MODELANDO O BARRO E A VIDA: HISTORIA E MEMORIA DA ARTESÃ INAGMAR MOREIRA

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Ano 8 • nº1787 Outubro/2014 ITINGA

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

MODELANDO O BARRO E A VIDA: HISTORIA E MEMORIA DA ARTESÃ INAGUIMAR MOREIRA

Dague

Inaguimar Moreira, 53 anos moradora da comunidade Pasmadinho Município de Itinga, mais conhecida com Dague. Lavradora e artesã mãe de três filhas, Andréia, Aliane e Lidiane, relata que sua origem e vivência foram no campo. “Nunca vivi na cidade, não tenho curso superior. O meu pai falava se vocês não tem escolaridade boa não seja como eu, corram atrás dos seus objetivos, porque o saber ninguém te tira”, relata Dague. Humilde e batalhadora, ela se considera uma pessoa guerreira por tudo que já viveu. Aos 16 anos Dague tornou-se mãe da sua primeira filha, Andréia. Segundo ela naquele momento eram duas crianças ela e o bebê. E nesse momento, ela e o marido começaram suas andanças nas carvoeiras de Minas Gerais. Ela relata que foram momentos difíceis de muito trabalho, citando inclusive situações de explorações

trabalhistas. Mulher corajosa, no sétimo mês de sua gestação da sua terceira filha, em nome dos seus valores pessoais decidiu separar-se , voltando para morar com seus pais em Itinga sua cidade natal, foi quando começou a fazer bordados e artesanatos, para contribuir na renda familiar. Na mesma época começou a trabalhar como empregada doméstica por algum período. Depois permaneceu quatro anos trabalhando como agente de saúde no município de Itinga. Dague relata que batalhou muito para conquistar o grau de estudo que ela tem hoje, o Ensino Fundamental. Para ela ensino é importantíssimo porque pode contribuir para lhe conscientizar dos seus direitos e deveres. Ela difzui“ aprovada no concurso da prefeitura com 98 pontos para agente de saúde, mas por questões de politicagem, não fui chamada. E por falta de conhecimento não sabia que podia recorrer”. Dai seu desejo de estudar e tornar-se Promotora de Justiça, “eu sei que realizar esse sonho será muito difícil, pela idade que estou hoje, mas ainda alimento a vontade de chegar na porta da faculdade”, diz dona Dague. «O barro»

O amor pelo barro Filha e neta de paneleiras, trás em si o saber e fazer desse oficio. Mas só em 2007 ela faz do artesanato de barro a sua principal fonte de renda, e começa seus trabalhos com panelas de barro, produtos ornamentais como o “senhor do vento”, bichinhos como raposa, passarinhos e potes de barro. Incluindo também bordados em tecidos. Toda inspiração e criatividade de Dague vem desde criança, e por conta disso ela relembra que foi reprovada na terceira série, “quando criança fazia muitos desenhos, e os trocava por chiclete com os colegas. Por conta disso meu pai me deu uma surra e me tirou do colégio, e me disse que o meu lugar era trabalhar na roça”. Diz Dague.

Panelas de barro


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