e engenharia de montadoras e sistemistas. O programa completo do Fórum está disponível em www.automotivebusiness.com.br. Boa leitura.

Editada por Automotive Business, empresa associada à All Right! Comunicação Ltda. Tiragem de 10.000 exemplares, com distribuição direta a executivos de fabricantes de veículos, autopeças, distribuidores, entidades setoriais, governo, consultorias, empresas de engenharia, transporte e logística e setor acadêmico. Diretores Maria Theresa de Borthole Braga Paula Braga Prado Paulo Ricardo Braga Editor Responsável Paulo Ricardo Braga (Jornalista, MTPS 8858) Editora-Assistente Giovanna Riato Redação Mário Curcio, Pedro Kutney e Sueli Reis Colaboradora desta edição Edileuza Soares Editor de Notícias do Portal Pedro Kutney Design gráfico Ricardo Alves de Souza Josy Angélica RS Oficina de Arte Fotografia Estúdio Luis Prado Publicidade Carina Costa, Greice Ribeiro, Monalisa Naves Atendimento ao leitor Patrícia Pedroso WebTV Marcos Ambroselli Comunicação e eventos Carolina Piovacari Impressão Margraf Distribuição Correios

Administração, redação e publicidade Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema, 04082-001, São Paulo, SP, tel. 11 5095-8888 redacao@automotivebusiness.com.br Filiada ao

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PORTAL

| AUTOMOTIVE BUSINESS

AS NOVIDADES QUE VOCÊ ENCONTRA EM WWW.AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR MERCEDES COLHE RESULTADO DE SAFRA RECORDE A safra histórica de grãos prevista para este ano começa a tirar o mercado nacional de caminhões do buraco. Pelo menos na Mercedes-Benz, que aposta em seus modelos extrapesados para crescer. A fabricante plantou antes uma estratégia comercial mais agressiva nesse segmento.

VOLKSWAGEN AVANÇA COM RECALL DO DIESELGATE A Volkswagen anuncia que já atualizou 3,4 milhões dos cerca de 11 milhões de veículos das marcas do grupo envolvidas no escândalo do dieselgate em todo o mundo. Os modelos são equipados com o motor EA189 nas versões 2.0, 1.6 e 1.2. Desse total, 1,4 milhão foi feito na Alemanha.

FALHA HUMANA ACELERA CHEGADA DE AUTÔNOMOS Ford e Google concluíram que é melhor acelerar a chegada dos veículos totalmente autônomos do que lançar modelos semiautomatizados, que dependem da intervenção humana. Durante o desenvolvimento dos sistemas autônomos, a montadora enfrentou problema inesperado: os engenheiros responsáveis por gerenciar o automóvel cochilavam assim que adquiriam confiança no sistema.

WEB TV youtube.com.br/automotivebusiness ESPECIAL

BALANÇO

O SALÃO DO AUTOMÓVEL DE DETROIT apresentou algumas novidades para o Brasil.

AB NEWS NA SEMANA

OS NÚMEROS DA ANFAVEA no início do ano e as expectativas para 2017.

EXCLUSIVO PONTO DE VISTA | SEGURANÇA Segurança é coisa séria no Portal AB. Nesta página você confere artigos e reportagens sobre o tema.

ACOMPANHE toda sexta-feira o vídeo com os principais acontecimentos.

REDES SOCIAIS AB INTELIGÊNCIA Acompanhe a evolução das estatísticas das principais organizações do setor.

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Job: 20345-06 -- Empresa: Lew Lara -- Arquivo: AFS-20345-006-AnNISSAN-Frontier-410x275-CarAndDriver_pag001.pdf

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CARREIRA

FABIO GONZALEZ

GM PROMOVE MUDANÇA ESTRATÉGICA NA AMÉRICA DO SUL COM TRÊS NOVAS UNIDADES DE NEGÓCIOS, TRÊS PRESIDENTES REPRESENTAM A REGIÃO SUELI REIS

A

General Motors promove mudanças na sua estrutura regional para a América do Sul ao dividi-la em três unidades de negócio: GM Mercosul, consolidada por Brasil e Argentina, GM Andina, com Colômbia, Equador e Venezuela, e, por fim, GM Central, reunida por Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. A companhia designou CARLOS ZARLENGA, atual presidente da GM do Brasil, para comandar a

GM Mercosul. Já o então presidente da Argentina, Paris Pavlov, ficará à frente da GM Andina, enquanto Fernando Agudelo, atual presidente da GM no Chile responderá pela GM Central. As três unidades continuarão a fazer parte da estrutura da GM América do Sul, que segue com Barry Engle como presidente e a quem os executivos da região se reportarão.n

EXECUTIVOS A SAE Brasil nomeia o engenheiro MAURO CORREIA (foto 1), atual presidente do Grupo Caoa, como seu novo presidente para o biênio 2017-2018 no lugar do também engenheiro Frank Sowade. MARCOS ZAVANELLA (foto 2) é o novo presidente da Schaeffler no Brasil. Ele sucede a Jürgen Ziegler, que retorna à Alemanha para liderar um projeto da empresa em escala global. ALCIDES CAVALCANTI (foto 3) retorna à Volvo Caminhões, após 19 anos, como responsável pelas operações comerciais. Ele faz parte da equipe do diretor Bernardo Fedalto. A Caoa anuncia MARCELLO BRAGA (foto 4) como seu novo diretor de marketing. O executivo retorna à companhia após participar, em 2005, do lançamento do utilitário esportivo Tucson no Brasil. ALESSANDRO ALVES (foto 5) é o novo presidente da Delphi na América do Sul, no lugar de Paulo Santos, nomeado vice-presidente e diretor-geral da divisão de distribuição de eletroeletrônicos na Europa, Oriente Médio e África. Foton reestrutura operação no Brasil: o presidente do conselho LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS (foto 6) acumula a função de CEO no lugar de Bernardo Hamaceck, que deixa a empresa após três anos. Ricardo Mendonça de Barros assume a direção de vendas, marketing, pós-venda e desenvolvimento de rede.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Grupo Freudenberg anuncia mudanças: ALEXANDRE BICALHO (foto 7) é seu novo representante regional na América do Sul, acumulando a função atual de CFO da Freudenberg-NOK. Rodrigo Madeira é o novo CEO da Freudenberg Filtration no Brasil.

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NEGÓCIOS

PONTO DE VISTA O ano começou ruim e a recuperação deve acontecer em dois momentos: primeiro com as vendas para empresas e só depois, no segundo semestre, as pessoas físicas devem sentir os efeitos da redução dos juros para voltar a comprar carros FABRICE CAMBOLIVE, presidente da Renault do Brasil, durante o lançamento do Captur

ESPORTIVO

CORTE DE PESSOAL

NOVO PORSCHE PANAMERA CHEGA AO PAÍS

A

AJUDA DE US$ 6,5 BI

MATRIZES RESGATAM MONTADORAS NO BRASIL

F

IM

AG E

NS

oi-se o tempo em que as montadoras instaladas no Brasil remetiam lucro para as matrizes no exterior. Em 2016, com a crise, aconteceu justamente o contrário: as empresas precisaram mandar dinheiro de fora para socorrer as operações locais. Dados do Banco Central mostram que as fabricantes de veículos receberam valor recorde de US$ 6,57 bilhões em investimentos diretos das matrizes, com aumento de 45% sobre o montante registrado no ano anterior. BA N

CO

DIVULGAÇÃO / PORSCHE

epois de ter mais de 150 mil unidades vendidas em todo o mundo desde o lançamento, o Porsche Panamera passou por sua primeira grande renovação. O modelo chega ao Brasil em três versões, 4S (R$ 758 mil), Turbo (R$ 981 mil) e na nova 4S Executive, que sai por R$ 807 mil e tem como principal atrativo a distância entre eixos 15 centímetros maior, aumentando o conforto de quem viaja no banco de trás. A carroceria padrão já é grande: são 5,05 metros de comprimento. Na 4S Executive ela passa a 5,20 m. Os sedãs têm novos motores: 4S e 4S Executive recebem um 2.9 V6 de 440 cavalos. Já a configuração Turbo tem agora um 4.0 de 550 cv. A Porsche esconde o jogo, mas sabe que os novos Panamera darão empurrãozinho extra nas vendas da marca: “Não posso dar um número, mas certamente venderemos mais que as 20 unidades entregues no Brasil ano passado”, afirma o diretor-presidente da Porsche do Brasil, Matthias Brück. De acordo com o executivo, o volume maior este ano será da opção Turbo. Somando todos os Porsche entregues no Brasil foram 997 unidades em 2016, alta de 38% sobre o ano anterior. (Mário Curcio)

crise no mercado automotivo não provocou cortes apenas no chão de fábrica. O Grupo FCA, que controla a Fiat e a Chrysler, fez grande corte de pessoal em todos os departamentos da área administrativa, incluindo marketing, comercial e engenharia. A empresa não divulgou o número de demitidos, mas fontes apontam que seriam quase mil desligamentos para reduzir a folha de pagamentos em 30%.

DE

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FCA DEMITE EM ÁREA ADMINISTRATIVA

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NO AZUL

GRUPO PSA TEM MAIS UM ANO DE LUCRO

E

m 2016 o balanço do Grupo PSA na América Latina continuou a ser escrito com as letras azuis. A empresa dona das marcas Peugeot, Citroën e DS não divulga os números financeiros regionais recortados, mas informa que a região passou de “três dígitos de prejuízo para três dígitos de lucro” em milhões de euros nos últimos dois anos. “Nossa rentabilidade duplicou neste mercado no ano passado e (exceto pelo Brasil) os volumes vendidos também cresceram. Isso quer dizer que vendemos mais e melhor, além de continuar reduzindo custos, que baixaram 60% entre 2012 e 2016, sendo 21% só no ano passado. Isso explica o resultado positivo”, resume Carlos Gomes, presidente do grupo no Brasil e América Latina. Segundo o executivo, estão sendo aplicadas na região sob sua supervisão as mesmas diretrizes do plano estratégico “Push to Pass”, lançado no ano passado, após a companhia se recuperar de seguidos anos de prejuízo que quase a levaram à falência. A principal meta é crescer com rentabilidade sustentável, sem preocupação com participação de mercado, mas por meio da valorização das marcas e venda de produtos e serviços que trazem lucro. No caso da América Latina, o resultado palpável divulgado dessa política é a expansão de volumes para 183,9 mil veículos vendidos em 2016 nos países da região, 17,1% a mais na comparação com 2015, o que garantiu ligeiro aumento de 3,3% para 3,6% no market share regional. BRASIL AINDA NO PREJUÍZO Os países que mais contribuíram para o resultado positivo latino-americano da PSA, pela ordem, foram a Argentina – onde a participação avançou mais de um

ponto porcentual, de 11,7% para 12,8%, com embalo trazido pelo lançamento do Peugeot 2008 feito no Brasil – e o Chile, com ampliação em ritmo parecido, de 5,4% para 6,9% e liderança entre as marcas europeias de veículos. O Brasil continuou a registrar prejuízo, com modesto avanço de market share de 2,4% para 2,5%. “Claro que não estou satisfeito com isso, queremos e podemos mais. A PSA não está bem no País, mas está melhor do que estava. Houve progressos, o Brasil foi o país que mais evoluiu em qualidade de serviços e isso gerou melhor reconhecimento de nossas marcas”, ponderou Gomes. “O mercado brasileiro continuou a cair e por isso não ajudou em termos de volumes, mas nós caímos menos, e se não conseguimos vender mais, vendemos melhor, mantendo a disciplina comercial, sem guerras de descontos ou publicidade de bananas”, destacou o executivo, que diz esperar por estabilidade de vendas em 2017. “A queda continuou forte em janeiro, demonstrando que a recuperação ainda pode demorar. Deverá ser um ano em que o segundo semestre compensará o primeiro”, avalia. “Nesta fase, não estou otimista, mas não estou mais pessimista.” Uma das fontes do esperado aumento da rentabilidade no Brasil poderá vir da superação das metas de eficiência energética previstas no Inovar-Auto, que pode render de um a dois pontos porcentuais de desconto no IPI. “Foi para isso que lançamos aqui o motor 1.2 PureTech (que equipa Peugeot 208 e Citroën C3)”, lembra Gomes. Segundo ele, a PSA está otimista com os resultados aferidos, mas terá de aguardar a medição oficial pelo Inmetro para confirmar ou não o incentivo fiscal. (Pedro Kutney)

LIDERANÇA DIVULGAÇÃO / NISSAN

CARLOS GHOSN DEIXA PRESIDÊNCIA DA NISSAN

A

partir de abril a Nissan terá novo CEO: Hiroto Saikawa assume o lugar que foi de Carlos Ghosn (foto) por 18 anos. O brasileiro deixa a liderança executiva da companhia, mas permanece na presidência do conselho administrativo da aliança Renault-Nissan, que inclui agora também a Mitsubishi, montadora de quem o conglomerado detém participação de 34%. É justamente por causa das novas responsabilidades na companhia recém-adquirida que Ghosn decidiu deixar o cargo de CEO da Nissan.

