Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 917 | Outubro | 2012 Cônego Marinho - Minas Gerais
Alô comunidade: Uma experiência d'A Voz do Agricultor No semiárido mineiro, a rádio comunitária tem sido um importante instrumento de comunicação entre as famílias agricultoras na zona rural. Em muitas comunidades, a rádio é o único instrumento em que as famílias podem produzir e divulgar as informações do seu interesse, não sendo apenas receptoras dos conteúdos dos outros meios de comunicação. No município de Varzelândia, Norte de Minas Gerais, a comunidade João Congo tem desenvolvido uma experiência em comunicação popular com a rádio comunitária A Voz do Agricultor, na frequência 96,7FM. A rádio envolve jovens e lideranças, dando oportunidade aos agricultores e agricultoras de produzir informações de interesse comunitário e exercer seu direito à comunicação. Agricultores participavam dos programas da rádio no sindicato A Voz do Agricultor foi instalada na Comunidade João Congo em 2009. Com a proposta de ser uma rádio móvel, ela chegou ao município no fim de 2006, mas passou por outras comunidades antes de ser montada no João Congo. A rádio veio através do Projeto de Segurança Alimentar, Nutricional, Hídrica e Energética (PSANHE), executado pela Cáritas Regional Minas Gerais, em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais Assalariados e Agricultores Familiares de Varzelândia. O projeto PSANHE era desenvolvido em quatro comunidades do município: Assentamentos Betânia e Arapuím, Comunidades Caatinga e João Congo. A rádio tem o objetivo de incentivar a organização comunitária e despertar o interesse das famílias para a importância da comunicação popular. O Assentamento Betânia foi o primeiro a receber A Voz do Agricultor. Ademir Alves era uma das pessoas envolvidas nos trabalhos da rádio. Ele lembra que quando a rádio chegou foi uma alegria danada. O assentamento fica a 36 quilômetros da sede de Varzelândia, por isso na comunidade só chega sinal de rádios de outros municípios, o que traz dificuldades para as famílias receberem informações atuais de sua localidade. A Voz do Agricultor foi para a Betânia com o objetivo de ajudar a organizar a comunidade e integrar os moradores, pois o assentamento é formado por 87 famílias vindas de vários municípios da região. Quando a rádio chegou na Betânia, um grupo de jovens do assentamento foi visitar a experiência de duas rádios comunitárias no Vale do Jequitinhonha, para trocar conhecimentos sobre como desenvolver essa experiência. No assentamento, a rádio comunitária funcionava dia e noite, sua programação começava às 5 horas da manhã. Inicialmente, ela iria atender apenas a comunidade, mas acabou chegando a toda a região e até mesmo em alguns municípios vizinhos dava para ouvir a rádio. Ela tocava músicas, divulgava informações do interesse das famílias agricultoras, as reuniões do sindicato, da associação, eventos da igreja e programas da Pastoral da Criança. Ademir conta que a maior dificuldade era manter os custos da rádio, pois para isso era preciso pagar a energia, renovar os CD's e dar manutenção nos aparelhos. A comunidade teve dificuldade em dar manutenção ao equipamento quando uma peça estragou, por isso teve que pedir o apoio do sindicato e levar a rádio para ser concertada na cidade. Como a rádio era móvel, ela teve que sair do assentamento Betânia. Ademir conta que a comunidade avançou muito na sua organização e com a saída da rádio eles perderam bastante. Ele avalia que a comunidade deveria ter criado um fundo para custear estas despesas, através de uma associação de amigos da rádio. Hoje, o sonho do assentamento é ter uma rádio comunitária fixa e eles pretendem lutar para conseguir realizar este sonho. Após o concerto do equipamento, no início de 2007, a rádio foi instalada no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Varzelândia, onde permaneceu por quase 2 anos. Neste período, A Voz do Agricultor funcionava com a contribuição de funcionários do sindicato e agricultores que passavam por lá. Eles faziam programas de rádio,
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