Água conquistada Segurança e Soberania alimentar para famílias do semiárido

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 6 | nº 109 | Janeiro | 2012 Lagoa do São Francisco - Piauí

Água conquistada Segurança e Soberania alimentar para famílias do semiárido.

Engano de Baixo é uma comunidade que fica a 15 km do município de Lagoa do São Francisco no Piauí, lá mora a família do Sr. Regino Alexandre Cardoso e a Sra. Maria da Conceição Pereira Cardoso. Casados há 24 anos, o casal tem sete filhos, e toda família sempre viveu na localidade. Para Seu Regino “o melhor lugar do mundo para morar” se não fosse a falta de água que obrigou o agricultor a sair de sua comunidade algumas vezes em busca de recursos para proporcionar vida digna para sua família. A vontade do casal era poder produzir o ano todo e aumentar sua criação de galinhas, ter o que vender e consumir, ter dinheiro extra para garantir a compra das coisas que não dar para plantar Seu Regino e Dona Conceição e seus filhos comemoram a no quintal de casa e o Sr. Regino não precisar conquista da família. mais sair de perto de sua família. Um sonho que o casal afirma que se tornou realidade e hoje a família comemora.

Seu Regino e Dona Conceição sempre viveram na região onde hoje se localiza a comunidade Engano de Baixo, quando casaram resolveram continuar vivendo ali com seus sete filhos: Maria da Conceição, Antônio Marcos, José Alexandre, Francisco Marcio, Francisca Auricélia, Francisco das Chagas e Francisca Assunção. A renda da família vem da agricultura e da pequena criação de galinhas. Seu Regino conta que a água para comunidade vinha de um posso cacimbão que fica a cerca de 2 km de sua casa, de lá vinha água para tudo, “tinha verão que a água secava, aí tinha que buscar em outra comunidade, em outro poço cacimbão, mesmo longe era o único jeito”, conta o agricultor.

Seu Regino diz que quando os Programas de Convivência com o Semiárido da Articulação no Semi-Arido Brasileiro (Asa Brasil) chegou à comunidade a família se animou com a possibilidade em ter água disponível em casa. Primeiro veio a cisterna pequena, como as famílias chamam a tecnologia com capacidade de armazenar 16 mil litros de água do Programa Um Milhão de O galinheiro conquistado com o caráter produtivo do P1+2.

Cisternas Rurais, que beneficia as famílias do semiárido com água para beber e

Piauí Piauí

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Piauí

cozinhar. Depois a comunidade foi beneficiada com a chegada do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), a cisterna de 52 mil litros que acumula a água para produção de alimento. Os beneficiados com o P1+2 precisam escolher o caráter produtivo que irão desenvolver no quintal produtivo, Dona Maria e Seu Regino, como já criavam galinha, escolheram o investimento na criação, receberam 10 galinhas e um galo e ainda o material para a construção do galinheiro, “antes desse projeto nós já tínhamos 15 galinhas, agora aumentamos nossa criação e se Deus quiser vamos aumentar ainda mais”, diz Seu Regino.

Para Dona Conceição poder prender Dona Conceição cuida dos canteiros, renda extra para a as galinhas lhe deu a possibilidade de família. construir seus canteiros de hortaliças e legumes, que ficam também em outro quintal cercado para que elas não destruam a produção. Eles explicam que as galinhas ficam no galinheiro para dormir, comer e botarem seus ovos, mas durante o dia ficam soltas também no quintal. Hoje, com apenas um ano da conquista da cisterna, os canteiros de Dona Conceição já começam a dar lucro, além de produzir a cebolinha, o coentro, o maxixe, a pimenta, a melancia para a alimentação da família, a agricultora vende boa parte do que produz, “a gente não tem um salario fixo, o jeito é criar pra vender e poder comprar até mesmo alguma coisa para os filhos, alimento pra casa, e aí as vezes a gente não pode comprar uma carne e se tem vontade de comer, então tem a galinha”, conta.

Seu Regino diz que outra coisa que ele gostou muito no Programa foram os encontros de capacitações e as visitas de intercâmbio de experiência que participou “esses encontros tudo que eu fui, eu achei muito importante mesmo, porque dar pra colocar em prática, direitinho, a gente conhece amigos e conversa bastante, a gente aprende muito”, explica o agricultor, que conta que agora já tem uma noção do perigo dos agrotóxicos, de como adubar a terra sem precisar de químicos. Para economizar água, ele coloca em suas plantas as folhas e galhos que colhe do quintal para evitar a evaporação rápida da água. Outra técnica utilizada pelo agricultor é o sistema de gotejamento que ele faz com a garrafa pet, onde de gota em gota a água vai pingando na planta em um processo lento mais contínuo, deixando ela sempre molhada, mas evitando o desperdício.

Depois da cisterna e a água conquistada a família agora faz planos para o futuro “antes a gente não tinha como pegar em um real ou cinquenta centavos mais fácil, a gente planejava muito para criar galinha, fazer um plantio, antes não dava, hoje a gente vende uma melancia, um maxixe, o xero verde, a verdura, uma galinha e estou com fé de que a gente produza muito mais, porque é o primeiro ano e nem deu ainda pra encher a cisterna toda, é a realização de um sonho, ter água em casa para trabalhar, pra Plantação de melancia orgânica. produzir. ” comemora Dona Conceição.

Apoio:

2

www.asabrasil.org.br