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NEGÓCIOS

CADEIA PRODUTIVA

DIVULGAÇÃO / HYUNDAI

HYUNDAI RECONHECE FORNECEDORES SERVIÇOS ADUANEIROS: Embraport - Empresa Brasileira de Terminais Portuários; COMPRAS GERAIS: Tirreno - Indústria e Comércio de Produtos Químicos; INOVAÇÃO EM CUSTOS: Mobis Brasil - Fabricante de componentes automotivos; NACIONALIZAÇÃO: Valeo - Fabricante de sistemas de visibilidade; QUALIDADE: Maxion Wheels - Fabricante de rodas de aço.

A

Hyundai Brasil entregou prêmio aos seus melhores fornecedores com base no desempenho de 2016. Em cerimônia em Piracicaba (SP) em fevereiro, a companhia reconheceu as empresas que mais se destacaram ao longo do ano passado. A companhia produz em fábrica na cidade os modelos HB20 hatch e sedã e também o utilitário esportivo Creta. O prêmio está na quinta edição e ocorreu durante o seminário anual promovido no Brasil pela montadora sul-coreana. Cada fornecedor é avaliado em diferentes quesitos, considerando os esforços em implementar medidas inteligentes para redução de

custos, ganhos de eficiência e inovação tecnológica. “Em 2016 celebramos a conquista da quarta colocação entre as maiores montadoras do País, modificando pela primeira vez em 40 anos a composição das chamadas ‘Big 4’. Tal resultado não teria sido possível sem a dedicação de nossos fornecedores e parceiros”, afirmou o presidente da Hyundai Brasil, William Lee. O evento ocorreu no complexo histórico do Engenho Central de Piracicaba e teve a presença de mais de 200 fornecedores e empresas parceiras, além dos principais executivos da Hyundai. Veja no quadro acima.

CAMINHÕES E ÔNIBUS

VOLVO VAI INVESTIR R$ 1 BILHÃO EM 3 ANOS

A

HUMBERTO MICHALTCHUK / PRATA GELATINA

Volvo se declara pronta para a retomada do setor de veículos comerciais. Prova disso é que a companhia anunciou investimento de R$ 1 bilhão de 2017 a 2019 – 90% do total no Brasil e o restante para outros países da América Latina. O pacote tem como foco o desenvolvimento de novos produtos, a atualização da fábrica de caminhões e ônibus de Curitiba (PR) e o incremento da área de serviços. “A ideia é complementar a oferta [de produtos] e manter a dianteira”, reforça Wilson Lirmann (foto), o primeiro presidente brasileiro do Grupo Volvo para o continente. Ele explica que o novo ciclo sustentará a meta da companhia em manter-se líder no mercado em que atua – caminhões acima das 16 toneladas de PBT ou os denominados semipesados e pesados – em que a participação da marca chegou a 28,8% em 2016, seu terceiro ano consecutivo à frente deste segmento. O último ciclo de investimento do grupo na América Latina foi equivalente a US$ 500 milhões entre 2013 e 2015, o que incluiu a última grande renovação da linha de caminhões, com a nova geração dos modelos da Linha F, lançada em 2014. (Sueli Reis)

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NEGÓCIOS

LEVES

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s vendas mirradas de 2016 trouxeram mudanças sensíveis nas posições do ranking de vendas de veículos no Brasil. A General Motors consolidou sua liderança, desbancando a Fiat, que lá ficou por mais de uma década, inclusive em 2015, e deixando a Volkswagen um pouco mais para trás. Hyundai e Toyota avançaram, desacomodando a Ford de sua histórica quarta colocação e fazendo a marca descer ao amargo sexto posto. Das dez marcas mais vendidas, só duas, Toyota e Jeep, registraram crescimento de vendas em 2016 sobre 2015. Três (Volkswagen, Fiat e Ford) tiveram quedas bastante acima da média do mercado (-20%), uma (Honda) apurou retração igual à média e outras quatro (General Motors, Hyundai, Renault e Nissan) caíram menos, abaixo da média. Confira como foi a movimentação do mercado em 2016:

DIVULGAÇÃO / CHEVROLET

GM SE CONSOLIDA E HYUNDAI SOBE

AS DEZ MARCAS MAIS VENDIDAS EM 2016 MARCA 1a GM a a a a a a a a

2 3 4 5 6 7 8 9

EMPLACAMENTOS JAN-DEZ 2016

DESEMPENHO PARTICIPAÇÃO 2015/16 (%) (%)

VARIAÇÃO 2015/16 (em pontos porcentuais)

345.874

-10,85

17,41

1,75

FIAT

304.980

-30,55

15,35

-2,38

VOLKSWAGEN

228.456

-36,45

11,50

-3,01

HYUNDAI

197.850

-3,33

9,96

1,70

TOYOTA

180.416

2,61

9,08

1,98

FORD

180.242

-28,93

9,07

-1,17

RENAULT

150.541

-17,37

7,55

0,22

HONDA

122.541

-20,10

6,17

-0,02

NISSAN

60.908

-0,53

3,07

0,59

59.046

41,29

2,97

1,29

a

10 JEEP

AUTOPEÇAS

DESEQUILÍBRIO NA BALANÇA COMERCIAL E OCIOSIDADE ALTA

C

om os negócios enfraquecidos no mercado brasileiro, o setor de autopeças encerrou 2016 com uma série de resultados negativos. A balança comercial teve déficit de US$ 5,3 bilhões, segundo o Sindipeças. Enquanto as exportações de componentes brasileiros geraram faturamento de US$ 6,57 bilhões, as importações chegaram a US$ 11,82 bilhões. O nível de ociosidade das fábricas chegou perto de 50%. Com a baixa demanda, o número de empregos encolheu 13,3% na indústria de autopeças.

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NEGÓCIOS

PESADOS

MERCEDES-BENZ TOMA LIDERANÇA DA MAN

N

DIVULGAÇÃO / MERCEDES-BENZ

o setor de caminhões, entre tantas reviravoltas no mercado, 2016 foi o ano em que a MercedesBenz destronou a MAN da posição de montadora que mais vende caminhões no Brasil. A companhia entregou 15,1 mil veículos da categoria, com queda de 21,7%. O tombo, no entanto, foi bem menor do que o total do mercado, que encolheu 29,4% ao longo do ano, para apenas 50,5 mil unidades, volume anêmico perto do recorde alcançado em 2011, quando o mercado interno do segmento superou a marca de 170 mil emplacamentos. Veja o ranking completo:

AS DEZ MARCAS MAIS VENDIDAS DE CAMINHÕES EM 2016 MARCA 1a MERCEDES

EMPLACAMENTOS JAN-DEZ 2016

DESEMPENHO PARTICIPAÇÃO 2015/16 (%) (%)

VARIAÇÃO 2015/16 (em pontos porcentuais)

15.113

-21,74

30,05

3,14

MAN VWCO

13.697

-29,95

27,23

-0,01

FORD

7.750

-40,01

15,41

-2,59

VOLVO

5.612

-32,77

11,16

-0,47

SCANIA

4.244

-18,74

8,44

1,16

IVECO

2.626

-42,30

5,22

-1,12

DAF

673

51,92

1,34

0,72

AGRALE

184

-29,50

0,37

0,00

SINOTRUK

180

125,00

0,36

0,25

10 INTERNATIONAL

74

10,45

0,15

0,05

a a a a a a a a

2 3 4 5 6 7 8 9

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CAMINHÃO

FOTON COMEÇA A VENDER MODELO NACIONAL

N

o início de março a Foton começou a vender os seus primeiros caminhões feitos no Brasil, na planta da Agrale em Caxias do Sul (RS). A promessa da Foton é montar os veículos ali até a conclusão de sua unidade própria em Guaíba (RS). Segundo a companhia, as unidades nacionais são feitas em parceria com mais de 40 fornecedores. Com os produtos nacionais, a Foton pretende atender a um esperado aumento na demanda por caminhões em 2017.

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REVOLUÇÃO DIGITAL

INOVAÇÃO COM POTENCIAL PARA TRANSFORMAR A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA RANKING

TESLA É UMA DAS TRÊS EMPRESAS MAIS INOVADORAS

A

DIVULGAÇÃO /TESLA

inda que as empresas de tecnologia tenham dominado o espaço de inovação nos últimos anos, a indústria automotiva ainda garante participação importante no assunto. Principalmente quando une o mundo dos carros com o da tecnologia, como é o caso da Tesla, eleita a terceira empresa mais inovadora do mundo pelos 1,5 mil executivos entrevistados pelo levantamento do Boston Consulting Group (BCG). A montadora do Vale do Silício ficou atrás apenas da Apple e do Google na lista. Além da Tesla, aparecem no ranking Toyota, BMW, Daimler, General Motors, Renault e Honda.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

FORD INVESTE US$ 1 BILHÃO EM STARTUP ARGO AI

A

Ford vai aplicar US$ 1 bilhão pelos próximos cinco anos na Argo AI, startup do ramo de inteligência artificial. O plano é tornar-se sócia majoritária da empresa de tecnologia e desenvolver um sistema de direção virtual para carros autônomos, como parte da estratégia da montadora que prevê o lançamento de seu primeiro modelo autoguiado em 2021. O uso de inteligência artificial nos carros é uma tendência clara no setor. Diversas montadoras estão trabalhando no desenvolvimento de assistentes pessoais digitais, que serão a base da experiência das pessoas em veículos autônomos.

INOVAÇÃO & TECNOLOGIA

C

om a iminência da chegada de carros autônomos ao mercado, a Mobileye investe em parceria com montadoras. Só neste ano a empresa israelense focada no desenvolvimento de tecnologias de assistência à direção já anunciou parcerias com a Volkswagen e com a BMW. A empresa suprirá as fabricantes de veículos com o sistema REM (de Road Experience Management), que oferece mapas de alta definição e, por crowdsourcing, garante que os automóveis autoguiados tenham informações em tempo real de condições de trânsito e aspectos meteorológicos, por exemplo. As informações são consideradas essenciais para que modelos autônomos funcionem bem.

DIVULGAÇÃO

MOBILEYE AVANÇA NO SETOR AUTOMOTIVO

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NEGÓCIOS

ÁREA DE DADOS, ESTUDOS E ESTATÍSTICAS DO PORTAL AUTOMOTIVE BUSINESS. INFORMAÇÃO COM CREDIBILIDADE PARA DESENVOLVER PROJETOS E FAZER O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO.

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RAIO-X: VEÍCULOS E SEUS FORNECEDORES

A

utomotive Business estabeleceu parceria com a IHS Markit para abrir a caixa preta da parceria entre montadoras e fornecedores de autopeças no Brasil. Este material está na seção Raio-X: veículos e seus fornecedores. A cada mês o espaço trará com exclusividade o levantamento dos principais fornecedores de componentes das montadoras para a produção de determinado modelo. O relatório, em arquivo PDF, é oferecido para download. Para a estreia, desvendamos as empresas que entregam autopeças e sistemas para o Fiat Mobi. A lista contém 30 fornecedores, com nomes como Bosch, Mahle e Brembo, além dos itens que cada uma dessas companhias entrega para a montagem do carro. As informações sobre o compacto nacional, fabricado pela FCA na planta de Betim (MG), foram levantadas pela IHS Markit.

BANCO DE IMAGENS

RANKING GLOBAL: MARCAS, MODELOS E MERCADOS Os dados de vendas globais em 2016 indicam que o Brasil despencou para a nona colocação no ranking mundial FAÇA O de vendas de veículos leves. DOWNLOAD DOS DADOS Relatório anual da consultoria DE VENDAS GLOBAIS Jato Dynamics mostra que o País encerrou o ano duas posições atrás da colocação de 2015. Em 2016, o mercado local entregou pouco mais de 1,98 milhão de unidades, entre automóveis e comerciais leves, registrando também a maior queda entre todos os 52 países pesquisados. No topo da lista, a China segue como o maior mercado de veículos do mundo, com crescimento de dois dígitos, seguida pelo vicelíder, Estados Unidos, com vendas estáveis, e Japão na terceira posição, embora tenha registrado queda das vendas em 2016. A Alemanha se manteve como o quarto maior mercado do mundo. Por marcas, a Toyota lidera no segmento leve, desbancando a Volkswagen com 7,2 milhões de veículos – entre automóveis e comerciais leves.

