Preservação e Produção de alimentos

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Ano 7 • nº1071 Outubro/2013 Januária

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Preservação e Produção de alimentos JOSÉ APARECIDO Macedo, chamados por todos de Zé Torino conhecido por defender a natureza é casado com Nelinda Gonçalves Macedo, tesoureira da Associação da Comunidade olhos D'agua gestado por um grupo de Mulheres da comunidade que conquistaram as eleições agora em 2013. Ali construíram suas vidas e tiveram dois filhos Josenilson e Josenilton. Sua propriedade tem 31 hectares e está a 150 metros do rio Peruaçu, plantam horta, roça, criam gado para corte e galinha para consumo da casa, possui um brejo na propriedade com 80 metros, 12 olhos d'água que desaguam no rio Peruaçu. Há 10 anos o perímetro se tornou Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque Peruaçu, a 60 km de Januária. Torino e Nelinda acabaram presenciando o sumiço dos olhos d'água, bem como a diminuição do volume de água do rio Peruaçu, que é a principal fonte de água da região, contam que viveram longos anos com fartura de água sem pensar que um dia teriam de se preocupar com ela. Plantar em brejo é uma prática tradicional da agricultura familiar, o diferencial de Torino e Nelinda é que enquanto muitas famílias cortam toda a vegetação e queimam para o cultivo, eles não fazem isso, pelo contrário buscam a Nelinda e Zé Torino em seu Brejo. recuperação do solo com o cultivo diverso, consorciado e preservando a vegetação nativa o que garante a preservação dos seus 12 olhos de água. Eles explicam porque se preocuparam em preservar o brejo, “teve um tempo que eu “acordei” observando um agricultor há uns 15 anos atrás, ele passou serrote em tudo na beira do rio Peruaçu e plantou campineira, e os olhos d'água dele secaram e foram brotar no terreno de outro vizinho que tinha uma mata conservada na proximidade do rio. Foi aí que eu vi que tem de cuidar para ter água. Também nunca mais queimei nada, já faz quinze anos que nem nas folhas do quintal ponho fogo, tudo que é folha velha junto encosto por um tempo e depois uso na horta. Planto a horta próximo aos olhos de água, mas sem derrubar nada, fica tudo lá, e ainda planto mais coisas de brejo, buriti, lírios, inhame”, deixa claro seu Torino. Torino conta que certa vez foi um francês visitar seu brejo e disse uma coisa que o marcou, explicou que a água busca o calcário, e o calcário não vive onde tem sol, dai onde tem sombra tem calcário, onde tem calcário tem água. E seu Torino não parou mais de plantar árvores por toda a propriedade: jatobá, uns pés de mulungu do brejo, tamboril, saputá, pés de buriti, cana de brejo, jenipapo, tamarindo, baru, mandacaru, maga, umbu, coco, e mais uma infinidade.


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