Formação de preços do açaí

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO AÇAÍ EM RIO BRANCO-AC

MARCELA SARKIS SOPCHAKI

Rio Branco - AC 2014


MARCELA SARKIS SOPCHAKI

ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO AÇAÍ EM RIO BRANCO-AC

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas na Universidade Federal do Acre. Orientador: Prof. Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel

Rio Branco – AC 2014


FOLHA DE APROVAÇÃO

MARCELA SARKIS SOPCHAKI

ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO AÇAÍ EM RIO BRANCO-AC

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas na Universidade Federal do Acre, submetida à aprovação da banca examinadora composta pelos seguintes membros:

_____________________________________________ Prof. Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel – Orientador Universidade Federal do Acre _____________________________________________ Prof. Dra. Sheila Maria Palza Silva – Membro Universidade Federal do Acre _____________________________________________ Prof. Msc. Francisco Bezerra de Lima Junior – Membro Instituto Federal do Acre

Rio Branco-AC, 12 de agosto de 2014.


À minha mãe, pelo amor e pela paciência.


AGRADECIMENTOS

Esta pesquisa realmente fez justiça ao nome trabalho e eu não poderia terminar sem agradecer a quem acho importante. Porém, sou péssima com essas coisas e também acho que vou acabar não conseguindo citar todo mundo a quem eu gostaria de agradecer. Agradeço primeiro a Deus, sem Ele considero nada ser possível. À minha avó Áurea (in memoriam), que sempre confiou em mim, que sempre me incentivou e torceu por minhas vitórias. À minha mãe Marilin, que tem uma paciência gigante, assim como é gigante seu amor e seus esforços em me ajudar e apoiar. Ao meu pai Tarcísio, pela sementinha e, claro, pelo amor e pelo carinho. Ao meu padrinho e tio Zé, que sempre me apoiou e me incentivou, tanto no meio acadêmico, quanto militar. Ao meu padrasto Dudu, que me apoiou muito e me ensinou muito com sua simplicidade. Ao meu orientador, professor Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel, por confiar em minha capacidade e por saber incentivar, cobrar e orientar na dosagem correta para a realização do trabalho. Ao amigo e professor Msc. Junior, por ter me ajudado muito com materiais bibliográficos e conselhos de imensa importância. Aos amigos Pedro, Débora, Geso, Valdenir Junior, Samara e tantos outros do Curso de Graduação em Ciências Econômicas da Universidade Federal do Acre que me ajudaram bastante. A todos os entrevistados que contribuíram com seu tempo e suas informações preciosas utilizadas para a realização deste trabalho. A todos os meus amigos e familiares que contribuíram de alguma forma. Obrigada.


"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." Antoine de Saint-Exupéry, 1943.


RESUMO

Este trabalho tem a finalidade de estudar a formação de preços do açaí e de seus derivados na cidade de Rio Branco. Busca-se, especificamente, identificar os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do açaí e analisar os preços de compra e venda deste setor. Procura-se ainda avaliar o desempenho da comercialização do açaí e seus derivados. A hipótese deste trabalho considera que o mercado do açaí está sendo influenciado diretamente pela quantidade elevada de agentes mercantis envolvidos em sua cadeia de comercialização. A metodologia adotada baseia-se no levantamento de informações para identificar e descrever a estrutura e agentes mercantis das cadeias de comercialização, assim como determinar quais são as margens e mark-ups de comercialização dos produtos derivados do açaí, que serão elementos essenciais para a formação do preço de venda do açaí. Os resultados demonstraram que a cadeia de comercialização do açaí é muito complexa e possui muitos agentes mercantis envolvidos. Percebeu-se que, além de todos os agentes mercantis envolvidos terem uma grande margem de comercialização sobre os produtos, o agente mercantil que faz a ligação entre o produtor e a indústria causa um aumento significativo no preço de venda do produto sem agregar nenhum valor ao mesmo. Neste trabalho foi possível determinar também os custos dos principais produtos do açaí e descobriu-se ainda que o preço e a oferta de açaí podem expandir-se ainda mais devido a grande aceitação do consumidor local. Palavras-chave: Formação de preços. Açaí. Agroindústria. Acre. Amazônia.


ABSTRACT

This study has the purpose to study the pricing of açaí berry in Rio Branco city. Specifically, it searches to identify marketing channels and to analyze its prices. It intends to further evaluate the performance of the marketing of açaí berry and its derivatives. The hypothesis of this study considers that the market for açaí berry is being directly influenced by the high amount of mercantile agents involved in its marketing channels. The methodology is based on survey information to identify and to describe both structure and mercantile agents of the marketing chains and wants to determine what are the margins and mark-ups for the marketing of products derived from açaí berry, which are essential for the formation of açaí berry’s selling price. The results showed that the marketing channels of açaí berry is very complex and it has many mercantile agents involved. It was noticed that, in addition to all market actors involved have a large marketing margin on the product, the commercial agent that makes the link between the producer and the industry causes a large increase in the selling price of the product without adding any value to the same. By this work, it was also possible to determine the cost of the main products of açaí berry and it found either that the price and the supply of açaí berry can be expanded further by the wide acceptance of the local consumer.

Keywords: Price Formation. Açaí berry. Agrobusiness. Acre. Amazon Region.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação de um sistema de comercialização simplificado.......................... 27 Figura 2: Método tradicional de coleta de frutos de açaí.................................................... 32 Figura 3: Método com utilização de kit de segurança para a coleta de frutos de açaí........ 32 Figura 4: Processo básico de extração do suco de açaí....................................................... 33 Figura 5: Cadeia de comercialização da polpa do açaí e seus............................................. 34 Figura 6: Circuitos da cadeia de comercialização do açaí................................................... 40


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Periodicidade de compra do açaí e seus derivados em Rio Branco – 2014............ 35 Gráfico 2: Margem de comercialização por produto (R$)....................................................... 39 Gráfico 3: Margem de comercialização por produto (%)........................................................ 39 Gráfico 4: Disposição em comprar mais açaí em Rio Branco – 2014..................................... 42 Gráfico 5: Disposição a pagar mais pelo açaí em Rio Branco – 2014..................................... 42 Gráfico 6: Nota de qualidade e aceitação do açaí em Rio Branco – 2014............................... 43


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Preços médios de compra do açaí e derivados na cidade de Rio Branco – 2014.... 36 Tabela 2: Preços médios de venda do açaí e seus derivados em Rio Branco – 2014.............. 36 Tabela 3: Custo de produção de 1595 ml de açaí cremoso completo com cereais.................. 37 Tabela 4: Preços de custo do açaí cremoso.............................................................................. 37 Tabela 5: Custo de 2500 ml de suco de açaí com leite............................................................ 38 Tabela 6: Margens de comercialização do açaí e derivados.................................................... 38 Tabela 7: Demandas satisfeita e insatisfeita de açaí em Rio Branco....................................... 41


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PAP - Plano Agrícola e Pecuário PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar UFAC - Universidade Federal do Acre


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 14 CAPÍTULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................... 15 1.1. Formação de preços em seu contexto teórico .................................................... 15 1.2. Comercialização e Mercado de Produtos Agrícolas .......................................... 17 1.3. Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar na Amazônia .......................... 20 CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA .............................................................................. 25 2.1. Caracterização do Objeto de Estudo .................................................................. 25 2.2. Coleta de Dados ................................................................................................. 26 2.3. Análise dos dados .............................................................................................. 26 CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................... 31 3.1. Caracterização e história da produção de açaí ................................................... 31 3.2. Análise dos dados referentes ao objeto de estudo.............................................. 33 3.2.1 Demanda atual e demanda potencial do mercado do açaí ...................... 411 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 444 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (EM ORDEM ALFABÉTICA) .................... 466 ANEXOS .................................................................................................................... 500


