Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Outro “preparado” natural, é o defensivo de Angico e de Nim, usado por Durvalino nos pés de couve, afastando o pulgão. Ele tem estoque das misturas e até passa para os vizinhos, porque sua vivência diz que “Muita praga é levada pelo vento, então se todo mundo tá cuidado, é melhor!”
Ano 7 • nº1079 Agosto/2013 Urandi
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Cisternas de produção - avanço social Como a sua produção é nova, Durvalino iniciou uma reserva de sementes, com uma garrafa de sementes de feijão e outra de acerola, para o ano que vem. As alfaces já foram consumidas pela família, mas Elza continua molhando, “Se esperar um pouco mais, agente colhe as sementes da alface, e na próxima já plantamos dela!” que são bem pequenas e tem que aguardar o período certo. O casal sabe dos cuidados no armazenamento das sementes, para não dar caruncho e estragar todo o lote do grão. Sabem ainda da importâ ncia em guardar sementes, as sementes crioulas, e garantir nossa soberania e qualidade alimentar.
Durvalino Borges é agente comunitário de saúde da comunidade de Morrinho, no município de Urandi, sertão do sudoeste baiano. Através do serviço comunitário, encontros de jovens e dos animadores locais, Durvalino conheceu o movimento social da ASA, e desde 2003 começou a contribuir no cadastro de famílias para receber as tecnologias de convivência com o semiárido. Passados alguns anos de formação e informação sobre o semiárido, e muita experiência com o povo da comunidade Durvalino se articula entre animadores, agricultores, agentes, professores, sindicalistas e conhece bem sua região. Como agente de saúde, desde 2008, ele se acostumou a ver as crianças de Morrinho doentes: diarreia, infecção respiratória aguda, e até intestinal. Felizmente com o água de qualidade diminuiu o índice de doenças, melhorou a alimentação. “Pessoas que com o uso da água de consumo, mudaram de vida” diz Durvalino, ao reconhecer o avanço na saúde com o uso da água boa, de qualidade, reservada das águas das chuvas. Casado com Elza, e pai de dois filhos, a família de Durvalino acaba de receber a cisterna de produção, e agora colhe os primeiros frutos de seus canteiros. Desde sempre tinha palma, uma planta resistente à seca, boa para alimentação humana e animal. Nesse manejo antigo, percebeu que a terra estava um pouco “cansada”, e resolveu preparar um composto orgânico para aduba-lá, que mistura folhas secas, bagaço e esterco de galinha. Bem protegido por sacos, o composto passa um tempo até ficar bom para o uso, que é simples: basta colocar essa terra nos canteiros, numa quantidade normal, e esperar o resultado. Durvalino teve a resposta imediata no mamoeiro, que após aplicação do composto teve um salto em crescimento e produção.
Bom resultado para a terra recém reativada, e com água especial para a produção, encurtando as fontes das plantações. Felizes, Durvalino e Elza já colhem abóbora, beterraba, couve, alface, cenoura, maracujá, tomate. Tem feijão catador e milho. E até uma parreira, popular pé de uva, que sobe resistente em pleno semiárido. Agradecido com os benefícios que sua comunidade recebe, através das implementações de convivência com o semiárido, Durvalino brinca, dizendo que os feirantes, onde antes ele comprava as verduras sentiram a falta dele, que responde: “Não, agora eu tô produzindo. Quer comprar?!” Com bom humor, alegria e disposição Durvalino é exemplo pra sua família e para a comunidade, pois entre as visitas como agente de saúde, ele participa de cursos, formações, compartilha e se atualiza na busca do mais conhecimento. Aplica o que aprende em suas produções, percebendo na lida, como melhorar o plantio.
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