Revista Kontexto

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Centro de São Paulo: Palco de Arquitetura

Histórica e Design Contemporâneo

Com uma linguagem acessível e descontraída, Kontexto visa informar, inspirar e envolver leitores que desejam compreender e apreciar a complexidade do ambiente construído ao seu redor, buscando explorar o fascinante mundo do design e da arquitetura de São Paulo. Acreditamos que nossa cidade é uma combinação dinâmica de história e inovação, onde cada canto tem algo único para mostrar.

Nessa edição, nosso foco será o Centro de São Paulo, uma área rica em construções históricas e projetos contemporâneos conhecidos no mundo todo. Vamos acompanhar você pelas ruas do Centro, destacando como o design e a arquitetura moldam o nosso cotidiano. Abordaremos tendências, lugares de destaque e os profissionais que estão transformando o cenário urbano.

Prepare-se para ver São Paulo com outros olhos e descobrir o que torna o Centro dessa cidade tão especial.

Guia

Exposição Riscos e Rabiscos

Estudo Raquel Euzébio

Projeto Tipos Paulistanos

Quando o chão vira texto - Paula Janovitch

Mapa estilizado do Estado de SP

Designers ocupando o Centro de SP

Edifício Virgínia recebe mostra

13ª edição da Design Week

Praça Roosevelt

Edifício Copan

Raio-X do Centro de SP

Galeria Metrópole

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Arte em tipografia das ruas traduz identidade

urbana de São Paulo

Pixo de Tony de Marco e de Alexandre Orion, parte da mostra Riscos e Rabicos, que mostra a história da tipografia na cidade de São Paulo. Foto: Edson kumasaka
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Parte da mostra Riscos e Rabicos, que mostra a história da tipografia na cidade de São Paulo

Com curadoria de Leonel Kaz, exposição ‘Riscos e Rabiscos: Lendo a cidade’ soma elementos espalhados por avenidas, prédios, placas e calçadas

De letreiros a calçadas, exposição "Riscos e Rabiscos: Lendo a cidade", realizada no Farol Santander, em São Paulo, propos um novo olhar das ruas de São Paulo, com 207 fotografias do cenário urbano paulistano, painéis, pixos, arte e a história da tipografia.

O objetivo da exposição foi mostrar que é possível conversar com a cidade, não necessariamente através dos sons. Na visão dos organizadores, basta observar como ruas, prédios, placas e calçadas se comunicam a partir de seu próprio alfabeto.

A partir da mostra, aliás, torna-se um prazer reconhecer lá fora as fontes retratadas pelos artistas: o Clearview nas placas de rua de São Paulo, o Helvetica nas inscrições do metrô e o Futura no letreiro do Estádio do Pacaembu. Até mesmo a “bizarrice” do Comics Sans fica mais palatável de se encontrar por aí.

Embora tenha sido dedicada a São Paulo, a mostra “pode servir de exemplo para outras cidades”. “O próprio pixo urbano de São Paulo é uma criação alfabética, quase uma fonte tipográfica, com características próprias”, diz o curador.

Você vai ver uma porção de coisas que já existe nesta cidade. Volte para ela e passe a lê-la, porque tem muita coisa para ser lida e saboreada", diz Kaz. "Cada quarteirão tem uma face diferente, seja na Liberdade, na rua São Caetano, a linguagem tipográfica se modifica. A gente pode começar a ver tudo isso pelos contornos, arabescos, formas das letras. Tudo isso cria um pouco mais além delas mesmas, expressando camadas de história. A gente anda muito desatento. Vivemos uma época de certo encobrimento da importância histórica das camadas

“ “ “ “

Passando pelo centro de São Paulo eu via aquela riqueza em torno do Banespão, postes, letreiros, escavações dos nomes dos arquitetos no mármore dos prédios. A gente procurou situar a singularidade da tipografia urbana paulista, que fala conosco. Agora, teremos a oportunidade de falar com ela afirma o curador.

Sala Tupigrafia da mostra Riscos e Rabicos. Foto: Edson Kumasaka Sala dos alfabetos na mostra Riscos e Rabicos, que mostra a história da tipografia na cidade de São Paulo Foto: Edson Kumasaka
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Designer elabora estudo sobre tipografia tradicional de rua de São Paulo

A paulistana Raquel Euzébio fez um guia didático sobre os pixos que tomam conta da capital paulista

Espalhado por ruas, empenas de prédios, muros e viadutos. Basta caminhar por alguns quarteirões de São Paulo para se deparar com um dos aspectos mais marcantes da paisagem urbana: o pixo (assim mesmo, com “x”, distinguindo-se da forma dicionarizada, com “ch”, para demarcar seu propósito crítico). Uma análise mais profunda das obras revela características particulares da cidade, não só pelos dizeres, mas também pelo estilo.

Foi o que a designer Raquel Euzébio, 24, fez em seu novo estudo sobre a tipografia tradicional de rua da capital e suas variações. A ideia para a investigação partiu de uma necessidade pessoal da designer de catalogar as fontes para o uso em seu trabalho.

“Nunca vi um estudo concreto, só análises picadas em livros e documentários”

Com dois anos de formada, ela já trabalhou em outros projetos relacionados, como a criação de artes inspiradas na pixação.

Hoje moradora de Lisboa, onde faz pós-graduação em fotografia, Raquel veio a São Paulo no fim do ano passado e coletou uma série de registros (um deles abaixo).

