Ano 8 • nº 1600 Julho/2014 Barra do Mendes
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Convivendo e Aprendendo... Os períodos de estiagem no sertão baiano são muitas vezes longos, principalmente entre os meses de abril a novembro, onde a maioria dos pequenos agricultores e agricultoras rurais não conseguia ver uma saída para continuar produzindo fora do período das chuvas na região semiárida do estado. Mas, tudo tem um fim, e com ele, outro período se inicia. Um período de esperança, força de vontade, desejos, sonhos e conquistas. E foi com esta esperança e força de vontade que o agricultor Edemilton Mendes Barbosa, presidente da Associação de Agricultores da Lagoa do Peixe, comunidade do município de Barra do Mendes viu seus sonhos de produzir seu próprio alimento brotarem da terra como uma muda que se mostra firme e forte. Não faz muito tempo, bem pouco para sermos mais exatos, a família de Edemilton, popularmente chamado de “Nilton” conquistou uma tecnologia de produção, uma cisterna-calçadão, com capacidade de armazenamento de 52 mil litros. A partir desta importante conquista, o brilho nos olhos do jovem, mas, maduro homem, começou a se encher de felicidade.
Esperança, força e vontade... Nilton já havia trabalhado com hortas, mas não com uma onde a fonte de água seria a cisterna. Antes, ele usava métodos simples como as garrafas PET cheias de água com um furo na tampa para como sistema de gotejamento, o que nem sempre funcionava como ele esperava. Agora que Nilton e sua família têm sua cisterna de produção, eles podem enfim plantar suas hortas e verduras nos canteiros próximos à cisterna e alimentar sua família com melhor qualidade e sabendo que aquele alimento que está na mesa é saudável. É bonito de ver a produção de Nilton, em seus canteiros podemos encontrar alface, coentro, cebolinha, tomate, pimenta e abobrinha. No quintal, o agricultor tem uma variedade grande plantada. Cenoura, beterraba, andu, milho, fava, mamão, acerola, maracujá, maracujá-do-mato, banana, cana, laranja, limão, batata, cereja e pinha, além das palmas que ele cuida com tanto zelo. “A satisfação é imensa. Se não fosse o projeto, se não fosse a cisterna-calçadão, eu e minha família não íamos ter como produzir, por falta de água, mas, com esse projeto, nós temos como produzir as frutas, acordar cedo, vir de bicicleta para a roça, pegar um pé de alface, coentro, cebolinha, saber que eu posso comer, posso dar aos meus filhos por que não tem veneno nenhum, é muita satisfação, afirma o agricultor. Nilton faz uso de defensivos naturais em sua plantação. Essa consciência de não usar veneno ele adquiriu com seu pai, e posteriormente nos cursos do projeto, aprendeu também a usar o ‘‘nim’’, que o agricultor já pensa em plantar para no futuro, usar também como defensivo orgânico contra as pragas. “Atualmente, eu uso a mamona. Pego o cacho dela, coloco num reservatório e com 48 horas ela já pode ser aplicada nas hortas. Tenho minha “bomba” para aplicar de forma agroecológica a solução nas hortas e só uso a bomba para isso, nunca foi uma gota de veneno químico nenhum nela. Posso pegar um pé de qualquer folha e dar a qualquer criança, minha filha come, ela ou qualquer pessoa pode comer sem problema, sem riscos de ofender a saúde”, afirmou Nilton.