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INTRODUÇÃO

O açaí é um alimento rico em nutrientes altamente energético (SILVA et al., 2005), além de ser popular entre os acreanos de uma forma tradicional, é muito consumido por frequentadores de academias e adeptos de um estilo de vida saudável e natural. Além dos antigos costumes de consumir o vinho do açaí com farinha, popularizou-se o consumo de sorvete, picolé, açaí cremoso e outros derivados (NOGUEIRA et al., 1995). Ademais, o açaí também ficou popular no resto do mundo, aumentando consideravelmente a demanda pelo produto tanto pelo mercado local como pelo externo, elevando assim o preço de venda do açaí e de seus derivados. Por outro lado, a oferta do produto não teve um crescimento tão significativo quanto seu preço e sua demanda, e foi observado ainda que apesar do preço do produto estar tão elevado, o produtor/coletor de açaí continua ganhando muito pouco, com média acreana de 0,86 centavos por quilo de fruta vendido (MACIEL, 2014). Dentro desta proposta, surgiu como problema de pesquisa: O que determina a formação de preços do açaí e seus derivados na cidade de Rio Branco? Tendo em vista estes fenômenos econômicos observados na comercialização do açaí e derivados, o objetivo geral deste trabalho é realizar uma análise da formação de preços dos produtos derivados do açaí em Rio Branco. Este trabalho tem como objetivos específicos identificar os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do açaí e de seus derivados, analisar os preços de compra e venda dos agentes mercantis envolvidos neste setor e avaliar o desempenho da comercialização do açaí e seus derivados na cidade de Rio Branco. Além disso, este estudo busca também compreender o motivo da oferta não estar acompanhando o aumento acentuado da demanda. Tem-se como hipótese de pesquisa que o preço do açaí e de seus derivados é determinado pela quantidade de agentes mercantis envolvidos em sua cadeia de comercialização. No primeiro capítulo da monografia é realizado estudo sobre agricultura familiar, desenvolvimento rural e formação de preços agrícolas. No segundo capítulo é feita uma abordagem da metodologia utilizada e, por fim, no terceiro capítulo são abordados os resultados e discussões da pesquisa.


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CAPÍTULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo é realizada uma revisão teórica dividida em três subseções para que haja maior entendimento sobre a formação de preços dos produtos agrícolas. A primeira subseção aborda a formação de preços de acordo com as principais teorias econômicas, citando a teoria clássica do valor, teoria neoclássica e teoria do custo total. A segunda subseção trata da comercialização e mercado de produtos agrícolas, e a terceira, sobre o desenvolvimento rural e a agricultura familiar na Amazônia.

1.1. Formação de preços em seu contexto teórico

A formação de preços dos bens e serviços tem sido estudada e analisada de forma distinta no decorrer dos anos, apresentando várias abordagens de diferentes escolas econômicas. Os Clássicos, por exemplo, defendiam que os preços deveriam ser determinados por resultado do trabalho humano, sendo assim, o valor aparece na troca como um conteúdo originado pelo trabalho humano, no qual torna possível estabelecer a relação de troca entre duas mercadorias (POSSAS, 1987). A abordagem neoclássica sobre a formação de preços estabelece que os preços sejam resultantes da razão de permuta que configuram um sistema de equilíbrio. (POSSAS, 1987) Para Jevons, a formação do preço de um bem estava ligada à utilidade daquele item para o consumidor. Menger defendia que os preços eram determinados de acordo com a oferta e a demanda, ou seja, quando havia equilíbrio, o preço de mercado era o mesmo de produção, porém, ele não considerava expropriação de excedentes. Para ele, preços e quantidades estão inversamente relacionados. Por sua vez, Walras acreditava que o que determina o valor de troca e a formação de preços é a raridade dos bens (DIAS, 1994, p. 129). Ainda na visão neoclássica, é aceito que para determinar um preço é necessário visar: o retorno do investimento, a maximização do lucro e a minimização dos custos. Os preços devem se basear nos custos (MACHADO, FIORENTIN e SCARPIN, 2010; VARIAN, 2006). Visando superar a deficiência teórica e operacional oriunda da análise estática de Walras, surgem então as teorias de equilíbrio parcial, introduzidas por Alfred Marshall. Ele buscou inserir, na medida do possível, porções de realismo e de seu conhecimento empírico


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na indústria britânica. A partir da análise marshalliana, foi possível observar vantagens analíticas e didáticas, como facilitar a identificação das variáveis relevantes, a abertura de um campo para a análise mais simples e operacional, maior proximidade com o conhecimento empírico de indústria (POSSAS, 1987). Em 1926, o economista italiano Piero Sraffa publicou o artigo “The Laws of Returns under Competitive Conditions” (As Leis dos Rendimentos sob Condições de Concorrência), no qual ele critica a teoria marginalista por trabalhar apenas casos limites – concorrência perfeita e monopólio – e não consideram situações intermediárias mais observadas na economia. Ele afirma, ainda, que as teorias neoclássicas não se adequam à realidade, pois elas não são simplesmente tomadoras de preços e nem operam com custos crescentes, e sim com custos decrescentes ou constantes. Em relação à teoria ortodoxa dos preços, o principal progresso foi mostrar a possibilidade de um equilíbrio competitivo em longo prazo, ou seja, com livre entrada e lucros “normais”, quando os produtos da “indústria” não são homogêneos (POSSAS, 1987). Pode-se também destacar a abordagem do princípio do custo total, realizada por Hall e Hitch, na qual eles verificaram por meio de pesquisa empírica, realizada na Inglaterra, que os produtores entrevistados “[...] tentam aplicar uma regra prática, que denominaremos de ‘custo-total’, e que os lucros máximos que se resultam da aplicação dessa regra serão um subproduto acidental [...]” (HALL e HITCH, 1986, p. 386). Surge, então, da aplicação do princípio do custo total, o método de mark-up, que permite tanto a recuperação do “custo total” quanto uma margem de lucro compatível com as variáveis estruturais presentes na indústria (PASCHOAL, 2003). A teoria de determinação de preço por meio do mark-up (em oligopólio) foi elaborada por Hall e Hitch, em 1939, por meio de uma pesquisa empírica realizada com 38 empresas oligopólicas inglesas. Eles chegaram a resultados que mostravam que na concorrência pura as empresas não são meras tomadoras de preços, na verdade, elas têm que estar constantemente atentas às reações dos concorrentes, fixando o preço de seus produtos. Perceberam, também, que elas não tentam maximizar seus lucros em curto prazo através da igualação da receita marginal com o custo marginal, já que fixam seus preços utilizando o método do custo total. Esse método pode variar (PASCHOAL, 2003). No entanto,

Pode generalizar, devidamente, da seguinte maneira: toma-se por base o custo primeiro (ou direto), agrega-se urna porcentagem para cobrir os gastos genéricos (ou indiretos) e urna soma convencional adicional (amiúde 10%) por conceito de utilidades. Os gastos gerais quase sempre incluem os custos


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de venda e, poucas vezes, os interesses sobre o capital; quando não são incluídos, aparecem na margem que se agrega no conceito de utilidades. (HALL e HITCH, 1939, p. 19 apud PASCHOAL, 2003)

O processo de formação de preços pode ser diferenciado de acordo com dois tipos de mercado: preço fixo (fix-price) e preço flexível (flex-price). Para Hicks, um mercado flexprice é aquele cujo o equilíbrio ocorre pela igualação da oferta e demanda, com o auxílio do jogo de mercado. Diferentemente, mercados fix-price são organizados e administrados. No flex-price não há preocupação com estoques, até porque o comportamento dos estoques é um indicador de manifestação do desequilíbrio, ao contrário do que ocorre no fix-price (COSTA, DEOS e BRITO, 2001). Muitos autores concordam que na agricultura existe um processo de formação de preços distinto do que ocorre em setores industriais e/ou oligopolizados (NEDER, 1994). Kalecki destaca ainda:

Uma dicotomia entre os mercados ao classificar os preços de produtos acabados como ‘determinados pela demanda’. De acordo com essa visão, as modificações a curto prazo nos preços dos produtos primários refletem principalmente as alterações na demanda e, desta forma, os preços desses produtos caem com a contração da atividade econômica e sobem com a expansão cíclica [...] (KALECKI, 1983 apud NEDER, 1994, p. 23)

Portanto, os preços na agricultura exerceriam uma função de “variáveis de ajuste” entre as quantidades ofertadas em cada safra e as quantidades demandadas ao longo do ano agrícola (NEDER, 1994, p. 23). Para melhor compreender a formação de preços no setor agrícola, faz-se necessário estudar a comercialização e o mercado destes produtos de forma mais atenta, de forma a compreender o comportamento e a dinâmica deste setor.