“Foi uma obsessão. Por gostar de desenhar, eu tirava fotos ou pegava a caneta e reproduzia”, diz.

“Quando voltei para cá (em janeiro), cataloguei o que vi e também criei com base no repertório de anos, de forma despretensiosa.”

“Ele reflete muito a população de São Paulo, uma cidade muito cultural mas com muita pobreza. É um instrumento para essas pessoas invisíveis e subjugadas expressarem sua raiva. Os pixadores querem que aquilo seja visto e incomode.”

A designer define o pixo como a voz da rua

A designer publicou seu estudo de tipografia de rua no X, antigo Twitter, e chamou atenção com a análise, atingindo mais de 1 milhão de interações. “Muita gente veio pedir para usar, falando que nunca ninguém tinha feito de forma simples e visual. Não disponibilizei abertamente, para marcas por exemplo, porque tenho receio dos rumos que isso poderia tomar. Afinal, o pixo não quer ser arte. Convivo com pixadores e sei”, diz Raquel. “Mas enviei o arquivo para quem entrou em contato, como o caso de um professor que pediu para usar em sala de aula.”

Um dos traços específicos do pixo na capital é a verticalidade. “As hastes verticais são a grande característica”, comenta a designer. “No Rio, é o xarpi, um tipo de pixo sintetizado em uma forma menor. capital é a verticalidade. “As hastes verticais são a grande característica”, comenta a designer. E, no Nordeste, a letra é mais caligráfica, estendida, com curvas e contornos”, explica. Na sua análise, a causa para esse perfil paulistano é a verticalização da “cidade de pedra”, com todos os prédios.

“A pixação exprime o que a cidade vive, o que a cidade grita”, ela define.

Guia criado por Raquel Euzébio sobre a tipografia de rua
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Projeto Tipos Paulistanos

Projeto “Tipos Paulistanos” mostra detalhes de uma cidade através de um olhar “tipográfico”

Arquiteto por formação e publicitário de profissão, o paulistano J. R. D’Elboux acaba de lançar um projeto que procura reunir e divulgar um dos patrimônios do design e da arquitetura de São Paulo: a tipografia utilizada nos nomes dos principais edifícios da cidade. Denominado Tipos Paulistanos, o projeto envolve o registro fotográfico e documental das peças que decoram fachadas e nomeiam as construções, ou que são simplesmente utilizadas na numeração dos imóveis.

A ideia de D’Elboux é criar um acervo com imagens de elementos gráficos e arquitetônicos da cidade, sobretudo de obras emblemáticas, como as letras modernistas da Biblioteca de São Paulo, as inscrições caligráficas encontradas no cemitério São Paulo e as letras art déco na entrada do Estádio do Pacaembu.

O art déco, aliás, é, segundo D’Elboux, o estilo que acompanhou o aumento no uso da tipografia na arquitetura, na década de 1930. “Por isso, o Tipos Paulistanos guarda bastante material dessa fase”, explica o publicitário.

D´Elboux começou a fazer o registro de tipografias em 2008. No início, eram apenas números. Depois, ele começou a colecionar letras.

“Acabei me entusiasmando com isso, que de certa maneira uniu minha formação de arquiteto com meu trabalho como diretor de arte, em que a convivência com a tipografia é diária, e, também, com a fotografia, atividade à qual me dedico regularmente”, comenta.

Acesse o repositório

José Roberto D'Elboux
instagram.com/tipospaulistanos/
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Quando o chão vira texto

A historiadora e antropóloga Paula Janovitch fala sobre a “gramática dos caminhantes”, que pode ser percebida ao se andar a pé pela cidade.

Paula Janovitch

Escrever e caminhar carregam entre si gramáticas bastante semelhantes. Mais do que isso, caminhar ajuda a construir textos. Parece que as palavras brotam mais rápido quando o corpo se movimenta.

Quantas vezes, ao sair caminhando pelas ruas, textos inteiros se desenham em silêncio. É como se o cérebro recebesse mais oxigênio em pé e as palavras tomassem o sistema circulatório. Por esses malabarismos todos da palavra que se faz em movimento, chego à conclusão que andar tem um texto próprio. Existe de fato uma gramática dos caminhantes. Só quem escreve andando sabe bem como isso acontece.

O texto do caminhante não tem começo, nem meio e muito menos um fim. Ele se altera ao acaso e sofre os efeitos dos lugares.

Há calçadas e pisos que sabem dessa gramática dos caminhantes e se metem a interagir com seus pés.

Muitos artistas gráficos que vieram da Europa por conta da Segunda Guerra Mundial deixaram nos pisos de várias passagens de São Paulo este caminhar por tipos que fugiram do papel e foram para as ruas conversar com os corpos em movimento.

Andar pelo térreo do Conjunto Nacional, na avenida Paulista, por exemplo, causa efeitos incríveis aos pés do caminhante

Já o edifício do Instituto Moreira Sales, na Paulista, ao construir seu térreo no quinto andar, foi bem ousado com esta retórica gráfica das pedras portuguesas que habitavam as calçadas da avenida. Fez uma homenagem à antiga calçada elevando-a ao seu pavimento principal.

Nas galerias comerciais do centro, os pisos também denunciam esta animação gráfica. Experimente entrar na Galeria do Rock, ou na sua irmã mais velha, a Sete de Abril. Suba as escadas rolantes e veja com seus próprios olhos o texto que vai se compondo ali de um andar para o outro. Todos diferentes, mas todos interagindo entre si. Bom para andar e melhor ainda para ler com os olhos.

