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João Pessoa, Paraíba - SEXTA-FEIRA, 29 de junho de 2012

A UNIÃO

Severo

Músico e sanfoneiro

Seguidor dos

mestres do forró Guilherme Cabral guipb_jornalista@hotmail.com

O

sanfoneiro paraibano Severo teve o privilégio de servir a duas majestades. Uma – a primeira – foi o Rei do Ritmo, Jackson do Pandeiro, a quem ainda hoje é grato por considerá-lo não apenas como o ‘descobridor’ do seu talento para a música, mas também um mestre nessa arte. O outro foi o Rei do Baião, o pernambucano Luiz Gonzaga, cujo centenário de nascimento – a propósito – se completa neste ano e vem sendo motivo de muitas homenagens. O músico disse para o jornal A União que o seu tributo a Gonzagão será compondo uma música que incluirá no novo CD, cuja previsão de lançamento é para 2013. Durante a conversa, o artista – que nasceu em Sapé, mas reside no Rio de Janeiro há 53 anos e esteve em João Pessoa cumprindo uma agenda de apresentações e onde, inclusive, comemorou seu aniversário de 62 anos em 15 de junho – defendeu o forró tradicional e criticou a pirataria e assim como outros artistas do MPB, ainda mantem a humildade.

O senhor participou de vários eventos em João Pessoa, neste mês de junho, a exemplo do Chama Forrozeira e de uma roda de conversa com artistas. O que achou dessas atividades? Para mim foi muito bom e fiquei muito feliz com isso. Primeiro porque sou paraibano, de Sapé. Isso foi um presente muito grande que ganhei, inclusive a comemoração do meu aniversário, organizado pelo produtor cultural Orlando Camboim, com a colaboração da Associação Cultural Balaio Nordeste. Eles estão reconhecendo o meu trabalho. Quase não vinha à Paraíba. Mas agora, constantemente, estou vindo. Estou sendo chamado e estou muito feliz com isto. Isso não tem dinheiro que pague. Qual sua opinião a respeito das várias comemorações em homenagem ao centenário de nascimento de Luiz Gonzaga? Acho que estão sendo mais que merecidas. Ele, para começar, é o Rei do Baião, famoso no mundo todo. Não tem para ninguém, mais. Não vai existir outro Gonzagão. Não vai existir outro Jackson do Pandeiro. Então, Gonzagão é tudo na música nordestina. Ele quem incentivou e o Nordeste está aí: é um celeiro de sanfoneiros bons e tocando bem.

Você também pretende homenagear Luiz Gonzaga?

Jackson é meu descobridor e o considero meu mestre e pai, porque me ajudou muito Pretendo lançar um novo CD no ano que vem, porque saiu um disco meu agora há pouco, com participação de Zé Ramalho, que cantou a minha música Esse Coração é Meu. A gravadora de Zé gostou e passou para o disco dele, também. No novo disco vou preparar, com carinho, uma música para homenagear Luiz Gonzaga. Das 12 faixas que pretendo incluir no CD já gravei quatro, das quais duas tem participação de Anastácia. Como foi sua convivência com

Gonzagão? Com ele só fazia arranjos e gravava, tocando acordeom. Éramos eu e o maestro Chiquinho. Até o último disco dele eu gravei. Meu sonho era gravar com ele. Para mim foi uma alegria imensa. Ele era uma pessoa muito honesta, sincera. Gostava dos negócios dele tudo certinho. Era exigente. Quando cheguei no estúdio para gravar Gonzagão disse: Severo, quero que você faça aquele tempero, aquele suingue que você faz com Jackson do Pandeiro. Eu gosto muito do que você faz com Jackson do Pandeiro. Dá para você fazer? Eu disse: dá, seu Luiz. Eu vou procurar fazer o possível.

Por que você considera Jackson do Pandeiro seu mestre? Foi ele quem lhe descobriu como artista talentoso? Você é ternamente grato a Jackson? Sou. Jackson do Pandeiro foi um pai para mim. Em 1974, eu tocava numa casa noturna, o Esporte Clube 1º de Maio, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. E Jackson do Pandeiro foi contratado para fazer show lá. Meu sonho era conhecê-lo. Ele me viu tocando e esse foi meu primeiro contato pessoal com ele. Jackson anotou o próprio telefone, entregou ao irmão para que me entregasse, dizendo que queria falar comigo. Liguei para ele, que me convidou para tocar com ele. Jackson é meu descobridor e o considero meu mestre e pai, porque me ajudou muito. Me deu muita força, me en-

sinou muita coisa e continuei tocando com ele até o seu último show. Era uma pessoa muito humana. O que pudesse fazer pelas pessoas ele fazia. Cantor que cantava bem, mas não tinha oportunidade de gravar, ele arranjava a gravadora. Como artista era sensacional.

De todos os artistas com quem trabalhou, até agora, qual mais o impressionou? Me sentia muito bem com três: Jackson do Pandeiro, Alceu Valença e Elba Ramalho. A apresentação deles era muito bonita. Elba Ramalho, com aquele estilo dela fazer, de chegar e levantar o povão. Todo mundo gostava. Alceu Valença também. E Jackson do Pandeiro chegava com aquele pandeiro e só não fazia chover. Mas o resto ele fazia. Todo mundo gostava. Eu ficava emocionado e feliz da vida. Qual sua opinião sobre a pirataria? É muito difícil. Aonde a gente chega tem disco pirata. O músico grava para vender, mas acontece que pegam o original e tiram cópias para vender por qualquer centavo, dinheiro. Enquanto isso nós estamos perdendo. Eu mesmo estou sendo prejudicado. Lá no Rio tem a Feira de São Cristóvão e o que mais tem é disco pirata. Mas no Rio as autoridades apreendem CDs piratas e destroem depois. Isso deveria ser feito no Brasil inteiro, para acabar com isso.


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