1.2. Comercialização e Mercado de Produtos Agrícolas

De acordo com Padilha Junior (2006, p. 4), comercialização pode ser definida pelo “desempenho de todas as atividades necessárias ao atendimento [...] dos mercados, planejando a disponibilidade da produção, efetuando transferência de propriedade de produtos, provendo


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meios para a sua distribuição física e facilitando a operação de todo o processo de mercado.” A comercialização abrange a troca de bens e serviços por ativos monetários (GOMES, 2007). A comercialização agrícola é caracterizada como um processo contínuo e organizado de direcionamento da produção agrícola por um canal ou sistema de comercialização, no qual o produto sofre transformações, diferenciações e agregações de valor. As mudanças que os produtos agrícolas sofrem são de posse, forma, tempo e lugar, adequando-os à preferência dos consumidores finais. (PADILHA JUNIOR, 2006)

Entre as várias situações que levam à geração e a implementação de um sistema de comercialização agrícola estão os desajustes entre o crescimento da demanda (consumo) e o da produção (oferta), bem como o desequilíbrio entre a produção para o mercado interno e o externo. Esta falta de resposta da produção ante uma demanda crescente pode ser devido a um conjunto de fatores tais como: a falta de incentivos econômicos, a escassez de recursos, as características estruturais (desajuste na estrutura de propriedade da terra), a estabilidade monetária e os sistemas de comercialização ineficientes. (PADILHA JUNIOR, 2006, p. 1)

A comercialização é um processo social no qual agentes econômicos interagem por meio de instituições apropriadas, como o mercado, que pode ser definido como o “local” onde ocorre transferência de mercadorias mediante vendedores e compradores – forças da oferta e demanda (BARROS, 1987). O mercado pode referir-se a um local específico (mercado atacadista de São Paulo) ou a um produto (mercado do milho), sendo que a integração de mercados de diferentes locais depende ainda dos custos de transporte, pois estes às vezes fazem com que não compense levar seu produto a outro local (BARROS, 1987). As mercadorias, em geral, possuem diversos níveis de mercados, mas no caso dos produtos agropecuários, geralmente, são separados por mercado produtor, mercado atacadista e mercado varejista (BARROS, 1987). A partir desta organização, entra-se no conceito de cadeia produtiva. A cadeia produtiva pode ser definida como “o conjunto de componentes interativos, incluindo os sistemas produtivos, fornecedores [...], industriais de processamento e transformação, agentes de distribuição e comercialização, além de consumidores finais” (GOMES, 2007, p. 11). Neste:

Canal de comercialização ou de distribuição, ou, ainda, de marketing, é, por sua vez, a sequência de etapas por onde passa o produto agrícola até chegar ao consumidor final, configurando a organização dos intermediários, cada


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qual desempenhando uma ou mais funções de comercialização, e o arranjo institucional que viabiliza as relações de mercado nas cadeias produtivas agroindustriais. (WAQUIL, MIELE e SCHULTZ, 2010, p. 57)

Em geral, os economistas costumam analisar a comercialização de três formas diferentes:

Análise estrutural A estrutura de mercado refere-se as características de organização de um mercado que parecem influenciar estrategicamente a natureza da competição e do preço dentro do mercado. [...] Análise funcional Nesta análise, o processo de comercialização é desdobrado nas funções executadas, que são, então, objeto de estudo mais aprofundado. [...] Análise por Produto Específico Este método consiste nas análises estrutural e funcional aplicadas ao estudo de um produto específico. Condições e origem de oferta e demanda e canais de distribuição são os aspectos normalmente considerados. (BARROS, 1987, p.9-13)

Em economia, produção é qualquer atividade que resulte em um bem ou serviço e, para que isto ocorra, providências devem ser tomadas – operações planejadas e realizadas – para que os insumos sejam combinados de forma adequada para tal objetivo. “A unidade de organização que faz isso é chamada firma. Isto é, firma é qualquer organização econômica que tenha por finalidade a produção de bens ou serviços econômicos” (BARROS, 1987, p.2223). Por meio deste conceito, é possível perceber que o processo produtivo de produtos agrícolas pode estar ligado a uma ou a várias firmas, devido aos estágios de produção existentes para que cada produto chegue ao consumidor. Como explica Barros (1987, p.23),

[...] uma única firma ou diferentes firmas poderão estar envolvidas na produção de pão, através das seguintes operações: 1. preparar a terra, semear, cultivar e colher o trigo; 2. armazenar o grão, transportar e beneficiar para obter farinha; 3. transportar a farinha até a padaria e combiná-la com outros ingredientes para fazer o pão; 4. transportar e vender os pães.

Outro fator de grande influência na comercialização é a questão da eficiência do sistema de comercialização, que se reflete diretamente no preço do produto final para o consumidor e nos lucros obtidos pelas diversas firmas envolvidas no processo produtivo. Esta


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eficiência pode ocorrer devido modernização e/ou abreviação da quantidade de firmas inseridas no processo de produção (BARROS, 1987). Neste sentido, torna-se necessário estudar também o desenvolvimento rural e a agricultura familiar, tendo em vista ser esta última a que se destaca na produção de alimentação para a população brasileira.

1.3. Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar na Amazônia

O desenvolvimento rural apresenta amplo conceito que varia de acordo com o cenário em que se aplica. Entre os autores que propõem que haja uma abordagem nova para países em desenvolvimento, pode-se destacar Ellis (2001; 2000; 1998) apud Schneider (2003, p. 5), que privilegia em sua abordagem o que ele chama de “estratégia de sobrevivência familiar e a diversificação dos modos de vida rurais”, mostrando como melhorar as condições de vida dessas populações. Ploeg (2000) apud Schneider (2003, p. 5) reconhece que “os esforços em definir conceitualmente o desenvolvimento rural fracassaram, podendo-se, no entanto, afirmar que a noção de desenvolvimento rural emerge dos debates e disputas sociais e políticas...”, destacando ainda uma necessidade de reconhecer o desenvolvimento rural como um processo de múltiplos níveis (históricos) para uma definição baseada nas práticas e ações empíricas.

Estes múltiplos níveis da nova abordagem do desenvolvimento rural estariam apoiados em seis mudanças gerais, todas elas relacionadas aos limites e problemas decorrentes do modelo agrícola produtivista (assentado nos princípios da ‘revolução verde’), que estaria em fase de superação. Primeiro, o crescente inter-relacionamento da agricultura com a sociedade, fazendo com que esta perceba que o rural pode fornecer muito mais do [que] alimentos e matérias-primas. Segundo, uma necessidade urgente em definir um novo modelo agrícola, que seja capaz de valorizar as sinergias e a coesão no meio rural, entre atividades agrícolas e não-agrícolas, entre ecossistemas locais e regionais, permitindo a convivência de iniciativas e atividades diversificadas. Terceiro, um desenvolvimento rural capaz redefinir as relações entre indivíduos, famílias e suas identidades atribuindo-se um novo papel aos centros urbanos e à combinação de atividades multi-ocupacionais, com claro estímulo à pluriatividade. Quarto, um modelo que redefina o sentido da comunidade rural e as relações entre os atores locais, sejam eles os agricultores ou os novos usuários (proprietários de sítios de lazer, moradias secundárias, empresas, condomínios, etc). Quinto, um desenvolvimento rural que leve em conta a necessidade de novas ações de políticas públicas e o papel das instituições, que não podem ser mais


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exclusivamente direcionados à agricultura. Sexto, e último, levar em consideração as múltiplas facetas ambientais, buscando garantir o uso sustentável e o manejo adequado dos recursos. (PLOEG et al., 2000 apud SCHNEIDER, 2003, p. 6, grifo do autor).

