Volume 2 Edição 10
FÍSICA
matéria envolvente a fim de causarem efeitos
colisões de raios cósmicos com astros como as
macroscópicos.
estrelas de neutrões e as estrelas anãs brancas
Embora a teoria preveja que os buracos negros
não os afectam. A existência de tais corpos den-
microscópicos decaiam rapidamente, mesmo os
sos, assim como a da Terra, exclui a possibilidade
hipoteticamente estáveis buracos negros resul-
de o LHC produzir quaisquer buracos negros peri-
tam inofensivos, como demonstram os estudos
gosos.
das consequências na sua produção pelos raios
Strangelets.
cósmicos. Apesar das colisões no LHC diferirem
Strangelet é o termo dado a um pedaço micros-
das colisões de raios cósmicos com corpos celes-
cópico da hipotética “matéria estra-
tes como a Terra, dado que as novas partículas
nha” contendo números quase iguais de partícu-
produzidas em colisões no LHC tendem a mover-
las chamadas Up, Down ou Strange quarks. De
se mais lentamente do que as produzidas pelos
acordo com a maioria do corpo de trabalho teóri-
raios cósmicos, ainda assim pode-se ainda
co, os strangelets deverão mudar para a matéria
demonstrar a sua segurança. As razões específi-
normal num período de tempo de 1 nano-
cas para isso dependem dos buracos negros esta-
segundo. Mas poderiam os strangelets coalescer
rem electricamente carregados, ou de serem
com a matéria normal e mudá-la para matéria
neutros. Será expectável que muitos buracos
estranha? Esta questão foi levantada pela primei-
negros estáveis
ra vez antes do arranque do Relativistic Heavy
sejam electricamente carregados, uma vez que
Ion Collider, (siglas RHIC), em 2000, nos Estados
eles são criados por partículas carregadas. Neste
Unidos. Um estudo realizado nesse tempo
caso, eles poderiam interagir com a matéria
demonstrou que não havia motivo para preocu-
comum e serem parados ao atravessarem a Terra
pação, e o RHIC já está ligado há oito anos, em
ou o Sol, quer fossem produzidos por raios cós-
busca de strangelets, sem até hoje os detectar.
micos ou pelo LHC. O facto de que a Terra e o Sol
Por vezes, o LHC trabalhará com feixes de
ainda estão aqui exclui as possibilidades dos os
núcleos pesados, assim como o faz o RHIC. Os
raios cósmicos ou do LHC poderem produzir peri-
feixes do LHC terão mais energia do que os do
gosos buracos negros microscópicos. Caso os
RHIC, mas isso torna ainda menos provável que
estáveis buracos negros microscópicos não
os strangelets se possam formar. É difícil para a
tenham carga eléctrica as suas interacções com
matéria estranha continuar formada às altas
a Terra seriam muito fracas. Aqueles produzidos
temperaturas produzidas por estes aceleradores,
por raios cósmicos iriam passar sem causar
tal como o gelo não se forma em água quente.
danos através da Terra para o espaço, enquanto
Além disso, os quarks estarão mais diluídos no
os outros produzidos pelo LHC poderiam perma-
LHC do que no RHIC, sendo assim mais difícil
necer na Terra. No entanto, existem corpos
gerar-se a matéria estranha. Produzir Strangelets
celestes muito maiores e muito mais densos do
no LHC é, portanto, menos provável do que no
que a Terra. Os buracos negros produzidos em
RHIC, e a experiência já validou o conjunto de
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