Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Reinan destaca que sua esposa tem papel fundamental no planejamento e construção da casa. “Tudo que foi feito aqui foi também por causa da ajuda dela. A planta da casa, por exemplo, não fui eu que inventei só, ela ajudou muito. O quintal também, pensar onde plantar as árvores, cada pé de planta que tem aqui, sempre teve a opinião dela. Minha esposa sempre foi meu braço direito em tudo, até na hora de fazer as placas, várias foi ela que fez”. Hoje, a casa está aguardando o acabamento, só o que resta para que Reinan e Raimunda façam dela a sua nova morada. Durante a construção, os dois aproveitaram para organizar o quintal, criando um pomar que em poucos anos estará fornecendo uma grande variedade de frutas e outros alimentos para a família. “Tem as aroeiras nativas, as quixabeiras, as palmeiras que eu trouxe de Ubaíra, na época que eu trabalhei lá eu vi elas bonitas e um rapaz me deu umas mudas, tem o nim. Comecei a comprar as mudas, tem laranja, manga, jamelão, pitanga, amora miúra, abacate, goiaba, caju, limão, e plantas medicinais como o alecrim, hortelã, anador, a caatingueira, tem o aipim, o andu, e a cana também. E a ideia é cada vez mais plantar, quero fazer um pomar lindo aqui”, descreve Reinan. A expectativa é que até o final desse ano a casa esteja concluída e a família esteja na nova morada. “Quando eu terminar esse trabalho todo de construção e passar a morar aqui, vai ter uma placa na frente com o nome 'Recanto Feliz'. Eu pensei isso comigo, ver tudo bonito e organizado, um sonho virando realidade, então é mais do que justo colocar esse nome na entrada”, afirma Reinan, que promete fazer uma festança de inauguração para receber os amigos e parentes. ”Tá todo mundo convidado”!
Apoio
Realização
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOAMBIENTAL
Ano 8 • nº1498 Agosto/2014 Larguinha 1
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Era uma vez uma casa construída com placas, e aprumada com sonhos... A tecnologia social é um conjunto de conhecimentos organizados por meio de um instrumento, que visa suprir uma necessidade na vida das pessoas. É social porque não se guia pela ótica financeira: qualquer pessoa pode utilizar os conhecimentos e as técnicas daquela tecnologia sem pagar nada pelo direito de usá-la. É um conhecimento livre para ser usado e aperfeiçoado, ou mesmo recriado. Fazendo jus a essa filosofia, o pedreiro Reinan Fernandes de Lima parou para pensar: “e se eu construísse uma casa de placas pra mim, adaptando o jeito de fazer da cisterna?”. De tanto labutar com ela, ele passou a entender detalhadamente todos os aspectos que envolvem a cisterna, e assim enxergou que as placas de cimento que são a base para a construção poderiam ter outros usos. A trajetória dele como cisterneiro ajuda a explicar a inspiração e o seu sonho de ter uma casa feita por suas mãos e suas ideias. Reinan vive com sua família na comunidade Larguinha 1, no município de Central, mas já viajou e ainda viaja muito pelo interior baiano construindo cisternas de consumo humano e de produção. Desde cedo ele aprendeu o ofício de pedreiro com seu pai, que o incentivava. Logo ele estava fazendo trabalhos na comunidade. “Foi quando eu comecei fazendo cozinha, e depois já era depósito, aí comecei a fazer tanque do pessoal, depois disso comecei a construir casas”, conta ele, rememorando seus primeiros passos profissionais.