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CAPA | REVOLUÇÃO DIGITAL

SETOR AUTOMOTIVO BUSCA SEU LUGAR NA REVOLUÇÃO DIGITAL

EMPRESAS SE PREPARAM PARA OFERECER MAIS TECNOLOGIA, INVESTIR NA EXPERIÊNCIA DO CONSUMIDOR E ADAPTAR O MODELO DE NEGÓCIO GIOVANNA RIATO

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MAIS PARA SOFTWARE. QUEREMOS NOS TORNAR LÍDERES EM SOLUÇÕES DE INTERNET DAS COISAS CARLOS ABDALLA, gerente de marketing e de relações institucionais da Bosch no Brasil

lembra que o processo de romper com padrões estabelecidos nunca é indolor. “Mudar uma indústria que teve sucesso por mais de 100 anos é difícil, mas o setor não pode ficar parado e repetir o que aconteceu no segmento de telecomunicações”, diz, lembrando de empresas que ficaram inertes enquanto uma série de aplicativos de comunicação, como o

WhatsApp, conquistou espaço entre os consumidores. Outra conclusão que salta aos olhos na pesquisa é a mudança na relação de posse entre consumidores e carros. Dos entrevistados, 59% admitiram que metade das pessoas que têm um carro atualmente não terá mais interesse em possuir um veículo em 2025. A ideia é pagar pelo uso, não pela propriedade. DIVULGAÇÃO / BOSCH

CONECTIVIDADE, dados e internet das coisas viram expressões comuns no mundo automotivo

ESTAMOS OLHANDO

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H

á quem diga que é difícil notar a revolução quando você está justamente no meio dela. O setor automotivo começa a dar sinais claros de que, contrariando esse ponto de vista, percebeu e decidiu acompanhar a revolução digital em curso. A impiedosa transformação atropela os produtos, formatos e modelos de negócio estabelecidos para impor uma nova realidade baseada na internet. Computação na nuvem, dados, conectividade, internet das coisas e automação passam a ser palavras e expressões cada vez mais utilizadas no vocabulário da indústria automotiva. Sinal dos tempos. O estudo Gaes 2017, feito globalmente pela KPMG com mil executivos de alto escalão da indústria automotiva, comprova isso. Para 83% dos entrevistados, o modelo de negócio do setor pode passar por disrupção em breve – trata-se daquela inovação exponencial, que transforma um setor de uma hora para a outra. Ricardo Bacellar, diretor da divisão automotiva da KPMG no Brasil,

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DIVULGAÇÃO / BOSCH

CAPA | REVOLUÇÃO DIGITAL

É UM DESAFIO transformar uma indústria que tem sucesso há mais de 100 anos

A boa notícia, por outro lado, é que há enorme mercado a ser explorado nessa área. Para 76% dos entrevistados, os automóveis conectados garantirão às montadoras dez vezes mais receitas do que os modelos analógicos. Ao oferecer veículos tecnológicos, que customizam a experiência do cliente, os entrevistados da KPMG acreditam que será possível, por exemplo, obter faturamento a partir dos dados dos consumidores, justamente como fazem hoje companhias de tecnologia como Google e Facebook. E O BRASIL? O papel da indústria automotiva local dentro da revolução digital ainda

O DESAFIO DOS AUTÔNOMOS A

s tecnologias de assistência à direção seguem rápida evolução, mas Lobistsky, da Infor, lembra que a chegada dos carros plenamente autônomos deve esbarrar na cibersegurança. “É algo que precisa ser melhor debatido. É necessário estabelecer alguns parâmetros”, diz, lembrando da aterrorizante possibilidade de hackers roubarem dados do condutor de um veículo autônomo ou, até mesmo, assumirem a direção do automóvel a distância. No levantamento da KPMG, os executivos da indústria automotiva não pareceram tão confiantes quanto ao avanço dos carros autoguiados. Dos participantes, 49% apontam que confiariam mais em uma marca premium quando fossem andar em um carro sem motorista e 37% iriam preferir uma montadora de alto volume, como Toyota e Volkswagen. Apenas 14% dos executivos acreditam que uma empresa do Vale do Silício seria capaz de desenvolver o automóvel mais confiável, com zero risco de acidente. Lobistsky aponta que o atraso para a novidade chegar ao Brasil não pode ser tão grande na comparação com o resto do mundo. “A indústria terá de avançar. Não existe outra saída”, diz. Ainda assim, ele admite que o movimento será mais reativo do que pioneiro, já que a tecnologia está longe da lista de prioridades das

empresas instaladas localmente. “O executivo brasileiro não vai priorizar isso agora. Em uma multinacional, o caminho natural é esperar a tecnologia amadurecer lá fora antes de vir para cá. Localmente, acho que o caminho mais simples será começar a trabalhar para melhorar a experiência do cliente.” Abdalla, da Bosch, concorda que pode ser mais demorado do que em outros países, mas enfatiza que o avanço do carro autônomo é inevitável no Brasil. “A tecnologia transcende fronteiras”, diz. Ele reforça, no entanto, que essa evolução não depende só da indústria, mas também do avanço da infraestrutura das vias, das cidades e, claro, do poder econômico do consumidor para investir na tecnologia. Furtado, da ZF, concorda que é essencial que o ambiente esteja adaptado para esses carros, com sinalização adequada nas vias e estrutura de conectividade, por exemplo. Para ele, há um longo caminho a ser percorrido antes de esses modelos chegarem ao Brasil. De qualquer forma, o executivo reconhece que já é visível que a barra de exigência do consumidor local está subindo com a busca de “soluções que tragam cada vez mais conforto durante a condução, além de economia de combustível, segurança e eficiência”.

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CAPA | REVOLUÇÃO DIGITAL

DIVULGAÇÃO / ZF

O CAMINHO QUE TRILHAMOS ESTÁ CADA VEZ MAIS ESTREITO ENTRE A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA E A DE TECNOLOGIAS EM SOFTWARES SILVIO FURTADO, diretor de vendas da ZF na América do Sul

não está claro. Por um lado, o mercado nacional é bastante vanguardista quando se trata de aderir a novas tecnologias. Um dos indícios disso é a presença robusta dos brasileiros nas redes sociais. No estudo da KPMG, os executivos entrevistados no País se mostraram mais dispostos a apostar em inovação do que os profissionais de outras regiões. Na pesquisa, 97% dos brasileiros concordaram parcial ou totalmente que, até 2025, os produtos e serviços agregados ao veículo serão critérios importantes na decisão de compra pelo consumidor. “É um índice bastante superior ao global, que foi de 76%”, observa Bacellar. Gabriel Lobistsky, diretor de vendas para a América Latina da Infor Enterprise Software Solutions, que oferece consultoria e soluções digitais para melhorar processos, avalia que, para inovar, o Brasil precisa vencer muito mais do que só a barreira tecnológica. “Há uma série de burocracias e legislações que prendem as empresas, causam ineficiências na produção”, aponta, citando o exemplo da complexa legislação trabalhista. Sem a possibilidade de flexibilizar atividades e realocar pessoas de uma

função a outra com simplicidade, é mais difícil garantir otimização, destaca. “É impossível garantir 100% de aproveitamento da produção dessa maneira. No fim, quem paga pela ineficiência é o consumidor.” Para Lobistsky, os desafios para inovar estão em vários níveis da cadeia automotiva. “Há espaço para melhorar as compras de componentes, o processo produtivo e a experiência do consumidor, entre muitas outras coisas”, afirma. Esse último aspecto é, inclusive, um dos grandes apelos da revolução digital. A partir dos dados dos clientes e da tecnologia, as empresas têm o desafio de oferecer a chamada customização em massa, que nada mais é do que garantir uma experiência personalizada, mas em grande escala – mais uma vez, a referência vem do setor de tecnologia, de empresas como o Facebook, que customiza a timeline dos usuários. “Faltam montadoras que topem dar ao cliente o controle de sua vivencia com a marca”, aponta. “Ainda resistimos muito às vendas no meio digital. O cliente jovem não quer ir até a concessionária e sentar em uma cadeira

para que o vendedor o conduza em uma experiência. A geração Y prefere ela mesma pilotar as próprias experiências”, exemplifica. INOVAÇÃO Se o papel das montadoras e do automóvel na sociedade está em discussão, qualquer mudança coloca em xeque também a cadeia produtiva. Os grandes sistemistas, fornecedores de primeiro nível, são tradicionalmente responsáveis por importantes inovações no setor automotivo. A questão é como eles vão inovar quando o modelo de negócio das montadoras se transformar para atender aos consumidores com novos serviços? A Bosch, tradicionalmente uma indústria focada em entregar hardware, passa por transformação global para se adequar à nova realidade. “Estamos em processo de transição, olhando mais para software. Queremos nos tornar líderes na oferta de soluções de internet das coisas, o que permitirá que o automóvel se conecte a outros veículos, com a infraestrutura e todo o entorno”, conta Carlos Abdalla, gerente de marketing

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DIVULGAÇÃO / BOSCH

e de relações institucionais da companhia no Brasil. Ele diz que, no novo contexto, muitos aspectos se misturam. Um deles é a linha tênue que separa parceiros, clientes e concorrentes. “Muitas empresas de tecnologia são nossas clientes e, ao começarem a atuar no setor automotivo, tornam-se concorrentes em alguns segmentos.” A confusão aparentemente pode acontecer até mesmo na cadeia automotiva tradicional. A sistemista aposta no potencial do compartilhamento de veículos e começou a oferecer um sistema próprio em Berlim, na Alemanha, de scooters compartilhados, entrando no mesmo nicho no qual muitas BOSCH aposta em scooters montadoras têm investido. compartilhados em Berlim Na ZF o esforço é para oferecer soluções baseadas na eletrificação,

sistemas de conectividade e assistência à direção. “O caminho que trilhamos está cada vez mais estreito entre a indústria automotiva e a de tecnologias em softwares”, admite Silvio Furtado, diretor de vendas da companhia na América do Sul. Segundo ele, a empresa aposta que, para sobreviver ao novo cenário, é preciso focar na produção de sistemas e autopeças, mas com profundo conhecimento de tecnologias de digitalização e conectividade. “O processo de inovação pode assustar pelo ritmo tão acelerado”, diz, destacando um dos grandes desafios da companhia para os próximos anos. Furtado lembra que há pela frente um processo de conquistar a confiança dos consumidores e provar que as novas tecnologias são seguras, conquistar a confiança. n

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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

FÁBRICA INTELIGENTE É O FUTURO DA INDÚSTRIA DE CARROS

BASEADA NO CONCEITO DE INDÚSTRIA 4.0, NOVA GERAÇÃO DE PLANTAS PROMETE GANHOS DE COMPETITIVIDADE EDILEUZA SOARES

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transformação das atuais plantas em fábricas inteligentes é a pista que montadoras brasileiras terão de pegar para entregar ao consumidor carros personalizados com qualidade, menor custo e aumento de competitividade. O caminho é o mesmo que o setor está tentando percorrer na Europa, Estados Unidos e Ásia guiado pelo conceito de indústria 4.0. Analistas de mercado e representantes da indústria de tecnologia da informação (TI) afirmam que o Brasil não pode esperar muito para dar partida e entrar na era digital. Mesmo em tempos de desaceleração da economia e retração das vendas, monta-

doras locais de carros têm de traçar estratégias para modernização das plantas dentro dos novos conceitos de fábrica inteligente, que pregam a automação de praticamente 100% das instalações. A fábrica do futuro promete mais agilidade, flexibilidade, redução de custos, otimização de recursos, fim de desperdícios e personalização de produtos ao consumidor. O conceito faz parte da quarta revolução industrial ou indústria 4.0, após a invenção da máquina a vapor;do uso da eletricidade; da automação da produção em massa, com entrada de robôs nas linhas de montagem. A indústria 4.0 propõe a constru-

DEVIDO À SITUAÇÃO FINANCEIRA, OS INVESTIMENTOS

RICARDO BENICHIO

EM FÁBRICAS INTELIGENTES FORAM POSTERGADOS CAMILO RUBIM, vice-presidente do setor automotivo da T-Systems Brasil

