Memorial do Café: projeto de requalificação da Fazenda Elídio Sanglard em Manhumirim/MG

MEMORIAL DO CAFÉ

PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DA FAZENDA ELÍDIO SANGLARD EM MANHUMIRIM / MG ALUNO: ARTHUR ZANUTI FRANKLIN ORIENTADOR: PROFESSOR ÍTALO ITAMAR CAIXEIRO STEPHAN CO-ORIENTADOR: PROFESSOR LUIZ FERNANDO REIS

Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas Departamento de Arquitetura e Urbanismo ARQ 398 - Trabalho de Conclusão de Curso I

Memorial do Café: projeto de requalificação do patrimônio arquitetônico da Fazenda Elídio Sanglard em Manhumirim/MG Primeira etapa do Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentada ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências da disciplina ARQ 398 - Trabalho de Conclusão de Curso I, que tem por objetivo avaliar o desempenho do aluno ao longo do primeiro semestre letivo de 2017, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Aluno: Arthur Zanuti Franklin / Matrícula: 77377 Orientador: Professor Ítalo Itamar Caixeiro Stephan Co-orientador: Professor Luiz Fernando Reis Viçosa MINAS GERAIS - BRASIL Junho de 2017

Sempre que eu preciso me desconectar Todos os caminhos levam ao mesmo lugar É o meu esconderijo, meu altar Humberto Gessinger

Apresentação O presente trabalho visa atender os requisitos da disciplina ARQ 398 - Trabalho de Conclusão de Curso I, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa, no primeiro semestre letivo de 2017.

A requalificação da Fazenda Elídio Sanglard, modificando seu uso para criação do Memorial Café na cidade de Manhumirim/MG irá trazer para a região uma opção de cultura e lazer, além do início da criação de um circuito cultural no município, apoiando-se nas várias edificações presentes na localidade.

Além disso, a requalificação é uma alternativa para preservar o patrimônio arquitetônico do conjunto da Fazenda Elídio Sanglard, garantindo que com seu novo uso, a mesma permaneça como símbolo da cidade.

Isso se realizará através de um projeto arquitetônico que englobará estudos na área de patrimônio cultural, métodos de intervenção no patrimônio, história do café e museologia. Com esse embasamento teórico, o projeto passará primeiramente pelas fases de preliminares do projeto, com estudo da cidade, do entorno, da fazenda, e posteriormente, em estudo preliminar, que uma proposta de intervenção será realizada, embasando nas especificidades estudadas.

06 / 81

Sumário Agradecimentos................................................................................................05

Levantamentos..........................................................................................................23

Apresentação...................................................................................................06 Lista de imagens, mapas, gráficos e tabelas......................................................09

5. O município de Manhumirim / MG......................................................................24 5.1. Caracterização socioeconômica...............................................................24

1. Introdução....................................................................................................11

5.2. Estrutura urbana.......................................................................................25 5.3. Evolução urbana.......................................................................................26

Referencial teórico............................................................................................13

5.4. A importância do café para Manhumirim.................................................27 5.5. Patrimônio cultural de Manhumirim.........................................................28

2. Patrimônio Cultural.......................................................................................14 2.1. O conceito de Patrimônio Cultural....................................................14

6. Fazenda Elídio Sanglard........................................................................................30

2.2. Memória, monumento e monumento histórico..................................14

6.1. Informações de localização do bem patrimonial.......................................30

2.3. A trajetória da ideia de preservação no Brasil....................................15

6.2. Análise do entorno - situação e ambiência................................................30 6.3. Histórico e usos.........................................................................................31

3. Métodos de conservação e intervenção no patrimônio.................................16

6.3.1. Síntese dos relatos.........................................................................31 6.4. Descrição..................................................................................................33

4. Considerações sobre o café no Brasil............................................................17

6.4.1. Implantação..................................................................................33

4.1. A história do café...............................................................................17

6.4.2. Edificação principal......................................................................33

4.2. A importância econômica do café.....................................................17

6.4.3. Pequeno armazém dos fundos.......................................................35

4.3. O café enquanto arquitetura: as fazendas cafeeiras...........................19

6.4.4. Curral...........................................................................................35

4.3.1. Implantação..........................................................................19

6.4.5. Edificações demolidas...................................................................35

4.3.2. O casarão.............................................................................20

6.5. Estado de conservação..............................................................................36

4.3.3. A tulha e o paiol...................................................................21

6.6. Fatores de degradação..............................................................................38

4.3.4. O engenho............................................................................21

6.7. Medidas de conservação e intervenção anteriores....................................38

4.3.5. A senzala..............................................................................21 4.3.6. O terreiro.............................................................................22 4.3.7. Outras partes do conjunto.....................................................22 07 / 81

Sumário Referencial prático...................................................................................................39

9. Estudo Preliminar..................................................................................................60

7. Leituras projetuais................................................................................................40

10. Cronograma para ARQ 399 - Trabalho de Conclusão de Curso II.......................69

7.1. Museu Histórico e Cultural de Jundiaí.......................................................40 7.2. Museu do Registro....................................................................................42

11. Bibliografia.........................................................................................................70

7.3. Centro de Interpretação do Pampa............................................................43 7.4. Museu de Congonhas...............................................................................45

APÊNDICES..............................................................................................................74 APÊNDICE 01.................................................................................................74

8. Preliminares do projeto........................................................................................48

APÊNDICE 02.................................................................................................77

8.1. Análise do entorno...................................................................................48 8.2. Análise do terreno....................................................................................50

ANEXOS...................................................................................................................79

8.2.1. Insolação.....................................................................................50

ANEXO 01......................................................................................................79

8.2.2. Ventilação....................................................................................51

ANEXO 02.......................................................................................................81

8.2.3. Principais acessos........................................................................51 8.2.4. Declividade..................................................................................52 8.2.5. Legislação....................................................................................53 8.3. Propostas projetuais..................................................................................54 8.3.1. Programa de necessidades e pré-dimensionamento......................54 8.3.2. Fluxograma..................................................................................55 8.3.3. Proposta do Circuito Cultural.......................................................56 8.3.4. Proposta do entorno....................................................................56 8.3.5. Conceitos.....................................................................................57 8.3.6. Partido..........................................................................................58

08 / 81

Lista de imagens, gráficos, mapas e tabelas.

Imagem 01: exemplos de implantação. Fonte: LEMOS, Carlos. Cozinhas, etc. São Paulo: Editora Perspectiva, 1978. 223 p.

19 .

Imagem 02: exemplos de edificações dos três períodos. Fonte: SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (.org). Ouro café açúcar sal: projeto inventário de bens culturais. Rio de Janeiro: SEBRAE – RJ Editora, 2004. 114 p.

20

Imagem 03: estudo de volumetria de sobrados e casas térreas. Fonte: VASCONCELLOS, Sylvio de.

Arquitetura dois estudos. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1983. 61 p.

20 .

Imagem 04: estudo de um paiol. Fonte: BARROS, Júlio César Victoria; BARROS, Alzira; MARDEN, Sanzio.

Restauração do patrimônio histórico: uma proposta para a formação de agentes difusores. São Paulo: Editora SENAI – SP, 2013. 171 p. Adaptado pelo autor.

21 . .

Imagem 05: implantação com destaque do terreiro de café. Fonte: BENINCASA, Vladimir. Fazendas paulistas: arquitetura rural no ciclo do café. 2007. 264 p. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007.

Imagem 27: Hospital Padre Júlio Maria. Fonte: acervo do autor.

29

Imagem 28: Caixa d’água da estação. Fonte: acervo do autor.

29

Imagem 29: Garagem de Vagões. Fonte: acervo do autor.

29

Imagem 30: Vista parcial Córrego Pirapetinga. Fonte: acervo do autor. Editado pelo autor.

30

Imagem 31: Fazenda na década de 30. Fonte: CATHERINGER, Honoraldino.

31

Imagem 32: Fazenda em 1979. Fonte: ZANUTI, Sandra R. Sanglard.

31

Imagem 33: Telhas de amianto servindo como forro. Fonte: acervo do autor.

32

22 . .

Imagem 34: Área do telhado que cedeu. Fonte: acervo do autor.

32

Imagem 35: Implantação. Fonte: elaborado pelo autor.

33

Imagem 06: vista da Matriz e do Seminário em 1997 e 2017. Fonte: acervo do autor.

25

Imagem 36: terreiro da frente. Fonte: acervo do autor.

33

Imagem 07: vista da Praça da Estação em 1997 e 2017. Fonte: acervo do autor.

25

Imagem 37: terreiro lateral. Fonte: acervo do autor.

33

Imagem 08: Manhumirim no início do século XX. Fonte: Manhumirim - Fotos Antigas. Disponível em: <https://www.facebook.com/Manhumirim-Fotos-Antigas-1609880769300380/>.

26 ,

Imagem 38: fachada frontal. Fonte: acervo do autor.

33

Imagem 09: Praça Getúlio Vargas no início do século XX. Fonte: Manhumirim - Fotos Antigas. Disponível em: <https://www.facebook.com/Manhumirim-Fotos-Antigas-1609880769300380/>.

26 ,

Imagem 39: fachada sul. Fonte: acervo do autor.

34

Imagem 40: fachada norte: acervo do autor.

34

Imagem 10: Vista parcial da cidade em 1935/36. Fonte: Manhumirim - Fotos Antigas. Disponível em: <https://www.facebook.com/Manhumirim-Fotos-Antigas-1609880769300380/>.

27 .

Imagem 41: plantas do casarão. Fonte: elaborado pelo autor.

34

Imagem 11: Vista parcial da cidade na década de 60. Fonte: Manhumirim - Fotos Antigas. Disponível em: <https://www.facebook.com/Manhumirim-Fotos-Antigas-1609880769300380/>.

27 .

Imagem 42: armazém dos fundos. Fonte: acervo do autor.

35

Imagem 43: planta armazém. Fonte: elaborado pelo autor.

35

Imagem 12: Estação ferroviária na década de 70. Fonte: Manhumirim - Fotos Antigas. Disponível em: <https://www.facebook.com/Manhumirim-Fotos-Antigas-1609880769300380/>.

27 .

Imagem 44: plantas do curral. Fonte: elaborado pelo autor.

35

Imagem 13: Vista de Manhumirim na década de 2010. Fonte: Cidade Brasil. Disponível em: <http://www.cidade-brasil.com.br/municipio-manhumirim.html>.

27 .

Imagem 45: parte do curral. Fonte: acervo do autor.

35

Imagem 46: paiol em 1997. Fonte: acervo do autor.

35

Imagem 14: Banner de um encontro de cafeicultores em Manhumirim. Fonte: acervo do autor.

27

Imagem 47: engenho em 1997. Fonte: acervo do autor.

35

Imagem 15: Dia da cidade em 2017: Fonte: SANGLARD, Aguida.

27

Imagem 48: coroamento danificado. Fonte: acervo do autor.

36

Imagem 16: Fazenda Boa Vista. Fonte: acervo do autor.

28

Imagem 49: telhado faltante. Fonte: acervo do autor.

36

Imagem 17: Fazenda do Ouro. Fonte: acervo do autor.

28

Imagem 50: encontro entre parte histórica e anexo. Fonte: acervo do autor.

36

Imagem 18: Fazenda Fortunato. Fonte: acervo do autor.

28

Imagem 51-52: fachadas da fazenda. Fonte: elaborado pelo autor.

37

Imagem 19: Fazenda do Quartel. Fonte: acervo do autor.

28

Imagem 53-59: detalhes de alguns danos. Fonte: acervo do autor.

37

Imagem 20: Vista Parque Municipal Sagui da Serra. Fonte: acervo do autor.

28

Imagem 21: Balneário do Rio Claro. Fonte: acervo do autor.

28

Imagem 60-66: Fonte: ARCHDAILY BRASIL. Museu histórico e cultural de Jundiaí: Solar do Barão – AUM 40/41 .

Arquitetos. 2012. Disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/01-83128/museu-historico .

-e-cultural-de-jundiai-nil-solar-do-barao-slash-aum-arquitetos>. Adaptado pelo autor.

Imagem 22: Armazéns da IBC. Fonte: acervo do autor.

29

Imagem 23: Colégio Santa Terezinha. Fonte: acervo do autor.

29

Imagem 24: Igreja Matriz do Bom Jesus. Fonte: acervo do autor.

29

Imagem 25: Seminário Apostólico. Fonte: acervo do autor.

29

Imagem 26: Antiga usina hidrelétrica do Padre Júlio Maria. Fonte: acervo do autor.

29

. .

Imagem 67-70: Fonte: INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL. Menção honrosa – Requalificação da Disponível em: < Fazenda Registro Velho. http://iab-mg.blogspot.com.br/2015/12/xvii-premiacao-de-arquitetura-iab-mg_61.html>. Adaptado pelo autor.

09 / 81

42

10 / 81 Imagem 71-78: Fonte: BRASIL ARQUITETURA. Centro de interpretação do Pampa. Disponível em: < http://brasilarquitetura.com/projetos/centro-de-interpretacao-do-pampa>. Adaptado pelo autor.

43/44 .

Imagem 79-84: Fonte: ARCHDAILY BRASIL. Museu de Congonhas: Gustavo Penna Arquiteto e Associados.

2015. Disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/778956/museu-de-congonhas-gustavo -penna-arquiteto-e-associados>. Adaptado pelo autor.

45/46 . .

Gráfico 03: crescimento do consumo de café solúvel. Fonte: SOUZA, Antônio Sérgio. Café solúvel brasileiro e o aquecimento do mercado de robusta.

Disponível em: < http://revistacafeicultura.com.br/?mat=48512>.

18 . .

Gráfico 04: aumento do consumo per-capita. Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ.

Indicadores da indústria do café.

Disponível em: < http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=61#1910>.

18 . .

Gráfico 05: comparação do PIB entre município, estado e união. Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil em síntese: Manhumirim.

Disponível em: < http://www.cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/mg/manhumirim/panorama>.

24 . .

Gráfico 06: pirâmides etárias de 2000 e 2010, respectivamente. Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil em síntese: Manhumirim.

Disponível em: < http://www.cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/mg/manhumirim/panorama>.

24 , ,

Mapa 01: A expansão cafeicultora <http://www.multirio.rj.gov.br>.

Fonte:

17 .

Mapa 02: Produção de café no Brasil. Fonte: COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Disponível em: < Indicadores da agropecuária. http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_05_15_11_11_25_2.pdf>.

17 . .

24 .

Imagem 85: área externa. Fonte: acervo do autor.

47

Imagem 86: fachada 2017. Fonte: acervo do autor.

47

Imagem 87: sala de exposição. Fonte: acervo do autor.

47

Imagem 88: réplica dos profetas. Fonte: acervo do autor.

47

Imagem 89: perfil topográfico. Fonte: acervo do autor.

49

Imagem 90: implantação com carta solar. Fonte: elaborado pelo autor.

50

Imagem 91: mapa de sombras período da tade. Fonte: elaborado pelo autor.

50

Imagem 92: carta solar. Fonte: LABEEE-SC.

50

Imagem 93: análise de ventilação. Fonte: elaborado pelo autor.

51

Imagem 94: carta de ventos. Fonte: LABEEE-SC.

51

Mapa 03: localização de Manhumirim na <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1607104>.

Imagem 95: acessos ao terreno. Fonte: elaborado pelo autor.

51

Mapa 04: imagem de satélite do município. Fonte: Google Maps. Adaptado pelo autor.

25

Imagem 96: perfis do terreno. Fonte: elaborado pelo autor.

52

Imagem 97: declividade do terreno em planta: Fonte: elaborado pelo autor.

52

Mapa 05: Caminho da Rota Imperial. Fonte: RALPH, Silveira. Levantamento do trajeto da Estrada Imperial São Pedro de Alcântara em Manhumirim.

Disponível em: <http://ongforcaverde.blogspot.com.br/p/arqueologia-botocudos.html>.

26 . .

Imagem 98: fluxograma. Fonte: elaborado pelo autor.

55

Mapa 06: Localização do acervo patrimonial manhumiriense. Fonte: elaborado pelo autor.

28

Imagem 99: perímetro de proteção. Fonte: elaborado pelo autor.

56

Mapa 07: Expansão do Córrego Pirapetinga nos últimos 20 anos. Fonte: elaborado pelo autor.

30

Imagem 100: evolução do partido. Fonte: elaborado pelo autor.

58

Mapa 08: Divisão das terras da Fazenda. Fonte: elaborado pelo autor.

38

Imagem 101: esquema do conjunto setorizado. Fonte: acervo do autor. Adaptado pelo autor.

58

Mapa 09: Proporção entre café, pastagens e florestas. Fonte: elaborado pelo autor.

48

Imagem 102: setorização pré-implantação. Fonte: elaborado pelo autor.

59

Mapa 10: vias de acesso marcadas. Fonte: elaborado pelo autor.

48

Imagem 103: partido do anexo. Fonte: elaborado pelo autor.

59

Mapa 11: mapa hipsométrico Córrego Pirapetinga. Fonte: elaborado pelo autor.

49

Imagem 104: Implantação. Fonte: elaborado pelo autor.

60

Mapa 12: uso e ocupação do solo com gabarito: Fonte: elaborado pelo autor.

49

Imagem 105: Planta de cobertura. Fonte: elaborado pelo autor.

61

Mapa 13: área de afastamento do rio. Fonte: elaborado pelo autor.

53

Imagem 106: Planta primeiro pavimento. Fonte: elaborado pelo autor.

61

Imagem 107: Planta segundo pavimento: Fonte: elaborado pelo autor.

62

Tabela 01: Principais cartas e resumo. Fonte: SANTANA, Marcela Maciel. As bordas da cidade colonial: um estudo da paisagem tombada de Ouro Preto – MG. 2012. 112 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2012.

Adaptado pelo autor.

15 . . .

Imagem 108-112: Cortes. Fonte: elaborado pelo autor.

63

Tabela 02: Interseção das formas de intervenção no patrimônio com os níveis de harmonização. Fonte: elaborado pelo autor.

16 .