No Brasil, entre grande parte da população há uma crença de que o rural é “atrasado”, sendo visto como apenas um apoio para os demais setores. No entanto, nos últimos anos houve um aumento no interesse do poder público pelo agronegócio e pela agricultura familiar, o que foi demonstrado pela quantidade de políticas públicas direcionadas para este setor, possibilitando, assim, o desenvolvimento rural. Hurtienne (2005, p. 16) afirma que a “distinção entre camponeses e agricultores familiares é normalmente usada para distinguir a agricultura do Norte, com poucos insumos externos, da agricultura do Sul do Brasil, mais capitalizada.” Entretanto, podemos encontrar estes dois exemplos na Amazônia. Entretanto, geralmente não há essa distinção “no debate atual sobre a agricultura do Norte, já que a pequena produção é identificada com a agricultura familiar ou com a produção familiar, sem que sejam especificados os critérios para essa denominação”. Essa confusão que acontece na hora de definir os conceitos demonstra uma dificuldade em compreender a estrutura e dinâmica diferente de uma agricultura que se utiliza de técnicas tradicionais de corte e queima para preparo do solo, o que diverge do tipo de agricultura permanente predominante no Sul do país (HURTIENNE, 2005, p. 16). É importante destacar que o termo agricultura familiar provém de correntes teóricas distintas, dentre as quais convém mencionar uma que afirma que a moderna agricultura familiar é fruto das relações e transformações causadas pelo capitalismo e outra que defende a ligação do termo agricultura familiar às suas raízes históricas (JESUS, OLIVEIRA e SILVA, 2011, p. 74). O conceito de agricultura familiar mais adequado para ser adotado neste trabalho considera que para o cenário nacional, o agricultor familiar, ainda que atualizado e inserido ao mercado,

[...] guarda ainda muitos de seus traços camponeses, tanto porque ainda tem que enfrentar os velhos problemas, nunca resolvidos, como porque, fragilizado, nas condições da modernização brasileira, continua a contar, na maioria dos casos, com suas próprias forças (WANDERLEY, 1996, p. 15).


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Na Amazônia, a agricultura familiar também vem exercendo um papel importante na sociedade. Assim como as demais regiões do país, a Amazônia está incluída em programas de crédito e incentivo ao desenvolvimento rural. Moraes e Lima (2005, p. 6) destacam que:

O Governo Federal tem direcionado algumas políticas públicas para financiamentos que favorecem o desenvolvimento integrado da agricultura familiar, mas que não têm sido suficientes para que haja uma mudança neste segmento no Brasil. Percebe-se que, enquanto não forem diagnosticados os verdadeiros gargalos do processo de integração da produção familiar nas cadeias produtivas do país, a tendência será a continuação das distorções no campo que retiram a possibilidade de se viabilizar economicamente a agricultura familiar.

Com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da agricultura familiar, em 1996, o Governo Federal criou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF - que proporciona financiamentos destinados aos investimentos e manutenção das propriedades rurais. Estes recursos são utilizados principalmente para aquisição de insumos, matrizes leiteiras, equipamentos e demais investimentos. A principal finalidade desse programa é gerar renda para o agricultor familiar, que é essencial para comprar equipamentos e cobrir custos (Moraes e Lima, 2005, p. 6). O Plano Safra (ou Plano Agrícola e Pecuário – PAP) da Agricultura Familiar coloca recursos à disposição dos produtores deste segmento, atendendo às linhas de crédito do PRONAF.

Programas como o PRONAF estão inseridos num quadro de estruturação das atividades da agricultura familiar onde a ampla participação do Estado tem que ser baseada em créditos, como os descritos acima, e de políticas de capacitação. É imprescindível a implantação de políticas agrícolas que visem a acompanhar os agricultores assentados, de forma a oferecer-lhes suporte para produção e comercialização e, assim, o agricultor familiar encontre condições de sobrevivência no campo. (MORAES e LIMA, 2005, p. 6)

Dentre as políticas públicas destinadas à agricultura familiar, é importante citar também a previdência rural brasileira.

No Brasil, a inclusão dos trabalhadores rurais no sistema previdenciário foi tardia em relação às outras categorias profissionais e a inclusão das mulheres rurais trabalhadoras ocorreu ainda muito mais tarde, principalmente pelo fato do benefício somente ser restituído após o reconhecimento enquanto trabalhadoras rurais. Esse reconhecimento, por sua vez, era e ainda é de


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difícil comprovação, tendo em vista que grande parte do trabalho feito por elas ser considerado invisível, sendo geralmente declarado como ‘ajuda’ às tarefas executadas pelos homens e, com frequência, restrito às atividades domésticas, mesmo que essas incluam atividades vinculadas à produção. (ZIMMERMANN, 2005)

A Constituição de 1988, que determinava como direito social a previdência social, e as Leis 8.212 (Plano de Custeio) e 8.213 (Planos de Benefícios), ambas de 1991, que definiram a organização da seguridade social e o plano de benefícios previdenciários, trouxeram mudanças positivas e, com isso, as desigualdades do sistema previdenciário começaram a ser eliminadas. A produção familiar rural na Amazônia vem ganhando força nas últimas décadas. Segundo Rego, Costa Filho e Braga (2003), a maior porcentagem de produção, emprego e renda na Amazônia é gerada na pequena produção familiar rural do que na grande propriedade agrícola. O Censo Agropecuário de 2006 demonstra o papel importante da agricultura familiar nas principais culturas produzidas no Brasil, tendo participação de 87% na cultura da mandioca, 70% na cultura de feijão, 46% na cultura de milho, dentre outros (IBGE, 2009). No entanto, as questões ambientais também vêm ganhando grande destaque, o que tem levado a discussão daquilo que se convencionou chamar de desenvolvimento sustentável. Assis (2006, p. 81) considera que

O desenvolvimento sustentável tem como eixo central a melhoria da qualidade de vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas e, na sua consecução, as pessoas, ao mesmo tempo que são beneficiários, são instrumentos do processo, sendo seu envolvimento fundamental para o alcance do sucesso desejado. Isto se verifica especialmente no que se refere à questão ambiental, na medida em que as populações mais pobres, ao mesmo tempo que são as mais atingidas pela degradação ambiental, em razão do desprovimento de recursos e da falta de informação, são também agentes da degradação.

No campo social, essa discussão do desenvolvimento no setor rural também tornou-se bem complexa, já que ao longo da história houve desequilíbrios sociais de diversas naturezas, pois

[...] na Amazônia e em particular no Acre, o reflexo socioeconômico destas propostas de desenvolvimento regional se traduziu na expulsão das famílias pelos grandes fazendeiros partir da década de 1970, gerando a necessidade de uma política de reforma agrária que suprisse a demanda por terra, ao mesmo tempo em que a mão-de-obra familiar disponível fosse aproveitada,


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de forma que essas famílias pudessem voltar às práticas produtivas a que estavam acostumadas. (MACIEL, 2003; BATISTA, 2004; SOUZA, 2008 apud MACIEL, CAMPOS e SOUZA, 2010, p. 6)

Percebe-se que ao incentivar a agricultura familiar, incentiva-se também o desenvolvimento rural, não só de forma econômica, mas também o desenvolvimento da qualidade de vida e qualidade dos produtos disponíveis no mercado. Ao estudar a formação dos preços agrícolas, tenta-se demonstrar e estimular o desenvolvimento e o potencial destes setores.


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CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA

Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo sobre a comercialização do açaí e seus derivados na cidade de Rio Branco. Para isto, nesse capítulo será abordada uma caracterização dos produtos derivados do açaí e metodologia para coleta e análise de dados.

2.1. Caracterização do Objeto de Estudo

O açaizeiro (Euteroe oleracea) é uma palmeira típica da Amazônia e os açaizais nativos são comuns em terrenos de várzea, igapós (terrenos inundados) e terra firme; da polpa dos frutos é extraído o vinho do açaí, que pode ser consumido nesta forma natural, ou pode dar origem a sorvetes, sucos, cremes, picolés, entre outros (NOGUEIRA et al., 1995).

O açaizeiro é uma espécie tipicamente tropical, que se desenvolve bem em condições de clima quente e úmido e não suporta secas prolongadas. Nas regiões onde é nativo, as chuvas são abundantes (2.000 a 2.700 mm anuais) e bem distribuídas durante o ano, e a umidade relativa do ar comumente ultrapassa 80%. A temperatura média gira em torno de 28ºC. O açaizeiro pode desenvolver-se bem em regiões que apresentem temperaturas médias mensais acima de 18ºC. Temperaturas inferiores a esse limite podem causar atrasos no desenvolvimento das plantas. [...] Desde que não falte água no solo, a radiação solar representa um dos fatores mais importantes na produção de frutos. O açaizeiro desenvolve-se bem em uma gama variada de solos, desde o tipo bastante argiloso das várzeas altas do estuário do rio Amazonas até o arenoargiloso das áreas de terra firme. [...] O crescimento da planta é favorecido pela existência de altos teores de matéria orgânica. As áreas arenosas, com baixa capacidade de retenção de água, devem ser evitadas. (NOGUEIRA et al., 1995, p.12-14).

Além de o açaí ser muito consumido na cidade de Rio Branco por questões culturais e por ser abundante na região, o produto teve um grande destaque nos últimos anos por ser considerado um energético natural e ainda possui um sabor que agrada consumidores de mais distintas características.