ção de fábricas inteligentes com pouca intervenção humana, comandadas por máquinas conectadas com sensores que se falam pela internet das coisas (IoT). Pelo projeto, todos os componentes da manufatura trocam informações em tempo real, utilizando aplicações em cloud computing de forma a integrar toda a cadeia de produção. O termo indústria 4.0 nasceu no campo automotivo e dará grande sustentação à produção do carro 100% autônomo, previsto para chegar às ruas em meados de 2020. A ideia surgiu por volta de 2008 na Alemanha para responder à crise econômica dos Estados Unidos daquela época e fortalecer as marcas europeias na competição com as montadoras da China. REALIDADE DO BRASIL “Existe espaço e apetite para fábricas inteligentes no setor automotivo, principalmente quando se fala na possibilidade de produtos customizados de acordo com a necessidade do cliente”, explica Camilo Rubim, vice-presidente do setor automotivo da T-Systems Brasil. Sua visão é de que as implementações estão sendo

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DIVULGAÇÃO / POLLUX

realizadas de forma fatiada ou em ondas. Geralmente, as montadoras começam com a integração do desenvolvimento de produto com o chão de fábrica e com a aplicação no setor de logística. Embora as empresas saibam da necessidade de revitalizar os parques industriais para ser mais competitivas, Rubim diz que a conjuntura do País inibe os projetos de indústria 4.0. “Devido à situação financeira, os investimentos em fábricas inteligentes foram postergados no Brasil.” “O ano de 2017 é o limite para o setor passar da teoria à prática. Já dá para aproveitar as lições aprendidas pelos Estados Unidos e Alemanha e iniciar pilotos”, afirma José Rizzo Hahn Filho, CEO da Pollux Automation, fornecedora nacional de tecnologias para automação industrial. “Vamos ver em 2017 alguns pilotos com resultados no Brasil. Os que não começarem vão perder espaço para a concorrência. Deixar os projetos para 2018 talvez seja tarde”, acredita o executivo. Sua recomendação é dar o primeiro passo com projetos pequenos e de curta duração. Uma sugestão é a implementação de sen-

O ANO DE 2017 É O LIMITE PARA O SETOR PASSAR DA TEORIA À PRÁTICA. JÁ DÁ PARA APROVEITAR AS LIÇÕES APRENDIDAS PELOS EUA E ALEMANHA COM INÍCIO DE PILOTOS JOSÉ RIZZO HAHN FILHO, CEO da Pollux

sores em máquinas da linha de produção que se comunicam com a internet das coisas para prever paradas de linhas de produção de carros não programadas. O monitoramento em tempo real dessas máquinas informa quando há necessidade de reparos ou substituição de peças. Assim, as providências podem ser tomadas antes de o equipamento quebrar. “A manutenção preditiva das linhas de produção dá

alertas da mesma forma que o seu carro, que acende uma luz no painel, informando a necessidade da troca de óleo e que se nenhuma providência for tomada o motor vai fundir”, compara o diretor da Pollux. FALTA ROBOTIZAÇÃO Na avaliação de Rodrigo Stanger, consultor da IBM Brasil para a indústria automotiva, é um grande desafio para as montadoras atender as demandas do

A REALIDADE DO BRASIL EM ROBOTIZAÇÃO AINDA ESTÁ

ANDRÉ HENRIQUES/DGABC

DISTANTE NA COMPARAÇÃO COM OUTROS MERCADOS ICARU SAKUYOSHI, diretor da Motoman

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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

DIVULGAÇÃO / SIEMENS

cliente com o produto certo e competitividade. “Sair da produção em série para a customizada em larga escala de forma ágil só é possível com uma fábrica inteligente”, acredita o executivo. Mas nem todas as montadoras possuem em suas plantas máquinas compatíveis com as novas tecnologias. Um dos investimentos que as companhias terão de fazer para dotar suas fábricas de inteligência é em robótica avançada para automação nas linhas de montagem. “A realidade do Brasil em robotização ainda está dis-

AGORA É O CONSUMIDOR QUE DIZ AO BUSINESS O QUE QUER JOSÉ BORGES FRIAS, diretor da Siemens Digital Factory no Brasil

GANHOS PARA OS NEGÓCIOS

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indústria 4.0 promete reduzir o ciclo de produção dos veículos. José Borges Frias, diretor da Siemens Digital Factory no Brasil, conta que o setor já evoluiu, diminuindo de oito anos para três anos o tempo de concepção de um veículo até o seu lançamento. Ele acha que esse prazo pode encurtar com as fábricas inteligentes. Com tecnologias como internet das coisas, computação em nuvem, impressão 3D e nova geração de robôs, muitas das etapas de produção são adiantadas pelos centros digitais. A prototipagem e os testes, por exemplo, podem ser feitos em ambiente virtual, com simulações iguais às da fábrica física. O trabalho pode ser apoiado pela tecnologia de gêmeo digital, que espelha a planta real, o que contribui para acelerar o processo produtivo. As fábricas também são construídas mais rapidamente e planejadas para a montagem dos carros com mais flexibilidade, saindo do modelo sequencial para a customização em escala. Uma mesma linha poderá atender tanto o cliente que quer um carro vermelho esportivo quanto o que pediu um modelo clássico prateado. Essa agilidade, segundo Frias, permite às montadoras produzir carros de qualidade e com menos custos para atender os anseios do consumidor. Ele observa que em plena era do cliente a customização e a boa experiência são os fatores que vão mover os negócios daqui para frente. “Agora é o consumidor que diz ao business o que quer”, diz o executivo da Siemens.

SAIR DA PRODUÇÃO EM SÉRIE PARA A CUSTOMIZADA EM LARGA ESCALA DE FORMA ÁGIL SÓ É POSSÍVEL COM BRUNO FAVERY

UMA FÁBRICA INTELIGENTE RODRIGO STANGER, da IBM Brasil

tante em relação ao que ocorre nos Estados Unidos, Japão e Alemanha”, avalia Icaru Sakuyoshi, diretor da Motoman, fabricante de robôs. Sakuyoshi ilustra sua análise com dados da International of Federation of Robotics sobre a densidade de robôs no mercado mundial. No Japão, para cada fábrica com 10 mil trabalhadores há 320 mil máquinas dessas em operação, enquanto na Alemanha a mesma proporção é de 280 robôs; nos EUA, 150 e no Brasil, 9, incluindo os mais variados segmentos da economia. As montadoras são as que mais investem nessa tecnologia.

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OS BRASILEIROS QUEREM RESPOSTAS RÁPIDAS E MÁGICAS. MAS UMA SOLUÇÃO DE

DIVULGAÇÃO / KUKA ROBOTER DO BRASIL

COMPETITIVIDADE DEMORA Edouard Mekhalian, CEO da Kuka Roboter do Brasil, outra fabricante de robôs, destaca que essa tecnologia é uma das peças-chave na engrenagem da fábrica do futuro, mas que está aquém do razoável no mercado local. Pelas suas estimativas, a base instalada de robôs no País, somando todos os setores, gira em torno de 25 mil a 27 mil equipamentos, sendo que entre 12 mil e 13 mil estão em operação na indústria automotiva e de autopeças. Na avaliação de Sakuyoshi, da Motoman, o Brasil tem de consolidar primeiro as indústrias 2.0 na cadeia de fornecimento a partir do tier 2. Pela sua avaliação, as montadoras e os parceiros tier 1 até que estão mais avançados em automação e posicionados na manufatura 3.0. Com essa disparidade, ele diz que a entrada do Brasil na indústria 4.0 carece de um trabalho forte, envolvendo governo, entidades de classe, indústrias e academia. Opinião semelhante tem Mekhalian. Ele diz que as fábricas inteligentes são essenciais para aumento de competitividade das montadoras, mas que o Brasil tem de trabalhar em várias frentes para colocar essa iniciativa em prática e olhar o que os outros já fizeram. “Os brasileiros

COMPETITIVIDADE LEVA DÉCADAS PARA SER IMPLEMENTADA EDOUARD MEKHALIAN, CEO da Kuka Roboter do Brasil

querem respostas rápidas e mágicas. Mas uma solução de competitividade leva décadas para ser implementada, como aconteceu na Alemanha e Japão.” A conjuntura econômica inibe investimentos em projetos de fábricas inteligentes, mas José Borges Frias, diretor da Siemens Digital Factory no Brasil, afirma que estão surgindo novos modelos de negócios para viabilizar as iniciativas de indústria 4.0 com a venda de tec-

nologia na modalidade de serviço. José Rizzo Hahn Filho, CEO da Pollux, acrescenta que as empresas podem dar os primeiros passos nos projetos de fábricas inteligentes com a contratação de robôs, software e outras soluções de TI em cloud computing. Para isso, as áreas de TI e chão de fábrica têm de sentar na mesma sala e traçar estratégias juntas. Hoje essas áreas nem sempre andam de mãos dadas e a indústria 4.0 passa pela convergência digital.

INDÚSTRIA 4.0 É TEMA DE WORKSHOP

A

utomotive Business vai aprofundar a discussão sobre Indústria 4.0 no dia 8 de maio, em workshop sobre o assunto que acontecerá em São Paulo. O princípio é que, para sobreviver em mercados cada vez mais competitivos e repletos de inovações, as empresas de manufatura deverão progressivamente conquistar o status de indústria 4.0. Elevado grau de digitalização, total conectividade nos processos e a introdução da Internet das Coisas nas áreas de suprimento, produção e distribuição são passos essenciais neste processo. O workshop levará também os participantes a responder se, depois de vencer a crise econômica que marca os tempos atuais, as empresas locais estarão prontas para se adaptar ou para enfrentar as novas transformações globais, com o surgimento das smart factories, carros elétricos e autônomos e uma revolucionária infraestrutura de transporte. Entre os convidados dos debates e palestras estão o secretário de inovação do MDIC, Marcos Vinicius de Souza, Marcelo Cioffi, diretor da PricewaterhouseCoopers, Ricardo Bacellar, diretor da KPMG, e José Rizzo Hahn, presidente da Associação Brasileira de Internet Industrial e presidente também da Pollux Automation. n

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DISTRIBUIÇÃO

QUANTO MAIS

PRUDENTE, MELHOR

FECHAMENTO DE QUASE 1,3 MIL PONTOS ENSINA: CONCESSIONÁRIO PRECISA SER CONSERVADOR MÁRIO CURCIO

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FOTOS: LUIS PRADO

drama vivido pelos concessionários pode visto por todo o País. A imagem de revendas fechadas virou até lugar-comum em grandes cidades. “São 1.291 pontos a menos no Brasil só entre janeiro de 2015 e junho de 2016, com a perda de 126,3 mil empregos”, lamenta Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave, entidade que reúne as associações de concessionários. Com previsão de alta de apenas 3% nas vendas em 2017, o executivo adverte: “Os distribuidores terão de se reinventar e adequar sua estrutura aos volumes atuais.” O consultor Francisco Trivellato, sócio-diretor da Trivellato Informações & Estratégias, explica que o problema atual

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não se deve só à crise: “Havia muitas lojas da mesma bandeira em algumas capitais. As fábricas pressionavam pela abertura de concessionárias (...) A rede que se tem hoje no País é suficiente para um mercado de 3 milhões de unidades”, estima o consultor. Diante de tantas revendas, novas marcas e uma recessão sem precedente, Trivellato adverte: “No setor de distribuição você tem de s er conservador, mas no bom sentido, ou seja, adotar ações compatíveis com sua capacidade financeira. Isso porque a volatilidade do mercado e o risco são altos.” Trivellato divide os distribuidores dos anos mais recentes em dois perfis: “Havia os mais conservadores e os que apostaram e investiram

PAÍS TEVE QUASE 1.300 concessionárias fechadas entre janeiro de 2015 e junho de 2016

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ASSUMPÇÃO, da Fenabrave: “Distribuidor terá de se adequar aos volumes atuais”

aumento de pontos apenas para serviço autorizado e também na abertura concessionárias com showroom em área de maior circulação e a oficina instalada nas proximidades: “Manter

