Ano 8 • nº 1.644 Setembro/2014 Várzea Nova Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Previnir. Esse é o segredo de Antonio Balucindo. Antônio Araújo, conhecido como Antônio Balucindo, 64 anos, é morador da comunidade de Mulungu a aproximadamente 10 quilômetros da cidade de Várzea Nova. Situada no polígono da seca, Várzea Nova tem como principal fonte de renda a agricultura familiar a partir da cultura do sisal, fibra natural produzida principalmente para exportação. Já a comunidade de Mulungu, onde seu Antônio Mora com sua esposa Maria de Lourdes, 54 anos, também é conhecida como Mulungu de Rozeno, em homenagem ao primeiro morador da comunidade, sendo considerado um dos fundadores da mesma. “Começaram a trabalhar aqui e foi juntando gente, juntando gente até que virou um povoado”. A tranquilidade do povoado é o que mais orgulha seu Antônio. “aqui a gente pode dormir com as portas abertas, ninguém mexe nas coisas da gente”. Ele lembra que já morou em outras comunidades, mas foi na comunidade de Mulungu onde melhor se adaptou e por isso escolheu para criar laços e fixar suas raízes. Seu Antonio mostra milho colhido em plena estiagem
Seus5 filhos, com quem sempre teve uma boa relação, por não terem tido oportunidades de melhorar de vida no campo, migraram para outras regiões do país, mas nunca perderam o gosto pela roça. “Todo dia falo com eles por telefone, quando o mais velho chegar vai me ajudar muito. Eu quero que ele venha, que fique aqui mais nós”, fala seu Antônio expressando saudade enquanto conta que o filho mais velho está retornando para a comunidade pra poder ajudar a família na lida com o campo. Enquanto seu filho não chega, no campo, a parceira de seu Antônio dona Maria de Lourdes é quem está sempre do seu lado para o que for necessário. “Eu faço a metade e ela faz a outra”. Ela faz de tudo na roça. D. Lurdinha, como é conhecida também cria no quintal de casa galinhas e borregos enjeitados, é o carinho e o zelo pelos animais que faz com que a criação destes seja uma atividade rentável contribuindo para a renda da família. Uma tradição preservada pela família e que faz parte dos princípios de solidariedade das comunidades rurais é a troca de serviços. Segundo o mesmo, seu vizinho sempre ajuda na roça quando ele precisa. Da mesma forma, sempre que necessário o vizinho utiliza, sem custos, sua forrageira ou forragens para consumo dos animais. Estas práticas têm ajudado as famílias do semiárido que prezam pela preservação das tradições, sobretudo no que se refere à união e a parceria para o trabalho com a agricultura. Segundo seu Antônio, por muito tempo na comunidade, a única água disponível para consumo era salgada, e, por falta D. Lurdinha esposa e companheira de seu Antonio