Pode ter gente que diz que estes pisos das passagens, repletos de composições gráficas, são oportunistas, feitos de propósito para enganar nossos pés, atrair os passantes para dentro da vida comercial das galerias. Porém, se nasceram para seduzir, hoje são o que resta de uma composição bem armada entre pés e pisos.

Talvez nestes pisos que se fazem calçadas e passagens ainda haja um reconhecimento deste letramento do pedestre que produz seus textos sem parar e não deixa rastros nem de onde veio e nem para onde vai.

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O piso de São Paulo: a história de Mirthes dos Santos Pinto

Mapa estilizado do Estado de São Paulo

Iniciativa que existe nas ruas da cidade desde 1966, essa ideia concebida pela artística plástica Mirthes Bernardes, que na época usava o nome de solteira, Mirthes dos Santos Pinto. Naquele ano, o então prefeito de São Paulo, o famoso Faria Lima, organizou um concurso para escolher um novo modelo de calçada para a cidade. Uma das primeiras vias a receber os novos ladrilhos foi a Avenida Amaral Gurgel. Mas, talvez, o local mais emblemático desse piso seja a Ipiranga com a São João, ponto histórico de São Paulo.

Diz a história que quatro amostras foram selecionadas para a final e, para que a população escolhesse, elas foram colocadas em um trecho da Rua da Consolação. Por voto popular, a ideia de Mirthes foi a vitoriosa. A ideia da profissional fez tanto sucesso que a estampa foi utilizada em sandálias, biquinis, sacolas, etc.

Apesar do grande sucesso, Mirthes nunca ganhou nenhum real com o projeto, ela chegou a contratar advogado para ir atrás dos direitos autorais, mas desistiu porque o processo seria muito caro.

O piso português é um produto artesanal personalizável. Com ele é possível elaborar diversos desenhos com formas orgânicas e geométricas nas mais variadas cores. Por ser mais rústico e por todo esse contexto histórico, ele proporciona ao local instalado um sentimento de memória afetiva.

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Desenho de Mirthes, com as orientações de como montar a calçada

Diversidade, arquitetura e senso de comunidade atraem designers para o Centro de São Paulo

No Casa Vogue Experiencie 2023, um grupo de profissionais contou como a região da República, especialmente, se tornou um novo hub criativo na cidade

O charme da arquitetura modernista de São Paulo é o cenário para um movimento criativo que vem surgindo há alguns anos no Centro de São Paulo. Primeiro, o designer Paulo Alves decidiu sair da Vila Madalena para montar sua loja na Galeria Zarvos, em plena Avenida São Luís. Depois, Bruno Niz, morador da região, decidiu que iria apostar em uma loja na Galeria Metrópole, em frente à Zarvos. Os dois puxaram a fila de mais de uma dezena de profissionais que decidiram montar seus estúdios e showrooms por ali.

Por que o centro?

“O centro da cidade é onde tudo acontece, tudo ocorre a partir do centro”, começa Paulo, que comprou um apartamento na Avenida São Luís para, depois, decidir mudar seu endereço comercial na região. O prédio da Galeria Zarvos, projetado por Jorge Zalszupin, o encantou. ”Ficava meio escondido e, como era uma galeria dedicada à agências de viagens e isso quase não existe mais, estava meio abandonada”, conta. Ele explica que começou uma reforma no lugar durante a pandemia e estar lá deu tão certo, que depois de dois anos, resolveu alugar um espaço maior para ter uma vitrine voltada para a avenida. “Naquele pedaço da cidade temos vários prédios importantes do movimento moderno e temos que estar ali”, diz.

André conta que foi convidado por Pedro e Luisa para dividir um espaço da Galeria Metrópole e, vendo o movimento de outros designers seguirem para o mesmo endereço, resolveu topar. Já Bruno revelou que Paulo foi um grande incentivador desse movimento. “Como eu moro no centro, fazia muito sentido ter um espaço de trabalho na região”, diz. Ele chegou na Galeria Metrópole ainda durante a pandemia e estava tudo vazio. Então, levou alguns amigos, inclusive Gabriel, e, ao mesmo tempo, aconteceu a Semana de Design, o que estimulou ainda mais a ocupação.

Público assiste à mesa sobre desafios de

A Semana de Design, aliás, foi o evento que levou Luisa até ao centro. “Num primeiro momento, não havia espaço na Galeria Metrópole para alugar, mas Bruno conseguiu articular e nos ajudou a encontrar um”, conta. Ela também explicou que foi importante alugar um espaço coletivo, em um primeiro momento, para entender o movimento das pessoas que passavam por lá.

Gabriel destaca que a ocupação do centro é um movimento coletivo, onde todo mundo trabalha um pouco em prol de algo maior. Morador da região, ele também queria estar lá profissionalmente e aproveitou a oportunidade de que os imóveis para alugar por lá tem um custo mais baixo.

Pedro, por sua vez, conta que já frequentava o centro a lazer e conhecia Gabriel e Bruno, mas ficou deslumbrado com a Semana de Design de 2023. Então, teve a felicidade de dividir o espaço com Gabriel e Luisa. “É um coletivo que agrega muito no dia a dia”, diz.

