Ano 8 • nº 1657 dezembro/2014
Umarizal
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
‘‘Minha terra é o melhor canto para se viver’’ Filha de agricultores, desde criança Elizabete de Oliveira, mais conhecida como Dona Beta, tem contato com a terra. Na roça, ela sabe fazer de tudo: capinar, organizar canteiro, preparar adubo orgânico, plantar milho, feijão, batata. Uma mulher de coragem que com muita sabedoria vem enfrentando junto com a família os desafios e as adversidades da realidade rural do semiárido brasileiro. Na década de 1980, como muitos outros nordestinos e nordestinas, na esperança de construir uma vida nova, a agricultora, casada com o também agricultor César Freitas, migrou para São Paulo, onde morou por mais de dez anos com as duas filhas, Danyele e Eliane. Lá, Dona Beta trabalhou como empregada doméstica e Seu César como auxiliar de padeiro. Em 1997, o casal realizou o grande sonho de voltar para casa, em Umarizal, município do Oeste Potiguar. Na época, compraram uma terra de 15 hectares, no Sítio Vertentes e retomaram o trabalho voltado à agricutura familiar. Desde então, o casal tem uma pequena criação de animais e cultiva um quintal produtivo, no qual produz, além de frutas, alface, coentro, cenoura, couve, tomate e outras hortaliças. Às vezes, dona Beta até esquece da quantidade e da variedade de plantas que eles têm no cercado. Mas, ela tem tudo anotado em um caderninho, no qual também escreve o que aprendeu nas capacitações e nos intercâmbios sobre as novas formas de cultivo da terra e de manejo da água para a produção. Na sala da casa, além de fotos da família, os certificados enfeitam as paredes. Todo curso que a agricultora participa, ela tem o cuidado de enquadrar cada certificado que recebe para guardar como lembrança. ‘’Eu me sinto valorizada, é muito importante para nós agricultores ver que nosso trabalho é reconhecido e que existe pessoas e organizações como a Diaconia que acreditam e apostam na agricultura familiar’’, completa. Na propriedade, além da cisterna de placa de 16 mil litros, eles também contam com um biodigestor sertanejo, que produz gás de cozinha, a partir do esterco animal. A tecnologia foi implantada na casa de Dona Beta em 2011, e nesses últimos anos vem proporcionando a família mais conforto e mais autonomia na realização das atividades domésticas. “Antigamente, a gente não fazia bolo porque gastava muito gás e o botijão era para durar o mês inteiro. Hoje em dia, a gente cozinha o dia todo sem se preocupar com o que está gastando”.