Imagem 113-121: perspectivas renderizadas. Fonte: elaborado pelo autor.

64-68

pelo

Sudeste

do

país

a

partir

Zona

de

da

1840.

Mata:

Fonte:

Gráfico 01: evolução da safra brasileira de café. Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ.

Indicadores da indústria do café.

Disponível em: < http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=61#1910>.

18 . .

Tabela 03: lista de entrevistados. Fonte: elaborado pelo autor.

31

Tabela 04: quadro síntese de intervenções. Fonte: elaborado pelo autor.

38

Gráfico 02: evolução do consumo interno de café. Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ.

Indicadores da indústria do café.

Disponível em: < http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=61#1910>.

18

Tabela 05: programa de necessidades e pré-dimensionamento: Fonte: elaborado pelo autor.

54

Tabela 06: quadro síntese de áreas. Fonte: elaborado pelo autor.

54

Tabela 07: cronograma de atividades. Fonte: elaborado pelo autor.

69

INTRODUÇÃO

1. Introdução

A preservação do patrimônio cultural é uma forma principalmente de manter as histórias

Ao requalificar a Fazenda Elídio Sanglard, hoje uma fazenda utilizada pelos proprietários

e memórias de determinado grupo social, população ou sociedade. Segundo a Carta de Atenas

apenas em épocas festivas e em um estado de conservação ruim, devido ao alto custo de uma

(1933), o patrimônio arquitetônico é uma forma de materializar a cultura de um tempo dentro da

requalificação, em um Memorial do Café, que seria um espaço dedicado a atrações culturais como

sua permanente dinâmica:

exposições fixas e temporárias, ligada a temática do Café, além de espaços para atividades práticas

A vida de uma cidade é um acontecimento contínuo, que se manifesta ao longo dos séculos por obras materiais, traçados ou construções que lhe conferem sua personalidade própria e dos quais emana pouco a pouco a sua alma. São testemunhos preciosos do passado que serão respeitados, a princípio por seu valor histórico ou sentimental, depois porque alguns trazem uma virtude plástica na qual se incorporou o mais alto grau de intensidade do gênio humano. Eles fazem parte do patrimônio humano, e aqueles que os detêm ou são encarregados de sua proteção, têm a responsabilidade e a obrigação de fazer tudo o que é lícito para transmitir intacta para os séculos futuros essa nobre herança. (CARTA DE ATENAS, 1933, p. 25)

e dedicadas ao turismo e a população local, tornando-se assim o protagonista e o início da criação de um circuito cultural em Manhumirim, além do benefício de preservá-la para as futuras gerações.

Com isso, o objetivo deste trabalho é obter subsídios metodológicos, teóricos, técnicos, conceituais, funcionais e programáticos para o desenvolvimento de um projeto arquitetônico de requalificação da Fazenda Elídio Sanglard, transformando-a em um Memorial do Café.

Este trabalho coube ainda entender as formas de conservação de uma edificação e identificar

Manhumirim, embora município de pequeno porte, é possuidor de um acervo

a que mais se adequa ao caso da Fazenda Elídio Sanglard; identificar no munícipio os possíveis

arquitetônico relevante, com várias fazendas coloniais do século XIX, além de residências

componentes do circuito cultural a ser criado; conhecer as tipologias de Fazendas cafeeiras de

urbanas do início do século XX, caracterizando por um acervo eclético, destacando-se então o

Minas Gerais; identificar qual o papel e a importância da preservação e requalificação da Fazenda

Seminário Apostólico Sacramentino, imponente construção neoclássica, utilizada para formação

Elídio Sanglard para a família proprietária, a população do entorno e a cidade de Manhumirim/MG.

de padres; a Igreja Matriz do Bom Jesus de Manhumirim, a primeira da América Latina construída exclusivamente em concreto armado e seguindo um estilo eclético.

Porém, embora possua tantos atributos notáveis, percebe-se que sua população mantém-se

A primeira etapa deste trabalho consistiu em realizar pesquisa bibliográfica direcionado aos temas de patrimônio cultural, memória, história oral e intervenções arquitetônicas em edificações patrimoniais para embasamento dos princípios e diretrizes de intervenção.

distante de tal realidade, sem conhecer o que a cidade pode lhes oferecer, buscando opções de

Na segunda parte, foram realizados levantamentos in loco dos aspectos físicos, históricos e

lazer e cultura nas cidades vizinhas como Manhuaçu ou nas grandes cidades, como Belo

culturais de Manhumirim e realizado levantamento arquitetônico, fotográfico e inventário da

Horizonte, a 310 km de distância e Vitória, a 250 km.

Fazenda Elídio Sanglard.

Segundo Pollak (1989), para “manter a coesão dos grupos e das instituições que compõe

Na terceira parte, começa-se a analisar estudos de caso de projetos com coincidências e

uma sociedade”, são necessário objetos formadores de memória coletiva. Nas cidades, são

divergências a fim de pensar em soluções para o problema encontrado na Fazenda Elídio Sanglard,

principalmente as edificações, através do processo de simbolização.

além de analisar todos os condicionantes do terreno e entorno, já pensando em questões como a

Um destes formadores de memória é a Fazenda Elídio Sanglard, uma fazenda tão importante não só para uma das principais famílias da cidade, mas também para os habitantes,

definição de um Memorial do Café, seu programa de necessidades, pré-dimensionamento, conceito e partido.

com ligação a diferentes momentos da história de Manhumirim e uma vez que passe por uma

Por fim, utilizar de todas as informações disponíveis para começar uma proposta a nível de

requalificação, podendo vir a se tornar um elo entre patrimônio arquitetônico, imaterial e

estudo preliminar, sendo que seu detalhamento posterior será realizado na disciplina ARQ 399 -

cultural da cidade. Tal ligação pode marcar o início de uma autoestima de uma população que

Trabalho de Conclusão de Curso II, para que se chegue a um nível de anteprojeto.

não encontra facilidades em compreender sua história e memória.

12 / 81

REFERENCIAL TEÃ&#x201C;RICO

2. Patrimônio Cultural 2.1. O Conceito de Patrimônio Cultural O conceito de patrimônio cultural está diretamente atrelado ao conceito de cultura, que para ABBAGNANO (2007, p. 228), possui dois significados, sendo o segundo O conjunto de modos de vida criados, adquiridos e transmitidos de uma geração para outra, entre os membros de determinada sociedade. [...] é a formação coletiva e anônima de um grupo social nas instituições que o definem.

Assim, o patrimônio compreende todos os elementos que fazem parte da cultura de uma sociedade, relacionados à sua totalidade, designando um caminho percorrido por esta civilização até chegar em sua condição, sendo este, um reciclador e dinamizador de memórias.

2.2. Memória, monumento e monumento histórico Também, a partir daí, explora-se o conceito de civilização, sendo esta o destino inevitável da cultura. Nela atinge o ápice a partir do qual podem ser resolvidos os problemas últimos e mais difíceis

A importância do patrimônio dá-se exatamente pelo seu modo de atuação na memória.

da morfologia histórica. As civilizações são os estados extremos e mais refinados aos quais pode chegar

Para Jacques Le Goff (1990), é a memória quem dá fundamento a existência das etnias ou

uma espécie humana superior.

Logo, é entendido como patrimônio cultural, Os monumentos: obras arquitetônicas, de escultura ou de pintura monumentais, elementos ou estruturas de natureza arqueológica, inscrições, cavernas e grupos de elementos que tenham um valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; Os conjuntos: grupos de construções isoladas ou reunidas que, em virtude de sua arquitetura, unidade ou integração na paisagem, tenham um valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência.

Os lugares notáveis: obras do homem ou obras conjugadas do homem e da natureza, bem como as zonas, inclusive lugares arqueológicos, que tenham valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico.

(RECOMENDAÇÃO DE PARIS, 1972, p. 2)

famílias, sendo esta, a principal fonte de compreensão dos fatos ocorridos que dão sentido a identidade dos lugares e a dinâmica de suas existências.

Dentro do conceito de memória, segundo Halbwachs, a mesma pode ser dividida entre memória individual e coletiva, existindo uma interação entre elas, já que o fato de termos vivido com um grupo, permite que se evoque um evento a partir de suas lembranças, isto porque “nossas lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que trate de eventos que somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente nós vimos (Halbwachs, 2006, p. 30).”

Com isso, são necessários locais para conectar essas memórias, surgindo assim, o conceito de monumento, que segundo Choay (2006, p.12) é um interpelador de memórias, não apresentando para si uma informação neutra, mas sendo a própria memória viva, sendo criado para tal finalidade.

Segundo a Carta de Veneza (1964), Artigo 1º - A noção de monumento histórico compreende a criação arquitetônica isolada, bem como o sítio urbano ou rural que dá testemunho de uma civilização particular, de um evolução significativa ou de um acontecimento histórico. Estende-se não só às grandes criações, mas também às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, uma significação cultural. (CARTA DE VENEZA, 1964, p. 1-2)

Segundo Choay (2006, p. 11), patrimônio histórico designa Um bem destinado ao usufruto de uma comunidade que se ampliou as dimensões planetárias, constituído pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que se congregam por seu passado comum: obras e obras-primas de belas-artes e das artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes e savoir-faire dos seres humanos.

A autora então, também, contrapõe-se com o conceito de monumento histórico, que, ao Embora válida a definição de Choay, percebe-se que a mesma não incluiu os bens de natureza

contrário de monumento, é um termo criado a partir da revolução industrial, enquanto o outro refere-se

imaterial1, que são aquisição recente ao tema, sendo patrimônio cultural um termo mais amplo que

à qualquer época e não criado com tal finalidade, constituído a posteriori pelos olhares convergentes

patrimônio histórico.

do historiador e do amante da arte, sendo selecionado em uma massa de edifícios existentes.

Patrimônio cultural” é expressão mais adequada e mais abrangente do que “patrimônio histórico e artístico”. Menos adequado, embora não menos abrangente, é falar-se em “patrimônio histórico, artístico ou cultural”, porque “cultural” já inclui o “histórico” e o “artístico”. (SILVA, 2001, p. 100)

com o advento das cartas, recomendações e normas, o conceito de Patrimônio foi sendo revisto e ampliado, fatos estes que aconteceram após a autora escrever sua obra, que é um clássico de suma importância para o estudo do patrimônio cultural.

1

14 / 81

2.3. A trajetória da ideia de preservação no Brasil Bens de interesse de uma sociedade e com uma carga histórica relacionada a tempos passados, que remetem uma cultura de uma população, começam a ser preservadas a partir do século XIX, com duas doutrinas, a de Viollet Le-Duc, intervencionista e que acreditava que o patrimônio poderia ser restaurado à sua forma original, retirando qualquer marca do tempo ou intervenções, e a de Ruskin, que considerava que o monumento histórico deveria permanecer com suas marcas, já que fazem parte de sua essência.

Na tabela a seguir, tem-se um resumo das principais cartas utilizadas para nortear esse trabalho: Ano

Carta

Conceitos importantes

1933

Carta de Atenas

Define patrimônio

1962

Recomendação de Paris

“Áreas de conservação”

1964

Carta de Veneza

Sítios urbanos ou rurais, obras modestas com significado cultural

1967

Normas de Quito

Conservação e utilização dos monumentos e lugares de interesse histórico e artístico; ideia de espaço circundante inseparável do monumento

1968

Recomendação de Paris II

Relação entre monumentos, sítios, bairros históricos e seu entorno – passando a ser parte do bem

1971

Compromisso de Salvador

Ameaça ambiência dos bens tombados pelo crescimento urbano

1972

Recomendação de Paris III

Áreas protegidas associadas a questões de qualidade de vida e desenvolvimento humano, define patrimônio cultural

1975

Manifesto de Amsterdã

Possibilidade de crescimento das cidades e integração de novas construções ao conjunto

1976

Recomendação de Nairóbi

Define ambiência.

1980

Carta de Burra

Obras de reconstrução ou adaptação para necessidades práticas do monumento; define conservação

1995

Carta de Brasília

Define patrimônio rural; define entorno de conservação

No Brasil, a primeira vez que a questão do patrimônio na Constituição de 1934, quando institucionaliza a tutela jurídica do patrimônio histórico, artístico e paisagístico nacional, atrelada à expansão das ideias modernistas, com a Carta de Atenas de 1933.

Em 1937, com a Lei no 378, cria-se a autarquia federal responsável pela preservação, divulgação e fiscalização do patrimônio cultural, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e, com o Decreto-lei no 25, organiza-se a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, instituindo o tombamento como principal instrumento jurídico de atuação do poder público.

Durante esse tempo, várias cartas, normas e recomendações também são apresentadas vão discutindo e acrescentando responsabilidades e modos de se cuidar do patrimônio.

Com a Constituição Brasileira de 1988, atualizou-se o conceito de patrimônio cultural, Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Também, nessa Constituição, o inventário de bens patrimoniais surge como uma medida além do tombamento, em que se registra o bem mas não tem caráter legal protetivo, abrindo caminho para novas formas de intervenções no patrimônio.

Tabela 01: Principais cartas e resumo. Fonte: SANTANA, Marcela. Adaptado pelo autor.

15 / 81

3. Métodos de conservação e intervenção no patrimônio A arquitetura é uma das formas de se materializar a cultura

A Carta de Veneza, no seu artigo 9, deixa explicito que essa

humana, segundo Choay (2006, p.12), as edificações são as formas

medida é em caráter excepcional, tendo por objetivo conservar e

e dificuldades de se produzir réplicas torna-se o fenômeno raro,

do patrimônio histórico que mais se relacionam com a vida de

revelar seus valores estéticos e históricos e fundamenta-se no

sendo mais aplicada em bens móveis.

todos. Logo, desde o início dos conceitos de preservação, a

respeito aos materiais originais e documentos autênticos.

•

arquitetura é vista como uma das principais temáticas dentro do patrimônio cultural.

A principal carta que traz conceitos importantes para os métodos de intervenção e conservação é a Carta de Burra (1980).

A mesma traz os conceitos de conservação, preservação, restauração, reconstrução e adaptação.

Segundo Castelnou (1992, p. 267), “a harmonização entre •

ou até mesmo a escala urbana. Estes foram explanados na Carta de Brasília (1995). [...] é imprescindível o equilíbrio entre o edifício e seu entorno, tanto na paisagem urbana quanto na rural. Sua ruptura seria um atentado contra a autenticidade. Para isso é necessário criar normas especiais que assegurem a manutenção do entorno primitivo, quando se possível, ou que gerem relações harmônicas de massa, textura e cor. (CARTA DE BRASÍLIA, 1995, p.

3-4)

Para Feilden (2003), pode-se classificar os tipos de intervenção ao patrimônio nos seguintes tipos:

•

Restauração: caracteriza-se por representar a intervenção

que devolve a unidade potencial da obra, que preenche as lacunas, que recompõe a imagem.

porém, mantendo as linhas temporais, apenas estabilizando-as de forma a não se agravarem.

substituir um material em caso de necessidade técnica para restabelecimento da unidade, mas sem cometer qualquer imitação ou falsificação do original.

o antigo e o novo pode passar por vários níveis”, sendo estes:

•

Radical: quando os novos elementos intencionalmente

contrastam com o existente, seja em suas características materiais como funcionais.

Caso haja problemas estruturais que possam afetar o uso da

•

Equilibrado: quando procura-se associar os acréscimos ou

edificação, novos materiais devem ser aplicados, porém, sem

modificações ao que já existe mas sem promover “falsificação” da

imitar os originais.

obra.

•

•

Reconstituição/reprodução: consiste em reproduzir partes,

Sutil: quando há um respeito completo tão grande que fica

difícil identificar o que é acréscimo e o que é original.

principalmente ornamentos, utilizando novos materiais de forma a realizar uma cópia fiel do original. É um método mais aplicado nas artes plásticas, principalmente em copiar obras para levar as originais a um local seguro.

•

Adaptação a novo uso (retrofit/requalificação/reabilitação):

considerada a melhor maneira de manter a edificação em uso, consiste em dar um novo uso ao conjunto, podendo realizar

Ao interseccionar os níveis de harmonização de Castelnou com os tipos de intervenção de Feilden, temos a seguinte tabela:

Radical

Equilibrado

Sutil

Adaptação a novo uso

Conservação/consolidação

Restauração

Adaptação a novo uso

Reconstituição/reprodução

acréscimos e mudanças que fogem da restauração, mas tomando

Reconstrução

cuidado para averiguar se o edifício suporta esse novo uso pois se

Réplica

o mesmo não harmonizar com isso, a degradação poderá ser ! acentuada.

•

Segundo Trevisan (2003), numa restauração só se deve

Conservação/consolidação: caracteriza-se pela intervenção

na matéria dos edifícios para lhes garantir integridade física,

Porém, esta carta considerava apenas conceitos ligados à obras individuais, não trazendo questões relacionadas ao entorno

Réplica: cópia exata da original ainda existente. Os custos

Reconstrução: é a recriação de um edifício destruído em

seu local original. É um critério bem questionável, sendo sua opção justificável apenas em casos dessa edificação desempenhar um papel histórico muito importante no local ou conjunto inserido. Uma alternativa é a utilização de uma reconstrução com releitura, em que a partir de ideias abstratas da edificação original, cria-se uma nova.

Tabela 02: Interseção das formas de intervenção no patrimônio com os níveis de harmonização. Fonte: elaborado pelo autor.

Com as informações acima, a Fazenda Elídio Sanglard irá passar por um projeto de adaptação a novo uso, modificando seu uso residencial para um uso institucional e que agregue valor à comunidade, integrado a um projeto de conservação, em que a edificação principal será a protagonista do projeto, estabilizando seus problemas estruturais, de forma a manter sua integridade.

16 / 81

4. Considerações sobre o café no Brasil 4.1. A história do café A produção cafeeira no Brasil é considerado o terceiro grande ciclo de nossa economia, sendo o primeiro o ciclo da cana-de-açúcar e o segundo, o ouro e metais preciosos.

O grão é originário do centro da África, onde manuscritos que datam do século V já indicam a sua produção e consumo. Porém, apenas no século XVII que ocorreu a sua difusão na Europa.