Sobre os desafios de ocupar o centro de São Paulo, Gabriel afirma que o principal deles é quebrar o estigma de que é o lugar mais perigoso da cidade. “A cidade toda tem seus perigos”. E a solução para isso está no que eles mesmos estão fazendo. “A ocupação ajuda nessa questão da segurança, eu acho que quanto mais o movimento cresce, tudo melhora ao redor”, aponta Luisa.

Em paralelo a isso, Bruno conta que eles fazem um trabalho com a subprefeitura da Sé para conseguir um efetivo maior da polícia na região. “Estamos fazendo o que dá, da nossa forma, para garantir uma experiência bacana para quem nos visita e transmitir a ideia de que o centro está vivo”, finaliza.

fomentar o design nacional na região central de São Paulo — Foto: David Mazzo
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Em processo de revitalização, Edifício Virgínia

recebe mostra de design

Criativos que querem fazer uma diferença prática, usando o design como ferramenta ativa para um futuro mais circular, se reuniram durante a mostra “Quanto tempo temos?”, no Edifício Virgínia, durante a 12ª Semana de Design de São Paulo.

A ação, que ocorreu em março de 2023, foi idealizada pela incorporadora Somauma, dedicada ao retrofit de edifícios abandonados ou subutilizados, e responsável pela revitalização do Edifício Virgínia, no centro de São Paulo.

Na edição, a mostra foi dividida em três andares do Edifício Virgínia. No 9º andar, a mostra “Eu e você somos muitas…”, contou com a curadoria de Claudio Magalhães, idealizador da BaFu — Barra Funda Autoral, e reuniu artistas como Guto Lacaz, Noemi Saga, Vicenta Perrota, Naná Mendes da Rocha e Philipe Fonseca, que exporam suas criações por meio da economia colaborativa.

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Já no 8º andar aconteceu a mostra “Quanto tempo temos?”, trazendo, de um lado, uma provocação sobre a necessidade de enfrentar os desafios de consumo da sociedade contemporânea, e do outro, empreendedores que já estão contribuindo para reduzir o impacto dentro de suas áreas de atuação, tais como Constance Galeria, Ruína Arquitetura e IED – Istituto Europeu de Design.

Segundo Marcelo Falcão, arquiteto e sócio da incorporadora Somauma, o intuito é promover um evento em que as pessoas possam se reunir não apenas para discutir belos projetos, mas para mostrar que o design pode ser um divisor de águas para a sociedade.

“O design está em tudo, desde a cidade hostil que estamos criando nas últimas décadas até a uma singela xícara de café. Por isso, é possível utilizá-lo não só esteticamente, mas como uma ferramenta fundamental para a solução dos principais problemas de nosso tempo”, comenta. E é com esse pensamento que a incorporadora Somauma adquiriu o imóvel Virgínia, para propor um uso adequado à vida contemporânea, sem deixar de lado a sua memória. “Dar vida útil a imóveis vazios ou abandonados é transformar o prédio em uma célula regenerativa de todo o entorno. É a economia circular na veia, em grande escala, conectando arte, diálogos e pensamentos sobre a cidade, comunidades e negócios com propósito. Isso é ser ESG na prática”.

Por fim, o 7º andar foi dedicado à moda sustentável, reunindo marcas como Trama Afetiva, Kitecoat e From Future, por exemplo, que priorizam o upcycling, transformando resíduos têxteis em novas roupas para duplicar o ciclo de vida das peças.

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Viva um mundo mais criativo

Centro de São Paulo recebe

13ª edição da Design Week

Confira alguns destaques

Idealizada pelo designer Marcelo Rosenbaum e pela curadora de arte e design Cris Miranda Rosenbaum, a Feira na Rosenbaum é uma plataforma criativa fundada com o propósito de expor a alma brasileira em eventos que reúnem desde artistas e artesãos ligados a comunidades tradicionais até designers independentes. Suas edições pelo Brasil são uma forma de levar a produção autoral a diferentes públicos e territórios e, desse modo, revelar e promover a rica diversidade cultural do país. Tradicional no calendário da DW!, a Feira na Rosenbaum teve dois eventos simultâneos. O Edifício Martinelli, primeiro arranha-céu de São Paulo, recebeu a Feira na Rosenbaum + Instituto a Gente Transforma, com sua conhecida curadoria de design autoral que apresentou trabalhos de designers e artesãos de diversas regiões do país. No Shopping Cidade Jardim, criativos expuseram seus trabalhos convidando a uma reflexão sobre a cultura, as raízes e os modos de fazer do design brasileiro.

Circuito Gigantes do Design

A DW! Semana de Design de São Paulo chegou à 13ª edição, que aconteceu em março de 2024. Foram 11 dias com programação distribuída em sete distritos, um deles no Centro de São Paulo, onde foi possível encontrar circuito de prédios históricos com exposições, instalações, intervenções e palestras.

Tapeçaria Eko Vida, da by Kamy, será uma das peças da marca em exposição no festival | Foto: Divulgação

Endereço tradicional do design, a Alameda Gabriel Monteiro foi destino obrigatório para quem planejou participar do festival. Nele estavam concentradas as principais e mais renomadas marcas do setor, como By Kamy, Ornare e Etel, para citar algumas. A primeira apresentou a mostra "EKO: a arte que ecoa, regenera e conecta", que exibiu obras de arte têxtil bordadas à mão com curadoria de Elisa Lobo. A Ornare, por sua vez, lançou no Brasil a nova coleção Timeless Collection de mobiliário de alto padrão sob medida. Já a Etel celebrou o lançamento da coleção de Luminárias Mantiqueira, assinada por Marina Acayaba e Juan Pablo Rosemberg, do escritório AR Arquitetos.

