Ano 8 • nº1244 Janeiro/2014 POÇO VERDE
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
AS BELEZAS SERTANEJAS ESCULPIDAS NA MADEIRA A escultura em madeira é umas das culturas transmitidas de geração em geração e também um “dom oferecido pelo criador à criatura” aqui no nosso Semiárido. É uma atividade timidamente desenvolvida mas não menos apreciada por várias partes do território sergipano, para muitos esse trabalho representa uma fonte de reforço ou às vezes até a única fonte de renda familiar. Um representante sergipano escultor em madeira com o nome de Zé Augusto, morador “meio anônimo“ do Assentamento Espinheiro da cidade de Poço Verde, localizada na região do sertão ocidental sergipano. com 52 anos de idade, casado, pai, avô e apaixonado pela natureza Semiárida, como ele mesmo diz: “Gosto muito de trabalhar com as coisas da natureza na natureza, isso me faz muito bem e acho que para minha família também”. OFÍCIOS APRENDIDOS e DESENVOLVIDOS Ainda criança, Zé Augusto iniciou a vida profissional com seu pai no ofício de ferreiro, e logo após na adolescência o de carpintaria, confecção de objetos em couro de gado, alvenaria e agricultura. Ainda jovem decidiu partir pelo mundo em busca de trabalho, prática bastante comum da juventude sertaneja, geralmente motivada pela falta de serviço, causado pela estiagem na região. Partiu com destino à capital Aracaju, com pouco tempo depois seguiu para o sul do país, vivendo assim entre essas idas e vindas. Devido à saudade e por não ter se adaptado à vida nos grandes centros, retorna a sua “terrinha” com mais um ofício aprendido resolve permanecer de uma vez e não sair mais pelo mundo. Logo sem demora volta a trabalhar com o pai na confecção de barris de madeira utilizados para carregar água em lombo de jegue, caixa d'água fabricados em zinco e madeira (utensílios bastante usados na época), construção de currais, apriscos, apetrechos em couro para montaria, pequenos utensílios domésticos e móveis em madeira, construção de casas e carpintaria e escultura, sendo essas duas últimas suas maiores paixões de ofício até os dias de hoje. O SURGIMENTO DO ESCULTOR Relata que o surgimento foi espontâneo, como carpinteiro já era um escultor, afirma. Confeccionava suas esculturas e pinturas em tela e tábuas, paralelamente aos trabalhos acima citados, nos dias ou momentos folga.