Exemplo de dedicação aos filhos/as e a sua produção de hortaliças

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Ano 8 • nº1486 Junho/2014 Carnaíba

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Exemplo de dedicação aos filhos/as e a sua produção de hortaliças Maria de Fátima de Oliveira, 48 anos, nasceu e se criou no Sítio Santo Antônio I, município de Carnaíba. A agricultora vem de uma família grande, sua mãe teve 22 filhos/as, mas só se criaram 14. Dona Fátima começou a trabalhar no roçado aos 7 anos de idade. Ela conta que sua rotina começava às 5h da manhã, às 11:30h parava para ir a escola, quando terminava a aula tinha que vir direto para casa, e ia trabalhar novamente no roçado até às 18h. Estudou até a quarta série, pois seu pai não quis que os/as filhos/as continuassem os estudos, porque na escola da comunidade só tinha até a quarta série, daí em diante tinha que estudar na cidade. A partir de então, seu tempo foi dedicado apenas aos trabalhos do roçado. Aos 22 anos Dona Fátima se casou, e continuou trabalhando com canteiros de hortaliças. No ano de 1988 teve seu primeiro filho, Edson José. A criança não nasceu saudável. “Se passasse três dias em casa era muito, passava mais tempo pelos hospitais com meu filho internado”, recorda dona Fátima. Quando seu filho, Edson José, completou 1 ano de idade, Dona Fátima teve seu segundo filho, Erasmo José, que nasceu com problemas respiratórios. No ano de 1999, seu marido foi embora de casa, deixando toda a responsabilidade de casa e a luta com a saúde dos dois filhos para Dona Fátima. Por um período a agricultora teve que abrir mão dos canteiros de hortaliças, e passou a contar apenas com o cartão bolsa-escola e o vale gás para ajudar nas despesas da família, pois a luta era grande, com os problemas de saúde dos seus dois filhos. Ela conta que carregou Edson no braço por muito tempo, pois ele só andou aos 10 anos de idade. Quando Dona Fátima teve sua filha mais nova, Eva Mirele, só passou 8 dias do resguardo sem trabalhar. “Tinha que retornar porque estava faltando às coisas dentro de casa. Dava banho e comida, deixava dentro de casa e ia trabalhar nos canteiros”, recorda a agricultora. Dona Fátima conta que metade da casa foi construída com o dinheiro dos canteiros e a outra metade com herança de seu pai. “Tinha dias que pensava que iria morrer, de tanto trabalhar para conseguir construir a casa”, recorda a agricultora.


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