Os europeus buscavam um modo de cultivar a planta, porém, seu clima não era propício, então a solução encontrada era levar o café para as colônias, que possuíam climas mais tropicais.

Em 1727, o grão chega ao Brasil, entrando pelo norte do país.

A planta entrou no Brasil pela cidade de Belém do Pará. Devido às condições favoráveis climáticas do Brasil para o cultivo da planta, o cultivo se dispersou rapidamente pelos Estados do Pará, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais. A produção do café no Brasil se firmou com os proprietários das grandes fazendas aproveitando-se dos escravos, fazendo que seus lucros fossem altos gerando uma grande fortuna. Devido à plantação do café a economia do Brasil deu um salto enorme, proporcionando vários investimentos em infraestrutura para o país como a estrada de ferro para o porto de Santos.

(RODRIGUES, Helena et al, 2015, p. 6)

4.2. A importância econômica do café Este sub-capítulo tem suas informações baseadas em informações retiradas da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) e da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

O Brasil possui 7 estados com grande produção do grão, produzindo dois tipos diferentes do grão: o grão arábico, com sabor mais adocicado e o grão robusta conilon, com sabor mais intenso.

Minas Gerais representa a produção de quase 300 mil toneladas por ano de café, seguido pelo Espírito Santo, com a metade deste valor.

Também, somente nesses dois estados, mais especificamente no Leste mineiro é que se concentra a produção das duas variedades de café simultaneamente, conforme gráfico a seguir:

O café, desde então, mantém-se firme como um dos principais produtos da matrizes agrícolas do país, enfrentando crises como a de 1929, em que o seu excedente precisou ser queimado para regulação de preços.

O grão se expandiu para Minas Gerais a partir de 1807, na região principalmente da Zona da Mata Mineira, onde encontrou um clima mais ameno e uma altitude mais elevada (da Serra do Caparaó), onde começou a produção do café de altitude, um produto com mais qualidade que café tradicional.

A planta foi responsável por salvar a economia mineira, já que ao adentrar Minas Gerais, o ciclo do ouro encontrava-se em decadência. O produto alavancou a economia novamente e a Zona da Mata tornou-se a região mais rica do estado até o início do século XX. O Brasil é o maior produtor cafeeiro do mundo, sendo que nas regiões Sul e Leste de Minas Gerais encontram a maior produção do país (ABIC, 2010).

Mapa 02: Produção de café no Brasil. Fonte: CONAB

17 / 81 Mapa 01: A expansão cafeicultora pelo Sudeste do país a partir de 1840. Fonte: multirio.rj.gov.br.

Segundo Trevisan (2003), numa restauração só se deve substituir um material em caso de necessidade técnica para restabelecimento da unidade, imitação e que impacta diretamente à microrregião de Manhuaçu é que o Embora o país esteja passando por recessão financeira a partir de 2008, com mas sem cometer Outro qualquer dado importante ounão falsificação do original. agravamento a partir de 2015, a produção nacional e o consumo interno diminuíram, segundo

consumo de café solúvel aumenta em uma taxa de aproximadamente 2,8% ao ano, aumentando então

dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), depois de 3 anos de A queda 2016 a produção doexplicito café robusta já que ele é o principal grão utilizado na produção do café solúvel.

Cartana desafra, Veneza, no seu artigo 9, deixa que essa foi um ano muito bom para a produção do grão, com 60 milhões de sacas de 60 kg caráter produzidas, a medida é em excepcional, tendo por objetivo conservar e segunda maior produção desde 2001, ficando somente abaixo de 2012. revelar seus valores estéticos e históricos e fundamenta-se no respeito aos materiais originais e documentos autênticos.

•

Conservação/consolidação: caracteriza-se pela intervenção

na matéria dos edifícios para lhes garantir integridade física, porém, mantendo as linhas temporais, apenas estabilizando-as de forma a não se agravarem.

Caso haja problemas estruturais que possam afetar o uso da edificação, novos materiais devem ser aplicados, porém, sem imitar os originais.

Gráfico 03: Crescimento do consumo de café solúvel. Fonte: Revista Cafeicultura.

•

Reconstituição/reprodução: consiste em reproduzir Já trabalhando na partes, microescala do indivíduo, um brasileiro costuma consumir 81 litros de café principalmente ornamentos, utilizando novos materiais de forma Gráfico 01: Evolução da safra brasileira de café. Fonte: ABIC. por ano, correspondendo a 4,9a kg per capita, também, é o alimento mais presente nos domicílios do realizar uma cópia fiel do original. país, É umcom método mais aplicado nas das residências. infiltração em 98,7% Quando se olha o consumo interno, percebe-se que há um aumento do mesmo no artes plásticas, principalmente em copiar obras para levar as país, embora 60% do café brasileiro ainda seja para exportação, em que o preço da saca, em 2015, originais a um local seguro. estava variando a aproximadamente 500 reais, o que gera um capital bruto para o país de quase 3 • Adaptação a novo uso (retrofit/requalificação/reabilitação): bilhões de reais. considerada a melhor maneira de manter a edificação em uso, consiste em dar um novo uso ao conjunto, podendo realizar acréscimos e mudanças que fogem da restauração, mas tomando cuidado para averiguar se o edifício suporta esse novo uso pois se o mesmo não harmonizar com isso, a degradação poderá ser acentuada.

•

Reconstrução: é a recriação de um edifício destruído em

seu local original. É um critério bem questionável, sendo sua

Gráfico 04: Aumento do consumo per-capita. Fonte: ABIC.

opção justificável apenas em casos dessa edificação desempenhar um papel histórico muito importante no local ou conjunto inserido. Uma alternativa é a utilização de uma reconstrução com

releitura, em que a partir de ideias abstratas da edificação original, cria-se uma nova.

Gráfico 02: Evolução do consumo interno de café. Fonte: ABIC.

18 / 81

4.3. O café enquanto arquitetura: as fazendas cafeeiras

4.3.1. Implantação

Ao se tratar de arquitetura rural e espaço não-urbano, o patrimônio rural é um dos tópicos de

Segundo BENINCASA (2007, p. 44), a forma de implantação mais encontrada é a do casarão

destaque nesse tema, visto que, a tradição de se preservar nesse meio é típica e não passa

locado à frente ou ao lado dos terreiros, num mesmo nível ou acima das demais edificações.

necessariamente por conceitos. Define-se como patrimônio rural:

Ressalta-se que a localização das edificações que compunham esse entorno é de caráter funcional,

O patrimônio cultural rural: elementos arquitetônicos e agro-ecológicos componentes do fabuloso patrimônio cultural existente no meio rural, tais como antigos casarões e senzalas, colônias e casas de trabalhadores dispersas construídas com técnicas tradicionais da arquitetura rural ou com materiais e técnicas alternativas de construção, toda a arquitetura vernacular que possa estar presente no espaço rural, antigas capelas rurais, antigos engenhos e casas de máquinas, o próprio maquinário desativado, antigos equipamentos de produção de energia (monjolo, rodas d'água, etc.), estruturas desativadas (como pontes, diques e barragens), o espaço físico destinado às manifestações culturais locais (praças, terreiros, largos, vilarejos, etc.), enfim, todo o ambiente construído que conforma o imenso patrimônio cultural rural; (FERRÃO, 2007, p. 95)

buscando priorizar a rotina de trabalho no conjunto.

Também buscava-se instalar esse núcleo de trabalho próximo a um manancial de água, já que esta era a força motriz utilizada para mover a maquinaria de produção.

As plantações, terreiros, construções de apoio e manancial de água, eram dispostos de forma equidistante ao casarão, já que através dele conseguia-se ter uma noção e visão de todo o processo: Nesses casos, a simetria, as visuais e o foco estão muito bem dirigidos e equilibrados, efeito conseguido com uma harmônica distribuição de volumes pelo terreno, seja ele plano ou patamarizado, indicando uma organização espacial hierárquica rígida e intencional. (BENINCASA, 2007, p. 49)

Mesmo com esse reconhecimento enquanto patrimônio, os conjuntos de fazenda, por um

Os terrenos em aclive também eram considerado mais adequados, para que a água pudesse

período grande de tempo, foram, segundo Barros et al. (2013, p. 69), banalizados. Com isso, grande

chegar por gravidade a todos os locais, também evitando problemas com a chuva, possuindo sistemas

parte desses conjuntos foi perdida, sobrando na maioria dos casos somente a edificação principal, ou

de escoamento paralelos às estradas que cortavam a propriedade.

casarão:

Já as edificações eram preferencialmente assentadas em construções de plataforma de cortes e Mas logo sobrevém certa desolação ao verificar estarem elas isoladas na paisagem, desprovidas do vasto conjunto de instalações que as compunha. Dificilmente o observador será capaz de fazer idéia do movimento e da atividade que assistiram. Uma sucessão contínua de casas formando pátios, com instalações de beneficiamento, engenho, moinho, tulha, oficinas do ferreiro e do carapina, senzala, enfermaria, casa do administrador, rancho, venda, pouso; e gente, muita gente. (CARRILHO, 2006, p. 59)

aterros, para evitar percalços ao fazendeiro.

O conjunto de uma fazenda era composto por várias edificações e espaços, necessários para o funcionamento da produção, que começava na colheita do café, passava pela distribuição nos terreiros até a secagem, retirada da casca, torrefação, moagem e envio por trem para venda.

Devido a seu cárater funcional, não há uma tipologia única dessas fazendas, possuindo variadas formas, materiais de construção, implantação etc, sempre ligada à região de construção, ao terreno, insolação e disposição das edificações. O que será estudado aqui são formas mais comuns e que possuam ligação com o objeto de estudo deste trabalho.

Imagem 01: exemplos de implantação. Fonte: LEMOS, Carlos.

19 / 81

4.3.2. O casarão A edificação rural passa por três fases de estilo

Porém, não é válido generalizar essas soluções,

Quanto a volumetria, comumente simples, com plantas

arquitetônico: a primeira fase retrata as edificações coloniais –

principalmente as de caráter ligado aos diversos métodos

retangulares em fazendas menores e em “L” ou em “U” em

construções mais simples, pequenas e sem adornos -, a segunda

construtivos de vedação: pau a pique, adobe, taipa de pilão, taipa

edificações maiores, com aspecto sóbrio: prismas com grandes

fase, quando o café já estava em um momento de forte ascensão

de mão ou alvenaria de pedra. Já a estrutura viga-pilar utilizada

panos de telhado, que aparece invariavelmente utilizando da telha

no país, percebe-se edificações maiores, com plantas em U ou em

comumente era de madeira:

capa e canal.

Na maioria absoluta das vezes são de pau-a-pique, sobre baldrame de madeira ou pedra, dando à construção um ritmo bem marcado pelos pilares que fazem as vezes de cunhais nas construções mais elaboradas. A madeira, quando aparente, seja nos pilares seja no enquadramento das esquadrias, ou nelas próprias, é pintada de cores fortes contrapostas às paredes, salvo raras exceções brancas. Os telhados com suas grandes tesouras, assentam-se majestosamente sobre as paredes formando acentuados beirais. As platibandas são raríssimas. (SEBRAE (.org), 2004, p. 64)

L e com um caráter já neoclássico. Por fim, no final do período cafeeiro, identifica-se edificações ecléticas.

O madeiramento do telhado, quase sempre superdimensionado, era composto pelas empenas, o tensor, as asnas, as escoras e a cumeeira. Sobre essa estrutura básica eram colocados os caibros e as ripas. Um detalhe muito usado era o galbo do contrafeito, que proporcionava aos telhados um deslocamento curvo do pano do telhado próximo ao beiral, fazendo com que as águas da chuva fossem lançadas o mais longe possível das paredes.

Além desse aspecto técnico, o efeito estético é extremamente agradável. (BENINCASA, 2007, p. 77)

As paredes externas, comumente caiadas em branco com Esta edificação principal possuía um ou dois pavimentos, sendo as assobradadas mais comuns, sendo o segundo pavimento o local de moradia, enquanto que o térreo era utilizado para atividades ligadas à produção e armazenagem do café. Isto ocorria para que o piso não possuísse contato direto com a umidade.

Imagem 02: exemplos de edificações dos três períodos.

Fonte: SEBRAE.

A arquitetura dos casarões de café é oriunda de Minas Gerais, expandindo-se para toda a região do ciclo do café: Trata-se de uma arquitetura singular introduzida pelos colonizadores da região, oriundos de Minas Gerais, que trouxeram a experiência urbana de habitar - “Em diferentes situações topográficas, climáticas e programáticas esses homens deram uma nova interpretação espacial às soluções arquitetônicas mineiras até então praticadas e absorvidas. (SEBRAE [.org], 2004, p. 23)

Imagem 03: estudo de volumetria de sobrados e casas térreas.

Fonte: VASCONCELLOS, Sylvio de. Adaptado pelo autor.

A parte social, onde se recebia os visitantes, era sempre voltada à entrada principal, comumente uma escadaria que terminava em varanda ou alpendre. Os quartos eram voltados ao fundo, por grande corredor, tendo espaços determinados por sexo: os quartos das moças e o quarto dos rapazes. O mobiliário de toda a residência era simples, com muitos espaços vazios, possuindo somente o essencial para atividades como comer, receber visitantes e dormir, já que a maior parte da vida nesses locais era externa.

janelas e portas de cores contrastantes como o verde, o vinho ou o azul, marcando ritmo e simetria: Nas fachadas, é raro encontrar alpendres percorrendo toda a sua extensão. A existência desse tipo de alpendre leva sempre à suposição de um acréscimo posterior à construção da casa. São mais comuns, quando existem, os pequenos alpendres cobrindo apenas a porta principal - ou no máximo a porta e algumas janelas laterais - ao qual se tem acesso por escadas de pedras, com desenhos variados.

Também praticamente não há ornamentos, que se limitam, quando ocorrem, a cimalhas e cunhais um pouco mais elaborados, uma ou outra bandeira de porta ou guilhotina de janela com desenhos decorativos, um medalhão, com a data ou iniciais, sobre a porta principal.

(BENINCASA, 2007, p. 77)

Vale ressaltar que essas características aplicam as edificações coloniais. Com a ascensão do ciclo cafeeiro e as construções neoclássicas e ecléticas, o quadro modificou-se.

20 / 81

4.3.4. O engenho

4.3.3. A tulha e o paiol Eram locais de armazenagem de grãos (arroz, feijão, milho, café e trigo), sendo termos que ambos os termos referem-se a mesma edificação, porém o termo paiol geralmente é aplicado aos locais de armazenamento do café.

Edificação similar aos paióis, podendo ou não estar anexo aos mesmos, porém, sem vedações ou com meia-paredes, sem varandas e com piso de terra batida ou com cimento grosso. É nele que se beneficiava o café para venda, realizando o processo de retirada da casca, a

Os paióis são edificações suspensas sobre colunas de madeira. Era importante evitar o contato com o solo para que o café, já seco, não recebesse a umidade e acidificasse, perdendo suas qualidades e se tornando impróprio para consumo.

torrefação e a moagem, como também os outros grãos para subsistência interna.

Era onde se localizavam os maquinários, podendo ser movidos por força de tração animal ou força da água.

Eram construções grandes, dependendo do tamanho da produção e da propriedade.

É nessa etapa que se garantia a qualidade do café: A eficiência do processo de beneficiamento garantia a qualidade do produto final.

Quanto melhor fossem as instalações e o maquinário, melhores os preços obtidos no mercado. Aliás, em artigos do século XIX, a qualidade do café brasileiro, no que concerne aos frutos e à produtividade, foi sempre muito exaltada. O beneficiamento, no entanto, deixava a desejar, na maioria das fazendas, gerando um produto inferior aos de outras regiões do mundo. Somente depois de muito tempo, ao final do século XIX, os cafés brasileiros começaram a atingir, ao final do beneficiamento, um nível superior.

(BENINCASA, 2007, p. 60)

Tentava-se evitar a umidade de toda forma, tanto que além de seu piso não entrar em contato com o solo, as mesmas eram cobertas com telhas capa e canal, assim como o casarão e além disso, eram avarandadas, para proteger as paredes de taipa ou adobe do contato com a chuva.

Seu telhado, sem forro, comumente era de apenas duas águas, paredes caiadas mas esquadrias sem receber quaisquer tipo de tratamento e muitas vezes apenas gradeadas.

Essas edificações eram de fundamental importância pois permitiam regular a comercialização do produto: vendendo o em época de preços altos e estocando-o nos períodos de baixa. Além do mais, o escoamento da produção seguia o ritmo imposto pelas tropas de burro, que, por mais numerosa, era pouco eficiente e cara.

(BENINCASA, 2007, p. 59)

4.3.5. A senzala A senzala era a edificação em que os escravos dormiam. Calculava-se a média que cada escravo cuidava de 3500 pés de café.

Telhado de barro (telha colonial)

Em conjuntos menores, a senzala podia estar integrada na parte baixa do casarão, ocupando parte do térreo, com chão batido. Para esse caso, chamava-se senzala de dentro.

Muito poucas construções com essa finalidade chegaram ao século XXI devido aos materiais

Empena em tábua corrida

empregados: estrutura da madeira, pau-a-pique e telhas capa e canal.

Estrutura em madeira de lei

A maioria das senzalas preservadas são do século XIX, não sendo as primeiras edificações com essa finalidade.

Em algumas dessas obras, percebe-se também alguns cuidados ligados à saúde do escravo, já

Vedação em pau-a-pique

que um trabalhador doente só iria dar despesas para o senhor: Evitar umidade do solo

Parede caiada de branco

Imagem 04: estudo de um paiol.

Fonte: BARROS, Júlio César Vitória et al. Adaptado pelo autor.