Quem circulou pela capital paulista durante o calendário da DW! encontrou móveis gigantes espalhados pelas ruas. A ação, batizada "Circuito Gigantes do Design", marcou o lançamento da Teto Casa, encabeçada pelo empresário e diretor criativo Sergio Fix. A loja foi inaugurada na Galeria Metrópole e representou uma volta às origens da marca que, após duas décadas e de sua consolidação no segmento corporativo, retomou o diálogo com o público interessado em conviver com móveis "feitos para se sentir em casa". Durante o festival, também foi lançada uma linha completa de mobiliário e realizada uma ação digital, pelo e-commerce da marca, com móveis vendidos a R$ 1 real.

Copan será um dos endereços que abrigará os "Gigantes" durante a DW! | Foto: Divulgação Edifício Martinelli recebeu mostra da Feira na Rosenbaum durante a DW! | Foto: Wilson da Silva Vitorino/Wikimedia Commons Alameda Gabriel
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Atemporalidade

O design que tem o seu tok

Praça Roosevelt

A história da Praça Roosevelt, de primeiro estádio de futebol do Brasil a espaço cultural da pluraridade

DE VELÓDROMO DA ELITE A ESPAÇO CULTURAL DE TODOS

O terreno onde está hoje a Praça Roosevelt era, no fim do século 19, parte das terras de Veridiana da Silva Prado, conhecida como Dona Veridiana, uma das mulheres mais poderosas da cidade na época.

São Paulo tinha cerca de 65 mil habitantes em 1890 (número que daria um salto para 240 mil em 1900) e sua área urbana era praticamente circunscrita ao que hoje chamamos de Centro Histórico – a região na época conhecida como Triângulo – entre as igrejas do Carmo, de São Francisco e o Mosteiro de São Bento, a região onde temos um calçadão.

A igreja da Consolação já existia, numa versão bem mais modesta, de taipa, desde 1799. Ao longo do século 19 foram feitas modificações até que se construiu o prédio atual, entre 1909 e 1959, num projeto do engenheiro alemão Maximilian Emil Hehl, o mesmo que fez o projeto da Catedral da Sé. A igreja era um ponto de parada dos tropeiros que seguiram para o interior do Brasil.

Mas a região era bem distante do Centro. Era praticamente uma zona rural, dividida em grandes chácaras. O terreno onde está hoje a Praça Roosevelt pertencia à Dona Veridiana e seu filho, Antonio Prado, na época prefeito da cidade, que construiu ali um velódromo. O Velódromo Paulista foi inaugurado em 1895 e tinha capacidade para cerca de mil pessoas. Na época a bicicleta era um esporte de elite.

Velódromo Paulista

Seis anos depois o local foi reformado e se transformou no primeiro estádio de futebol do Brasil, assim como ciclismo, o futebol também era um esporte da elite em seus primeiros anos, mas a existência de um estádio, que na época já tinha arquibancadas para milhares de pessoas, ajudou a popularizar o esporte entre os brasileiros. O espaço foi utilizado pelo Club Athletico Paulistano (CAP), também da família Prado, e era alugado a outros clubes. Com o tempo, o surgimento de outros estádios em outros bairros da cidade deixou o Paulistano em segundo plano até que ele foi demolido em 1916, para a abertura da Rua Nestor Pestana, na época chamada de Rua Olinda.

Em 1919, a Sociedade de Cultura Artística adquiriu o terreno do antigo estádio para a construção de um teatro – a sociedade havia sido criada em 1912 para difundir a cultura na cidade.

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Antigo Cine Bijou

Vocação cultural da Praça Roosevelt

A instalação do Teatro Cultura Artística inaugura também a vocação cultural da Praça Roosevelt. Foi também naquela década que casas e sobrados construídos na rua passaram a dar lugar aos prédios que hoje formam um paredão em frente à praça. Nos térreos desses edifícios, assim como é hoje, havia bares, restaurantes, espaços culturais.

E era ali que acontecia a Bossa Nova em São Paulo. Onde hoje está o mercado Extra ficava o Baiúca, um bar muito importante na cena musical, por onde passaram nos anos 1960 músicos importantes como Dick Farney, Johnny Alf, Cauby Peixoto, o Zimbo Trio, que foi formado lá. “O Baiúca era uma festa diária, sempre lotado com fila na porta”, contou André Araujo, antigo frequentador.

Em 1962, a Praça ganhou o Cine Bijou, cinema de arte que foi responsável pela formação de muitos cinéfilos paulistanos. Na ditadura, com a censura impedindo a circulação de muitas obras, o Bijou era um espaço de liberdade, que mostrava obras que não passavam em outras salas, muitas vezes de forma clandestina.

A partir da década de 1970 e especialmente nos anos 1990, com a decadência da região central, o aumento da violência, os bares foram fechando e as pessoas deixaram de frequentar a Praça Roosevelt.

Até que a companhia de teatro Os Satyros decidiu se instalar ali, em 1999, depois de uma temporada em Portugal.

