Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 1014 | novembro | 2012 São Miguel do Gostoso - RN
Artesanato em Tabua Preservação e arte no semiárido No semiárido brasileiro, são várias as experiências que preservam ambientalmente uma localidade ou um ecossistema, porque deles depende a atividade de subsistência de uma família ou de um grupo. É o caso da experiência de Ana Maria, uma artesã que vive de sua arte e que, através dela, desempenha um papel importante na luta pela preservação de sua comunidade e contra a privatização da água e do seu território. Ana Maria Barbosa da Silva, 39 anos, nasceu e se criou na comunidade de Tabua, município de São Miguel do Gostoso, distante 12 quilômetros da sede do município. Ela é casada com Josivan Barbosa da Silva e ambos têm um filho e uma filha, que são Joabe e Tábita. Artesã experimentadora preservando e gerando renda As dificuldades financeiras levaram Ana e sua família a deixar sua comunidade e ir trabalhar na capital do estado, Natal. No entanto, ela viu que a vida na cidade grande era muito mais difícil, pois o dinheiro era pouco e não dava para dar A artesã Ana sentada no sofá feito por ela uma vida digna aos seus filhos. Então, a família decidiu voltar para suas origens e viver do plantio no roçado. Foi aí que Ana teve a ideia de experimentar o artesanato feito com folhas e fibras de uma planta nativa da região, que dá nome à comunidade, chamada Tabua. Começou fazendo tecelagem para ornamentação, que teve boa aceitação entre os donos das pousadas da cidade. Depois, outras pessoas pediram para ela fazer bolsas, chapéus e outros acessórios. E assim ela foi experimentando e aprendendo a fazer, sozinha, várias coisas diferentes. Teve a ideia de expor suas peças na frente de casa, pois a estrada que dava acesso à praia passava bem em frente e os turistas paravam para comprar. Escolheu a tabua porque é uma planta da região, que nasce dentro das lagoas e que é abundante. Mas, apesar disso, com a seca prolongada, a planta corre o risco de acabar ou diminuir a quantidade. Ana diz que ela e sua família preservam a tabua, fazem o manejo da planta, não retiram tudo de um mesmo local e não tiram a palha mais nova, só as mais grossas e grandes. A lagoa de onde é retirada a tabua fica bem próxima à sua casa. Além das plantas, a lagoa também tem peixes e até jacarés! Hoje, o artesanato é a principal fonte de renda da família, que trabalha como meeiros em terras alheias. A artesã vende sob encomenda, mas também em algumas lojas de São Miguel do Gostoso e em eventos. Ela conta que utiliza a palha seca para o enchimento de sofás e pufes. Mas, para as peças Lagoa da comunidade, onde nasce a tabua que precisam de um melhor acabamento, tem
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