Armazenar água é mais que construir reservatórios

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Paraíba

Ano 6 | nº 903 | novembro | 2012 Solânea-PB

Em 1994, a família instalou um sistema de encanamento da água do tanque de pedra para residência, usando apenas a gravidade. Quando as pessoas começaram a construir cisternas, a água do tanque rendeu mais. Então encanamos água para casa. Em ano de pouco inverno, como em 1999, que aqui choveu apenas 160 mm, enchemos as cisternas com água do tanque. Enchemos uma com água para o gado e a outra para a gente. Nem a gente nem o gado passou sede, relembra seu Luiz.

Armazenar água é mais que construir reservatórios

Na seca de 1999, de 2003 e agora de 2012, a família estava prevenida. Tinha água, forragem, sementes e alimentos estocados para mais de dois anos. Mesmo assim, apesar de tudo que fiz ainda estou apanhando, confessa Luiz. Pensei que fosse chover logo em 2012 e servi aos animais a forragem que estava estocada antes do tempo. Já vou ficar mais esperto e guardar o suficiente para mais tempo e só dar aos animais na precisão mesmo, ou quando o inverno tiver chegado. Mesmo sendo uma seca grande como estão falando, aqui na nossa região, o sofrimento não é o mesmo das secas passadas. Quase todas as famílias aqui têm uma cisterna e a vida mudou muito. Atinge a todos, mas o sofrimento é menor, afirma seu Luiz. A propriedade da família está totalmente diferente daquela dos anos 1970. A cada seca a família foi aprendendo que para conviver com a realidade do semiárido era preciso dar uma ajudinha à natureza. Foram construindo suas estratégias de estocagem de água, de alimento para a família e para os animais.

Dona Eliete e seu Luiz Souza moram em uma propriedade de 35 hectares, no Sítio Salgado dos Souza, município de Solânea. Tiveram cinco filhos, dos quais um ainda continua morando e trabalhando nas terras dos pais. Quando o casal assumiu a propriedade, no final dos anos 1970, a terra estava degradada.

Apesar de trabalhar na agricultura desde os 6 anos, a gente não cuidava direito da terra: desmatava e fazia coivara, tirava a matéria orgânica. Quando fazia a colheita, a gente soltava o gado para comer a forragem que ficava na terra. O gado comia toda a babugem que nascia com a chuva. Não dava tempo nem das plantas crescerem e produzirem sementes. Assim, a terra foi ficando fraca e cada vez mais seca, relembra seu Luiz. Era no período de estiagem que a situação se agrava ainda mais porque aumentavam as dificuldades por forragem para os animais, explica seu Luiz. Era preciso dar plantas de espinho como o xiquexique e o cardeiro, a maniçoba ou outras. Não nos preocupavamos com o ano seguinte. O abastecimento de água era um problema muito sério na região de Solânea. Na comunidade do Salgado só existia um tanque de pedra para mais de 50 famílias. Este tanque foi sendo aumentado aos poucos pelas frentes de

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