Foi o início de um processo que continuou com a vinda dos Parlapatões, em 2006, e ganhou força com a criação da SP Escola de Teatro, inaugurada em 2010. A instalação de novos bares mantém aceso o espírito boêmio e cultural dos anos 1960.

A Praça Roosevelt, a Baiúca, o Djalma’s e todas aquelas casas eram redutos de boa música. Todo mundo que era relevante para a Bossa Nova aqui em São Paulo passou por lá. Os músicos e o público eram respeitados. Tudo era de muito bom gosto. A Praça Roosevelt tinha música na veia

disse Zuza Homem de Melo ao jornal O Estado de S. Paulo.

E a Praça?

Quando começou a construção da nova Igreja Nossa Senhora da Consolação, em 1910, o terreno atrás da igreja começou a ser usado como estacionamento e para a instalação de feira livre. Mas foi só nos anos 1950 que o terreno foi asfaltado, e continuou com os mesmos usos. E ganhou o nome atual: Praça Franklin Roosevelt.

No fim dos anos 1970, o então prefeito Paulo Maluf, nomeado pela ditadura, decidiu construir um prédio de concreto, com vários pisos e escadarias. Essa construção foi inaugurada no dia 25 de janeiro de 1970 pelo então presidente militar Emílio Garrastazu Médici, em sua primeira visita a São Paulo. Em pouco tempo, o local tinha infiltrações, goteiras, e alguns pontos viraram esconderijos e pontos de tráfico.

Problema que só foi resolvido com a reforma, entre 2008 e 2012. Com a entrega do local reformado a praça passou a ser frequentada por um público eclético, com interesses variados e que se dividem no uso do espaço: moradores, skatistas durante o dia, artistas ensaiando artes circenses, peças de teatro e até ponto de encontro de slam.

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Edifício Copan

Quem nunca ouviu falar de Oscar Niemeyer, não é mesmo? Mundialmente famoso, o arquiteto brasileiro inspirou gerações e, até hoje, é sinônimo de modernidade. O projeto que deu origem à Brasília, capital brasileira, é uma das obras mais conhecidas do profissional. Porém, é em São Paulo que fica o Edifício Copan, moderno e robusto.

Criado na década de 1950, o prédio, ainda hoje, conta com traços contemporâneos. Toda a robustez do concreto armado é quebrada pelas linhas curvas. Localizado em um dos pontos mais movimentados da capital paulista, a construção conta com 115 metros de altura, 35 andares (incluindo três comerciais), além de dois subsolos, e cerca de dois mil residentes. São seis blocos e mais de mil apartamentos, todos em formas que lembram ondas. Além do espaço de moradia, o Copan traz mais de 70 lojas comerciais e até 1986 contava com um cinema.

A ideia inicial era que os dois prédios fossem ligados por uma marquise no térreo que teria garagem, cinema, teatro e comércio, mas só o edifício residencial do Copan foi construído.

Devido a alguns imprevistos, como a demora na aprovação do alvará de construção e problemas financeiros nos primeiros incorporadores do empreendimento, a obra só foi concluída em 1972.

Devido a demora na construção, o projeto do Edifício Copan passou por várias modificações durante o processo e existe uma versão da história que afirma que todas essas mudanças fizeram com que Oscar Niemeyer desanimasse do projeto.

Foi então que ele partiu para Brasília para acompanhar as obras da nova capital do Brasil. Após a sua saída, o arquiteto Carlos Lemos assumiu a execução da obra do Copan, por esse motivo, muitos questionam se o Edifício Copan como conhecemos hoje é, de fato, um projeto de Oscar Niemeyer.

Mas o próprio Carlos Lemos já confirmou em entrevistas que o projeto é, sim, de Oscar Niemeyer.

O Copan nos anos 80

Após a sua inauguração, o Copan tornou-se um dos metros quadrados mais caros da cidade de São Paulo.

Naquela época, morar no centro era sinônimo de glamour. Mas a partir dos anos 80, como aconteceu com vários edifícios do centro da cidade, o Copan passou por uma fase de degradação.

Os elevadores não funcionavam, as paredes estavam desgastadas, havia lixo por toda parte e o local chegou a virar um ponto de prostituição e tráfico de drogas.

A partir de 1986, os moradores passaram a administrar o edifício no lugar da imobiliária. Essa mudança fez com o que o Copan voltasse a recuperar seu valor para os moradores de São Paulo.

Em 2012, o Edifício Copan foi tombado como patrimônio da capital paulista.

Anúncio do Copan
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Arquitetura

O Edifício Copan tornou-se icônico pela sua arquitetura, seu formato em S contrasta com a paisagem, cheia de ângulos retos. Essa é umas das características mais famosas do arquiteto responsável pelo projeto, Oscar Niemeyer.

Além de bonito, o formato em S ajudou o Edifício Copan a ocupar o espaço da melhor forma.

Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível… o que me atrai é uma curva livre e sensual – Oscar Niemeyer

Quem olha de fora imagina o Copan como um grande bloco, mas a fachada encobre 6 blocos ligados pelo piso (do A ao F).

Outra característica do projeto do Edifício Copan é o uso de brises. O elemento, além de oferecer proteção solar e conforto térmico, também ajudou a realçar a fachada ondulada.