Esse cuidado justifica-se em função dos requisitos de salubridade, argumentando que elas “[...] são de muita utilidade porque o preto, na visita que faz a seu parceiro, não molha os pés se está a chover; quase sempre estão eles ao pé do fogo, saem para o ar frio e chuva, constipam, e adoecem”. (CARRILHO, 2006, p. 65)

21 / 81

4.3.6. O terreiro O terreiro de café é o centro de um conjunto cafeeiro. É o local de secagem do grão ao sol.

Quando se pensava em implantar em um determinado sítio o conjunto da Fazenda, era a primeira parte a ser pensada, de forma a receber insolação a maior parte do dia e evitar também a menor quantidade de sombras, já que, graças ao orvalho da manhã, o café amanhecia úmido e se essa água não secasse rapidamente no início do dia, o produto acidificava e perdia em qualidade.

Seu dimensionamento era pensado também na produção daquela fazenda por dia em área (de

Dimensionamento do terreiro: Módulo da produção de um dia multiplicado pela quantidade de dias que o café passa secando.

um quadrado) multiplicado pelo número de dias que o café necessitava para secar e então ir para o paiol.

Depois de lavado, o café ia para o terreiro para secar, e este era um dos processos mais importantes, do qual dependeria, em boa parte, a qualidade do produto final. O café era espalhado sobre os terreiros em camada de oito centímetros mais ou menos, remexido com um rodo de madeira durante todo o dia e reunido em pequenos montes cobertos, para passar a noite livre do orvalho ou de chuvas imprevisíveis. No dia seguinte, o processo se repetia estendendo-se por quase trinta dias, de acordo com o clima.

(NOVAES, s/d, p. 411)

Estes terreiros inicialmente eram feitos de terra batida, o que dificultava a secagem do grão e as perdas eram grandes, além de dispendiosos. O café é colhido entre os meses de março à agosto, logo,

Imagem 05: implantação com destaque do terreiro de café.

o restante do ano, os terreiros costumavam ficar sem um uso contínuo, com isso, nasciam folhas e eram

Fonte: BENINCASA, Vladimir. Adaptado pelo autor.

enlameados pelas chuvas, necessitando sua reconstrução todos anos.

Com isso então, passa-se a construí-los de pedra ou blocos, Com a crescente produção de café, este técnica tornou-se inviável (embora continuasse sendo utilizada para a produção excedente), surgiram então os terreiros calçados de pedra. Estes, bem mais eficientes e permanentes, exigiam uma técnica muito difícil e dispendiosa na sua feitura. Consistia na preparação de bloco de pedra, geralmente de granito, que era aquecido por fogueira e, em seguida, depois de muito quente, derramava-se água fria sobre, pedra era partida. Depois de um polimento A arquitetura dos casarões de café é oriunda de assim Minasa Gerais, manual para aparelhar a superfície da laje, era colocada em fôrma quebra-cabeça no expandindo-se para toda a região do ciclo do café: terreiro preparado. Entre as lajes, era feito um rejunte à base de cal. (NOVAES, s/d, 410) Trata-se de uma arquitetura singular introduzida pelos colonizadores da região, oriundos de Minas que trouxeram a experiência Também vale ressaltar Gerais, que o terreiro devia possuir uma inclinação suficiente para escorrer as urbana de habitar - “Em diferentes situações águas mas para que ao mesmo tempo os grãos não rolassem na chuva, cercado também de muretas topográficas, climáticas e programáticas esses para que enxurradas fortes nãoderam lavassem terreiros e perdessem homens uma os nova interpretação espaciala produção. às soluções arquitetônicas mineiras até então praticadas e absorvidas. (SEBRAE [.org], 2004, p. 23)

4.3.7. Outras partes do conjunto O conjunto possuía outros setores e edificações, como currais, estábulos, chiqueiros, lagos, outras casas de beneficiamento de grãos para própria subsistência, pomares e hortas.

Uma dessas edificações, não-presentes em todas as fazendas, podendo estar ligada diretamente à senzala, era a enfermaria, comumente de responsabilidade de um escravo enfermeiro e responsável pela saúde dos “funcionários”.

Os maus tratos, o excesso de trabalho, as péssimas condições de higiene, faziam com que, em média, cerca de 20% da mão-de-obra escrava estivesse sempre com algum tipo de moléstia. Daí a necessidade de haver um edifício de isolamento para que uns não contaminassem os outros. Os tratamentos destinados aos negros doentes não eram nada especializados, na maior parte das vezes restringiam-se aos cuidados com ervas medicinais e algum remédio mais comum. (BENINCASA, 2007, p. 69)

22/ 81

LEVANTAMENTOS

5. O município de Manhumirim / MG 5.1. Caracterização socioeconômica Manhumirim é um munícipio de caráter rural situado na

Esse fato se dá principalmente por conta das novas

Embora a maioria da população hoje viva na área urbana, a

mesorregião da Zona da Mata, na microrregião de Manhuaçu,

aglomerações nas encostas da cidade e também por conta das

quantidade de trabalhadores rurais aumentou em 16%, o que

localizado no leste de minas, sendo limítrofe com Alto Jequitibá,

mudanças na lei de zoneamento da cidade, que a partir de 2008,

mostra uma mudança nas relações de trabalho, incrementando o

Martins Soares, Reduto, Manhuaçu, Luísburgo e com a cidade

converteu áreas rurais em áreas urbanas no munícipio.

número de pessoas que residem na cidade mas se deslocam

capixaba de Iúna.

Está há 300 km de Belo Horizonte e 250 km da capital do Espírito Santo, Vitória.

A renda per capita da cidade encontra-se em um valor considerado de penúria social, chegando ao valor de R$543,19 por habitante (DATA-SUS, 2010).

diariamente para o campo, os chamados “boias-frias”.

Em Manhumirim, há, infelizmente, uma prática comum, as crianças abaixo de 14 anos ingressarem no trabalho rural. Este fato

Manhumirim em 2010 contava com 8024 domicílios,

reflete diretamente nos dados referentes a escolaridade da

sendo destes, 28% com renda familiar mensal variando entre 1 e 2

população: 10% da população encontra-se com o ensino médio

Sua área é de 295 km2. O seu relevo apresenta

salários mínimos, 25% com renda entre 3 e 5 salários e somente

incompleto; 15% apenas com ensino médio completo; 50% sem

característica montanhosa em 70% de seu território, ondulada em

0,7% com renda superior a 20 salários. Isso aponta uma

instrução ou com ensino fundamental incompleto; apenas 5%

20% e apenas 10% considerado plano. A cidade possui altitude

concentração de renda na mão de poucos, já que ao cruzar os

com graduação e 0,02% com pós-graduação.

mínima de 514 metros e máxima de 1449 metros.

dados de renda per capita pelo número de habitantes com o de

Este fato reflete diretamente também nas condições das

renda familiar mensal, tem-se que que 0,7% dos domicílios

moradias: 61% dos domicílios possuem densidade inadequada,

concentram 10% da renda da cidade.

com mais de um morador por cômodo habitável (excluindo

Os principais cursos d’água que são o Rio Pirapetinga, o Rio José Pedro e o Rio Jequitibá, pertencentes à bacia do Rio Doce.

A maior parte do PIB do munícipio vem de serviços e em

banheiro e cozinha).

segundo, a parcela ligada a agropecuária. A cidade se destaca pela

Quanto ao saneamento básico, 70% dos 1256 domicílios

produção de três grãos: café (98,74%), milho (0,3%) e feijão

rurais possuem formas de captação de água e coleta de esgoto

(0,3%), sendo o café uma lavoura permanente e o milho e feijão

inadequadas, sendo estas: água não-tratada e fossas rudimentares.

plantados na entressafra do café, utilizando-se dos espaços entre

Na área urbana já se inverte, das 6768 residências, 80% possuem

os pés. Também destaca-se pela produção de banana e de

captação de água e coleta de esgoto adequados.

eucalipto para utilização no próprio município.

Embora

a

população passe por tantos problemas,

percebe-se, comparando as pirâmides etárias de 2000 e 2010 um envelhecimento e mais pessoas atingindo uma maior expectativa de vida.

Mapa 03: localização de Manhumirim na Zona da Mata.

Fonte: Skyscrapercity.com.

Sua população estimada para o ano de 2016 era de 22 683 habitantes, enquanto que em 1996, era de 17 281 pessoas. Isso reflete em uma taxa de crescimento média anual de 1,19%.

Porém, enquanto a população total aumenta, a população rural diminui. Nas últimas décadas, ocorreu um decréscimo de 1,40% dessas pessoas, migrando para a cidade. Em 2016, a

Gráfico 05: comparação do PIB entre munícipio, estado e União.

Gráfico 06: pirâmides etárias de 2000 e 2010, respectivamente.

estimativa é que 80% da população vive já na zona urbana. (IBGE,

Fonte: IBGE Cidades.

Fonte: IBGE Cidades.

2010).

24 / 81

5.2. Estrutura urbana A localização de Manhumirim deu-se em um vale estreito, dificultando seu crescimento e fazendo com que a expansão recente e sem planejamento criasse situações de riscos para a população.

A zona urbana apresenta um assentamento de padrão médio e alto, com densidade demográfica maior, com indícios de verticalização na área central da cidade. Já nas encostas e próximo a zona rural, encontra-se ocupações de baixa renda, com padrão construtivo ruim (autoconstrução, sem materiais de acabamento, telhado de fibrocimento e domicílios pequenos para famílias grandes). As encostas a leste da cidade ainda não foram ocupadas, possuindo cobertura vegetal que além de proteger esses morros e a zona central, ainda cria certo emolduramento paisagístico e climático.

A zona urbana também se formou de costas aos cursos d’água, então estes ficaram confinados entre os miolos de quadra, causando transtornos como alagamentos em épocas de cheia.

O uso industrial se restringe com fábricas de produtos primários, como a torrefação do café, fabricação de velas e artefatos em madeira.

Também por estar situada em um vale estreito, a cidade possui poucas alternativas viárias como rodovias. O munícipio é cortado por duas estradas estaduais, que o ligam aos municípios vizinhos e à BR-262, que passa por Manhuaçu.

Suas áreas de expansão se relacionam ao eixo norte-sul da cidade, em direção ao Córrego Pirapetinga e em direção a Reduto e Manhuaçu.

Imagem 06: vista da Matriz e do Seminário em 1997 e 2017. Fonte: acervo do autor.

Imagem 07: vista da Praça da Estação em 1997 e 2017. Fonte: acervo do autor.

Mapa 04: imagem de satélite do município. Em roxo, a mancha urbana, em laranja, as áreas de expansão. Fonte: Google Maps. Adaptado pelo autor.

25 / 81

5.3. Evolução urbana De origem tupi-guarani, Manhumirim significa rio pequeno. Nome adotado somente no século

A primeira família a chegar no município foi a família Cunha, de origem portuguesa, por volta

XX. Anteriormente o nome do distrito era Pirapetinga, em homenagem ao rio que margeava a estrada

de 1865. Segundo Botelho (1987), Paula Cunha apoderou-se de algumas sesmarias de terra banhadas

aberta por Dom João VI em 1809, para ligar a capital capixaba à anterior Vila-Rica, hoje, Ouro Preto.

pelas águas do rio Jequitibá, Pirapetinga e Ouro. Ergueu sua casa grande às margens deste último,

É dai que surgiu o primeiro núcleo da cidade. Ao redor da estrada que Dom João VI mandou abrir em 1809. No caminho dessa estrada, possuíam quartéis para que as tropas descansassem e se

passando a ser conhecida como Fazenda do Ouro.

Com a estrada de D. João VI, os Rios e o comércio de terras, a região começou atrair agricultores

alimentassem. Esses quartéis são algumas fazendas da região:

de outra localidades, que passaram a conhecer as terras manhumirienses como “Terra boa para plantar

Dentro do município de Manhumirim - MG, o trajeto era o seguinte; de oeste para leste, começava no

e criar”.

local conhecido como Santinha, localizado na divisa de Manhumirim com Luisburgo, depois descia o

Distrito de Pirapetinga, subordinado ao munícipio de Manhuaçu. Em 1877 foi elevado a Distrito de Paz

Córrego do Ouro passando pela primeira fazenda do município, a Fazenda do Ouro que Pertencia a

pela Lei Provincial no 2407.

Manoel Francisco de Paula Cunha o primeiro a se estabelecer na região do atual município de Manhumirim em 1864.

No mesmo ano, pela Lei Provincial no 1240, de 29 de agosto de 1864, criou-se então o

Com isso, o então distrito permaneceu em um limbo até o ano de 1904, quando León Sanglard trouxe as primeiras mudas de café para a cidade. Léon se instalou na parte mais ao sul da cidade, a

Dali seguia o curso do córrego até alcançar o atual bairro Vila Verde de onde existia uma estrada que provavelmente saía dentro do terreno que hoje pertence á Escola Normal Santa Terezinha. A estrada descia no local onde hoje está localizado os Correios, seguia por onde hoje é a Praça Padre Julio Maria e cruzava o rio Jequitibá e subia pela rua Pe. Julio Maria passando por um local onde funcionava a oficina de um ferreiro que dava manutenção nas carroças. Nos fundos de um terreno baldio ali localizado ainda existem vestígios do estabelecimento. Continuando, passava pela Praça Getúlio Vargas, local onde teve início o primeiro núcleo populacional que deu origem à cidade. Dali seguia pelo Bairro Santo Antônio até alcançar a antiga usina dos padres, depois seguia pelo Córrego Pirapetinga, passando pela Fazenda do Lidinho Sanglard, depois seguia margeando o córrego até a Fazenda Boa Vista que atualmente pertence ao Mário Sanglard. Dali subia a direita passando próximo à Fazenda dos Corrêas e virava para a fazenda Quartel. (SILVEIRA, 2009)

partir de 1868, onde hoje localiza-se o Córrego Pirapetinga e a Fazenda Elídio Sanglard, terras que ele comprou ao chegar na região.

A zona urbana da cidade começou por volta de 1890, com os três primeiros bairros: Roque, Isidoro e Santa Rita.

Em 1914, chegaram à Pirapetinga os trilhos da estrada de ferro “Leopoldina Railway”, que foi a grande alavanca para o distrito.

Localização aproximada da Fazenda Elídio Sanglard

Imagem 08: Manhumirim no início do século XX. Fonte: Manhumirim - Fotos Antigas.

Imagem 09: Praça Getúlio Vargas no início do século XX. Fonte: Manhumirim - Fotos Antigas.

Mapa 05: Caminho da Rota Imperial. Fonte: SILVEIRA, Ralph. Adaptado pelo autor.

26 / 81

Para Botelho (1987, p. 90), a influência da Estrada foi tão extraordinária que deslocou o centro da vila para a tradicional “Praça da Estação”. Naqueles idos, a área entre a Estrada e o rio era meio pantanosa. Foram aparecendo as primeiras construções, o terreno sendo drenado... Foi o primeiro passo para o Distrito de Paz emancipar-se e ter vida própria. O fato que chama a atenção é que, na fachada da sede da Estação escreveu-se... MANHUMIRIM.

Em 1923, pela Lei Estadual no 843, de 7 de setembro, instituiu-se então a criação do munícipio de Manhumirim. Com isso, a cidade começou uma expansão, com a construção de pontes, rede de esgoto, prédio da cadeia municipal, a Matriz de Bom Jesus e o Colégio Batista Mineiro.

Em 1928, uma das ilustres figuras chegou em Manhumirim, o Padre Júlio Maria, trazendo a

Imagem 12: Estação ferroviária na década de 70. Fonte: Manhumirim - Fotos Antigas.

Imagem 13: Vista de Manhumirim na década de 2010. Fonte: cidade-Brasil.com.br.

5.4. A importância do café para Manhumirim

congregação dos Padres Sacramentinos de Nossa Senhora, construindo o Seminário Apostólico, as escolas Pio XI, Santa Terezinha e o Hospital São Vicente de Paulo, entre tantas obras que o fazem ser reconhecido pela população da cidade como um homem dinâmico e benfeitor. Um dos apelidos da cidade, “Cidade Dínamo”, é por conta do grande número de construções que a Congregação realizou em tão pouco tempo.

A agropecuária é o setor mais importante da economia de Manhumirim, tendo mais de 50% da população envolvida diretamente com a produção do campo. Destes 50%, 86% da área agricultável da cidade é para o café. Depois vem a pecuária, com 9%.

O munícipio é um dos únicos do país que produz os dois tipos do grão: o robusto conilon e o arábica. Em 2010, Manhumirim vendeu aproximadamente 20 milhões de reais do produto para o mercado interno e externo.

Percebe-se uma especialização maior dos produtores, já que encontros de cafeicultores são comuns na região, como na imagem 14.

Esses encontros são responsáveis por fazer a produtividade do munícipio estar acima da média nacional: cada hectare na média nacional tem um lucro de R$2446,20, enquanto no munícipio, esse valor chega a R$3420,57, segundo levantamento da ABIC em 2015.

O café está tão enraizado na cultura do munícipio que, no dia da cidade, em 2017, o grão foi

Imagem 10: Vista parcial da cidade em 1935/36. Fonte: Manhumirim - Fotos Antigas.

Imagem 11: Vista parcial da cidade na década de 60. Fonte: Manhumirim - Fotos Antigas.

homenageado pelas escolas, em desfile cívico, reconhecendo-se assim, a sua importância.

A partir daí, Manhumirim foi desenvolvendo-se. Em 1979, a Leopoldina Railway faz sua última viagem de trem pela cidade, tendo retirado todos os trilhos e demolida a estação, sobrando do patrimônio ferroviário somente a caixa d’água e a garagem de vagões.

Imagem 14: Banner de um encontro de cafeicultores em Manhumirim. Fonte: acervo do autor.

Imagem 15: Dia da cidade em 2017. Fonte: SANGLARD, Aguida.

27 / 81

5.5. Patrimônio cultural de Manhumirim

16

17

18

19

Manhumirim caracteriza-se por um grande acervo patrimonial, não só arquitetônico, mas também ligado aos sítios naturais e bens imateriais.

No mapa a seguir, tem-se situados todo o acervo patrimonial do munícipio, dividido por categorias.

Imagem 16: Fazenda Boa vista. Fonte: acervo do autor.

Imagem 17: Fazenda do Ouro. Fonte: acervo do autor.

Imagem 18: Fazenda Fortunato. Fonte: acervo do autor.