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2.2. Coleta de Dados

Os dados apresentados neste trabalho foram obtidos por meio de pesquisa (amostragem) em que foi entrevistada grande parte dos agentes mercantis que comercializam açaí e seus derivados na cidade de Rio Branco – somando um total de 83 estabelecimentos (indústrias, supermercados, sorveterias, lanchonetes, etc.). Nas entrevistas foi utilizado um questionário dividido em cinco seções: 1. Dados sobre os agentes mercantis; 2. Dados referentes à compra de mercadorias; 3. Dados referentes à venda de mercadorias; 4. Informações de infraestrutura e empregados; 5. Informações sobre a satisfação em relação à comercialização do produto. As entrevistas foram realizadas no período de janeiro a fevereiro de 2014 em Rio Branco.

2.3. Análise dos Dados

Para tratamento dos dados obtidos utilizou-se software Microsoft Office Excel 2010®. Para realizar a avaliação dos resultados da pesquisa, levando-se em conta a cadeia de comercialização do açaí e seus derivados, a formação de preços será abordada com enfoque nos custos, margens e mark-up de comercialização. Segundo Barros (1987, p. 38), margem e custo de comercialização são conceitos interrelacionados e por isso são confundidos entre si. A execução das funções de comercialização corresponde um custo incorrido pelos comerciantes na forma de salários, aluguéis, insumos diversos, depreciações, juros, impostos, etc. A determinação do custo de comercialização envolve o levantamento desses vários itens, o que é, sem dúvida, mais difícil do que o levantamento dos preços dos produtos nos diversos níveis de mercado. A partir desses preços é que se determina a margem de comercialização. A margem (M) de comercialização, segundo Padilha Junior (2006, p. 54), “corresponde às despesas cobradas dos consumidores pela execução de alguma função de comercialização por parte dos intermediários do sistema de comercialização.” Para ele, a


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margem de comercialização também se refere à diferença entre os preços nos diferentes níveis do sistema de comercialização, ajustando-se para os níveis seguintes e sempre sendo cobrados do consumidor final. Enfim, a margem deve refletir os custos de comercialização e a produção referente ao lucro ou prejuízo dos agentes intermediários. M≡C+L

(1)

Onde M é a margem, C é o custo e L o lucro ou prejuízo dos intermediários. De acordo com Junqueira e Canto (1971) apud Barros (1987), a margem é dada pela diferença entre o preço da unidade do produto vendida pelo intermediário e o preço que ele pagou pela quantidade equivalente que precisa comprar para vender esta unidade. Padilha Junior (2006, p. 54) afirma que “a análise das margens brutas não considera as perdas e quebras de produtos agropecuários ao longo do sistema de comercialização, apenas as variações dos preços de forma absoluta ou relativa.” Para ilustrar, uma representação de um sistema de comercialização simplificado pode ser observada na Figura 1.

Figura 1: Representação de um sistema de comercialização simplificado.

Fonte: PADILHA JUNIOR (2006)

Onde Pp é preço recebido pelo produtor, Pa é o preço de venda do atacadista e Pv é o preço pago pelo consumidor.

A presença de intermediários afeta diretamente os resultados do cálculo da margem de comercialização. A margem total (MT) representa o que o consumidor paga das despesas do sistema de comercialização e o seu cálculo é realizado através da diferença entre o preço de varejo (Pv) de um produto e o pagamento recebido pelo produtor (Pp). MT = Pv – Pp

(2)

A margem total relativa é expressa como proporção do preço no varejo, ou seja: MT’ = [(Pv – Pp)/Pv].100

(3)

De acordo com Padilha Junior (2006), o mark-up (Mk) é a diferença entre o preço de venda e o preço de compra (ou de custo), ou seja, ela mostra o quanto cada intermediário


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acrescentou no valor do produto em cada nível do sistema de comercialização. Em termos absolutos, mark-up é igual à margem. Em termos relativos, mark-up mostra o percentual de aumento entre os preços de venda (Pv) e de compra relativamente ao preço de compra (Pc), ou, entre o preço de venda e o custo de produção relativamente ao custo de produção. Mk = [(Pv – Pc)/Pc].100

(4)

Onde Mk é mark-up, Pv é preço de venda no mercado e Pc é o preço de compra no mercado.

Para a determinação da formação de preços dos derivados do fruto do açaí, será necessário fazer o levantamento dos custos de produção, para que seja possível definir os preços de venda e potencial nos produtos estudados. Lima Junior (2012, p. 59) cita que a literatura econômica destaca a importância do conhecimento dos custos de uma unidade de produção para uma boa gestão de firma e dentre os principais tipos de custos, destacam-se a presença do custo unitário, custo total de produção e custos fixos e variáveis. De acordo com Buarque (1984) apud Lima Junior (2012, p. 60), o custo unitário consiste no resultado da razão entre os custos totais de produção e a quantidade produzida de um determinado produto. Sendo demonstrado pela seguinte expressão:

Cup = CT / q

(5)

Onde Cup é o custo unitário de produção, CT é o custo total da produção e q é a quantidade produzida.

Já os custos totais de produção (CT) são determinados através da soma dos custos fixos e variáveis: CT = CF + CV

(6)

Onde CT é o custo total, CF é o custo fixo e CV é o custo variável.

Os custos fixos de produção (CF) são aqueles que os valores não oscilam com o aumento ou diminuição da quantidade produzida, ou seja, são valores já fixados. Alguns exemplos de custos fixos são os custos com aluguel, limpeza e conservação, salários da administração, etc.


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Os custos variáveis de produção (CV), por sua vez, são aqueles que variam de acordo com a quantidade produzida. Eles variam proporcionalmente ao volume de produto ou serviço produzido. Exemplos desse tipo de custo são as comissões de vendas, matéria-prima, etc. De acordo com Cogan (1999) apud Lima Junior (2012, p. 61), mark-up é um índice aplicado sobre o custo de um produto (bem ou serviço) para a formação do preço de venda. Esse índice cobre os impostos e taxas aplicadas sobre vendas fixas, custos indiretos fixos de fabricação e o lucro. O mark-up pode ser encontrado de diversas maneiras, mas dentro da literatura econômica destacam-se duas categorias: o cálculo através do mark-up divisor e do mark-up multiplicador.

Mark-up divisor: MKp = 100% – [100% – (ITV%+Mc%)]

(7)

Onde MKp é o mark-up de produção, ITV% são os impostos e taxas de vendas (ICMS, PIS, Cofins, Comissões de vendas, etc.) e Mc% é a margem de contribuição [custos/despesas fixas mais lucro (nível aceitável de lucro aceitável pelo mercado)].

Com o mark-up divisor é possível determinar o preço de venda para os derivados do fruto do açaí, dividindo os custos variáveis de produção pelo mark-up divisor: PV = CV / MKp

(8)

Onde PV é o preço de venda, CV são os custos variáveis e MKp é o mark-up de produção.

Mark-up multiplicador: MKp = 100% / [100% – (ITV% + Mc%)]

(9)

Onde MKp é o mark-up de produção, ITV% são os impostos e taxas de vendas e Mc% é a taxa de contribuição.

Após a determinação do mark-up multiplicador é possível determinar o preço de venda para os derivados do fruto do açaí mediante o produto entre os custos variáveis de produção e o mark-up multiplicador:

PV = CV . MKp

(10)

Onde PV é o preço de venda, CV são os custos variáveis e MKp é o mark-up de produção.


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O preço potencial, que são aqueles que os agentes do mercado estão dispostos a pagar, por sua vez, será determinado mediante pesquisa de mercado realizada por meio de questionários, conforme anexo.


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CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1. Caracterização e história da produção de açaí

O açaizeiro é uma planta que ocorre espontaneamente na floresta tropical, fazendo parte da vegetação das matas de terra firme, várzea e igapó. Existem duas espécies na Amazônia: o açaí-de-touceira (Euterpe oleraceae Mart.) e o açaí solteiro (Euterpe precatoria Mart.) (FRANKE et al., 2001). Em sua forma nativa, o açaí se desenvolve no meio da diversidade da floresta, sendo estabelecido um equilíbrio natural entre os elementos. É por causa desse equilíbrio que não existem pragas e nem doenças nos açaizeiros (QUEIROZ e MOCHIUTTI, 2001). Para aperfeiçoar a produção de açaí, não mais sendo somente uma prática de extrativismo, iniciou-se um processo de cultivo de açaizais, sendo realizado na maioria dos casos mediante manejos florestais. Para isto, começaram a combinar os açaizeiros com as demais espécies de vegetais existentes na floresta, conseguindo, assim, uma produção maior de frutos, palmitos, madeiras e outros produtos (QUEIROZ e MOCHIUTTI, 2001). No caso do açaí-de-touceira,

Um açaizal bem manejado deverá ter, em um hectare, mais ou menos:  400 touceiras (com 5 açaizeiros adultos em cada touceira);  50 palmeiras de outras espécies e  200 árvores. Esta quantidade de plantas pode garantir alta produção de frutos e palmito, com uma alteração mínima da biodiversidade (QUEIROZ e MOCHIUTTI, 2001, p.8).