Curiosidades sobre o Edifício Copan

Antes do Edifício Copan chegar ao que conhecemos hoje, o projeto mudou ao menos 3 vezes

Oscar Niemeyer traçou as linhas do projeto, mas o profissional que foi responsável por erguer o edifício foi Carlos A. C. Lemos

O Edifício Copan tem um CEP próprio, o número 01046-925. O Copan é o maior prédio residencial do Brasil feito com concreto armado.

Os apartamentos do Edifício Copan variam desde kitnets até espaços com mais de 200 m². Essa característica faz com que o prédio receba uma diversidade de moradores, de diferentes classe sociais, idades e estilos de vida.

A visitação no Edifício Copan acontece de segunda a sexta em dois horários, às 10:30h e as 15:30h. É só se dirigir ao bloco F, 10 minutos antes. As visitas duram de 15 a 20 minutos, e é possível ter uma vista panorâmica da cidade de São Paulo.

Na época da sua inauguração, o Edifício Copan podia ser visto de quase todas as regiões próximas

Raio-x do Centro de SP:

veja desafios e histórias de quem resiste na região

Ao longo dos anos, o Centro de São Paulo mudou de ritmo. Não se imaginava, no início desta história, que edifícios antigos, originalmente comerciais, se tornariam moradias de pessoas interessadas em reocupar a região.

Entre os edifícios imponentes, também são enormes os desafios: conter a violência, criar moradias, reativar a economia — tudo isso aproveitando a grande estrutura que já existe.

Os 11 prefeitos que governaram a cidade nos últimos 37 anos apresentaram projetos para reerguer o Centro. A maior parte não vingou.

Houve várias tentativas do governo paulista para tentar solucionar o problema. Uma das mais recentes foi a dispersão de usuários e traficantes da Cracolândia, que se espalharam para diferentes pontos.

O problema não foi resolvido, e a sensação de insegurança permanece. São muitas as faces da violência urbana no Centro. Em média, é registrado um roubo a cada 30 minutos na região. O crime atingiu patamar recorde em 2023.

Melhoria na segurança pública, inclusão social e reocupação de prédios antigos são apenas alguns dos objetivos que exigem esforço do poder público.

Algum tipo de olhar específico para área central, né? Caberia a gente ter uma subprefeitura do Centro? Caberia a gente ter, por exemplo, uma espécie de um prefeito da noite, né, para poder criar uma zona 24 horas e olhar com essa preocupação? “

questiona o urbanista Nabil Bonduki, professor da USP.

Por outro lado, há a força dos resistentes: moradores e empreendedores que investem nesta região, que guarda uma beleza única. Em meio à nostalgia de uma vida construída no miolinho onde nasceu a cidade, a palavra de ordem é "reinventar".

Quem chegou à cidade no século passado ainda continua construindo horizontes. Miguel Romano é dono da Casa Godinho, uma mercearia centenária na Líbero Badaró, no Centro, uma das ruas mais antigas de São Paulo.

“Consumidor de produtos como os nossos foram saindo da região central, nós tínhamos que dar alguma solução para que a gente voltasse a faturar. A ideia de uma padaria foi realmente a glória, né? Chegamos atender mil pessoas por dia”, disse ele.

A rua é a mesma, mas ela divide realidades. Se, por um lado, ela preserva os primeiros desenhos de São Paulo, por outro, escancara o que tem de mais desigual na cidade.

Eu acho um negócio aqui, outro ali e aí eu vendo, ganho minha moeda para tomar meu café, minha bolacha, que eu gosto de comer, eu gosto de trabalhar pra comer “ contou Paulo, morador em situação de rua.

Nabil Bonduki avalia que os desafios do Centro, como a inclusão da população em situação de rua, se arrastam há décadas. “Cabe ter uma política social voltada para esse setor da sociedade e, ao mesmo tempo, a possibilidade de o Centro recuperar. Não recuperar para voltar ao que era, mas para ser uma nova situação, inclusive com mais diversidade social, habitação para os vários níveis de renda. Isso é um papel do poder público garantir, com subsídio, população de renda mais baixa”, aponta.

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Na Casa de Francisca, um palacete tombado a meio quarteirão da Praça da Sé, é a música que preenche o espaço como sinônimo de resistência. Em 2017, Rubens Ammatto, fundador do espaço, decidiu que o Centro seria o novo endereço da casa de shows que já tinha 10 anos de sucesso em um bairro nobre da cidade.

A gente veio muito convicto que era a decisão certa, porque é a cidade que a gente quer. E não é à toa que vem dando certo. A gente faz cerca de 30 shows ao longo do mês. Tenho certeza que, cada vez mais, com outras iniciativas e o poder público também fazendo seu papel, a gente pode ter um Centro vivo dia e noite

Para o bancário Bruno Bezerra, o Centro também é uma escolha: tanto para morar quanto para o lazer. E é dessa maneira que ele acredita que pode fortalecer a região. “Ter um Sesc, uma Casa de Francisca, um CCBB aqui do lado sempre ajuda a gente a iniciar essa jornada de vir para o Centro e sempre lembrar que o Centro é menos perigoso do que a gente imagina que é."

Há 60 anos convivendo com todas essas transformações da região, Affonso Celso de Oliveira define o que sente: “Medo, muito medo”. Ele mora e é síndico do Copan, edifício emblemático construído na década de 70 por Oscar Niemeyer.

É difícil não associar a insegurança no Centro às conhecidas cenas da Cracolância, região que começou com uma concentração de centenas pessoas consumindo e comercializando drogas a céu aberto. Apesar de tudo, Miguel, da Casa Godinho, ainda mantém a esperança de um Centro melhor.

