Ano 8 nº1828 Abril/2015 Trindade
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
O preço do progresso e o valor da agroecologia Nascido e criado no Sítio Abóbora, no município de Trindade, o agricultor Raimundo Vieira Lopes desde os cinco anos aprendeu a lidar com a agricultura familiar a partir dos conhecimentos repassados por seus pais Pedro Alves Lopes, de 63 anos, e Espedita Vieira Lopes, de 70 anos. “Desde pequeno que eu comecei a trabalhar na roça. De lá pra cá nunca mais parei e sempre continuei mexendo com a terra e com a criação”, reforça Raimundo. Hoje, aos 33 anos, o agricultor vive com a esposa Aparecida Gilvânia da Silva Lopes, de 30 anos, e as filhas Fernanda da Silva Lopes, com 12 anos, e Fabrícia da Silva Lopes, com sete anos. “É nesta terra que eu pretendo passar o resto de minha vida, pois eu amo a agricultura e a minha família e é aqui que eu pretendo educar minhas filhas junto com a esposa e repassar todo nosso conhecimento”. Segundo o agricultor, em 2007, a família sofreu com a intervenção das obras da Transnordestina a partir da demarcação do terreno para a construção da ferrovia. Já em 2010, as máquinas da empreiteira passaram desmatando toda a plantação e em 2013 demoliram a casa do casal. “Eu não gostei nem um pouco, mas não pude fazer nada. Infelizmente eu perdi a parte da terra que eu mais tirava legumes. Ainda me lembro que ali eu plantava milho, feijão e abóbora.”, lamenta Raimundo. “Quando a ferrovia chegou, a empresa disse que a obra ia trazer benefícios para o município, mas ainda não vi nada. Eu só sei que para mim que vivo da agricultura não vai me servir de nem um pouco.” Questionado sobre a indenização das terras, o agricultor ainda falou que não há dinheiro no mundo que compre a felicidade. “Hoje ao ver passar essa ponte aí na frente, isso acaba com o meu sossego porque me faz lembra do terreno de minha família que foi partido ao meio.”