Para manutenção do açaizeiro, devem ser realizadas limpezas periódicas das touceiras, roçando plantas de valor desconhecido e mantendo-se os cinco açaizeiros em produção em cada uma das touceiras. Porém, pode ser deixado broto de açaí a fim de substituir o açaizeiro que chegar à altura de corte – a cada 3 ou 4 anos. Os açaizeiros com mais de 12 metros de altura devem ser cortados e o palmito aproveitado para deixar os açaizeiros mais baixos e produtivos (QUEIROZ e MOCHIUTTI, 2001).


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A colheita dos frutos maduros do açaizeiro é feita manualmente. O coletador sobe na planta com o auxílio de peconha (Figura 2) ou kit de segurança (Figura 3), para a retirada dos cachos. O ponto ideal para a colheita é aquele em que os frutos apresentam a casca de cor preta recoberta por uma camada branco-acinzentada, com aparência de pó. (NOGUEIRA et al., 1995) Figura 2: Método tradicional de coleta de frutos de açaí.

Fonte: Fotos: Lúcia Helena de Oliveira Wadt (BAYMA et al., 2008) Figura 3: Método com utilização de kit de segurança para a coleta de frutos de açaí.

Fonte: Fotos: Lúcia Helena de Oliveira Wadt (BAYMA et al., 2008)


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Nogueira et al. (1995) explica que, após a coleta dos cachos, os frutos devem ser armazenados em embalagens ventiladas, pois eles são muito frágeis e logo podem se tornar impróprios para o beneficiamento e consumo. Vale ressaltar que em condições naturais de armazenamento, o tempo máximo entre a colheita e o beneficiamento dos frutos não pode ultrapassar 24 horas, pois após este tempo o fruto pode fermentar. O preparo do suco pode ser realizado de forma manual ou mecânica. Os frutos são imersos em água morna, por um tempo de dez a quinze minutos e, em seguida, a extração da casca e polpa é realizada através de atrito.

Figura 4: Processo básico de extração do suco de açaí.

Recepção do Fruto

Lavagem Água Morna Despolpamento

Suco Fonte: NOGUEIRA

et al. (1995)

3.2. Análise dos dados referentes ao objeto de estudo

A polpa extraída do açaí é um alimento muito consumido no Estado do Acre. Em Rio Branco, os principais estabelecimentos comerciais onde se comercializa açaí e seus derivados são os supermercados, distribuidoras, restaurantes, sorveterias, lanchonetes e feiras populares. Mediante pesquisa realizada entre os meses de janeiro e fevereiro de 2014 foi encontrada e entrevistada grande parte dos agentes que compõe a cadeia de comercialização do açaí e seus derivados em Rio Branco.


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Residentes não somente no Acre, a cadeia de comercialização do produto é composta por: produtor/coletor, intermediário, indústria/processamento, indústria/beneficiamento, supermercados, sorveterias, lanchonetes e restaurantes que compram e beneficiam, ou não, a polpa do açaí e repassam ao consumidor final, como mostra a Figura 5. Figura 5: Cadeia de comercialização da polpa do açaí e seus derivados em Rio Branco no ano de 2014.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Cada agente mercantil tem as suas características: Coletor/produtor: É o indivíduo que pratica a extração do açaí nativo ou o produz em suas terras, seja por manejo florestal ou manejo e cultivo aliados. Intermediário: Pessoa que compra o açaí ainda em forma de fruta do coletor/produtor e revende para a indústria de beneficiamento. Indústria/Processamento: Responsável pelo processo de descaroçamento do açaí. Algumas destas empresas realizam também o beneficiamento do produto. Indústria/Beneficiamento: Agentes que compram a polpa do açaí para produção de sorvetes, cremes e outros produtos derivados do açaí. Lojas de atacado e varejo: Nessa categoria estão supermercados (atacadistas e varejistas), mercearias, mercadinhos de bairro, feiras populares, etc.


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Restaurantes/Sorveterias: Nesta categoria estão os restaurantes, pizzarias e sorveterias que vendem somente para o consumidor final. Lanchonetes: Nesta categoria estão todos estes empreendimentos especializados em refeições rápidas, como é o caso do açaí cremoso. Sorveteria/Distribuidora:

Estão

listadas

as

sorveterias

que

produzem

e

comercializam o produto no atacado, seja para supermercados e/ou ambulantes, e no varejo para o consumidor final. Em relação à periodicidade de compra, 78% dos agentes mercantis afirmam que compram açaí de forma semanal, conforme o Gráfico 1 demonstra. Outros 8% dos agentes compram os produtos mensalmente, 11% compram diariamente e somente 3% compram de forma quinzenal. Gráfico 1: Periodicidade de compra do açaí e seus derivados em Rio Branco no ano de 2014.

Fonte: Resultados de Pesquisa (2014).

A principal forma de pagamento utilizada pelos agentes mercantis na relação para a compra e venda do açaí é por meio do pagamento à vista. No entanto, foram encontrados somente alguns casos isolados de venda a prazo de 7 a 14 dias para uma grande rede de supermercados da cidade de Rio Branco. Os preços médios de compra do açaí mostram o valor que os intermediários cobram pela lata do açaí (uma lata equivale a 12 kg) em Rio Branco e a consequência desse preço cobrado por eles é refletida em todos os outros produtos.


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Tabela 1: Preços médios de compra do açaí e derivados na cidade de Rio Branco – 2014.

Tipos Fruta (lata) Polpa (1 litro) Polpa congelada (400g) Polpa congelada (800g) Polpa congelada (1kg) Cremoso Industrializado - Pote (900g) Cremoso Industrializado - Pote (450g) Sorvete (Balde) Picolé Sacolé*

Preços (R$) 25,00 5,52 3,26 4,30 6,13 8,33 5,88 36,67 0,47 0,70

* Suco armazenado em pequeno saco plástico, congelado Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Nos preços de venda é possível observar que as diferenças de preços não ocorrem somente motivadas pela agregação de valor no produto em si, mas também pelo ambiente em que é comercializado. Os produtos açaí cremosos de 150 ml, 360 ml e 450 ml são comercializados em áreas consideradas “nobres” e/ou centrais da cidade de Rio Branco. Tabela 2: Preços médios de venda do açaí e seus derivados em Rio Branco – 2014. Tipos Preços (R$) 7,59 Polpa (1 litro) 4,59 Polpa congelada (400g) 8,99 Polpa congelada (800g) 4,50 Cremoso (150ml) 5,50 Cremoso (250ml) 6,66 Cremoso (300ml) 7,44 Cremoso (350ml) 10,00 Cremoso (360ml) 8,00 Cremoso (400ml) 9,00 Cremoso (430ml) 10,50 Cremoso (450ml) 10,10 Cremoso (500ml) 14,00 Cremoso (1000ml) 11,50 Cremoso Industrializado - Pote (900g) 8,00 Cremoso Industrializado - Pote (450g) 1,42 Sorvete (bola) 1,50 Sorvete 200ml 4,17 Suco (300ml) 3,97 Suco (400ml) 5,08 Suco (500ml) 1,11 Picolé 1,00 Sacolé Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).