“ “

É difícil. Muitos falam: ‘Entrega, sai fora, vai cuidar da tua vida’... Não é bem assim, é como se abandonar, guardadas as proporções, largar o a amor da tua vida e morar em qualquer lugar. Não é assim. Eu criei a minha família trabalhando aqui. Machuca ver que as pessoas estão fugindo. É muito importante que as pessoas saibam que podem vir, entendeu? Por favor, voltem para o Centro

O governo de São Paulo disse, em nota, que concentra esforços na luta contra a criminalidade e na revitalização do Centro da capital. Disse, ainda, que a Secretaria da Segurança Pública reforçou o policiamento, com mais 120 policiais militares nas ruas, e que, entre abril e novembro, os furtos e roubos diminuíram.

A Prefeitura de São Paulo disse que tem diversas ações de atendimento à população em situação de rua e mais de 7 mil vagas de acolhimento. A gestão municipal cita ações para requalificação da região central, como a restauração de prédios antigos, entrega de novos espaços de lazer e o projeto para a construção de um complexo de serviços 24 horas. Disse também que vai subsidiar a reforma de imóveis antigos para uso como moradia popular.

O

renascimento da Galeria Metrópole

Conheça a nova cara da Galeria Metrópole,

que forma polo criativo no centro de São Paulo

Quem hoje entra na Galeria Metrópole se depara com um cenário um tanto diferente daquele mar de agências de turismo e lojas de câmbio que, nas últimas décadas, povoaram o prédio na região central de São Paulo. É cada vez mais comum o vaivém de uma turma mais moderninha vagando por ali, entre cafés e livrarias, abrindo restaurantes veganos, galerias de arte e casas voltadas ao artesanato brasileiro.

Lojas para visitar na Galeria Metrópole

no Centro

Site: loja.socioambiental.org.

Loja do Instituto Socioambiental, organização que defende os bens e direitos do meio ambiente e dos povos indígenas. As estantes exibem uma seleção de iguarias culinárias, como pimenta Baniwa e cogumelo Yanomami, além de cerâmicas, cestarias e acessórios indígenas.

Metro Objetos + Fino

Instagram (Fino): instagram.com/finoartigos

Fundado por Gustavo Cedroni e Martin Corullon, o escritório de arquitetura Metro era parceiro do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, ganhador do Pritzker Prize 2006. Depois de desenvolver muitas peças, como espelhos e ganchos, para os projetos, o escritório lançou a sua linha de objetos. Na loja, há fruteiras esculpidas em pedra sabão, uma linha bem minimalista de cerâmica e entre outros itens desenhados pelos arquitetos. Dividindo o espaço com a Metro, a Fino é uma marca de artigos em couro e tecido com design minimalista de itens como bolsas, carteiras e cases para guardar óculos e documentos.

Ícone da arquitetura modernista, o edifício histórico projetado entre os anos 1950 e 1960 por Gian Carlo Gasperini e Salvador Candia já foi, em seus primórdios, um reduto da elite paulistana. Com o fim da pandemia, que fechou as portas de muitos locais tradicionais por ali, a galeria vive uma nova fase.

A insegurança da região também afugentou lojistas e clientes. Essa era a história que pairava por ali até 2021, quando artistas e designers lançaram um olhar de renovação sobre o centro de São Paulo. O movimento iniciado por Paulo Alves, designer que ocupa a Galeria Zarvos, logo à frente da Metrópole, se espalhou e gradualmente os criativos passaram a instalar seus ateliers e lojas na região, criando um polo artístico por ali.

E a Galeria Metrópole, com sua arquitetura atraente, renasceu como um espaço de visita indispensável para quem ama

andar. Seg|Sáb: 11h-19h. Site: lojapaiol.com.br/

Loja focada em arte popular, vende peças de artistas do Vale do Jequitinhonha, interior de Minas Gerais; da Ilha do Ferro, em Alagoas; xilogravuras de nomes como J. Borges; e esculturas – a exemplo das cabeças de Cida Lima.

IP livros usados

18,

Como a Galeria Metrópole é muito frequentada por arquitetos, designers e interessados em arte, a sacada desse sebo é fazer uma seleção de livros sobre os temas favoritos desse público: fotografia, arquitetura, design e catálogos de exposições. Mas quem gosta de literatura e poesia também encontrará ofertas de livros do gênero.

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Floresta Loja 28, 2o andar. Seg|Sex: 9h-17h. Loja 33, 1o andar. Seg|Sex: 10h-18h. Site (Metro Objetos): metroobjetos.com. Paiol Loja 25, 1o Loja 2o andar. Seg|Sáb: 14h30-18h30. Instagram: instagram.com/ip.livrosusados/
O melhor lugar do mundo é onde a sua imaginação te leva.

Projeto Gráfico Editorial

Universidade Anhembi Morumbi

Orientadores

Ricardo Borovina Balija

Marly de Menezes

Integrantes

Arthur Pescuma

Vitoria Nunes

Maria Eduarda Gattei

Victor Oliveira

Créditos

Metrópoles

Claudia Abril

Folha

O Globo

Veja SP

Revista Projeto

Clube de Criação

Todos pelo Centro

A Vida no Centro

São Paulo Infoco

Casa Vogue

Revista Haus

Viva Decora

Weiku

Caos Planejado

G1

2024

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