Ano 8 • nº1685 Junho/2014 Lamarão
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
A ARTE DO BARRO: UMA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL, CULTURAL E COLETIVA NA COMUNIDADE DE SÍTIO SANTANA A Associação Comunitária de Artesãos de Sítio Santana é um reflexo de união, participação popular e cultural. Originários de uma comunidade reconhecida quilombola a população expressa através da arte em barro a valorização de características culturais e coletivas da comunidade de Sítio Santana do município de Lamarão na Bahia. Para uma das líderes da associação, Jaciara Carvalho de Almeida, 36 anos, conhecida como Bia, usar o barro mostrou as pessoas da comunidade a melhor forma de valorizar o lugar onde todos e todas vivem além de mobilizar o coletivo. “Antes cada uma trabalhava em suas casas e as artesãs mais velhas viram a necessidade de trabalhar juntas. Tivemos visitas do artesanato
Dona Maria e Bia no espaço onde são guardadas as peças
solidário do município de Lamarão que nos descobriram e daí então a gente começou a andar. Fizemos reuniões sempre no fundo da escola, porque a gente não podia deixar nossos filhos sem aula, e começamos a fundar a associação. Para nós isso foi muito importante, pois o trabalho coletivo interage com o outro e assim a gente pode gerar renda para as famílias. A ideia da associação mudou demais a nossa vida”, fala Bia. A associação foi fundada em 2004, atualmente com sede própria e com um espaço dividido em salas, cozinha, banheiros e biblioteca Sede da Associação Comunitária de Sítio Santana adquirida através de projetos, Bia ressalva que “tudo que a gente tem hoje é para o nosso benefício. A gente não perde mais tantas peças como antes. Tudo fica guardado aqui. Temos cozinha pra quem quer cozinhar, a biblioteca que conseguimos com a Fundação Pedro Calmon que é pra toda comunidade usar, então hoje pra a comunidade de Sítio Santana nossa associação é uma grande referência”. “O produto para produzir as frigideiras, panelas, tachos e potes, que é o nosso carro chefe, a gente tem aqui mesmo na nossa comunidade. Uma das mulheres que faz parte da associação tem em sua propriedade a argila e ela nos cede. Nossos produtos são utilitários e a gente faz o possível pra produzir peças com muita qualidade. O processo do barro é da seguinte forma: a gente pega o barro molha uns três dias pra ele amolecer, amaça, molda e pra finalizar a gente usa uma argila mais fina que vai deixar as peças mais lisas.
Dona Antônia, uma das artesãs mais velhas da associação