USADOS: UMA ESTRATÉGIA ESSENCIAL

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arlos Campos recorda que os concessionários que já operavam bem com carros usados estão atravessando melhor esse período: “Isso salvou vários grupos”, revela. “Também é importante adotar ações proativas que integrem venda e pós-venda, como numa revisão de 50 mil quilômetros, por exemplo, abordando o proprietário do usado com a oferta de test-drive de um novo modelo. É preciso olhar para o ciclo de vida do cliente, mostrar interesse legítimo por ele”, diz. Campos cita também a importância de ter programas de certificação de usados, que aumentam a segurança para quem compra. Sérgio Habib, presidente do Grupo SHC, garante: “A rentabilidade dos seminovos é bem maior em porcentagem e semelhante em valores.” O empresário, que já teve 100 concessionárias, hoje comanda 42 e também a rede de usados Carbraxx, com 30 lojas. Em algumas linhas, Habib elabora algo parecido com uma “cartilha de sobrevivência” para o distribuidor nos dias atuais: “Uma das estratégias durante as crises é colocar várias marcas sob o mesmo telhado e renegociar contratos, seja de fornecedores, seja de locação. Outro ponto é o maior investimento em treinamento de pessoal, uma vez que a rotatividade de profissionais aumenta em períodos de crise. Quanto à tecnologia, dispomos de ferramentas que mapeiam desde a primeira visita do cliente à concessionária até as consultas feitas por telefone e demais contatos. Com esse histórico é possível abordá-lo de forma mais assertiva, não tomando seu tempo desnecessariamente e focando PROGRAMAS de no serviço ou na compra que certificação aumentam ele realmente quer fazer”, a confiança nos usados conclui. n MÁRIO CURCIO

sem capacidade. Os conservadores começaram a reduzir o número de lojas; já o outro grupo ainda reluta em fazer isso. O primeiro passo é reconhecer o problema. Aqueles que fizeram isso tiveram capacidade para reverter a situação.” Entre as lições do período atual, o consultor sugere que a multifranquia também traz mais segurança porque algumas marcas tiveram desempenho melhor, com quedas menores que a do mercado ou até mesmo alta. Ele recorda ainda que as preferências do consumidor também mudaram, tanto no que se refere aos carros mais vendidos como nos segmentos com maior procura. Carlos Campos, diretor da consultoria Prime Action, aponta mais caminhos: “Buscar soluções de crédito e apoio dos bancos das montadoras ajuda nos momentos de crise. Também é importante dar suporte ao cliente para renegociação das dívidas de financiamento.” O executivo cita também a importância de melhorar os bancos de dados das concessionárias e o atendimento on-line, ainda defasado no Brasil diante do que ocorre em outros mercados. Algumas empresas começam a mudar o panorama, como a Leadworks, especializada em capturar o comprador on-line e fazer o meio de campo entre a ação digital da montadora e a visita desse internauta à revenda. Com bons resultados práticos, a Leadworks já tem Toyota, Peugeot, Renault e Moto Honda como clientes. Em relação à infraestrutura de atendimento, Carlos Campos acredita no

uma operação de pós-venda em avenidas principais é muito caro”, recorda. Exemplo disso se vê na Mercedes Itatiaia, que inaugurou uma loja na Avenida Morumbi (em São Paulo, SP) e meses depois abriu a oficina em uma travessa próxima. “Não vejo essa separação do showroom e da oficina como tendência, mas em alguns casos acaba sendo a única opção”, afirma o diretor da revenda, Charles Dokter.

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FOTOS: LUIS PRADO

FÓRUM DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

EDIÇÃO DE 2016 atraiu 720 profissionais do setor

RODADA DE NEGÓCIOS TRAZ OPORTUNIDADES EVENTO DE AUTOMOTIVE BUSINESS EM ABRIL PROMOVE NETWORKING

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comunicação digital está mais do que consolidada no mundo dos negócios: e-mails, mensagens instantâneas e redes sociais ajudam fornecedores e clientes a permanecer em contato. Talvez por isso o encontro ao vivo ganhou até mais importância nos últimos anos: são raras as oportunidades de conversar pessoalmente. Os eventos presenciais não perderam a força nem mesmo com a evolução do contato on-line. Prova disso é o Fórum da Indústria Automobilística, evento promovido anualmente por Automotive Business que traz conteúdo em palestras e debates e promove o networking em rodada de negócios. Em 2016, em plena crise, o encontro atraiu 720 profissionais do setor automotivo – a maior parte dessas pessoas de cargos de ge-

EVENTO permite contato pessoal entre fornecedores e clientes

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FÓRUM DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

REPRESENTANTES de montadoras e autopeças podem apresentar produtos e trocar cartões

rência e diretoria de montadoras e fabricantes de autopeças. Elas tiveram a chance de buscar oportunidades na rodada de negócios realizada no evento, que reuniu parte da equipe de compras das principais montadoras de veículos instaladas no Brasil. No encontro, esses times receberam empresas interessadas em apresentar seus produtos e trocar cartões. Diante do retorno positivo dos participantes, o plano para 2017 é ampliar e fortalecer a rodada de negócios. Para o VIII Fórum da Indústria Automobilística deste ano estão convidadas 22 montadoras. A maior novidade é a participação de sistemistas, que estarão lá acessíveis aos fornecedores interessados. Dez empresas confirmaram presença: Aethra, Bosch, Continental, Delphi, GKN, Magneti Marelli, MWM, Schaeffler e ZF. Com a rodada de negócios ampliada, o VIII Fórum da Indústria Automobilística fortalece sua posição como principal evento do setor, com foco em oferecer conteúdo e promover relacionamento e negócios. O encontro ocorre em 17 de abril em São Paulo, no Golden Hall do WTC, no complexo anexo ao hotel Sheraton e Shopping D&D. FORECAST Três empresas especializadas em estudos de mercado e previsões para a indústria automobilística estarão empenhadas em apresentar os resultados de seus levantamentos relativos ao comportamento do setor automotivo em 2017. Fernando Trujillo, consultor sênior da IHS Automotive, analisará a evolução do mercado em geral, cabendo a Vitor Klizas, presidente da Jato Dynamics, interpretar as mudanças no perfil de consumo, e a Carlos Reis, presidente da Carcon Automotive, sinalizar os avanços no mercado de veículos comerciais pesados. A abertura do evento, que será realizado no Golden Hall do Hotel Sheraton WTC, em São Paulo, terá a presença de Antonio Megale, presidente da Anfavea, para falar sobre os esforços na retomada da indústria automobilística. Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, explicará como a entidade contribui para o fortalecimento da cadeia de suprimentos, após um longo período de crise. Letícia Costa, sócia-diretora da Prada Assessoria, avaliará as oportunidades que devem surgir na recuperação dos negócios e Octavio de Barros, diretor executivo do Instituto República, tratará das perspectivas para a economia. Três painéis de debates serão organizados durante o Fórum, sintetizando o pensamento das montadoras nas áreas de compras e engenharia, de estratégia e vendas e comercialização de caminhões e chassis de ônibus. O programa está disponível em www.automotivebusiness.com.br. n

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DIVULGAÇÃO / VOLVO

INVESTIMENTOS

FÁBRICA DA VOLVO EM CURITIBA (PR) receberá a maior parte do investimento de R$ 1 bilhão até 2019

MONTADORAS RENOVAM APOSTAS APESAR DA CRISE, HÁ INVESTIMENTOS EXPRESSIVOS EM ANDAMENTO SUELI REIS

E

nfrentando um mercado de tamanho e ritmo bastan- sem nenhum alarde, comunicou diretamente ao governo te reduzidos, a indústria de veículos se volta à reade- brasileiro a injeção de US$ 155 milhões em sua fábrica quação e novas estratégias a fim de avançar com os paulista de Piracicaba, onde são produzidos o compacto negócios no Brasil. Pautadas por uma lenta mas certa HB20 e o novo SUV Creta. retomada, as montadoras não se arriscam a garantir À época, o presidente da companhia no Brasil, William com certeza que o tão esperado cenário de recuperação Lee, detalhou que US$ 130 milhões seriam destinados se concretize ainda neste 2017. Nesse cenário, reúnem a aumentar a capacidade produtiva, que passou de 180 forças e como que em coro uníssono reafirmam a impor- mil para 190 mil unidades por ano, para a chegada do novo SUV Creta, e que os demais US$ 25 milhões setância do País para os ganhos globais de suas matrizes. riam destinados à construção de um novo centro Prova disso são os novos investimentos em filiais de pesquisa e desenvolvimento dentro do mesmo locais, alguns inesperados, outros apenas adequacomplexo industrial. dos e dentro do previsto. Só nos três últimos meEmbora não tenha sido um novo anúncio, a ses de 2016, algumas empresas surpreenderam Volkswagen aproveitou o Salão do Automóvel de ao anunciar novos aportes no País: considerando VEJA AQUI São Paulo, realizado em novembro, para atualiapenas novos investimentos focados no segmento RELATÓRIO de automóveis, os valores somam o equivalente a EXCLUSIVO COM zar as informações de seus planos. O presidente O TODOS OS INVESTIMENTOS R$ 7,12 bilhões. da operação, David Powels, disse na ocasião que DAS MONTADORAS Entre eles, o da Hyundai, que no fim de setembro, a montadora injetará R$ 7 bilhões pelos próximos NO BRASIL

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INVESTIMENTOS

RECURSOS PARA PESADOS Quase no fim de 2016, a Volkswagen Truck & Bus, holding do Grupo Volkswagen responsável pela produção de veículos comerciais pesados, anunciou um novo ciclo de investimento no Brasil de R$ 1,5 bilhão até 2021, o maior já realizado pela companhia no País. Os quatro anteriores foram cada um de R$ 1 bilhão. Além da ampliação de portfólio com novos produtos, tecnologias e aumento da internacionalização da VWCO, uma das metas é elevar o porcentual de componentes comuns entre os veículos das marcas MAN, Volkswagen e Scania, dos atuais 7% para 9%.

A VW TRUCK & BUS

em que atua. “A ideia é complementar a oferta de produtos e manter a dianteira”, disse, referindo-se à estratégia da montadora de manter-se líder no segmento de extrapesados. “Estamos prontos para a retomada”, justificou.

INJETARÁ R$ 1,5 BILHÃO NO PAÍS ATÉ 2021. JÁ A VOLVO APLICARÁ R$ 1 BILHÃO NOS PRÓXIMOS TRÊS ANOS “Não será fácil, mas temos potencial para isso”, comentou à época o CEO da holding, Andreas Renschler, que veio ao Brasil especialmente para o anúncio, em dezembro. A Scania investirá R$ 2,6 bilhões até 2020. Já no início de 2017, o presidente do Grupo Volvo na América Latina, Wilson Lirmann, anunciou a aplicação de R$ 1 bilhão nos próximos três anos com foco no desenvolvimento de produtos, na atualização da fábrica de caminhões e ônibus em Curitiba (PR) e no incremento do portfólio na área de serviços. O primeiro brasileiro à frente da filial latino-americana é otimista, apesar do ainda difícil momento para o segmento de caminhões pesados

PRODUÇÃO NACIONAL DO CRETA motivou a Hyundai a ampliar capacidade da fábrica de Piracicaba (SP)

DIVULGAÇÃO / HYUNDAI

cinco anos principalmente no desenvolvimento de novos produtos sobre a plataforma MQB. Esse aporte se sobrepõe ao anterior, de R$ 10 bilhões, previsto entre 2014 e 2018. Ainda em novembro de 2016, a Toyota declarou novos R$ 600 milhões para finalmente produzir no Brasil o motor do Corolla. A fábrica de Porto Feliz (SP), também responsável pela fabricação dos motores 1.3 e 1.5 do Etios, prevê uma nova linha de montagem a partir do segundo semestre de 2019 com volume estimado em 66 mil unidades do motor do sedã por ano, o que amplia sua capacidade atual de 108 mil para 174 mil por ano.

