astroPT Outubro2012

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Volume 2 Edição 10

FÍSICA

matéria envolvente a fim de causarem efeitos

colisões de raios cósmicos com astros como as

macroscópicos.

estrelas de neutrões e as estrelas anãs brancas

Embora a teoria preveja que os buracos negros

não os afectam. A existência de tais corpos den-

microscópicos decaiam rapidamente, mesmo os

sos, assim como a da Terra, exclui a possibilidade

hipoteticamente estáveis buracos negros resul-

de o LHC produzir quaisquer buracos negros peri-

tam inofensivos, como demonstram os estudos

gosos.

das consequências na sua produção pelos raios

Strangelets.

cósmicos. Apesar das colisões no LHC diferirem

Strangelet é o termo dado a um pedaço micros-

das colisões de raios cósmicos com corpos celes-

cópico da hipotética “matéria estra-

tes como a Terra, dado que as novas partículas

nha” contendo números quase iguais de partícu-

produzidas em colisões no LHC tendem a mover-

las chamadas Up, Down ou Strange quarks. De

se mais lentamente do que as produzidas pelos

acordo com a maioria do corpo de trabalho teóri-

raios cósmicos, ainda assim pode-se ainda

co, os strangelets deverão mudar para a matéria

demonstrar a sua segurança. As razões específi-

normal num período de tempo de 1 nano-

cas para isso dependem dos buracos negros esta-

segundo. Mas poderiam os strangelets coalescer

rem electricamente carregados, ou de serem

com a matéria normal e mudá-la para matéria

neutros. Será expectável que muitos buracos

estranha? Esta questão foi levantada pela primei-

negros estáveis

ra vez antes do arranque do Relativistic Heavy

sejam electricamente carregados, uma vez que

Ion Collider, (siglas RHIC), em 2000, nos Estados

eles são criados por partículas carregadas. Neste

Unidos. Um estudo realizado nesse tempo

caso, eles poderiam interagir com a matéria

demonstrou que não havia motivo para preocu-

comum e serem parados ao atravessarem a Terra

pação, e o RHIC já está ligado há oito anos, em

ou o Sol, quer fossem produzidos por raios cós-

busca de strangelets, sem até hoje os detectar.

micos ou pelo LHC. O facto de que a Terra e o Sol

Por vezes, o LHC trabalhará com feixes de

ainda estão aqui exclui as possibilidades dos os

núcleos pesados, assim como o faz o RHIC. Os

raios cósmicos ou do LHC poderem produzir peri-

feixes do LHC terão mais energia do que os do

gosos buracos negros microscópicos. Caso os

RHIC, mas isso torna ainda menos provável que

estáveis buracos negros microscópicos não

os strangelets se possam formar. É difícil para a

tenham carga eléctrica as suas interacções com

matéria estranha continuar formada às altas

a Terra seriam muito fracas. Aqueles produzidos

temperaturas produzidas por estes aceleradores,

por raios cósmicos iriam passar sem causar

tal como o gelo não se forma em água quente.

danos através da Terra para o espaço, enquanto

Além disso, os quarks estarão mais diluídos no

os outros produzidos pelo LHC poderiam perma-

LHC do que no RHIC, sendo assim mais difícil

necer na Terra. No entanto, existem corpos

gerar-se a matéria estranha. Produzir Strangelets

celestes muito maiores e muito mais densos do

no LHC é, portanto, menos provável do que no

que a Terra. Os buracos negros produzidos em

RHIC, e a experiência já validou o conjunto de

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