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Durante a pesquisa foi possível estabelecer um padrão de gastos que os comerciantes têm para a produção de alguns produtos, como é o caso do açaí cremoso. Em Rio Branco, é comum encontrar o produto na maioria das lanchonetes. Para produzir uma quantidade de 1.595 ml de açaí cremoso, com cereais de acompanhamento, são usados 1000 ml de polpa de açaí, 200 ml de creme de leite, 395 ml de leite condensado, somados aos cereais e ao custo de mão de obra, como pode ser observado na tabela a seguir:

Tabela 3: Custo de produção de 1595 ml de açaí cremoso completo com cereais

Quantidade 1000 ml 200 ml 395 ml 50 g 10 minutos Total: 1595 ml

Insumo Açaí (polpa) Creme de leite Leite condensado Cereais* Mão-de-obra

Custo (R$) 5,62 2,49 3,50 1,00 1,25 13,86

Custo (%) 41% 18% 25% 7% 9% 100%

* 2 colheres de sopa de cereal Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Foi apurado que os funcionários não trabalham somente com o produto do açaí e que a maioria trabalha por uma diária média de R$ 60. Com isso foi possível calcular o custo da mão de obra utilizada para a produção de açaí cremoso e sucos de açaí. Por meio dos dados da Tabela 4 foi possível calcular o preço de custo do açaí cremoso e classificar de acordo com a quantidade de cada porção.

Tabela 4: Preços de custo do açaí cremoso

Açaí Cremoso (150 ml) Cremoso (250 ml) Cremoso (300 ml) Cremoso (350 ml) Cremoso (360 ml) Cremoso (400 ml) Cremoso (430 ml) Cremoso (450 ml) Cremoso (500 ml) Cremoso (1000 ml) Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Custo (R$) 1,30 2,17 2,61 3,04 3,13 3,48 3,74 3,91 4,34 8,69


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Também foi constatado que na maioria dos estabelecimentos que comercializam suco de açaí é calculado e levado em conta somente o suco com leite, pois é o mais pedido pelos clientes. Então, com base nas informações coletadas durante as entrevistas foram calculados os custos médios para a produção de suco de açaí, como mostra a Tabela 5: Tabela 5: Custo de 2500 ml de suco de açaí com leite

Quantidade 1500 ml 1000 ml 200 g 10 minutos 2500 ml

Insumo Leite Açaí (polpa) Açúcar/adoçante* Mão-de-obra Total suco

Custo (R$) 4,00 4,25 1,00 1,25 10,50

Custo (%) 38% 40% 10% 12% 100%

* Quantidade média de açúcar estimada pelos comerciantes entrevistados, no caso de adoçante não foi informada a quantidade exata, somente custo (R$) estimado. Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Com essas informações, foi possível calcular a margem de comercialização dos principais produtos derivados da polpa do açaí, como é possível observar na Tabela 6: Tabela 6: Margens de comercialização do açaí e derivados

Tipo Fruta (1 kg) Polpa (1 litro) Polpa congelada (400g) Sacolé Sorvete 200ml Cremoso Industrializado - Pote (900g) Cremoso (1000ml) Cremoso Industrializado - Pote (450g) Picolé Polpa congelada (800g) Polpa congelada (1kg) Cremoso (400ml) Cremoso (500ml) Suco (400ml) Cremoso (430ml) Suco (500ml) Sorvete (bola) Cremoso (350ml) Cremoso (250ml) Cremoso (300ml) Cremoso (450ml) Cremoso (360ml) Suco (300ml) Cremoso (150ml) Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Preço de Compra (R$) 0,86 5,62 3,26 0,70 1,00 7,65 8,69 4,75 0,61 4,30 4,25 3,48 4,34 1,68 3,74 2,10 0,58 3,04 2,17 2,61 3,91 3,13 1,26 1,30

Preço de Venda (R$) 2,11 7,59 4,59 1,00 1,50 11,50 14,00 8,00 1,11 8,99 8,99 8,00 10,10 3,97 9,00 5,08 1,42 7,44 5,50 6,66 10,50 10,00 4,17 4,50

Margem 145% 35% 41% 43% 50% 50% 61% 68% 81% 109% 112% 130% 132% 136% 141% 142% 143% 145% 153% 155% 169% 220% 231% 245%


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A Tabela 6 mostra os preços de custo, os preços de venda e as margens de comercialização de cada produto. Os produtos estão ordenados da menor margem para a maior. É possível observar que as margens de comercialização são maiores para os produtos que são beneficiados em grandes quantidades, porém, vendidos em pequenas quantidades (porções). Com estas informações também foi possível fazer um comparativo da margem de comercialização em reais (Gráfico 2) e em percentual (Gráfico 3). Gráfico 2: Margem de comercialização por produto (R$)

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014). Gráfico 3: Margem de comercialização por produto (%)

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).


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Após realizada a estimação das margens de comercialização por produtos, foi possível calcular os mark-ups dos quatro principais circuitos da cadeia de comercialização do açaí e de seus derivados por cada etapa, como pode ser observado na figura a seguir. Figura 6: Circuitos da Cadeia de Comercialização do Açaí e de seus derivados em Rio Branco

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014)


41

Pode-se observar na Figura 6 que o agente que possui maior mark-up de comercialização é o “Intermediário”, chegando a ser observado o valor de 553%. Porém, em alguns casos encontrados no setor periférico da cidade de Rio Branco, este agente pula a cadeia comercial “convencional”, vendendo o produto (polpa líquida “beneficiada” sob condições questionáveis de higiene) diretamente ao consumidor final, nestes casos, o mark-up do Intermediário chega ao valor de 714% (Resultados da Pesquisa, 2014). O menor mark-up de comercialização encontrado foi na comercialização entre “Indústria/Beneficiamento” e “Lanchonetes”, que ficou em 35%. Neste circuito, o produto comercializado é o açaí cremoso industrializado. A indústria de beneficiamento perde margem quando a mesma não é capaz de extrair o vinho do açaí, dependendo para isto da indústria de processamento ou mesmo dos intermediários que possuem equipamentos para realizar este serviço.

3.2.1 Demanda atual e demanda potencial do mercado do açaí

Por meio da pesquisa foi possível estimar o tamanho do mercado do açaí em Rio Branco. Foi constatado que atualmente existe uma demanda insatisfeita significativa. Pode-se observar (Tabela 7) que a demanda insatisfeita de maior expressão é a do fruto do açaí, que é de 251.000 latas, o que equivale a 3.012 toneladas. A oferta atual de açaí no Estado do Acre é de 1.620 ton./ano (MACIEL, 2014, p.25), o que não atende nem a demanda insatisfeita da cidade de Rio Branco, que dirá dos outros municípios e de outros estados. Outro dado relevante é que o crescimento da quantidade produzida foi em torno de 276% (MACIEL, 2014, p.28) para o período de (2010/2012), enquanto o valor do produto teve um crescimento superior aos 560% (MACIEL, 2014, p.27) no mesmo período.

Tabela 7: Demandas satisfeita e insatisfeita de açaí em Rio Branco

Tipo Fruta (latas) Polpa (1 litro) Polpa congelada (400g) Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Quantidades Demandadas – unidade/ano Satisfeita Insatisfeita Potencial

Potencial (%)

8.523

251.000

259.523

97%

151.464

42.444

193.908

22%

14.616

480

15.096

3%


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Durante as entrevistas da pesquisa, o entrevistado era indagado sobre a quantidade de açaí comprado e da quantidade de açaí que ele compraria se houvesse uma oferta maior, o próprio entrevistado especificava o tipo de produto que ele compraria em maior quantidade ou em maior preço. Só foram citados pelos entrevistados três tipos de produtos: fruta (latas), polpa (1 litro) e polpa congelada de 400 gramas. Gráfico 4: Disposição em comprar mais açaí em Rio Branco, 2014.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Quando os agentes mercantis foram perguntados em relação a comprar uma quantidade maior de açaí, caso houvesse maior oferta no mercado, 70% dos entrevistados afirmaram que sim, aumentariam a quantidade comprada.

Gráfico 5: Disposição a pagar mais pelo açaí em Rio Branco, 2014.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).


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Aliás, quando os agentes mercantis foram perguntados em relação à disposição em continuar comprando os produtos, caso o preço fosse reajustado, a pesquisa mostra que 82,76% deles continuariam comprando os produtos. No que diz respeito à qualidade, por meio da pesquisa foi verificado que a qualidade do produto pode variar de acordo com a procedência. Porém, foi tirada uma média, a partir da pesquisa, e a qualidade do açaí vendido na cidade de Rio Branco ficou com a nota de 8,98, numa escala de 0 a 10. Já a aceitação no mercado consumidor ficou com uma média de 9,45, como mostra o Gráfico 6. Gráfico 6: Nota de qualidade e aceitação do açaí comercializado em Rio Branco, 2014.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Com base nas informações coletadas e analisadas foi possível compreender o comportamento do mercado de açaí e seus derivados em Rio Branco, para então poder apontar no próximo tópico, de forma menos aleatória, possíveis medidas a serem adotadas por agentes mercantis e, até mesmo, pelo poder público e outros agentes da economia.


