Marinalva: uma experiência de amor pelas plantas

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mesa e telhas velhas para distribuir a água. Esse primeiro não deu muito certo. Acredita que foi porque a toalha estava furada. Pegou então um pedaço da lona do silo que Sim havia feito para armazenar forragem, aí deu certo. Depois disso, já fez mais dois outros ao lado da cisterna calçadão. Na cerca da cisterna plantou gliricída, maracujá, girassol e perto do calçadão, plantou cebola roxa e feijão preto. A produção deu tão certo que Nalva ampliou os canteiros de hortaliças para Nalva na Feira Agroecológica de Remígio uma antiga área de roçado. Para agoar usa água da cisterna calçadão. E para aproveitar melhor a água, fez a recarga da cisterna com a água da lagoa. Dessa forma, Nalva tem produção para participar da Feira Agroecológica de Remígio todas às sextas-feiras. Recentemente diversificou a produção plantando também a batatinha. No ano de 2012, que não foi muito bom de chuva, a família produziu 600 quilos de batata. Garanta de alimento para a família, para os vizinhos e venda certa na feira. Em 2013, a família produziu 1.200kg de batata e vendeu 930kg na feira apurando 2.790,00. A cisterna calçadão ainda foi construída próxima ao curral. Esterco é que não falta para produzir, brinca Nalva. Com todo esse trabalho, Nalva ainda encontra tempo para fazer seu crochê. Faz de tudo: toalha de mesa, colcha para cama, caminho de mesa, almofada, bonecas etc. Experimentou fazer artesanato de palha de milho. Aprendeu tudo sozinha, só observando. Vende apenas por encomenda. Antes nós vivíamos como ciganos, conta. Antigamente nós sofríamos na terra dos outros. Se o patrão não quisesse mais, mandava a gente embora. Para quem sofreu a vida toda carregando água na cabeça, agora ter duas cisternas na porta de casa e ainda plantar o que quer? Ah, é bom demais, comemora Nalva. O amor pelas plantas e o capricho com que desenvolve a agricultura, Nalva procura também passar para os filhos. Na escola, quando criticados por morar no campo, Alisson tem a resposta na porta na língua: matuto é aquele que não entende de agricultura! É isso mesmo! Matuto é aquele que não tem amor pelas plantas que o alimenta.

Marinalva: uma experiência de amor pelas plantas Marinalva nasceu numa família de agricultores. Foi observando o amor de seu pai pelas plantas e o capricho de sua mãe na organização do trabalho no arredor de casa que Nalva, como é mais conhecida pelos amigos, foi aprendendo a fazer agricultura, com amor e capricho. A vida não se mostrou muito fácil para a família de Nalva. Lembra-se que aos 8 anos, seu avô vendeu sua terra, local onde todos moravam. A família passou então a procurar lugar para morar e trabalhar. Moraram em Cubati, onde trabalharam com agave. A mais velha da família, Nalva trabalhou desde criança para ajudar seus pais a criar seus irmãos. Depois moraram na Chã da Pia, em Remígio, mudaram-se mais tarde para o sítio de um tio, também em Remígio. Quando mocinha, passou a trabalhar em casa de família e assim, foi parar até em Natal-RN. Com a doença da mãe, Nalva voltou para Remígio para ajudá-la e nunca mais trabalhou para ninguém. Nessa época, conheceu Arenilson, conhecido como Sim, com quem se casou e teve 3 filhos: Alisson, Aline e Gabriel. Quando se casaram, assumiram um hectare, terras dos pais de Sim. Sempre gostei de plantas, conta Nalva, moramos 9 anos na casa antiga e carregava água de longe para manter a casa. Não desperdiçava água nenhuma. Usava água do banho dos meninos. Sempre gostei do meu arredor de casa bem organizado, era tudo dividido em cercadinho. Na casa antiga, tinha pimentão, tomate, acerola, açafrão, seriguela. Ainda está lá tudo certinho.

Artesanato em crochê feito por Nalva

Realização

Ano 7 nº1035 Remígio

Apoio

A vida da família mudou mesmo quando em 2004 adquiriram 20 hectares de terra no Assentamento Junco, pelo banco da terra. Quando chegamos aqui, só tinha velame


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