ALTOS E BAIXOS Enquanto alguns investimentos continuam em curso, outros se encerraram em 2016. Caso dos R$ 15 bilhões da FCA, com início em 2011 e que empregou R$ 7 bilhões na atualização da fábrica mineira de Betim e outros R$ 7 bilhões na planta pernambucana da Jeep, em Goiana, além de outros projetos ao longo do período. Agora, a empresa informa que por questão de governança não vai mais divulgar valores de investimentos de longo prazo. Também terminou no ano passado o aporte de R$ 650 milhões da Iveco, que ainda não tem os valores passíveis de divulgação deste ano em diante. Por sua vez, a Volare, fabricante de ônibus que pertence à Marcopolo, tinha previsto R$ 100 milhões entre 2015 e 2016 para ampliar a fábrica de São Mateus (ES) e localizar componentes, mas suspendeu o aporte alegando a baixa demanda do mercado nacional. Segue nos planos da Foton erguer sua fábrica de caminhões no Brasil. De acordo com o diretor comercial, Ricardo Mendonça de Barros, a filial da montadora chinesa está analisando o cenário para definir como será a planta e quando ocorrerá sua conclusão. Ele garante que já estão finalizadas as etapas de fundação, terraplanagem e os projetos da construção predial. “Por conta da baixa no mercado em volume, estamos revendo nossos números: em um mercado de 50 mil unidades no total, imaginamos uma participação entre 4% a 6% nos segmentos em que a Foton participa. Devemos manter o investimento total de R$ 160 milhões”, afirma. n

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CENÁRIOS 2017

FAÇA O DOWNLOAD DOS RESULTADOS DA PESQUISA

INOVAR-AUTO 2

DEVE FOCAR MENOS EM INVESTIMENTOS E MAIS EM COMPETITIVIDADE QUARTA EDIÇÃO DA PESQUISA DA ROLAND BERGER EM PARCERIA COM AUTOMOTIVE BUSINESS MOSTRA EXPECTATIVAS DOS EXECUTIVOS BRASILEIROS GIOVANNA RIATO

H

á três aspectos claros para os negócios no setor automotivo em 2017. O primeiro é a estagnação do mercado brasileiro, que vai levar tempo para se recuperar. Outro é a decepção da indústria com os efeitos do Inovar-Auto, que termina este ano. O terceiro ponto relevante é a necessidade de que a segunda fase do programa tenha foco no fortalecimento da cadeia produtiva e da competitividade, não na atração de investimentos. Essas são algumas das conclusões da pesquisa Cenários para a Indústria Automobilística 2017, realizada pela Roland Berger em parceria com Automotive Business pelo quarto ano consecutivo. Para entender a evolução do ambiente automotivo no País, o levantamento ouviu 468 executivos de alto escalão. Dos respondentes, 50% desempenham função de diretor ou presi-

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CENÁRIOS 2017

dente em uma companhia do setor. Parcela de 50% dos entrevistados declarou ainda ter mais de 20 anos de experiência no segmento. MERCADO AINDA FRACO “Foi consenso a visão de que 2017 será de estagnação nas vendas de veículos leves, com 65% dos executivos apontando que os volumes poderão variar entre queda de 5% e crescimento de 5% na comparação com o ano passado”, observa Rodrigo Custódio, diretor da Roland Berger. O levantamento também revelou que a confiança do consumidor, o desenvolvimento econômico e a disponibilidade de crédito são os principais fatores que influenciarão a confiança do consumidor. Para as exportações de modelos leves, a expectativa destacada na pesquisa é de crescimento de 5% a 10% nos volumes. O caminho da recuperação será longo. O nível recorde de vendas alcançado em 2012, com mercado total superior a 3,8 milhões de veículos, só deve ocorrer novamente entre 2019 e 2021 para 30% dos entrevistados. Parcela de 64% dos respondentes acha que este patamar só será atingido em longo prazo, a partir de 2022. Não há remédio único para curar a crise nas vendas, ao menos não na visão dos participantes do levantamento. Deles, 65% apontam que entre as medidas com potencial para ajudar na retomada está a criação de um programa de renovação da frota. Parcela de 63% destaca a facilitação do acesso ao crédito como iniciativa mais eficaz. Já 55% enxergam a redução de impostos e encargos como o melhor incentivo. Quando o assunto é o segmento de pesados, 45% esperam expansão leve, de 5% a 10% para 2017. Outros 40% apostam em estagnação que pode variar de -5% a 5%. Para os exe-

PARA A MAIOR PARTE DOS ENTREVISTADOS, O INOVAR-AUTO NÃO ATENDEU ÀS EXPECTATIVAS

RODRIGO CUSTÓDIO, diretor da Roland Berger

cutivos, os fatores que mais influenciarão os resultados de vendas são desenvolvimento econômico, oferta de crédito, redução da taxa de juros e confiança da indústria. A inversão definitiva da curva de contração, com retomada do crescimento, no entanto, vai ficar para os próximos anos. Para 38%, este movimento só vai ocorrer em 2018. Já

A PESQUISA OUVIU 468 EXECUTIVOS DE ALTO ESCALÃO, DOS QUAIS 50% DESEMPENHAM FUNÇÃO DE DIRETOR OU PRESIDENTE EM UMA COMPANHIA DO SETOR

46% esperam expansão apenas depois disso. A ociosidade deve continuar alta nas fábricas do segmento, entre 50% a 65%, apontaram os participantes. O nível ainda é menor do que o registrado em 2016, quando mais de 70% do potencial produtivo para caminhões e ônibus ficou sem uso. INOVAR-AUTO DECEPCIONA “Um dos nossos focos nesta edição foi o Inovar-Auto. Ficou claro que, para a maior parte dos executivos, o programa não atendeu às expectativas”, observa Custódio. No levantamento, apenas uma minoria de 5% declarou acreditar que todas as montadoras habilitadas alcançarão as metas de eficiência energética. Dos entrevistados, 56% acreditam que menos da metade ou nenhuma fabricante de veículos vai cumprir o compromisso. A aposta é que, no máximo, três montadoras serão capazes de superar a melhoria mínima de eficiência energética do programa, conquistando assim desconto adicional de 2 pontos porcentuais no IPI. Questionados sobre o sistema de

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QUANTAS MONTADORAS CONSEGUIRÃO SUPERAR A META DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E OBTER OS 2 p.p. ADICIONAIS DE REDUÇÃO DE IPI? [RESPOSTAS: 316] 40%

<3 MONTADORAS

34%

3-5 MONTADORAS

18%

>5 MONTADORAS

7%

NENHUMA

QUAL O SUCESSO DA RASTREABILIDADE DA ORIGEM DAS AUTOPEÇAS, PREVISTA PELO INOVAR AUTO? [RESPOSTAS: 312] 60%

PARCIALMENTE IMPLEMENTADA

23%

IMPLEMENTAÇÃO MALSUCEDIDA

15%

AMPLAMENTE IMPLEMENTADA PLENAMENTE IMPLEMENTADA

3%

QUAIS AS PRINCIPAIS ÁREAS EM QUE O “INOVAR AUTO 2” DEVE FOCAR? [RESPOSTAS: 315] 57%

FORTALECIMENTO DA CADEIA DE AUTOPEÇAS (SUPRIMENTOS)

52%

AUMENTO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA EMISSÕES E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

40%

FORTALECIMENTO DA PRODUÇÃO NACIONAL

40% 36%

INVESTIMENTOS EM P&D E ENGENHARIA

20%

HIBRIDIZAÇÃO E/OU ELETRIFICAÇÃO DE VEÍCULOS

18%

SEGURANÇA VEICULAR

14%

CONECTIVIDADE E DIGITALIZAÇÃO ADAS - AUTOMOÇÃO VEICULAR

2%

OUTRA

1%

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CENÁRIOS 2017

MAIS DE 90% DAS

QUAL O PRAZO DO “INOVAR AUTO 2” VOCÊ ACHA QUE SERIA MAIS PROVÁVEL? [RESPOSTAS: 313] 46%

5 ANOS

COMPETITIVIDADE

18%

10 ANOS

NA CADEIA DE

6%

8-9 ANOS

FORNECEDORES SÃO

2%

rastreabilidade da origem de fabricação das autopeças, previsto no Inovar-Auto, 83% destacaram que o recurso foi malsucedido ou apenas parcialmente implementado. FOCO NA CADEIA PRODUTIVA Na opinião de Custódio, o terceiro aspecto mais relevante revelado na pesquisa é a expectativa para a continuidade do Inovar-Auto, que segundo entidades do setor não deve se resumir a um único programa, mas reunir uma série de medidas. “As empresas defendem que o foco das iniciativas deixe de ser a atração de investimentos e se transforme em ações para o fortalecimento da cadeia produtiva e o aumento da competitividade.” Mais

QUE OS INCENTIVOS ATUAIS PARA A

28%

6-7 ANOS

MAIS DE 10 ANOS

RESPOSTAS APONTAM

INSUFICIENTES de 90% apontam que os incentivos atuais para a competitividade na cadeia de fornecedores são insuficientes – 41% deste total defendem que essas ações nem sequer são percebidas pela indústria. Para 57% dos entrevistados, o programa que vai dar continuidade ao Inovar-Auto deve priorizar o fortalecimento da base de fornecedores. O aumento da competitividade da indústria nacional e a melhoria do nível de emissões e de eficiência energética aparecem em seguida como os aspectos que os executivos destacam como essenciais para a próxima política industrial. “Questões como aumento do patamar tecnológico dos carros nacionais, investimento em pesquisa e desenvolvimento e recur-

sos de segurança são sugeridos mais para o longo prazo”, aponta Custódio. A maior parte dos entrevistados espera que o novo programa tenha duração de cinco a sete anos, superior à do Inovar-Auto, que vigora apenas por quatro anos. Sobre a próxima meta de eficiência energética, a aposta de 65% dos entrevistados é de que o limite seja de 115 g de CO2/km ou de 125 g de CO2/km. Questionada sobre quais medidas estimulariam o mercado nacional de carros elétricos e híbridos, a maioria, 74%, apontou que incentivos como subsídios e redução de impostos para o consumidor seriam efetivos. O desenvolvimento da infraestrutura de recarga foi citado por 59% dos participantes.

DIVERGÊNCIA ENTRE MONTADORAS E FORNECEDORES

A

pesquisa indicou que 57% dos executivos esperam que o relacionamento dos fornecedores com as montadoras deva se manter igual em comparação ao ano de 2016, enquanto outros 22% dos entrevistados esperam que o relacionamento deva melhorar moderadamente. Entre as divergências de montadoras com fornecedores, os executivos consideram preços e

o volume de produção como os assuntos de maior importância. Assim como em 2014, 2015 e 2016, a lucratividade é vista como o principal desafio dos fornecedores em 2016, seguida pela capacidade ociosa e o custo de matéria-prima. Consolidação (66%) é vista como principal tendência esperada no mercado de fornecedores tier-2, seguida por insourcing (46%). n

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ARTIGO

| ANFAVEA

A CONSTRUÇÃO

DO FUTURO DIVULGAÇÃO / ANFAVEA

V

Por ANTONIO MEGALE, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)

ivemos em um País com ciclos que alternam momentos de euforia com outros de depressão e tristeza. Depois da alegria de um inesperado crescimento da primeira década e meia deste século, entramos no pior e mais longo ciclo de queda da história econômica do Brasil. É neste cenário recessivo e de transição que temos de construir o futuro. Fica difícil estabelecer o diálogo para estruturar cenários para os próximos dez a 15 anos quando a preocupação maior é administrar a crise do curtíssimo prazo. Em resumo, é planejar sem certeza das políticas econômicas, fiscais, trabalhistas, previdenciárias e educacionais dos próximos anos. Mesmo que tudo seja positivamente encaminhado nos próximos 12 meses, passaremos por uma eleição presidencial em 2018. E aí, novamente, tudo poderá mudar. Faltam certezas em um País de tantas incertezas. Mais ainda: existe uma sensação de agonia, de impotência em criar estratégias e ações que permitam a recuperação do mercado. Medidas do passado são inviáveis no presente. Um quadro econômico com uma multidão de desempregados sem perspectivas torna difícil a motivação para investir. A racionalidade provoca o adiamento das compras. Tanto de veículos quanto de imóveis, viagens, eletrodomésticos, roupas, etc. Não existem receitas mágicas e o governo faz, com razoável sucesso, os necessários ajustes econômicos. Reduz

com maestria a taxa de juros, derruba a inflação pela própria recessão, consegue aprovar no Congresso um limite de gastos para os próximos 20 anos. Toca, com rapidez, a reativação das pequenas, médias e grandes obras do Brasil com ações assertivas e eficientes. Planta agora para colher depois. Mas também age na busca de alguns resultados mais efetivos e urgentes. Exemplo: não deixou faltar recursos para o financiamento de máquinas agrícolas e o resultado é a maior safra da história. Da mesma maneira liberou as contas inativas do FGTS e pretende ampliar a faixa de isenção do imposto de renda para sobrar mais dinheiro para o consumo. A percepção da população sobre essas benesses ainda é lenta, mas gradativamente os índices de confiança devem aumentar. Tanto dos empresários quanto dos consumidores. Os principais analistas econômicos indicam que estamos no caminho certo. E observam a queda da Selic, a redução do risco País, a diminuição dos índices de endividamento familiar, o aumento na produção de embalagens, a maior movimentação de caminhões nas estradas, entre outros pontos. São sinais tênues. Mas são efetivos. Em algum momento, talvez no próximo trimestre, tenhamos os primeiros resultados positivos em nossas vendas. Enquanto isso, negociamos as possibilidades de incrementar ainda mais as exportações. Contudo, essas ações demoram um tempo para fazer efeito. E temos

