Apresentação O século XXI herda da última década do século passado expressivas exigências e discussões sobre a ciência e os espaços de sua articulação e convivência. E a universidade, como uma instituição concreta, organizada historicamente como um dos núcleos fundamentais para coordenar de modo didático as exigências da sociedade, foi sendo chamada a rever-se, mesmo cultivando e mantendo alguns aspectos da sua forma original. Ao longo do tempo, nós, pertencentes à chamada comunidade aca dêmica, educados pelas bases do Iluminismo, da individualidade de discursos científicos específicos, de pensamentos, atitudes, emoções e práticas que garantissem a circulação de domínios particulares do conhecimento (Popewitz, 1997), vemo-nos hoje enfrentando, no cotidiano das nossas instituições, os limites de nossos campos e saberes estudados e passamos a ser confrontados por um processo histórico que tanto mantém o individualismo científico, como também nos conduz para uma nova lógica de produção coletiva do conhecimento e para uma dialogia com as diversas ciências e saberes. A realidade concreta e latente na sociedade presente revela que o ideal educativo de formação de um homem universal, racional, que tem como modelo a civilização ocidental, não pode suplantar as suas próprias contradições e certos aspectos das culturas não hegemônicas, mostrando outras faces da chamada dimensão psicológica e social das ciências e da descoberta de suas relações e pertinências epistemológicas.