Ano 9 nº 1975 Abril/2015 Angelim
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Um trabalho em harmonia com a natureza A experiência de um homem que faz da criação de abelhas e do cuidado com a natureza grandes aliados no dia a dia
Na comunidade Peri-Peri, localizada no município de Angelim, vivem os agricultores Antônio Ferreira das Neves, 58 anos, e Maria José das Neves, 45 anos. O casal, que tem três filhos, cultiva na propriedade alimentos como banana, batata-doce, fava, feijão e macaxeira, além da criação de galinhas e perus. Até então, eles fazem parte do perfil de agricultores familiares da região, entretanto destacam-se por outro tipo de experiência: a criação de abelhas. Segundo seu Antônio, a curiosidade pela apicultura surgiu ainda na infância, quando ele conheceu mais de perto este tipo de criação animal. Não houve formação, toda habilidade desenvolvida no manejo das abelhas veio da prática da observação. Para o agricultor, trabalhar com abelhas é um exercício de coragem e paciência, mas também de persistência e prazer, uma vez que este trabalho envolve cuidado na extração do mel e satisfação no paladar de quem o consome, além de proporcionar uma renda extra no orçamento Seu Antônio e dona Maria José mensal da família. Mas em meio à doçura que o mel é capaz de promover, existe uma realidade amarga em meio a este cenário: o desmatamento. Sem a vegetação, é gerado um desequilíbrio natural e, como consequência disso, a criação de abelhas fica comprometida. “Eu observo que nesta região, as pessoas têm desmatado bastante para focar na produção de capim para o gado. Nem sempre a criação bovina é uma boa estratégia, principalmente com as condições de clima que temos por aqui. Ainda é possível encontrar áreas preservadas, mas são poucas e isso é muito ruim para as abelhas, uma vez que elas vivem no mato”, explica seu Antônio. Recentemente, a estiagem prolongada que a região enfrentou é outro fator a ser considerado na hora de avaliar a trajetória de trabalho da família, pois com a falta de chuva, muitas árvores não floresceram e, dessa forma, a fonte de alimentos para as abelhas mais uma vez foi reduzida. “O ano passado foi uma época que eu não tirei praticamente nada, porque o mato não florou, então muitas abelhas morreram e outras foram embora. Eu tinha 16 caixotes na minha propriedade, com a seca minha criação foi reduzida pela metade. Hoje, conto apenas com 8”, afirma.