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índices de ociosidade nas fábricas de veículos pesados e máquinas rodoviárias próximos a 80%. Isso é catastrófico. Porém, é nossa realidade. E, como disse, não existem soluções mágicas, mas sim conversas com o governo federal sobre as expectativas de crescimento da economia. E da volta das obras de infraestrutura. Em síntese: as coisas só devem melhorar mesmo quando o PIB voltar a ter o sinal + na frente do número. Financiamentos de longo prazo com juros negativos não existirão mais, algo que já foi dito pelos principais responsáveis pela área econômica. Da mesma maneira, seguimos na espera do Programa de Sustentabilidade Veicular e também de um pacote de Inspeção Técnica Veicular. Não somos contra o veículo velho. Somos contra aqueles com condições inadequadas de uso. Nesta crise toda aumentamos a união de todos os segmentos envolvidos com os nossos produtos: dos produtores de peças aos revendedores tanto dos novos quanto dos usados; dos bancos aos consórcios; dos produtores dos principais insumos. Não é um abraço de afogados. É a preocupação com a construção de uma unidade de ações para mitigar os problemas imediatos e construir o futuro. Não apenas da indústria automobilística, mas do Brasil. Afinal, é nesse contexto – com uma crise tão forte que as matrizes estão acudindo com empréstimos intercompany – que temos de decidir o futuro. Temos de construí-lo em curto espaço, pois o Inovar-Auto acabará em

31 de dezembro deste ano. A partir de primeiro de janeiro de 2018 temos uma enorme página em branco para preencher. Nela, por um lado, não teremos 30 pontos porcentuais adicionais no IPI. Por outro, teremos de desenhar todas as diretrizes de eficiência energética, de investimentos em P&D, fortalecimento da cadeia de fornecedores e – sem sonhos impossíveis – conectividade, digitalização e segurança. Precisamos ter produtos competitivos, que além de encarar os concorrentes também possam ser exportados para qualquer país. Sabemos que o nosso sonho não é apenas voltar ao patamar de mercado interno acima 3 milhões de unidades. Queremos concorrer e participar do jogo global, com vendas mundiais acima de 90 milhões de unidades. Temos uma experiência nacional de sucesso mundial que serve como modelo para o nosso setor: o agronegócio. A automação dos campos, investimentos em pesquisas, melhoria das sementes e aperfeiçoamento dos sistemas de plantio e colheita permitiram a nossa transformação em celeiro do mundo. Atendemos aos maiores mercados, somos extremamente competitivos. Nessa transição difícil temos de construir o futuro do Brasil. A indústria automobilística acredita nisso, tanto que foram anunciados investimentos nos últimos meses. E temos a certeza de que vamos construir, com planejamento e previsibilidade, um país melhor. n

EM SÍNTESE: AS COISAS SÓ DEVEM MELHORAR MESMO QUANDO O PIB VOLTAR A TER O SINAL + NA FRENTE DO NÚMERO

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DIVULGAÇÃO / SIEMENS PLM

TECNOLOGIA

SIEMENS PLM

DRIBLA A CRISE

THIAGO ALVES DOS REIS

EMPRESA CRESCE COM INDÚSTRIA 4.0

PAULO COSTA, CEO da empresa na região, espera alta de 15% para 2017

E

nquanto muitos negócios encolhem no setor automotivo, a Siemens PLM espera crescer com o impulso de uma das poucas áreas que parecem estar em expansão, a indústria 4.0 ou internet industrial. Automação, implementação de Internet das Coisas e de armazenamento de dados em nuvem nas fábricas de veículos seguem em alta mesmo na crise, aponta Paulo Costa, diretor de operações da companhia para a região. “Somos pioneiros no assunto e percebemos que o interesse está aumentando muito”, conta o executivo. Ele conta que a empresa começou a oferecer soluções de Indústria 4.0 no Brasil há cerca de quatro anos. Naquela época, diz, vender localmente tecnologias que têm custo alto era um desafio bem maior do que atualmente. “Nós basicamente organizamos todos os dados e o conhecimento da empresa, com aplicações desde o desenvolvimento até o produto ir para o mercado”, conta. Segundo ele, as soluções podem ser implementadas em diferentes níveis e proporções e se pagam com o aumento de produtividade que os clientes ganham ao longo do tempo. Das receitas da companhia, 35%

vêm do setor automotivo. A maior parte da demanda pelos produtos da Siemens PLM está nas montadoras e nas empresas de autopeças dos primeiros níveis de fornecimento. O mercado de veículos encolheu importantes 20,2% em 2016, mas Costa aponta que a empresa não sentiu o baque. “Nossos negócios no segmento cresceram 7% na América do Sul”, diz, esclarecendo que o número seria maior se não fosse uma venda grande que a Siemens PLM fez em 2015, tornando a base de comparação muito elevada. A ambição é ainda maior para este ano: avançar mais 15% no setor automotivo. O executivo avalia que o maior incentivo para a expansão deve vir dos setores de máquinas e equipamentos. Entre as fabricantes de automóveis, ele diz que é sempre mais simples implementar a indústria 4.0 em fábricas novas. Depois das recentes inaugurações de plantas fabris, no entanto, ele espera avançar em unidades já consolidadas. “Há oportunidades em várias etapas, não apenas na manufatura. As empresas podem implementar soluções de engenharia e desenvolvimento, por exemplo.” (Giovanna Riato) n

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CRÉDITO

FINAME

INCENTIVA O MERCADO SETOR DE PESADOS RECEBE BEM AS MUDANÇAS E ESPERA OUTROS ESTÍMULOS

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s novas regras para financiamento anunciadas na primeira semana do ano pelo BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social podem trazer algum alívio para a crise do setor automotivo, incentivando diretamente o desempenho do mercado de veículos comerciais pesados (caminhões e ônibus) pelos próximos três anos. As medidas foram bem recebidas pelos principais participantes desse segmento, mas todos também afirmam que só o financiamento mais acessível não será suficiente para a retomada do crescimento. Para eles, apenas o avanço da economia irá de fato favorecer as vendas. Entre as ações anunciadas, o BNDES prevê pelos próximos três anos o aumento gradual de sua participação nos financiamentos baseados na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para a aquisição de veículos comerciais pesados denominados limpos – que são os modelos híbridos, elétricos ou movidos a biocombustíveis. Ao mesmo tempo, o BNDES vai diminuir sua colaboração para financiar modelos a diesel, também de forma gradual e até 2019. Também aumentou dos atuais 70% para 80% o limite do valor dos chamados veículos limpos que poderá ser financiado pelo Finame. O banco am-

DIVULGAÇÃO VW / MALAGRINE

SUELI REIS

CAMINHÕES aguardam retomada após os incentivos do Finame

pliou ainda o prazo dos financiamentos da linha, que passa dos atuais cinco para dez anos – isso significa que o empréstimo poderá ser pago durante toda a vida útil de um ônibus, por exemplo, que hoje tem média de dez anos de uso nas principais cidades do País. A modalidade também passa a contar com três linhas: bens de capital (que inclui aquisição de caminhões e ônibus), produção e modernização. O Finame Leasing foi extinto. Outra medida é a ampliação do limite de R$ 90 milhões para R$ 300 milhões do faturamento de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) para o enquadramento que permite ter acesso às linhas de crédito.

FALTA CRESCIMENTO O presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, defende as medidas ao mesmo tempo em que ressalta que por si só elas não resolvem definitivamente a crise atual do setor: “O fomento do BNDES é vital para o negócio de caminhões no Brasil. Vemos com bons olhos as alterações nas regras de financiamento: o mercado é outro e as condições econômicas são outras. Financiar até 80% com a TJLP é saudável, uma mudança que leva em conta a situação do País. Mas não é isso que vai fazer o mercado crescer. Nosso pedido é para que tenha PIB, retomada do crescimento econômico. É isso que vai garantir algum crescimento, mesmo que modesto, porque o que falta mais hoje não é financiamento, é carga para transportar”, avalia. Assumpção considera que para o cenário atual as novas regras da TJLP são positivas: “Em passado recente, quando tínhamos inflação de 7% e Finame/PSI para comprar caminhão com taxa de 2,5% ao ano, a situação estava desequilibrada. Vendemos muito caminhão para clientes que compraram até além da necessidade, anteciparam as compras. Depois sentimos o efeito desse desequilíbrio. Alguém pagou essa conta mais tarde. Foi mais uma ilusão do que um fato concreto e positivo”, pondera. n

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INDÚSTRIA

COOPER STANDARD AJUSTA APORTES APÓS CANCELAR NOVA FÁBRICA, EMPRESA ESTUDA FAZER OUTRAS DUAS PEDRO KUTNEY

fortes que garantiram nossa sobrevivência, como 100% do fornecimento de vedações para Toyota e Honda, além de 100% para o Chevrolet Onix (o carro mais vendido no Brasil)”, conta o diretor. “Passamos esse período reestruturando a empresa e agora estamos ajustados para retomar a rentabilidade este ano”, afirma Kneissler. Apesar do cancelamento do investimento na nova fábrica de coxins em Atibaia, ele destaca que foi mantido o aporte de R$ 10 milhões para a aquisição de novos fornos importados da Alemanha, que estão sendo instalados na linha de extrusão de borracha em Varginha. “Temos flexibilidade e DIVULGAÇÃO / COOPER STANDARD

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pós enfrentar crise severa, acumulando três anos de prejuízos no Brasil e perda de novos contratos por problemas de qualidade, a Cooper Standard tem meta de voltar a apurar números positivos este ano e já estuda investimentos em duas novas plantas, nas regiões Nordeste e Sul. Instalada desde 1995 no País, aqui a empresa produz em Varginha (MG) e Atibaia (SP) vedações de borracha (guarnições de portas) e dutos de combustível e fluido de freio. No ano passado, anunciou que iria investir R$ 20 milhões em Atibaia para fazer coxins, mas desistiu depois que a Ford engavetou o projeto B500 – espécie de Fiesta despojado desenvolvido na Índia para mercados emergentes –, que responderia por 50% da produção da unidade. “Quando cheguei (em julho de 2015) existiam graves problemas de qualidade que tinham provocado a interrupção de pedidos (das montadoras). Só há seis meses voltamos a entrar em novos projetos”, explica Jürgen Kneissler, diretor-geral da Cooper Standard América do Sul, que assumiu o posto há um ano e meio. Sem novos contratos, a empresa sobreviveu com o que já tinha, com fornecimento para quase todas as montadoras instaladas no País. “Temos alguns contratos

JÜRGEN KNEISSLER, diretor-geral da Cooper Standard América do Sul

desenvolvimento próprio, com bom potencial de voltar a crescer, especialmente com novos projetos a partir de 2018”, diz. Para os novos projetos já estão em estudo investimentos em duas novas plantas, para produzir componentes de borracha e termoplástico, dutos de combustível e fluidos de freio e, possivelmente, a localização de mangueiras de motor. Kneissler ainda não tem números fechados do aporte necessário. “Tudo vai depender das negociações e a concretização dos pedidos das montadoras”, diz. Umas das plantas seria localizada no Nordeste para atender a FCA em Goiana (PE) e a Ford em Camaçari (BA) – onde a Cooper Standard já atua dentro da linha, na montagem de dutos do motor. A outra unidade ficaria no Sul, com foco em fornecer para a GM em Gravataí (RS) e para a Renault e Volkswagen em São José dos Pinhais (PR). Com faturamento de US$ 4 bilhões e 30 mil empregados em 20 países, a Cooper Standard foi fundada em 1927 em Dearborn, região metropolitana de Detroit, berço da indústria automotiva dos Estados Unidos. Hoje a sede mundial da companhia fica localizada na vizinha Novi, mas a operação brasileira responde à Europa, devido à maior compatibilidade de produtos. n

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LANÇAMENTO

SOBRE A BASE DO DUSTER, NASCE O

CAPTUR BRASILEIRO ENGENHARIA DA RENAULT NO BRASIL COMANDOU O DESENVOLVIMENTO DO SUV, PRODUZIDO TAMBÉM NA RÚSSIA E ÍNDIA, QUE SERÁ EXPORTADO PARA MERCADOS MENOS EXIGENTES PEDRO KUTNEY

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existem consumidores menos exigentes. O Captur brasileiro já é vendido desde dezembro na Argentina e deverá ser exportado da fábrica de São José dos Pinhais, PR, para oito outros mercados da América Latina – Colômbia e México começaram a receber o SUV. Para o lançamento no Brasil a marca aposta em usar o design elegante do Captur para “colar” uma imagem sofisticada ao modelo, com ações de marketing específicas para atrair o público que compra carros mais caros do que os até hoje oferecidos em sua rede de concessionárias no País.

