Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
“Se tivesse chegado mais cedo era melhor” diz Maria. Antes do Tanque, Valdomiro tinha que andar mais de 2 km para achar água para os animais, gastavam com a compra na feira, e nem sabiam o que estavam comendo. "Agora é só alegria" diz ele. Não gasta muito na feira da cidade, consegue fazer reserva para investir na produção, tem água perto e encanada, e a segurança da qualidade dos produtos. Até o café consumido pela família vem da produção do quintal, reduzindo muito a feira do supermercado.
Ano 7 • nº1081 Agosto/2013 Caetité
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Tanque de pedra e quintais mais produtivos Sertão adentro 60 km chegamos em Vereda dos Cais, distrito de Maniaçu, em Caetité. Uma comunidade que se parece com um lugar que já teve muita água, num terreno cheio de lajedos e chapadões, formando poços que acumulam água da chuva, mas que hoje estão secos, na pura estiagem. Por conta deste terreno, em 2009, a comunidade recebeu um Tanque de Pedra, tecnologia implantada pela ASA, para redução de danos durante a seca. O tanque chegou para 5 famílias da região, na intenção de reservar água da chuva, limpa e apropriada para a produção de alimentos e de animais de pequeno porte. Valdomiro Joaquim Silva e Maria Rosa do Bomfim moram com dois filhos em Vereda dos Cais e o tanque foi instalado em suas terras. Casal de agricultores que viram no tanque a felicidade de ter água fácil para as plantas e os animais. No quintal de Maria só tinha palma, umas poucas cabeças de ovelhas e duas árvores frutíferas. Depois do tanque ela ampliou a produção, investiu em fertilizantes naturais e agora plantam hortaliças, batata, bananeira, ervas medicinais, pimenta, milho, feijão, capim para ração, plantas ornamentais. Criam porcos, galinhas, peru, cocar, ovelhas e gado.
Valdomiro usa o esterco das ovelhas para fertilizar as hortas, e os restos de folhas da horta para alimentar os porcos. Experiências trocadas durantes os intercâmbios interestaduais e formações das comissões. Também fez uma adaptação com mangueira e garrafa plástica para puxar água no tanque para os canteiros. Destaque para sua produção de ovelhas que conta com mais de 50 cabeças. O tanque de pedra possibilitou o aumento da criação, que antes era de apenas 5 cabeças, e um retorno melhor para a família. Para alimentar os animais ele tem a plantação de palma e também um roçado, bem perto de casa, onde também fica o coxo. As ovelhas lhe rendem leite, carne e lã. Antes Valdomiro criava gado, porém a estiagem não deixou mais, ficou muito caro manter o rebanho. “A quantidade de água que um boi consome, agente mantem umas 8 ovelhas, e com a água perto, facilitou muito” confirma Valdomiro. Um verdadeiro quintal de práticas agroecológicas, as terras de Valdomiro e Maria são bem cuidadas, não tem queimadas, nada de veneno ou sementes fortificadas industrialmente. Aqui o respeito pela terra usa defensivos e insumos naturais, toda folhagem varrida no terreiro é dispersada pelos pés de café, como adubo, os restos de folhas servem para os pequenos animais, e a economia da água, fazem deste casal um referência local de amor à plantação.
Realização
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