Imagem 19: Fazenda do Quartel. Fonte: acervo do autor.

Na área rural, encontra-se o Balneário de Rio Claro, o Parque Municipal do Sagui da Serra, maior parque municipal do Brasil e o Monumento Capela da Santinha, que marca o início da Rota Imperial no munícipio, sendo o ponto mais alto da cidade, todos ligados ao ecoturismo.

Mapa 06: Localização do acervo patrimonial manhumiriense.

Fonte: elaborado pelo autor.

As fazendas, em sua maioria, datam do final do século XIX e início do século XX, chegando a 24 conjuntos mapeados, podendo haver mais que, por difícil localização, não foram encontrados.

Além da variedade dos estilos, predominantemente colonial e neoclássico, tem-se diversidade na questão do tamanho e no estado de conservação. O método construtivo de vedação costumeiramente foi o pau-a-pique, com estrutura em madeira braúna e telhas de barro. Alguns exemplos são mostrados a seguir:

Imagem 20: Vista Parque Municipal Sagui da Serra. Fonte: acervo do autor.

Imagem 21: Balneário do Rio Claro. Fonte: acervo do autor.

28 / 81

Na cidade tem-se conjunto de casarões ecléticos, o mirante do Cruzeiro, o Cristo Branco, monumento da cidade, o armazém de café do Roque em conjunto com a Igreja do Roque, do início do século XX e os armazéns do Instituto Brasileiro do Café, de meados do século XX e as três grandes construções da cidade: O Seminário Apostólico, de caráter neoclássico maneirista, a Igreja de Bom Jesus, a primeira em concreto armado da América Latina e o Colégio Santa Terezinha, que destaca-se não só pela sua construção, mas também por seu jardim frontal, inspirado nos jardins franceses da renascença.

22

23 Imagem 26: Antiga usina hidrelétrica Padre Júlio Maria. Fonte: acervo do autor.

Imagem 27: Hospital Padre Júlio Maria. Fonte: acervo do autor.

O patrimônio relacionado a linha Leopoldina Railway foi, em sua quase totalidade, demolido, sobrando somente a Caixa d’água da estação e a Garagem de vagões 24

25

Imagem 28: Caixa d’água da estação. Fonte: acervo do autor.

Imagem 29: Garagem de Vagões. Fonte: acervo do autor.

Imagem 22: Armazéns da IBC. Fonte: acervo do autor.

Imagem 23: Colégio Santa Terezinha. Fonte: acervo do autor.

Imagem 24: Igreja Matriz de Bom Jesus. Fonte: acervo do autor.

Imagem 25: Seminário Apostólico. Fonte: acervo do autor.

Outras obras arquitetônicas também merecem destaque, como o Hospital Padre Júlio Maria, a antiga Usina Hidrelétrica, que antes da Companhia de Força e Luz Cataguases Leopoldina (hoje Energisa) atuar na cidade, fornecia iluminação elétrica para toda a região, utilizando-se da força motriz do rio Pirapetinga.

Como patrimônio imaterial, pode-se destacar a forma manual da colheita do café, que mantém viva uma cultura, desde a colheita, ou “panha”, como os moradores da cidade conhecem o processo, até sua torrefação.

Também há, no Córrego Caatinga, a produção de estátuas em pedra, que seguem também um processo artesanal.

O munícipio de Manhumirim, embora de pequeno porte, tem participação e marcas em vários momentos da história do país, tendo seu patrimônio, que data das mais diversas épocas e permanecendo em partes conservado, como testemunhas desse fenômeno.

29 / 81

6. Fazenda Elídio Sanglard 6.1. Informações de localização do bem patrimonial A fazenda Elídio Sanglard está localizada às margens do Córrego Pirapetinga, no munícipio de Manhumirim, sede.

O seu terreno está em pequeno aclive em relação à Rota Imperial, possuindo sua entrada no nível da estrada, porém acesso atual de pedestres à edificação em altura de 2,80 metros.

A fazenda trata-se de um conjunto arquitetônico rural, restando três edificações, sendo estas a casa

A casa principal está isolada no lote, em destaque, a aproximadamente 20 metros da estrada

principal, um pequeno armazém e o curral (enquanto o paiol e o engenho foram demolidos). Sua

histórica Rota Imperial, com o pequeno armazém e o curral nas partes posteriores e o terreiro na

responsável é Maria Sanglard Zanuti, irmã do proprietário anterior, Elídio Sanglard Filho e filha do

parte anterior.

proprietário subsequente, Elídio Sanglard.

Com isso, a edificação possui 4 visadas principais, a primeira vindo da rodovia, a

O conjunto também é conhecido como Fazenda do Bom Fim. Vem sendo utilizado principalmente

aproximadamente 300 metros da edificação, a segunda ao passar na frente da edificação, tendo

em épocas festivas como Natal, Ano Novo e férias escolares, ficando o restante do tempo sem ocupação.

uma vista da sua fachada frontal, a terceira mais a frente, em mesma estrada e a quarta na estrada

Não há nenhuma medida protetiva legal como tombamento, nem por parte da prefeitura, Estado ou

conhecida como “estrada de fora”, avistando todo o conjunto.

Seu destaque na paisagem dá-se principalmente por sua altura, que em ponto mais alto do

União.

telhado, chega a altura de 7,68 metros e pelo isolamento do terreno, proporciona-se certo grau

6.2. Situação e ambiência

imponência.

Em frente ao seu lote, do lado oposto da Rota Imperial, há um comércio ligado à retirada de

A fazenda está localizada em zona rural, embora pela legislação municipal, já seja considerada área urbana, sendo uma das zonas de expansão da cidade. Fenômeno este sendo confirmado pela presença de edificações construídas na região nos últimos 20 anos, conforme mapa: Mapa 07: Expansão no Córrego Pirapetinga nos últimos 20 anos. Fonte: elaborado pelo autor.

areia do Rio Pirapetinga, que utiliza-se de veículos automotores pesados como caminhões e escavadeiras para retirada do material. O mesmo afeta diretamente a fazenda, já que além da utilização da estrada com veículos passando em alta velocidade, o que gera um acumulo de poeira no exterior e interior da edificação, a poluição proveniente destes veículos, não só ambiental, mas também sonora.

Vila criada na década de 2000 Comércio de retirada de areia

Imagem 30: Vista parcial Córrego Pirapetinga. Fonte: acervo do autor.

Editado pelo autor.

30 / 81

6.3. Histórico e usos Foi utilizado o método de entrevistas temáticas (história

A Fazenda, no início do século XX, foi transferida para

Com isso, o casarão possuía os seguintes cômodos: três

oral) para coletar as memórias coletivas relacionadas à Fazenda

Jovem Sanglard e sua esposa, Ernesta, irmão de Francisco Sanglard,

quartos, duas salas, uma cozinha, uma copa e um banheiro. A

Elídio Sanglard, além de documentos oficiais como escritura,

pai de Elídio Sanglard.

cozinha possuía uma escada de acesso que descia para a parte

certidão de imóveis disponibilidade pelo Cartório de Registro de

baixa da casa, onde encontrava-se as tulhas de café e uma área de

Imóveis e o livro “História de Manhumirim: munícipio e paróquia

serviço.

– Volume 1 (1808 – 1924)” do Padre Demerval Alves Botelho.

Em 1975, ficou decidido por construir uma nova cozinha,

Este método de trabalho foi utilizado devido a falta de

garagens para carros e subir a área de serviço. Então

materiais escritos sobre o local, além de possuir que algumas

desmanchou-se essa escada para construção dessa parte anexa. O

minúcias sejam coletadas. Ressalta-se que ele foi adaptado ao

banheiro passou por reforma, em que se desmanchou o antigo,

tempo disponível, não possuindo transcrições, apenas anotações.

que possuía apenas uma grande fossa afunilada, por onde desciam

Segue abaixo uma lista de entrevistados:

os dejetos diretamente para uma fossa e foi construído um novo, com encanamento, dividindo-o em duas cabines.

Entrevistado

Faixa etária

Parentesco

José Sanglard

70-80

Filho de Elídio Sanglard

Ana Sanglard Furtado

70-80

Filha de Elídio Sanglard

Luzia Sanglard Almeida

60-70

Filha de Elídio Sanglard

Imagem 31: Fazenda na década de 30.

Laura Sanglard Soares

60-70

Filha de Elídio Sanglard

Fonte: CATHERINGER, Honoraldino.

Júlia Sanglard de Paula

60-70

Filha de Elídio Sanglard

Em 1946, as terras foram vendidas para Manoel Faico e sua

Juliana Sanglard de Paula Lage

40-50

Neta de Elídio Sanglard

esposa, Ana Modesto Faico, ficando por um período de 6 anos sem

Sandra Raquel Sanglard Zanuti

50-60

Neta de Elídio Sanglard

estar sob posse de alguém da família Sanglard.

Honoraldino Catheringer

80-90

Filho de Jovem Sanglard

Tabela 03: lista de entrevistados. Fonte: elaborado pelo autor.

6.3.1. Síntese dos relatos A família Sanglard, de origem suíça, chegou à região em 1867, mais precisamente na cidade de Alto Jequitibá, divisa de Manhumirim. León Sanglard e Eugênio Sanglard, vindos de Nova Friburgo, se instalaram na região pelos incentivos criados para a ocupação do leste mineiro.

Com isso, compraram as terras conhecidas hoje como

A cozinha antiga então foi transformada em uma sala e uma das antigas salas foi fechada, posteriormente, em um quarto.

Em 1952, Elídio Sanglard, comprou, pelo valor de 400 mil cruzeiros, a Fazenda e todas suas benfeitorias, que somavam “sessenta e sete hectares e sessenta e seis acres”: Cujos terrenos em capoeira, cultura de café e pastagens, com as benfeitorias seguintes: quinze mil (15.000) cafeeiros em formação além dos estragados, cinco (5) casas para colonos, uma (1) dita da sede, uma (1) varanda, um (1) curral, um (1) moinho, ou sejam todas as benfeitorias, em cima da área acima a que se refere a presente venda e dentro das confrontações [...].

(ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA DE BENS DE RAIZ, 1952)

Imagem 32: Fazenda em 1979. Fonte: ZANUTI, Sandra R. Sanglard

Córrego da Jacutinga e Córrego Pirapetinga, que fazem divisa com o munícipio de Alto Jequitibá.

Segundo José Sanglard, entre 1880-1890 construiu-se a Fazenda Bom Fim (hoje, Fazenda Elídio Sanglard), às beiras da Rota Imperial.

Como a edificação sede encontrava-se em um estado de conservação ruim, a mesma passou por uma reforma no mesmo ano, em que foram caiadas as paredes, pintadas e substituídas algumas peças da janela e reformada parte do telhado.

31 / 81

Na década de 1980, a edificação passou pela última grande

Em 2011, com o falecimento de Elídio Sanglard Filho, sem

reforma, com reparos: paredes caiadas, janelas pintadas e telhado

deixar herdeiros, a Fazenda foi herdada pela sua irmã mais velha,

melhorado.

Maria Sanglard Zanuti. Porém, pela divisão de terras, seu conjunto Córrego

foi dividido em duas partes, com divisão passando por dentro do

Pirapetinga, que levou luz à Fazenda. Antes disso, para utilizar

paiol de café, também histórico, ocorrendo a sua demolição.

eletrodomésticos, era necessário retirar a bateria dos tratores ou

Também em 2011, desmanchou-se o Engenho.

Em

1986,

instalou-se

energia

elétrica

do

caminhões e ligar nos aparelhos, de forma que os mesmos só funcionavam por um curto período de tempo. Também haviam

Em 2013, a varanda de entrada principal, por correr riscos de arruinamento, foi restaurada.

pilhas “microlight” que eram usadas para abastecer estes

Em 2014, parte do telhado da casa principal desabou,

aparelhos, sendo que ainda há na fazenda, uma pilha destas,

necessitando de reforma. Foram colocadas telhas de fibrocimento

datada de 1955, que era utilizada em um rádio de válvulas, que

e metálica para fechar o buraco, retirando o forro do quarto. Dias

pegava somente uma estação de Juiz de Fora.

depois, o telhado da varanda também cedeu, sendo este reformado

Em 1990, com falecimento de Elídio Sanglard, suas terras foram divididas, ficando para seu filho, Elídio Sanglard Filho, as benfeitorias do conjunto da Fazenda e 3 hectares em plantações de

Imagem 34: Fazenda em 2017. Fonte: acervo próprio.

no mesmo ano, utilizando das mesmas telhas, porém com substituição do madeiramento.

Em 2015, por conta de problemas que atingiam as fundações da fazenda, que consistiam em madeiras braúna

café e pastagens.

Na década de 2000, por conta de alguns problemas no

fincadas no solo, foi feito um trabalho de recuperação, removendo

telhado, colocou-se telhas de fibrocimento no interior da

as partes podres e substituindo o que estava fincado no solo por

residência, numa espécie de forro improvisado.

concreto, além de criar uma cinta ao redor da casa, para garantir maior estabilidade.

Em 2017, a edificação encontra-se em estado de conservação regular, precisando de intervenções para garantir que sua vida útil seja estendida. A mesma sempre possuiu o uso principal residencial, com função de apoio também na produção rural e comercial como produção e venda de leite, queijo, cachaça, café, milho, feijão, gado, suínos, entre outros.

A edificação não é só uma representante da tipologia das fazendas cafeeiras, mas também possui grande significado para a população manhumiriense, principalmente aos membros da família Sanglard, que correspondem a grande parte do sobrenome

Imagem 33: Telhas de amianto servindo como forro.

cidade. As pessoas mais velhas a conhecem como Fazenda Bom

Fonte: acervo do autor.

Fim, os mais novos, como Fazenda Elídio Sanglard, e ela marca também momentos da vida rural em uma cidade pequena, onde o acesso a tudo era muito precário e difícil.

32 / 81

6.4. Descrição 6.4.1. Implantação

Ao redor da edificação principal encontra-se dois terreiros

6.4.2. Edificação principal

de café, sendo o primeiro, voltado para a fachada principal oeste, A implantação conta com terreno poligonal de quatro lados regular de dimensões 43,43 x 67,80 metros, totalizando uma área de 2950 m .

2

com dimensões de 20,56 x 25,76 metros, e o segundo, voltado para a fachada sul, com dimensões de 10,89 x 16,29 metros.

Na parte leste do terreno, encontra-se uma área utilizada

A casa é de estilo colonial e por estar centralizada no terreno, possui 3 fachadas a vista e uma fachada ligada ao pequeno armazém.

O terreno possui três edificações dispostas em linha, com a

para horta e pomar. Na parte norte do terreno, há uma área que

A fachada principal oeste, voltada para a Rota Imperial

casa principal ocupando posição de destaque, na frente do con-

possuía um terreiro temporário de café, mas desde 2011, é

possui estrutura em braúna pintada de preto e paredes de

junto, pequeno armazém em seguida e por último, o curral.

realizado um trabalho de recuperação do solo compactado, para

pau-a-pique caiadas de branco.

Encontra-se em aclive em relação a Rota Imperial, com diferença

plantar árvores no local, como palmeiras.

Seu telhado é em telha capa-canal, com coroamento do

total de nível de aproximadamente 3,15 metros entre a entrada

beiral em madeira cor azul del-rey. Como o casarão é assobrada-

principal do terreno e o final do mesmo.

do, no andar inferior, há 3 portas formadas por pranchas de madeira pintadas na cor azul del-rey com portais também em madeira de mesma cor. As mesmas possuem fechadura em cravelhas de madeira, abrindo para o exterior. Na parte superior, há 4 janelas em madeira, sem caixilhos, com abertura para o interior, em duas folhas, todas na cor azul del-rey.

Imagem 36: terreiro da frente. Fonte: acervo do autor.

Imagem 38: fachada frontal. Fonte: acervo do autor.

Imagem 35: Implantação. Fonte: elaborado pelo autor.

Imagem 37: terreiro lateral. Fonte: acervo do autor.

33 / 81

A fachada sul divide-se em 2 partes: a primeira parte

A primeira parte é marcada por uma varanda retangular,

A terceira parte, já referente ao anexo construído em 1975,

pertence a edificação original e a segunda parte pertence à

que marca a entrada principal original da edificação. A varanda

mantendo características iguais às da segunda parte da fachada

cozinha construída em 1975.

possui estrutura em braúna, com escada em madeira sem pintura e

sul.

guarda-corpo em madeira, com desenhos regulares formados por

A planta possui forma praticamente retangular.

a diferença desta parte a abertura sem

losangos e elipses. O seu telhado é em telhas francesas. Sua escada

A cobertura principal é em telhado cerâmico de telhas

fechamentos na parte inferior para um local utilizado como

leva a uma porta de abrir para o interior de duas folhas, em

depósito de madeira e outros objetos agrícolas.

madeira azul del-rey. Também há uma janela de madeira cor azul

A parte original mantém as características da fachada principal, sendo

A parte do anexo possui estrutura em concreto armado bem marcada em lajes,

capa-canal, de seis águas com peças robustas de madeira.

del-rey com abertura para o interior em duas folhas.

vigas e pilares, com vedação em tijolos

maciços. Não há telhado nesta parte, possuindo somente uma platibanda. A parte superior possui duas janelas em madeira Garagens

pintadas na cor azul del-rey mas com proporções diferentes do

Depósito

Tulhas

restante da fachada original, estas sendo menores, porém mais largas e com fechamento para o interior, em uma folha. Na parte inferior há dois portões em réguas de madeira sem pintura ou verniz, utilizados como garagem.

1o pavimento

Há ainda uma varanda, com cobertura aparente estruturado em ferro e telhas de fibrocimento.

Quarto

Imagem 40: fachada norte. Fonte: acervo do autor.