RODOLFO BUHRER

ara desenvolver carros no Brasil, a Renault segue em sua estratégia de realizar simbioses de projetos. Desta vez a montadora usou a plataforma do utilitário esportivo Duster para desenvolver outro SUV, o Captur, que na Europa é construído sobre a base da última geração do Clio, menor, porém mais moderna e evoluída. A engenharia brasileira da Renault comandou o desenvolvimento do Captur “emergente”. O mesmo modelo já é produzido há seis meses na Rússia e também será na Índia, para ser vendido nesses países e seus arredores onde

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RENAULT investiu 4,5 milhões de euros para fazer pinturas em dois tons

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APOSTA NO DESIGN Apesar de ser uma adaptação sobre uma plataforma antiga, o Captur traz em seus traços a mais moderna identidade visual mundial da Renault, composta pela dianteira de formas arredondadas, dotada de luzes diurnas (DRL) em formato de “C” embaixo do para-choque e lanternas traseiras de LED. Para fazer a nova pintura bicolorida, com teto e corpo de duas cores diferentes, foram investidos 4,5 milhões de euros na fábrica brasileira, para instalar um novo processo robotizado. Para desenvolver o Captur brasileiro, a engenharia da Renault trabalhou 720 mil horas e rodou 1 milhão de quilômetros com 150 veículos de testes em seis países. “O carro tem poucas partes do Captur europeu e a plataforma do Duster também foi bastante modificada. Foi um desenvolvimento novo feito no Brasil, que liderou o projeto do carro a ser fabricado também na Rússia e Índia”, afirma Antonio Fleischmann, diretor de projeto Américas. A plataforma do Captur nacional é antiga, mas a Renault aparelhou com muitos equipamentos de série que aumentam eficiência, conforto e segurança. O pacote é bem completo desde a versão mais barata, incluindo quatro airbags (frontais e laterais), cintos de segurança com

DIVULGAÇÃO / RENAULT

O Captur inaugura no Brasil uma ofensiva de lançamentos de SUVs (ou algo parecido com isso) da Renault, que inclui o compacto popular Kwid e o Koleos, de maior porte, que virá importado da Coreia ainda neste semestre. “Investimos no segmento que mais cresce no País, que passou de 6% do mercado em 2014 para 15% no ano passado. Temos certeza que é a aposta certa”, justificou Fabrice Cambolive, presidente da Renault do Brasil.

CAPTUR brasileiro ficou maior e mais confortável

pré-tensionador pirotécnico, freios com ABS/EBD e controle eletrônico de estabilidade e tração (o ESP fabricado no Brasil pela Bosch), assistência de partida em rampa, direção eletro-hidráulica, assistente de frenagem de emergência, ancoragem Isofix para cadeirinhas de crianças, ar-condicionado, acionamento elétrico de vidros, travas e retrovisores com rebatimento, rodas de liga leve de 17 polegadas.

A grande vantagem de ter sido adaptado sobre a ampla plataforma do Duster é que o Captur brasileiro ficou maior e mais confortável. A Renault garante que ele é o mais espaçoso dos SUVs compactos já lançados no mercado brasileiro, assim como é o que tem a carroceria com maior distância do solo e posição de dirigir elevada. O porta-malas de 430 litros é o maior da categoria. n

NOVAS VERSÕES E PREÇOS

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Captur é hoje o Renault mais caro do mercado brasileiro e dá início a uma nova configuração de versões, que aos poucos será estendida para os demais modelos da marca. Serão só duas opções, começando com a versão Zen, equipada com câmbio manual e o novo motor 1.6 SCe – o mesmo que desde o fim do ano passado é usado por Sandero e Logan, mas recalibrado com um pouco mais de potência, de 118 para 120 cavalos abastecido com etanol. Essa versão parte de R$ 78,9 mil e assim deve ser forte concorrente em preço do Nissan Kicks, que tem tamanho e motorização assemelhados. Opcionalmente, o Captur Zen pode receber a central Media Nav, com sistema de som, conexão com celular, navegador e câmera de ré por R$ 1.990. Pintura em duas cores custa mais R$ 1,4 mil. Dentro de três meses a Renault promete oferecer a opção de transmissão automática CVT em conjunto com a motorização 1.6. A versão topo de linha agora é chamada de Intense, equipada com um ultrapassado e pouco eficiente powertrain importado da França, motor flex 2.0 de 148 cavalos (etanol) e câmbio automático de apenas quatro velocidades. O preço parte de R$ 88.490 e pode chegar ao teto de R$ 91.390 se forem agregados bancos revestidos com couro (R$ 1,5 mil) e pintura bicolorida (R$ 1,4 mil). Pelo monitoramento do público-alvo imaginado para o Captur, a Renault calcula que essa versão será responsável pela maioria das vendas do modelo, dominando de 75% a 80% do mix, mas isso até a chegada da opção 1.6 CVT, que deverá roubar muitos clientes.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO / HONDA

LANÇAMENTO

NOVO CARRO tem peças do Fit, mas é bem mais que uma versão aventureira

HONDA WR-V JÁ É PRODUZIDO NO PAÍS NOVO SUV GLOBAL CONCEBIDO NO BRASIL TRAZ VÁRIOS COMPONENTES DO FIT, COMO MOTORIZAÇÃO, PORTAS, VIDROS E PAINEL MÁRIO CURCIO | DE SUMARÉ (SP)

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ostrado pela primeira vez em novembro de 2016, durante o Salão do Automóvel, o novo utilitário esportivo compacto WR-V já é produzido em Sumaré. Com lançamento programado para 25 de março, o modelo global foi concebido no centro local de pesquisa e desenvolvimento da montadora, que conta com uma equipe de cerca de 300 engenheiros. O WR-V utiliza vários componentes do Fit, como folhas de porta, vidros e painel de instrumentos, mas tem alguns elementos próprios como suspensões e itens aparentes como grade, faróis, para-choques, tampa de porta-malas e capô, por exemplo. Assim, o projeto é

bem mais do que uma simples versão aventureira. “Em nossas pesquisas, os clientes pediram características conflitantes, como dimensões reduzidas e bom espaço interno; carroceria mais alta e boa dirigibilidade; agilidade e economia de combustível”, afirma o líder de projeto, Luís Marcelo Kuramoto. Em janeiro a fábrica de Sumaré já havia produzido um lote inicial pré-série de cerca de 100 carros, mas a montagem para valer começou em fevereiro. Equipado com motor 1.5 flex com até 116 cavalos, ele recebe neste primeiro momento somente transmissão automática CVT e começa em cerca de R$ 70 mil. “A versão

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com câmbio manual de cinco marchas também foi desenvolvida, mas não entra em produção agora”, afirma o vice-presidente da Honda para a América do Sul, Roberto Akiyama. Embora não revele quando, a montadora garante que o WR-V também será exportado do Brasil para países da América do Sul. Também já e produzido na Índia. O novo SUV utiliza os mesmos fornecedores dos outros modelos. “São cerca de 120”, diz o vice-presidente da Honda do Brasil, Carlos Eigi Miyakuchi. De acordo com o executivo, não foi preciso fazer modificações significativas na fábrica para produzir o novo modelo. PLANEJAMENTO O WR-V junta-se em Sumaré aos nacionais Fit, City, HR-V e Civic. A aguardada abertura da segunda fábrica de carros da Honda no País, em Itirapina (SP), ainda não está definida. “Ela depende da retomada de mercado e de uma previsibilidade consistente, que viabilize a contratação de trabalhadores para iniciar as atividades”, afirma Akiyama.

ROBERTO AKIYAMA, vice-presidente da Honda para a América do Sul

Sobre a possibilidade de abertura da unidade no segundo semestre, ele diz: “Com uma fábrica não dá para fazer uma previsão de curto prazo. Somente para contratar e treinar funcionários (para a montagem dos carros) são seis meses. Esperamos uma economia consistente, que permita um crescimento autossustentado.” Atualmente, a unidade de Sumaré consegue montar 620 carros por dia em dois turnos. O ritmo anterior à entrada do WR-V em produção era de 520 unidades. Desse total, entre 35% e 40% eram do consagrado HRV, o utilitário esportivo mais vendido em 2015 e 2016.

O WR-V tende a roubar mercado do Fit, já que monovolumes e hatches médios estão em baixa justamente por causa da boa aceitação de utilitários esportivos. Ele também vai impactar o HR-V. Basta lembrar que em 2009, com a chegada do Honda City às concessionárias, o volume de vendas do Civic baixou a ponto de ele perder para o Corolla a liderança entre os sedãs médios. Assim como o Fit, o WR-V tem interior versátil. Seus bancos dobram e rebatem de forma a criar uma superfície plana para transporte de cargas longas ou para que a área estofada dianteira se encontre com a traseira, permitindo que motorista e passageiro usem o carro para dormir numa parada. O porta-malas tem os mesmos 363 litros de volume do Fit. Já o “irmão maior” HR-V tem 437 litros. O comprimento total do estreante é de 4 metros e a distância entre eixos, de 2,55 m. Já o HR-V mede 4,29 m e tem 2,61 m de entre-eixos. O motor 1.5 flex garantiu ao WR-V a letra A no programa de etiquetagem veicular. n

O PAINEL DE INSTRUMENTOS VEM DO FIT, ASSIM COMO PORTAS, VIDROS, MOTOR E A TRANSMISSÃO AUTOMÁTICA DO TIPO CVT. CORES DIFERENTES DE TECIDO COMBINAM COM A CARROCERIA AutomotiveBUSINESS • 57

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DIVULGAÇÃO / FORD

LANÇAMENTO

O NOVO ECOSPORT NO ESTANDE DA FORD EM DETROIT: lá, sem estepe pendurado na traseira

FORD ANTECIPA NOVO ECOSPORT SUV REPAGINADO APARECE NO SALÃO DE DETROIT SEM ESTEPE TRASEIRO, QUE SERÁ MANTIDO NO BRASIL PEDRO KUTNEY, DE DETROIT (EUA)

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novo EcoSport de cara nova e sem estepe na traseira (que será mantido no Brasil) foi exibido como um dos destaques da Ford no Salão de Detroit, em janeiro. O modelo que inaugurou o segmento de utilitários esportivos compactos foi a maior novidade do evento para os mercados latino-americanos, especialmente o Brasil, onde nasceu o projeto original e será o primeiro país de lançamento, no segundo semestre deste ano, primeiro nas versões 4x2 com motores 1.5 (novo) e 2.0, e um

pouco mais à frente na opção AWD, com tração integral. O EcoSport exibido em Detroit apresenta mudanças no design externo, principalmente na dianteira, com conjunto óptico redesenhado e grade sextavada maior do que a atual, em formato único ligando capô ao para-choque com o logotipo oval da Ford. Na traseira as alterações são bem mais sutis, mas o que chama a atenção é a ausência do estepe do lado de fora, que no Brasil será mantido para não comprometer o espaço já pequeno do porta-malas e por cau-

sa da legislação, que obriga o uso do pneu sobressalente – em outros mercados o carro pode ser vendido só com kit de reparo. No interior o painel foi redesenhado, com novo quadro de instrumentos e a nova geração do sistema de infoentretenimento Sync 3 da Ford, agora com uma avantajada tela sensível ao toque no centro do painel. Por baixo do capô, só seguirá igual o motor 2.0 Duratec importado do México, que desenvolve 178 cv com etanol. Para o mercado sul-americano a maior novidade será o motor Dragon 1.5 de três cilindros, em substituição ao 1.6 atual. O novo propulsor tem injeção direta de combustível, bloco e cabeçote de alumínio e gera cerca de 130 cv. A fábrica de motores da Ford em Taubaté (SP) já está sendo preparada para produzir o Dragon 1.5, que deverá equipar outros modelos da marca no País com a promessa de ser o mais potente e econômico motor 1.5 aspirado no Brasil. Além dessas duas opções de motorização, nos mercados europeus e norte-americanos o novo EcoSport terá a versão Ecoboost 1.2 turboalimentada. n

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