"Não tenho vergonha de dizer: sou da zona rural, sou agricultora familiar"

Page 1

Ano 8 • nº1765 agosto/2014 Serra Preta Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

A história de vida de Dona Irene Silva Jesus é marcada por vitórias, algumas delas mais recentes, como a superação de um acidente e a conquista da cisterna de enxurrada, através do Projeto Mais Água, desenvolvido pela APAEB Serrinha e outras organizações que compõe a ASA BA. Ela que não sabia o quanto sua terra era boa, conta que pensou em abandonar a roça, por não ter como sobreviver nela, com o marido Davi de Jesus, e os filhos Katia de 15 anos e Anderson de 18 anos, que trabalha no Rio de Janeiro. “Nasci e me criei aqui. Antes dos projetos eu pensei em ir embora por que a seca é muito grande. Na última seca a gente panhava água muito distante, a água do banho a gente aproveitava para limpar o banheiro e a casa, por que a água do nosso consumo não era suficiente. Graças a Deus hoje para mim eu costumo dizer que não tem seca. Tenho minhas caixas aí cheias de água boa, tenho minha cisterna de enxurrada, e a de consumo. Sempre trabalhei com agricultura, ia para roça com meu pai. Aqui, o que mais a gente planta é o feijão e o milho. A hortaliça a gente plantava só um pouquinho para tempero. Hoje é uma riqueza que a gente descobriu”. A chegada da cisterna de enxurrada na Comunidade Cazuzão animou também outras famílias, e para Dona Irene, foi um incentivo a mais, já que ela tinha acabado de sofrer um acidente. “Sofri um acidente de automóvel, fiquei três meses em cima da cama. Quando o projeto chegou foi uma notícia maravilhosa. Mesmo doente eu não desisti. Chamei os vizinhos, minhas irmãs, os compadres e pedi ajuda. Deu certo. O povo achava que eu acidentada não ia consegui fazer nada e hoje minha cisterna é modelo.” Com água em casa, um sonho antigo foi conquistado, cultivar a horta orgânica. “Depois dessa horta, o necessário na mesa da gente não falta e para quem chega também. A gente tá despreocupado. Meu sonho era ter minhas comidas orgânicas, a minha alimentação eu sei de onde vem. Todo mundo vem aqui por que sabe que é natural, quase toda semana tem visita na minha casa. A gente realiza evento, samba de roda, quadrilha e montaria. Já estou pensando em servir almoço natural nos fins de semana. Eu como agricultora familiar tou até patrocinando evento, tudo isso de um ano para cá, depois da minha cisterna, e graças a meu esposo que me ajuda”.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
"Não tenho vergonha de dizer: sou da zona rural, sou agricultora familiar" by ArticulaçãoSemiárido - Issuu