Quarto

Quarto

Quarto

Sala

Cozinha Sala

A segunda parte mantém o padrão original da

Copa

estrutura em madeira braúna preta e paredes em pau-a-pique caiadas de branco, porém há a presença no pavimento superior de 3 janelas, em madeira, com portal em azul del-rey mas com as folhas em madeira sem pintura. Duas dessas janelas são de

2o pavimento

Imagem 41: plantas do casarão. Fonte: elaborado pelo autor.

dimensões menores, abrindo para o interior, enquanto a outra é uma janela em grandes dimensões, com abertura horizontal. Na Imagem 39: fachada sul. Fonte: acervo do autor.

parte inferior há uma janela e uma porta, sem pintura, gradeadas em réguas de madeira. O telhado dessa parte é de uma água,

A fachada norte divide-se em 3 partes: duas delas são originais, porém possuem características distintas que valem ser

independente do telhado original da edificação, mas em telhas capa-canal e coroamento em madeira na cor azul del-rey.

descritas separadamente e uma parte pertencente ao anexo construído em 1975.

34 / 81

6.4.3. Pequeno armazém dos fundos

6.4.4. Curral

6.4.5. Edificações demolidas

Duas edificações foram demolidas no terreno trabalhado:

Suas fachadas seguem estilo da edificação principal, com

O curral possui planta retangular, aberta, com dimensões

estrutura em madeira braúna na cor preta e portas e janelas em

de 31,78 x 5,73 m, com pórticos de aproximadamente 1,5 metro

•

madeira na cor azul del-rey, porém com fechadura convencional.

de distância. Seu piso é em cimento grosso, com estrutura em

com piso de madeira elevado.

Sua cobertura é toda em telha capa-canal, possuindo um

madeira braúna preta e fechamento em tábuas de madeira. Telha-

telhado de 3 águas, com paredes em pau-a-pique. Em sua lateral

do duas águas com estrutura de madeira, apoiado nos pilares. As

há um corredor com fechamento em réguas de madeira e telhado

telhas originais capa-canal foram substituídas por telhas de fibroci-

em fibrocimento, construído posteriormente.

mento. Nas suas dimensões menores, não há fechamento, enquan-

Paiol: construção sobre pilares de madeira braúna preta,

to há um portão, em seu lado voltado para a edificação principal, também em tábuas de madeira, com fechamento em cravelhas.

Imagem 46: paiol em 1997. Fonte: acervo ao autor.

• Imagem da fachada norte.

Fonte: acervopelo do autor.

Imagem39: 44:parte plantas do curral.

Fonte: elaborado autor.

Engenho: construção em piso de cimento grosso, cobertura

em quatro águas com telhas capa-canal, sem paredes, com estrutura em madeira não identificada e pé-direito alto.

Imagem 42: armazém dos fundos. Fonte: acervo do autor.

Seu piso é em cimento grosso, possuindo 4 cômodos, sendo os dois anteriores, utilizados como depósito. Os dois cômodos da parte posterior, possuem somente meia parede, com fechamento em tela metálica, utilizados como galinheiro. Desde 2014, esses dois cômodos se transformaram em depósito de lenha.

Imagem 45: parte do curral. Fonte: acervo do autor.

Imagem 47: engenho em 1997. Fonte: acervo ao autor.

Imagem daarmazém. fachada norte. acervo do autor. autor.

Imagem39: 43:parte planta Fonte:Fonte: elaborado pelo

35 / 81

6.5. Estado de conservação O conjunto da Fazenda Elídio Sanglard com todas as edificações

Não há problemas estruturais na edificação, algumas partes

encontra-se em bom estado de conservação, embora já muito

da madeira podem estar corroídas por cupins, mas devido a

descaracterizado, devido as várias mudanças que ocorreram

reforma nessas partes em 2014, todo o dano foi avaliado e

durante os anos.

controlado.

O pequeno armazém encontra-se em bom estado de con-

A cobertura está com alguns problemas estruturais em suas

servação, embora em 2014, uma parte de seu telhado cedeu,

peças de madeira, algumas já apodrecidas, necessitando troca das

tendo de ser reconstruído, utilizando de técnicas contemporâneas,

mesmas.

passando também por reforma em alguma de suas fundações.

O curral, teve suas telhas cerâmicas trocadas por telhas de fibrocimento, mas manteve o caimento das águas, não passando por mais nenhuma alteração, o que também classifica por bom Imagem 50: encontro entre parte histórica e anexo.

estado de conservação.

Fonte: acervo ao autor.

O casarão é o que mais sofreu danos nos últimos anos, encontrando-se em estado de conservação regular.

O piso está em bom estado de conservação, com poucas

Em suas fachadas, há várias marcas de tempo, como as

tábuas soltas, mas sem instabilidade. O piso cerâmico da cozinha

paredes caiadas em branco que perderam parte da pintura. Há

e dos banheiros possui alguns locais que descolaram as placas

partes das vedações que se encontram descolando da estrutura e

cerâmicas

das janelas.

A escada de acesso na fachada norte encontra-se em ótimo estado de conservação.

O coroamento em madeira do telhado possui partes faltantes ou quebradas.

mas

nada

que

comprometa

estruturalmente

edificação.

Imagem 49: telhado faltante. Fonte: acervo ao autor.

O interior da edificação não possui problemas estruturais, apenas algumas paredes descascando ou com pedaços faltantes, mas nada que comprometa a integridade física, exceto a parede de um dos quartos, que foi construída em cima do piso de madeira, sem nenhum vigamento em madeira por baixo, o que fez com que a mesma cedesse devido à umidade da chuva, falta de escoramento e problemas no telhado.

A parede que faz a ligação entre a parte histórica e o anexo da cozinha está comprometida devido a não possuir uma boa impermeabilização entre as partes e construindo parte da estrutura

O mobiliário histórico encontra-se desgastado e com algum comprometimento devido a cupins, o mobiliário atual está em perfeito estado de conservação.

As louças do banheiro e da cozinha encontram-se em bom estado de conservação, sem nenhum problema que comprometa o uso.

Com isso, conclui-se que a casa principal possui problemas físicos e estruturais, mas não se encontra em caráter de arruinamento, possuindo forma de estabilizar ou reverter quaisquer destes problemas, desde que faça um estudo adequado e reparo dos mesmos.

de concreto sobre a estrutura de madeira.

Imagem 48: coroamento danificado. Fonte: acervo ao autor.

a

36 / 81

Para uma análise mais completa do estado de conservação da Fazenda, foram realizados os mapas de danos da fachada:

1

2

3

4

5

6

7

8

7

8

6

Fachada Norte

2

1

4

3

5

Fachada Principal

Parede exposta Parede descolando da estrutura Parede estufada por infiltração

1

Batente da janela removido Ataque de agentes biológicos

Parede descascando superficialmente Marcas de argamassa

Rachaduras

Problema estrutural na cumeeira

5

Madeira sem pintura Parede descascando profundamente

Imagem 51-52: fachadas da fazenda. Fonte: elaborado pelo autor.

Imagem 53 - 59: detalhes de alguns danos. Fonte: acervo do autor.

37 / 81

6.6. Fatores de degradação O tempo e as intempéries são os principais responsáveis pela degradação da Fazenda Elídio Sanglard, juntamente com a falta de manutenção e falta de uso regular, já que a mesma é utilizada somente por alguns períodos no ano.

Outro fator é a região ter se transformado em uma área de expansão do munícipio, o que aumentou muito o fluxo de veículos no Córrego Pirapetinga, atrelado principalmente ao comércio de retirada de areia que se instalou em sua frente, que gera poluição e fluxo de caminhões e máquinas agrícolas.

Também há a questão do vandalismo, em que pessoas invadem o entorno da propriedade e depredam partes da casa, como a escada, os muros, picham e danificam as paredes.

6.7. Medidas de conservação e intervenção anteriores Algumas reformas foram realizadas ao longo da vida do conjunto da Fazenda Elídio Sanglard, mas nenhuma que modificasse drasticamente suas características ou partes originais, sendo o telhado, piso e paredes originais.

QUADRO SÍNTESE DAS INTERVENÇÕES Ano

Descrição

1880-1890

Construção do casarão principal.

1952

Reforma geral da fazenda

1975 1980 Década de 1980

Construção do anexo da cozinha, rampas externas e ligações entre armazém e casa principal.

Transformação de sala em quarto, levantando parede.

Melhoria na estrutura, caiação das paredes, modificação de pequenas peças do telhado.

Década de 2000

Acréscimo do forro de telhas de fibrocimento.

2011

Demolição do engenho e do paiol (divisão de terras)

2013

Reforma da escada externa e varanda.

2014

Substituição do telhado do armazém devido a queda.

2014

2015-2016

Mapa 08: Divisão das terras da Fazenda. Fonte: elaborado pelo autor.

Substituição do telhado interno por telhas metálicas e de fibrocimento devido a queda.

Criação de cinta de concreto ao redor da casa principal. Fundações de concreto armado.

Tabela 04: quadro síntese de intervenções. Fonte: elaborado pelo autor.

38 / 81

REFERENCIAL PRÁTICO

7. Leituras projetuais

40 / 81

As leituras projetuais foram selecionadas levando em conta projetos que abordam o conceito de requalificação do patrimônio histórico, transformando-os em um uso institucional ou que estejam próximos a conjuntos históricos.

Buscou-se projetos com programas semelhantes e que se encaixassem na criação de um Memorial do Café para Manhumirim/MG. Com isso, estudos de pré-dimensionamento, programa de necessidades e fluxograma podem ser estudados a partir de tais exemplos.

A plástica dos projetos também foi de fundamental importância, já que a Fazenda Elídio Sanglard, por ser um edifício de pequeno porte, irá sofrer acréscimos por meio de anexos.

7.1. Museu Histórico e Cultural de Jundiaí

Inventário:

Ficha Técnica: Edifício datado de 1862, com características de Sede de Fazenda e datado do período cafeeiro, sendo uma construção extensa de um pavimento, com

Local: Jundiaí, SP Construção histórica: Solar do Barão (1862)

pé direito elevado e porão alto. Apresenta na fachada principal sequência de dez janelas e uma porta de entrada encimada com arco em ferro, datado de

Área da requalificação: 1600 m2

1862, como era costume na época. Ao lado esquerdo da construção uma porta dá acesso ao pátio interno através de um corredor coberto. Apresenta telhado

Tombamento: CONDEPHAAT

de beiral na fachada e no pátio interno. Tem como técnica construtiva à taipa de pilão, rebocada, cobertura de telha canal, beiral com revestimento em

Projeto de requalificação: AUM Arquitetos

madeira e piso todo assoalhado com tábuas largas em madeira de lei. Construção urbana, com características de sede de fazenda do ciclo do café, pertenceu

Ano do projeto: 2012

a Antônio de Queiróz Telles o “Barão de Jundiaí”.

Uso original: residencial Estado de conservação: ótimo/bom.

Acesso principal

Novo uso: institucional / museu.

Anexo

Entrada de visitantes

Imagem 63: Perspectiva. Fonte: Archdaily. Adaptado pelo autor. Áreas de lazer Exposições

Entrada de

Funcionários

funcionários

Outras atividades culturais Imagem 60: Plantas. Fonte: Archdaily. Adaptado pelo autor.

Imagem 61: Corte. Fonte: Archdaily. Adaptado pelo autor.

Imagem 62: Fachada. Fonte: Archdaily. Adaptado pelo autor.

7.1. Museu Histórico e Cultural de Jundiaí

Características do projeto de requalificação:

Ficha Técnica: O solar do Barão de Jundiaí encontrava-se em um terreno

Construção histórica: Solar do Barão (1862)

pequeno, em contraponto a uma edificação grande.

A construção original pouco foi alterada, mantendo todas

Área da requalificação: 1600 m2

suas características originais, com apenas aberturas de alguns

Tombamento: CONDEPHAAT

vãos para salas expositivas. Dela, cria-se um anexo em concreto

Projeto de requalificação: AUM Arquitetos

aparente que realiza a ligação por meio de passarelas a outro

Ano do projeto: 2012

anexo, onde está um auditório.

Uso original: residencial

O Imagem 64: Auditório. Fonte: Archdaily.

Local: Jundiaí, SP

porão

também

foi

aproveitado

para

uso

de

administração do setor.

Estado de conservação: ótimo/bom.

Novo uso: institucional / museu.

O paisagismo teve como premissa manter espécies já existentes, com árvores centenárias e incluir novos jardins, com espécies nativas da região.

Além do conteúdo físico atual, nota-se o apreço dos jundiaienses pela atmosfera proporcionada pelo binômio, casarão e jardim. Objetivou-se realçá-lo para torná-lo ainda mais atrativo aumentando sua influência no cotidiano da população nativa e ampliando sua importância no roteiro cultural paulista.

A proposta aqui apresentada prevê a conservação, restauração e readequação do antigo Solar do Barão de Jundiaí.

Primeiramente, todas as patologias da edificação terão suas fontes encontradas,

esgotadas

e

quando

necessário

os

trechos

pré-existentes serão recompostos pela técnica apropriada a fim de Imagem 65: passarelas. Fonte: Archdaily.

garantir a integridade do prédio. (ARCHDAILY BRASIL, 2012)

INSPIRAÇÕES DO PROJETO: •

Utilização de passarelas criando espaços em

dois níveis.

•

Anexos respeitando a edificação principal,

possuindo tons neutros e altura inferior ao solar.

•

Fluxo bem resolvido.

•

Poucas alterações na edificação principal e

quando realizadas, fazendo contraste indicando sua contemporaneidade.

•

Paisagismo utilizando-se de elementos já

existentes e plantas nativas.

Pelo caráter urbano do solar, toda parte de recepção e exposição concentrou-se na edificação principal, já adentrando a

DIVERGÊNCIAS DO PROJETO:

edificação em um primeiro momento.

•

Dali pode-se acessar as salas de exposições, ir para o

Acesso pela edificação principal, não

permitindo uma grande apreciação da mesma.

auditório por meio das passarelas ou ir para os espaços de convivência no pavimento inferior através de escada substituída na edificação principal.

Os funcionários e carga e descarga entram pelos fundos do solar, com área também para eles, evitando assim cruzamento de fluxo de funcionários e visitantes ou de objetos, artistas e materiais com visitantes.

Imagem 66: vista de cima. Fonte: Archdaily.

41 / 81

7.2. Museu do Registro

Inventário:

Estacionamento escondido

Pertencente a Manuel Rodrigues da Costa, inconfidente mineiro, a fazenda é uma das

Ficha Técnica: Local: Barbacena, MG.

mais antigas do trajeto da Estrada Real, utilizada para registro do ouro que saia de Minas

Construção histórica: Fazenda Registro Velho

Gerais.

(Superior a 300 anos)

A fazenda foi utilizada como posto militar durante a Revolução Liberal de 1842,

Área da requalificação: 241,03 m2

abrigando 600 soldados. Entre figuras ilustres que já estiveram no local, Dom Pedro I e

Tombamento: IPHAN, IEPHA - MG e Prefeitura de

Tiradentes são destaques.

Barbacena.

Projeto de requalificação: GEMA Arquitetura.

Ano do projeto: 2015 Estado de conservação: péssimo/ruínas.

Uso original: residencial Novo uso: institucional / museu.

A fazenda possui um pavimento, com porão, planta em U, estilo colonial rústico.

Fachada principal com 6 janelas com caixilhos de vidro, sendo 4 do lado esquerdo e 2 do

Principais fluxos

lado direito, possuindo no meio uma varanda com escada de acesso e porta almofadada. Seu telhado, em telhas capa-canal com caimento em seis águas e beiral de aproximadamente 40

Imagem 68: perspectiva conjunto. Fonte: IAB-MG. Adaptado pelo autor.

cm.

Sua estrutura é em madeira, vedação em pau-a-pique, paredes caiadas de branco e janelas em azul del-rey.

Características do projeto de requalificação: Entrada de

Como a fazenda estava quase em ruínas, o

funcionários

projeto de requalificação priorizou sua restauração, não criando anexos ou aumentando a área da edificação, já que seu entorno já fora totalmente

Imagem 69: perspectiva humanidada.

Fonte: IAB-MG.

descaracterizado.

O telhado foi totalmente refeito, porém, com um desenho de sua estrutura diferente, enquanto as fachadas foram estabilizadas, com reparos que afetavam a estrutura.

Internamente, vãos foram abertos para abrigo de exposição, administração e uma sala multiuso.

Fluxo de visitantes

Também a circulação entre essas áreas foi feita por uma passarela em estrutura metálica.

Do lado externo, o único acréscimo se deu por um pergolado auto-portante que ajuda a conectar os espaços.

Áreas de lazer

Exposições

Funcionários

Imagem 67: planta baixa. Fonte: IAB-MG. Adaptado pelo autor.

INSPIRAÇÕES DO PROJETO:

DIVERGÊNCIAS DO PROJETO:

•

•

Estado de conservação próximo à Fazenda

Imagem 70: pergolado do conjunto.

Fonte: IAB-MG.

Não possuir anexos, mantendo a edificação

Elídio Sanglard.

isolada no entorno.

•

Métodos construtivos próximos.

•

•

Projeto bem detalhado.

Projeto de restauração.

42 / 81

7.3. Centro de Interpretação do Pampa Ficha Técnica: Local: Jaguarão, RS. Construção histórica: Enfermaria Militar (1883)

Estacionamento

Área da requalificação: 1880,00 m2 Tombamento: IPHAN, IPHAE - RS e Prefeitura Municipal de Jaguarão.

Projeto de requalificação: Brasil Arquitetura.

Ano do projeto: 2010 Estado de conservação: péssimo/ruínas.

Uso original: institucional / hospital.

Novo uso: institucional / museu.

Imagem 73: comedoria. Fonte: Brasil Arquitetura.

Entrada de funcionários

Inventário:

A edificação foi construída em 1883, servindo como Enfermaria Militar no período da Guerra do Uruguai. Durante o século XX, ela foi perdendo seu uso de enfermaria, passando por escola e por fim, na época da Ditadura Militar, como cadeia para inimigos políticos do governo.

Entrada de funcionários

O imóvel ao começo da década de 1970 foi abandonado e na cidade correm diversas versões que apontam para certo descaso que permitiu que a população retirasse tudo que podia do local, telhas, aberturas, deixando o imóvel em ruínas. A Enfermaria, edificada em um dos pontos mais altos da cidade, o Cerro da Pólvora, que em posição de defesa consta o inicio de uma fortificação militar em décadas anteriores, e relativamente

Fluxo de visitantes

Imagem 72: implantação. Fonte: Brasil Arquitetura.