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CONCLUSÕES

A agricultura familiar vem sendo apontada pelos estudiosos da economia agrícola como uma das formas mais eficazes no desenvolvimento socioeconômico rural. Nesse sentido, o açaí entra como objeto de estudo por ser um produto típico da região amazônica e por ser um produto que está em evidência, porém, atualmente vem apresentando escassez em Rio Branco. O açaí recebeu grande destaque nos veículos de comunicação nacional e internacional por recentes descobertas a respeito de seus benefícios à saúde, além de possuir um sabor que agrada a muita gente, e tornou-se um produto que tem grande procura no mercado consumidor. Em relação ao destino do açaí, foi encontrado açaí sendo comercializado em sorveterias, lanchonetes, restaurantes, drogarias (na forma de sorvete), ambulantes, pizzarias, supermercados, feiras populares, mercearias, etc. Com a pesquisa foi possível constatar que o mercado de Rio Branco está altamente insatisfeito com a oferta atual de açaí, na amostragem utilizada na pesquisa foi constatada uma demanda insatisfeita de 3.012 toneladas da fruta por ano. Um dos maiores problemas detectados foi em relação à compra do fruto, realizada por meio de intermediários que pagam um valor muito baixo ao produtor (cerca de 80 centavos por quilograma do fruto do açaí), aumentam muito o preço e não garantem a procedência e qualidade do produto. Segundo a maioria deles, o açaí vendido é de Feijó – o açaí produzido no município de Feijó/AC tem boa fama no Estado do Acre. Com isso, o açaí chega à indústria com mais que o dobro do preço sem ter sofrido nenhuma alteração ou agregação de valor. As indústrias, por sua vez, não desenvolvem meios eficientes de incentivar o coletor/produtor a vender diretamente para elas, o que seria algo benéfico para ambos e, até mesmo, para o consumidor. Os preços dos diversos produtos derivados do fruto do açaí são determinados de várias formas, porém, neste sentido, foi constatado que a menor margem de comercialização por produto foi de 35%, obtida na revenda do litro da polpa do açaí, e a maior margem foi de 245%, obtida pelo açaí cremoso de 150 ml.


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Por outro lado, quando realizados os cálculos por circuitos comerciais e o intermediário rompe com a cadeia “formal” e vende diretamente o vinho do açaí para o consumidor, a margem de comercialização chega a ultrapassar os 700%. O açaí em Rio Branco tem grande preço e reduzida oferta, a demanda insatisfeita é tão grande que mesmo que o preço aumentasse, ainda teria venda garantida, segundo resultados obtidos na pesquisa. A fim de melhorar este setor, torna-se necessária ampliação na produção e manejo dos açaizais mediante incentivos à produção familiar rural e com melhorias no setor de transporte, tendo em vista eliminar a figura do intermediário que prejudica o setor, inserindo alta margem para apenas realizar o transporte do produto. É importante que exista um contato direto do poder público com os produtores na zona rural, a fim de informá-los das possibilidades em relação aos subsídios disponíveis e de outros incentivos para a produção. Uma boa opção é incentivar a implementação de cooperativas para os coletores/produtores de açaí e em seguida realizar treinamentos para os mesmos terem condições de produzir e, ainda, administrar e conduzir a produção de forma adequada. Igualmente, é importante que sejam estabelecidas parcerias públicas e privadas para apoiar o crédito para melhoria e ampliação da produção do açaí e de seus derivados. Consequentemente, essas medidas visam, além da melhoria na produção do açaí na cidade de Rio Branco, melhorar a qualidade de vida do agricultor familiar da região.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (EM ORDEM ALFABÉTICA)

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ANEXOS PESQUISA: “FORMAÇÃO DO PREÇO DO AÇAÍ EM RIO BRANCO” Entrevista com Agentes Mercantis O objetivo da pesquisa é obter informações sobre a cadeia produtiva do açaí em Rio Branco, com o intuito de estudar sua potencialidade da economia regional. Todas as informações obtidas nessa pesquisa são de caráter sigiloso e anônimo e servirão somente para finalidades científicas. 1. Questionário Nº: ______

2. Data: ____/____/____ 3. Nome do entrevistador: __________________________

4. Localidade: _______________________________

5. Município: __________________________

6. Nome do entrevistado / da empresa: ___________________________________________________________________________________ 7. Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ____________________________________________________________________________ 8. Categoria: 8.1. Indústria/Empresa ( )

8.2. Intermediário ( )

(8.1.1.) Empresa: Matriz ( ) Filial ( ) Nome / local da matriz: ______________________________________ Tempo de trabalho no ramo / no local: __________________________ (8.1.2.) Intermediário: Nascido em: _______________________________________________ Profissão anterior: __________________________________________ Profissão paralela: __________________________________________ (8.1.3.) Produtor: Nascido em: _______________________________________________ Local: ___________________________________________________ Tamanho do lote: ___________________________________________

8.3. Produtor ( )


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9. Açaí COMPRADO de PRODUTORES Tipo de Açaí Comprado

Quantidade

Quando / Período

Preço Unitário

De quantas pessoas? (

)

De quem / De onde?

Formas de

Serviços

Pagamento*

Prestados**

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco **(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem. 10. Açaí COMPRADO de AGENTES MERCANTIS (Intermediários, distribuidoras, supermercados, etc.) De quantas pessoas? ( ) Tipo de Açaí Comprado Quantidade Quando / Período Preço Unitário De quem / De onde?

Formas de

Serviços

Pagamento*

Prestados**

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco **(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem.


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11. Açaí VENDIDO para AGENTES MERCANTIS (Intermediários, distribuidoras, supermercados, etc.) Para quantas pessoas? ( ) Tipo de Açaí Vendido Quantidade Quando / Período Preço Unitário Para quem / Para onde?

Formas de

Serviços

Pagamento*

Prestados**

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco **(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem 12. Açaí VENDIDO para CONSUMIDORES Tipo de Açaí Vendido

Quantidade

Quando / Período

Preço Unitário

Para quantas pessoas? ( Para quem / Para onde?

)

Formas de

Serviços

Pagamento*

Prestados**

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco **(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem


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13. Qual é a infra-estrutura que dispõe? 13.1. Armazéns (número, capacidade): _________________________, _________________________. 13.2. Meios de transporte (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________. 13.3. Máquinas (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________. 13.4. Outros (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________. ______________________, ______________________, ______________________. 14. Tem problemas com falta de capacidade? De que tamanho? ( ) Sim( ) Não 14.1. Se sim, quanto? _________% 15. Quais as causas da falta de capacidade (falta de oferta, falta de capital, outras)? _____________________________________________________________________________________________________________________________ _______________ ________________________________________________________________________________

16. Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)? _____________________________________________________________________________________________________________________________ _______________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________

17. Como é o tempo de emprego (ano inteiro, certos períodos, tempo integral / parcial etc.)? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________ _______________ ___________________________________________________


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18. Qual é o salário pago aos empregados, em média (por categoria, por mês, diária etc.)? 18.1. Trabalhador: 18.2. Administrador: 18.3. Outros:

R$ _________ R$ _________ R$ _________

19. Existem outros agentes que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)? _____________________________________________________________________________________________________________________________ _______________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________ 20. Se a oferta (quantidade) do açaí aumentar, você estaria disposto a comprar uma quantidade maior? ( ) Sim( ) Não 20.1. Se sim, quanto? Tipo de Açaí

Quantidade Máxima


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21. Se o preço do açaí aumentar, você estaria disposto a permanecer comprando o produto? ( ) Sim( ) Não 21.1. Se sim, quanto? Tipo de Açaí

Quantidade Máxima

22. Além do açaí acreano, seu estabelecimento comercializa outros tipos de produtos derivados do açaí (industrializados de outros estados)? ( ) Sim( ) Não 22.1. Se sim, quais? Tipo de Açaí

Quantidade

Marca

Preço de Compra

Preço de Venda

Contatos


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23. Na sua opinião, qual nota (de 0 a 10) você daria ao açaí que você vem trabalhando? 23.1. Qualidade: ________ 23.2. Disponibilidade para Compra junto ao fornecedor: ________ 23.3. Aceitação no Mercado Consumidor: ________


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