Adaptado pelo autor.

Imagem 74: auditório. Fonte: Brasil Arquitetura.

afastada do centro da cidade, a urbanização do seu entorno é bastante precária até os dias de hoje.

As Ruínas da Enfermaria ficaram mais tarde a disposição para alienação, mas não apareceram interessados, e após o abandono e ação do tempo foi conferindo um caráter de antiguidade. (MELO; RIBEIRO, s/d, p. 3)

A enfermaria, em estilo eclético, é muito valorizada pela população, tanto que o projeto do Brasil Arquitetura foi graças a apelo popular, como o movimento “Abraço à Enfermaria Militar”, realizado em 2009, em defesa da contratação do projeto de requalificação.

O prédio foi construído ao redor de um pátio interno, com amplas janelas e porão alto, uma sólida construção de alvenaria conjugada com pedras oriundas de uma pedreira próxima. Seu imponente estilo neoclássico contrastava com o vazio ao redor e permitia uma observação da cidade e do rio Jaguarão que delimita a fronteira com o Uruguai, o que ficou presente no imaginário da população. (BÔAS; COSTA, 2012, p. 3)

Imagem 71: perspectiva externa.

Fonte: Brasil Arquitetura.

43 / 81

Características do projeto de requalificação:

7.3. Centro de Interpretação do Pampa

Diferentemente da critica aos grandes museus que

Ficha Técnica:

provocam o esquecimento, o Centro tem como proposta

Local: Jaguarão, RS.

provocar o sentimento do que significa esse Pampa, não é

Construção histórica: Enfermaria Militar (1883)

um museu de história ou de arqueologia, por exemplo, e sim

Área da requalificação: 1880,00 m2

um mensageiro da história, e do sentimento do Pampa,

Tombamento: IPHAN, IPHAE - RS e Prefeitura

portando portador de memória.

Municipal de Jaguarão.

Seu conceito é fazer a ligação com os fronteiriços,

Projeto de requalificação: Brasil Arquitetura.

trazendo uma forma de interpretar essa rica cultura, mas

Ano do projeto: 2010

pouco difundida. Logo, o projeto tem o foco não em turistas,

Imagem 78: croqui do arquiteto. Fonte: Brasil Arquitetura. Adaptado pelo autor.

mas sim na população regional.

No projeto foram construídos dois anexos: o primeiro

Uso original: institucional / hospital.

Novo uso: institucional / museu.

Entrada de funcionários

serve como recepção e acolhimento aos visitantes, de onde

Estado de conservação: péssimo/ruínas.

já se tem uma visão da fachada principal. Enquanto o outro, encaixa-se diretamente com a edificação histórica, fechando

INSPIRAÇÕES DO PROJETO:

o pátio interno, sempre também trabalhando a vista para a

•

construção principal.

num segundo plano, sempre conseguindo visadas

Esse é uma das principais temáticas do partido do

da edificação histórica.

projeto: sempre possuir contato visual com a Enfermaria

•

Visadas internas

Militar.

caráter de ruinas à mostra, apenas inserindo fechamentos e telhado, mantendo o aspecto atual da enfermaria.

Fluxo de visitantes

Manter

o

aspecto

atual,

apenas

reconstruindo ou reparando o necessário.

Como a edificação neoclássica estava em ruinas, reconstruiu-se algumas de suas partes, mas ainda deixando o

Fluxo de visitantes: adentra-se no projeto

•

Conceito.

Áreas de lazer Exposições

DIVERGÊNCIAS DO PROJETO: •

O primeiro anexo se coloca a frente da

edificação principal.

Imagem 77: planta baixa. Fonte: Brasil Arquitetura. Adaptado pelo autor.

Imagem 76: corte. Fonte: Brasil Arquitetura. Adaptado pelo autor.

44 / 81 Imagem 75: perspectiva olho de pássaro. Fonte: Brasil Arquitetura.

O museu está localizado no declive natural do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, contrastando pelas suas linhas contemporâneas mas sem tirar o

7.4. Museu de Congonhas

protagonismo do sítio histórico.

A implantação segue o padrão de todo o bem histórico, respeitando o

Local: Congonhas, MG. Área: 3625,00 m2

terreno natural, remetendo o princípio do barroco de busca ao céu,

Projeto: Gustavo Penna Arquiteto e Associados.

reverenciando o simbolismo do entorno.

Apesar de contemporânea, a arquitetura do museu se harmoniza com a linguagem que já está lá há séculos através de algumas características do projeto: uma implantação neutra, sem competição volumétrica com o conjunto arquitetônico principal; o ‘ritmo’ da construção, com suas aberturas, proporções, alinhamentos e altimetrias em escala similar ao do resto do conjunto; a grande base da edificação em pedra, muito peculiar da época da construção do Santuário, com o uso de pedras da região. A parte superior mais leve e fluida, com paredes caiadas e pintadas com tinta mineral – a mesma usada na restauração das capelas dos Passos de Cristo e da basílica, aprovada pelo Iphan.

Ano do projeto: 2015 Uso: institucional/museu.

Este

projeto

não

se

trata

de

uma

requalificação e sim de uma inserção de um projeto contemporâneo em um centro histórico com predominância de arquitetura barroca e rococó. Também foi o Estudo de Caso escolhido para visita in loco, em ordem de conhecer mais sobre o projeto e visualizar informações que não

Ocupando 3.500 m² de área construída, o museu é dividido em três andares: no nível principal estão a recepção e a sala de exposição permanente, composta por quatro espaços: a sala introdutória, o corredor expositivo, o salão de exposição e ainda uma loja e um café. No nível inferior há um hall e o acesso à área de exposição permanente e temporária, à área de biblioteca e documentação (que consolidará o Museu como um centro de referencia do barroco brasileiro) e ao setor administrativo, além de um anfiteatro a céu aberto. Finalmente, no nível subsolo está o Centro de Referência do Barroco, um ateliê para o desenvolvimento de trabalhos com pedra.

(ARCHDAILY BRASIL, 2015)

seriam através de materiais à distância.

Centro histórico

Imagem 80: volumetria. Fonte: Archdaily.

Já a parte interna do museu, contrasta com seu exterior, já que utiliza dos principais recursos tecnológicos para mostrar Congonhas e seu centro histórico de uma forma inédita.

Sendo um museu metalinguístico, o mesmo funciona com o conceito de

Museu

Museu de Sítio, feito para potencializar a compreensão do lugar que está inserido.

Suas exposições são todas relacionadas ao barroco de Congonhas. Tendo uma exposição sobre a reprodução dos 12 profetas de Aleijadinho, uma exposição com ex-votos do século XVIII ao século XX e um aplicativo que permite um tour virtual em toda a cidade.

Imagem 81: interior. Fonte: Archdaily.

Também há a presença de uma biblioteca que reuniu um acervo sobre teologia, fé, devoção, a obra de Aleijadinho e da história e cultura de Congonhas.

Imagem 79: implantação. Fonte: Archdaily. Adaptado pelo autor.

A loja também conta com souvenires fabricados pelos artesãos da cidade, já que Congonhas é um munícipio com uma cultura do artesanato muito forte.

45 / 81

7.4. Museu de Congonhas Local: Congonhas, MG. Área: 3625,00 m2

Fluxo de visitantes

Projeto: Gustavo Penna Arquiteto e Associados.

Ano do projeto: 2015 Uso: institucional/museu.

Altura basilica

Altura museu

Imagem 83: fachada do conjunto. Fonte: Archdaily. Adaptado pelo autor.

Entrada de funcionários

Imagem 84: corte longitudinal. Fonte: Archdaily. Adaptado pelo autor.

Áreas de lazer

INSPIRAÇÕES DO PROJETO:

DIVERGÊNCIAS DO PROJETO:

•

Conceito de Museu de Sítio

•

•

Interatividade das exposições

alguns momentos, com pouca separação

•

Volumetria/partido e sua forma

clara entre as áreas.

de conversar com o histórico

Exposições

•

Funcionários

com o barroco mas de uma forma

Outras atividades culturais

Fluxo complexo e confuso em

Materiais utilizados e sua ligação

contemporânea.

46 / 81 Imagem 82: plantas. Fonte: Archdaily. Adaptado pelo autor.

7.4. Museu de Congonhas DIÁRIO DE VISITA

Local: Congonhas, MG. Área: 3625,00 m2

Visitar Congonhas já era um desejo antigo, já que mesmo morando a 20 km de lá por um bom tempo, nunca havia tido a oportunidade de ir na cidade e além de

Projeto: Gustavo Penna Arquiteto e Associados.

Ano do projeto: 2015 Uso: institucional/museu.

conhecer o Museu de Congonhas, conhecer também o patrimônio da cidade.

Ao chegar ao Centro Histórico da cidade, avista-se o museu, porém, o mesmo não chama a atenção pra si, deixando o destaque para o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.

Quando chega ao projeto de Gustavo Penna, não se Imagem 85: área externa.

Fonte: acervo do autor.

tem ideia da sua dimensão real, porque o mesmo parece ser bem menor, devido a sua implantação em níveis, você o acessa pelo nível mais alto, que ao nível da rua, tem-se a ideia de ser apenas um pavimento.

Porém, ao adentrar, consegue-se ter uma noção de suas dimensões, com salas amplas de exposição, uma área externa para eventos, auditório, cafeteria etc.

Mas o que se destaca no projeto são os materiais utilizados, sendo sóbrios tanto dentro quanto fora do

Imagem 87: sala de exposição.

Fonte: acervo do autor.

projeto, mas sem perder sua noção de contemporaneidade.

Além do que seu conceito de Museu de sítio é muito bom aproveitado e a sala interativa sobre Congonhas é bem interessante. Único problema no projeto são alguns fluxos que te deixa confuso para onde está indo, embora haja sinalização. Seu estado de conservação também não é Imagem 86: fachada 2017.

Fonte: acervo do autor.

muito bom: para um projeto tão novo, a fachada já encontra-se suja e desgastada, provavelmente por conta da alta concentração de minérios em Congonhas, fazendo com que literalmente as ruas sejam avermelhadas.

47 / 81

Imagem 88: réplica dos profetas.

Fonte: acervo do autor.

8. Preliminares do projeto 8.1. Análise do entorno A Fazenda Elídio Sanglard localiza-se em uma área de características rurais, onde há o

Esse tipo de ocupação se dá ao fato de principalmente se tratar de uma população com menos

predomínio de dois tipos de produção agrícola: o café e o gado de leite. Esta marca principalmente a

acesso à informação, juntamente com a questão histórica, já que a colonização deste córrego se deu

paisagem do local, conforme mapa a seguir, que mostra, dentro do Córrego Pirapetinga, a divisão de

no início do século XX, quando não havia o debate acerca das políticas de preservação do meio

terras em pastagens, lavouras cafeeiras e resquícios de Mata Atlântica.

ambiente.

Porém, mesmo sem o conhecimento técnico, a forma de abertura de vias sempre se deu acompanhando as curvas de nível: 760

740

0 72 680

700 660

0 60

640 620

0 66

¯

70 0

680

A

735

72 0

68 0

Mapa 09: Proporção entre café, pastagens e florestas. Fonte: elaborado pelo autor.

70 0

0

0,05 0,1

0,2

0,3 km

72 0

Pelo mapa percebe-se que a produção cafeeira e as pastagens de gado de leite se misturam principalmente nas encostas, enquanto a baixada proporcionada pelo vale é utilizada para habitação e terreiros. As áreas florestais situam-se nos topos de morro, formando uma espécie de corredor vegetal, característica esta benéfica para fauna e flora.

Porém, fato preocupante é a forma como a ocupação se deu no entorno do curso d’água. Este encontra-se cercado de áreas de pastagens e sem uma mata ciliar adequada. Além de ser utilizado

Mapa 10: vias de acesso marcadas e áreas críticas identificadas. Fonte: elaborado pelo autor.

As áreas em laranja representam os locais em que há a dificuldade de passar dois veículos de passeio simultaneamente. Como a via acima do curso d’água é a Rota Imperial, com mais de 200 anos de história, a mesma não será alterada, sendo impostos alguns limites de velocidade ao tráfego do local, expostos em item à frente.

como esgoto de algumas residências mais antigas.

48 / 81

49 / 81

A estrutura física do relevo é tipicamente mineira, caracterizando-se pelos Mares de Morro. A Fazenda encontra-se em uma zona de confluência de 5 morros:

Já no quesito das edificações, as mesmas possuem 1 ou 2 pavimentos e o uso predominantemente é residencial, embora o comércio informal de produtos agrícolas seja comum ali, mas sem caracterizar um uso misto.

Legenda de cores por altitude: 761-820 721-760

641-680 600-640

681-720

Mapa 11: mapa hipsométrico Córrego Pirapetinga. Fonte: elaborado pelo autor.

Mapa 12: uso e ocupação do solo com gabarito. Fonte: elaborado pelo autor.

No mapa hipsométrico acima percebe-se uma grande variação de altitde, podendo a chegar até

Além das residências, há várias edificações de apoio, como galpões e armazéns, utilizados na

a 220 metros e a confluência destes 4 morros, que se dá em um fundo de vale, que está localizado as

produção agropecuária do Córrego Pirapetinga. Só há um comércio grande no local, sendo este a

edificações. No perfil topográfico abaixo, tem marcado a localização da fazenda, tanto quanto um

retirada de areia do curso d’água. Há também a presença de um bar com residência no segundo

zoneamento seguindo o Mapa 08.

pavimento, uma igreja católica representando o uso institucional e a antiga usina, sendo um serviço As áreas em laranja representam locais em que a dificuldade passar dois veículos público, embora desativada.

A maioria destasosconstruções nãohá possuem projetodearquitetônico e são de passeio simultaneamente.com Como a via acima do curso ruim, d’águadevido é a Rota Imperial, com mais de 200 advindas da auto-construção, materiais de qualidade a renda da população, que é anos baixa.de história, a mesma não será alterada, sendo impostos alguns limites de velocidade ao tráfego do local, expostos em item à frente. Área florestal

Área agricultável Área edificável

Imagem 89: perfil topográfico. Fonte: elaborado pelo autor.

8.2. Análise do terreno 8.2.1. Insolação A análise de insolação no terreno da Fazenda Elídio Sanglard é de suma importância, porque mesmo sendo um projeto em que já há uma construção ocupando parte do terreno, é necessário analisar a posição dos terreiros no conjunto.

22 jun

22 jun

24 jul

21 mai

28 ago

Fachadas que recebem mais insolação

16 abr Áreas sombreadas.

23 set

21 mar 12 hrs

20 out

22 nov

23 fev

18 hrs

6 hrs

22 dez

Este terreiro recebe insolação na parte da tarde, o que é positivo para secagem do café.

21 jan 22 dez

Imagem 90: implantação com carta solar. Fonte: elaborado pelo autor.

Radiação solar direta:

Temperaturas:

Imagem 91: mapa de sombras período da tarde. Fonte: elaborado pelo autor.

Premissas de projeto após insolação: manter o terreiro da frente e continuar a produção de café; construir o anexo na parte sombreada, para garantir conforto aos usuários na parte da tarde e proteger o acervo de calor e radiações excessivas; pensar em modos de proteger a fachada frontal da radiação.

50 / 81 Imagem 92: carta solar. Fonte: LABEEE-SC.

8.2.5. Legislação Também não há lei com diretrizes de como atuar em um projeto de requalificação,

O munícipio de Manhumirim não possui Lei de Uso e Ocupação do Solo, então parâmetros como zoneamento, afastamentos etc não podem ser aplicados no projeto. Porém,

porém, algumas premissas foram acertadas de antemão:

por convenção e por estar em um terreno de área grande, não serão construído nada nas divisas, além do curral, que já se encontra ali.

Por se tratar de uma área de APA, alguns parâmetros de sustentabilidade serão aplicados à obra:

•

Nenhuma edificação contemporânea deve superar a altura da edificação principal.

•

Nenhuma edificação contemporânea deve ser implantada à frente das fachadas

principais do casarão.

•

Obra rápida, limpa e com menor impacto na edificação principal.

•

•

Materiais com selo de sustentabilidade.

justifique intervenção. Caso isto ocorra, deve-se deixar visualmente explicito o local da

•

Será reflorestada uma área igual à área construída.

intervenção.

•

Todas as árvores que já se encontram ali, irão permanecer.

•

Utilização de telhado verde quando possível.

A pátina do tempo será mantida, a menos que haja algum problema estrutural que

Também, por estar próxima a uma área de um curso d’água, traçou-se via georreferenciamento (SIG), os 30 metros do Rio Pirapetinga para comprovar que nenhuma área está sendo invadida, como mostra imagem a seguir:

Mapa 13: área de afastamento do rio. Fonte: elaborado pelo autor.

53 / 81

8.3.3. Proposta do Circuito cultural

Como mostrado nos capítulos anteriores, Manhumirim é uma cidade com um acervo arquitetônico considerável, porém, a valorização do mesmo não é vista na cidade.

Já, por meio de visitas in loco e levantamentos realizados pela Prefeitura Municipal de Manhumirim, o autor montou uma tabela com os bens da cidade, dividido por categorias, encontrada no Apêndice 02.

Pouco menos de 10% dos bens da cidade são inventariados e geram ICMS Cultural, excluindo até mesmo edificações como o Colégio Santa Terezinha, O Seminário Apostólico e a Igreja Matriz, que são grandes edificações que se destacam na paisagem urbana e se tornaram símbolo do munícipio.

Com isso, o munícipio arrecada do ICMS Cultural um valor bem abaixo de sua capacidade, valor este que poderia ser utilizado para conservação e restauração das edificações e também para auxílio da criação do circuito cultural, com parcerias público-privadas.

A proposta do circuito cultural é, a partir da Fazenda Elídio Sanglard como Memorial do Café, elencar outras edificações de caráter histórico do munícipio para uso institucional, sendo aberto à população para visitação, não só enquanto museus que contam a história da cidade e suas tradições, mas também para suprir necessidades de lazer e cultura da cidade, além do aprofundamento na arquitetura local.

Algumas sugestões são: •

Fazenda Elídio Sanglard – Memorial do Café

•

Armazéns de Café da IBC – Centro Cultural

•

Seminário Apostólico – Memorial Padre Júlio Maria (já funcionando no local)

• Parque do Sagui, Marco da Capela da Santinha, Balneário do Rio Claro e fazendas residenciais – Circuito de ecoturismo pelos modos de fazer de Manhumirim •

Limite de velocidade também será estabelecido em 40 km/h para veículos pequenos e 20 km/h para veículos maiores, em ordem de preservar a Rota Imperial, que é uma estrada em terra batida e a ambiência da Fazenda Elídio Sanglard, já que as partículas de areia são muito danosas à Edificação.

No terreno em frente ao da Fazenda, em que hoje é utilizado para extração de areia, será incluído no perímetro de proteção do conjunto, encerrando-se assim a atividade danosa e sendo reflorestada - com vegetação nativa ou transformando-se em lavoura de café novamente.

O perímetro de proteção é definido pelo seguinte polígono: Dentro do mesmo, algumas restrições serão impostas aos moradores: não será permitido desmatar as lavouras de café e florestas nem praticar atividades de extração mineral, além de qualquer construção a ser realizada, ser realizado um Estudo de Impacto de Vizinhança e aprovação pelo Conselho de Patrimônio Cultural do município e Conselho do Circuito Cultural de Manhumirim, a serem criados.

B D

A C

G

E

Fazenda do Quartel – Museu Histórico da Rota Imperial de D. João VI

• Garagem de Vagões, Caixa D’água da Estação e Fazendas no caminho – Circuito Ferroviário Leopoldina Railway F

8.3.4. Proposta do entorno Imagem 99: perímetro de proteção. Fonte: elaborado pelo autor.

As vias para a Fazenda Elídio Sanglard serão alargadas quando possíveis, seguindo uma caixa mínima de 7 metros. Serão permitidos veículos de passeio pequenos como carros e motocicletas até o estacionamento do Memorial, sendo respeitado que na parte interna, o trânsito só poderá ser realizado a pé, salvo exceções. Ônibus de passeio, com aviso prévio e documentação em dia, comprovando parte ambiental como presença de catalisadores e outros mecanismos, também poderão estacionar próximo ao memorial.

Veículos de grande impacto como caminhões e carretas terão o trânsito desviado para outro trajeto.

Perímetro de proteção: A - primeiro terreiro acima da Fazenda Elídio Sanglard; B - início da estrada da vila; C - final da estrada da vila; D - primeira visada da Fazenda na Rota Imperial; E - final do terreiro de José Sanglard; F - final do comércio de areia; G - final do terreno do conjunto da Fazenda Elídio Sanglard antes da divisão.

56 / 81

8.3.5. Conceitos

O conceito aplicado no projeto de requalificação da Fazenda Elídio Sanglard é o de

Com isso, já começa a delinear até mesmo uma forma para o projeto. O destaque é a

museu de sítio ou museu de território. Esse conceito traz um novo tipo de museu, em que não

edificação principal e nenhum dos anexos a serem criados terão altura volumétrica superior a

busca apenas preservar o passado, mas potencializar o presente do local que está inserido,

ela e nem se interporão em frente a mesma. Eles irão abraçar a mesma, em suas duas fachadas,

trazendo análises, interatividade, mapas etc, sobre o assunto.

criando um espaço de um pátio em que será utilizado para atividades diversas relacionadas ao

Este tipo de museu é um agente transformador do local pois se conecta fortemente com a população local e sua cultura, além de romper com a monotonia de um espaço somente para exposições artísticas, mas também sendo um local de convívio, com áreas abertas, restaurantes, bares, auditórios e exposições que rompem com a arte comum e trazem a arte do local.

Segundo o Conselho Internacional de Museus: museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento e aberto ao público, que adquire, conserva, estuda, expõe e transmite o patrimônio material e imaterial da humanidade e do seu meio, com fins de estudo, educação e deleite. (ICOM, 2007, s/p.)

café. O terreirão da frente será mantido e continuará sendo utilizado em suas atividades. Além disso, uma visita guiada pelas lavouras do café será programada por meio de carros de golfe.

O anexo fará referência ao antigo paiol do conjunto, já que um paiol é um anexo e o coração da estocagem do café. Então sua forma será uma releitura contemporânea,, abrigando todas as funções que o casarão e o curral não comportam.

Este anexo utilizará materiais modernos como o vidro, dando transparência e permitindo sempre a visão da casa, mas também materiais clássicos como a madeira, de uma forma nova e que converse com o conjunto.

A praça terá a ideia de um grande terreiro, até mesmo em seus materiais, em que o

Porém, o museu pode ser considerado mais que somente uma instituição, transpassando

concreto será empregado.

o físico e chegando em um fenômeno que trabalha com o patrimônio enquanto categoria de

O curral terá sua estrutura mantida e alguns de seus fechamentos, o telhado passará por

pensamento, podendo existir em todos os lugares e em todos os tempos, onde existir uma

uma mudança, retirando as telhas de fibrocimento e colocando telhas coloniais. Onde mantiver

manifestação do intelecto humano, de sua capacidade de criação.

a vedação em madeira, será colocado um vidro para manter a segurança.

O museu de território surge daí: ele surge da musealização de um território, dando ênfase

O casarão terá algumas paredes retiradas, principalmente a parede feita em 1980 e a

às relações culturais e sociais homem/território, valorizando processos naturais e culturais e não

parede que está cedendo, além de outras para aberturas de vão. O telhado será reformado,

os objetos enquanto produtos da cultura mas sem deixar de lado as exposições tradicionais de

trocando as peças comprometidas e passando por um processo de impermeabilização. O forro

objetos, baseando-se em um tempo social da população e não em um tempo apenas

de fibrocimento será retirado. A cozinha construída em 1975 também vai sair. Parte do piso será

cronológico.

trocado para abertura de uma circulação vertical interna.

Estes novos museus têm, como atributos específicos, a sua capacidade especial de nos traduzirem novos olhares sobre os objetos, convidando-nos a repensar toda a museografia tradicional, para que possamos reinterpretar a história do território que serve e representa, na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico das suas populações, aqui percebidas como agentes ativos e dinâmicos na construção das suas próprias realidades materiais e imateriais.

Aliás, é fundamental sublinhar que, na sua relação com a museologia tradicional, esta nova museologia reinventa alguns dos conceitos mais caros à museologia clássica, contrapondo com outros de natureza complementar – ao conceito clássico de coleção contrapõe-se o de patrimônio, ao edifício contrapõe-se o território e ao público contrapõe-se a comunidade. (RIBEIRO, 2007, s/p.)

57 / 81

8.3.6. Partido Demolir anexo de 1975

Curral recebe administração

Construir novo anexo

Criar a praça, aproveitando do nível existente

Imagem 100: evolução do partido. Fonte: elaborado pelo autor.

Área cultural fazenda Área de produção Área funcionários Anexo a construir 58 / 81

Partes a demolir Imagem 101: esquema do conjunto setorizado. Fonte: acervo do autor. Adaptado pelo autor.

11. Bibliografia ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 1082 p.

ALBUQUERQUE, Modesto Starling (.coord). Plano global e de emergência de Manhumirim. Belo Horizonte: Dynamus, 1997. 58 p.

ARCHDAILY BRASIL. Museu de Congonhas: Gustavo Penna Arquiteto e Associados. 2015.

Disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/778956/museu-de-congonhas-gustavo-penna-arquiteto-e-associados>. Acesso em 23 de maio de 2017.

ARCHDAILY BRASIL. Museu histórico e cultural de Jundiaí: Solar do Barão – AUM Arquitetos. 2012.

Disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/01-83128/museu-historico-e-cultural-de-jundiai-nil-solar-do-barao-slash-aum-arquitetos>. Acesso em 23 de maio de 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ. Indicadores da indústria do café. Disponível em: < http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=61#1910>. Acesso em 21 de maio de 2017.

BARROS, Júlio César Victoria; BARROS, Alzira; MARDEN, Sanzio. Restauração do patrimônio histórico: uma proposta para a formação de agentes difusores. São Paulo: Editora SENAI – SP, 2013. 171 p.

BENINCASA, Vladimir. Fazendas paulistas: arquitetura rural no ciclo do café. 2007. 264 p. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007.

BÔAS, Alexandre dos Santos Villas; COSTA, Heloísa Helena Fernandes da. Centro de interpretação do Pampa: a revitalização de um patrimônio cultural. XXVII Simpósio Nacional de História, 2012.

Disponível em: < http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1362018966_ARQUIVO_ArtigoANPUHNacional.pdf>. Acesso em 23 de maio de 2017.

BOTELHO. Demerval Alves, Pe. História de Manhumirim: município e paróquia I. Manhumirim: O Lutador, 1987. 194 p.

BRANDI, Cesare. Teoria da restauração. Cotia: Ateliê Editorial, 2016. 261 p.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

BRASIL. Lei no 12.651. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Brasília, DF, Senado Federal, 2012. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>.

Acesso em 23 de maio de 2017.

BRASIL ARQUITETURA. Centro de interpretação do Pampa. Disponível em: < http://brasilarquitetura.com/projetos/centro-de-interpretacao-do-pampa>. Acesso em 23 de maio de 2017.

CARRILHO, Marcos José. Fazendas de café oitocentistas no Vale do Paraíba. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v.14, n.1, p.59-80, 2006.

CARTORIO DO 1o OFÍCIO. Escritura de compra e venda de bens de raiz. Manhumirim, 1952.

CASTELNOU, Neto. A intervenção arquitetônica em obras existentes. Semina: CI Exatas/Tecnol., Londrina, v. 12, n. 4, p. 265-268, 1992.

CENSO DEMOGRÁFICO DE 2010. Características gerais da população. Disponível em: < http://censo2010.ibge.gov.br>. Acesso em 21 de maio de 2017.

70 / 81

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Editora Liberdade, 2006. 282 p.

CIAM. Carta de Atenas. Atenas, 1933.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Indicadores da agropecuária. Disponível em: < http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_05_15_11_11_25_2.pdf>. Acesso em 21 de maio de 2017.

CPAE. Manifesto de Amsterdã. Amsterdã, 1975.

DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Indicadores de saúde. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0201>. Acesso em 21 de maio de 2017.

FEILDEN, Bernard. Conservation of historic buildings. Burlington: Architectural Press, 2003. 403 p.

FERRÃO, André Munhoz de Argollo. Arquitetura rural e o espaço não-urbano. Labor & engenho, Campinhas, v.1, n.1, p. 89-112, 2007.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006. 189 p.

ICOMOS. Carta de Burra. Burra, 1980.

ICOMOS. Carta de Veneza. Veneza, 1964.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil em síntese: Manhumirim. Disponível em: < http://www.cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/mg/manhumirim/panorama>. Acesso em 21 de maio de 2017.

INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL. Menção honrosa – Requalificação da Fazenda Registro Velho. Disponível em: < http://iab-mg.blogspot.com.br/2015/12/xvii-premiacao-de-arquitetura-iab-mg_61.html>. Acesso em 23 de maio de 2017.

INTERNATIONAL COUNCIL OF MUSEUMS. Assembleia Geral de Viena. Viena, 2007.

IPHAN. Carta de Brasília. Brasília. 1995.

IPHAN. Compromisso de Salvador. Salvador, 1971.

KUHL, Beatriz Mugayar. Preservação do patrimônio arquitetônico da industrialização: problemas teóricos de restauro. Cotia: Ateliê Editorial, 2009. 325 p.

LE GOFF, Jacques. História e memória. São Paulo: Editora Unicamp, 1990. 476 p.

LEMOS, Carlos. Cozinhas, etc. São Paulo: Editora Perspectiva, 1978. 223 p.

71 / 81

MAYUMI, Lia. Taipa, canela-preta e concreto: estudo sobre o restauro de casas bandeiristas. São Paulo: Romano Guerra Editora, 2008. 320 p.

MELO, Alan Dutra; RIBEIRO, Maria de Fátima Bento Ribeiro. Centro de interpretação do Pampa em Jaguariúna: Rio Grande do Sul – Brasil. Disponível em: < http://cursos.unipampa.edu.br/cursos/cultura/files/2012/01/RIBEIRO-e-MELO-Centro-de-Interpretacao-do-Pampa.pdf>. Acesso em 23 de maio de 2017.

NOVAES, Adriano. A paisagem da fazenda cafeeira através da iconografia no século XIX. Disponível em: < http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/25_adriano-novaes.pdf>. Acesso em 21 de maio de 2017.

OEA. Norma de Quito. Quito, 1967.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.2, n.3, p. 3-15, 1989.

RALPH, Silveira. Levantamento do trajeto da Estrada Imperial São Pedro de Alcântara em Manhumirim. Disponível em: <http://ongforcaverde.blogspot.com.br/p/arqueologia-botocudos.html>. Acesso em 23 de maio de 2017.

REIS, Luiz Fernando. O feito e o efeito: as memórias e representações da preservação do conjunto arquitetônico e urbanístico do Serro – MG. 2012. 310 p. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

RIBEIRO, Augusto. Museus de território. 2007. Disponível em: < http://lamecus1.blogspot.com.br/2007/05/museus-de-territorio.html>. Acesso em 23 de maio de 2017.

RODRIGUES, Helena; DIAS, Frederico; TEIXEIRA, Natália. A origem do café no Brasil: a semente que veio para ficar. Revista Pensar Gastronomia, Belo Horizonte, v. 1, n. 2, 2015.

SANTANA, Marcela Maciel. As bordas da cidade colonial: um estudo da paisagem tombada de Ouro Preto – MG. 2012. 112 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2012.

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (.org). Ouro café açúcar sal: projeto inventário de bens culturais. Rio de Janeiro: SEBRAE – RJ Editora, 2004. 114 p.

SILVA, Fernando Fernandes da. As cidades brasileiras e o patrimônio cultural da humanidade. São Paulo: Editora Peirópolis, 2012. 225 p.

SILVA, José Afonso. Ordenação constitucional da cultura. São Paulo: Malheiros, 2001. 250 p.

SOUZA, Antônio Sérgio. Café solúvel brasileiro e o aquecimento do mercado de robusta. Disponível em: < http://revistacafeicultura.com.br/?mat=48512>. Acesso em 21 de maio de 2017.

TREVISAN, Rosina. Técnicas de restauração. In: BRAGA, Márcia (.org). Conservação e restauro. São Paulo: Centauro, 2003. 128 p.

UNESCO. Recomendação de Nairóbi. Nairóbi, 1976.

UNESCO. Recomendação de Paris. Paris, 1962.

72 / 81

UNESCO. Recomendação de Paris. Paris, 1968.

UNESCO. Recomendação de Paris. Paris, 1972.

VASCONCELLOS, Sylvio de. Arquitetura dois estudos. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1983. 61 p.

VASCONCELLOS, Sylvio de. Mineiridade. São Paulo: Abril Cultural, 1981. 107 p.

73 / 81

APĂ&#x160;NDICE 02 - Mapa e lista dos patrimĂ´nios de Manhumirim / MG

77 / 81

APÊNDICE 02 - Mapa e lista dos patrimônios de Manhumirim / MG

NÚMERO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42

BEM PATRIMONIAL USINA PADRE JULIO MARIA FAZENDA ELIDIO SANGLARD SEMINARIO PADRE JULIO MARIA IGREJA DE BOM JESUS ARMAZEM DE CAFE PARQUE MUNICIPAL SAGUI DA SERRA COLEGIO SANTA TERESINHA HOSPITAL PADRE JULIO MARIA CONJUNTO CASAROES PRACA GETULIO VARGAS CONJUNTO CASAROES RUA ELIAS MUSSI FAZENDA BOA VISTA FAZENDA DE OBEIRAO CARLOS LIMA FAZENDA PALMEIRA FAZENDA BOA VISTA - JOSE SANGLARD FAZENDA BOA SORTE - MARIO SANGLARD FAZENDA DO QUARTEL FAZENDA DO OURO (ALBUQUERQUE) FAZENDA VISTA ALEGRE FAZENDA DE SAPE (CAATINGA) PAIOL DE SAPE (CAATINGA) FAZENDA LIMEIRA FAZENDA FORTUNATO FAZENDA BARRA DO LESSA FAZENDA PONTE NOVA FAZENDA INDEPENDENCIA FAZENDA SAO JOSE DA TAPERA ARTESANATO CORREGO CAATINGA MIRANTE DO CRUZEIRO PEDRAS DO RIO CLARO CRISTO BRANCO ARMAZEM DE CAFE IBC GARAGEM DE VAGOES FAZENDA GENARIO HERINGER FAZENDA PARADA PORTUGAL CAIXA DE AGUA FERROVIA FAZENDA DOS RODRIGUES FAZENDA DOS MUSSI FAZENDA DOS KEHR FAZENDA DOS KNUPP CAPELA DA SANTINHA FAZENDA AUREO SANGLARD FAZENDA DOS CORREAS

TIPO CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL OBRA ARQUITETONICA URBANA OBRA ARQUITETONICA URBANA OBRA ARQUITETONICA URBANA SITIO NATURAL OBRA ARQUITETONICA URBANA OBRA ARQUITETONICA URBANA CONJUNTO ARQUITETONICO URBANO CONJUNTO ARQUITETONICO URBANO CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL OBRA ARQUITETONICA RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL MODOS DE FAZER CONJUNTO ARQUITETONICO URBANO SITIO NATURAL MONUMENTO OBRA ARQUITETONICA URBANA OBRA ARQUITETONICA URBANA CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL OBRA ARQUITETONICA RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL MONUMENTO CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL CONJUNTO ARQUITETONICO RURAL

78 / 81

ANEXOS ANEXO 01 - Escritura da Fazenda Bom Fim de 1952

79 / 81

ANEXO 01 - Escritura da Fazenda Bom Fim de 1952

80 / 81