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Viagem ao tempo de Martim de Freitas

Viagem ao Tempo de Martim de Freitas Confirmada ida a Toledo. Comprovada lealdade descrita em vários documentos.

Repórteres da Artefactos, com o objetivo de mais saberem sobre o Alcaide de Coimbra, Dom Martim de Freitas, viajaram no tempo com recurso ao Temporium, instrumento cujo segredo da existência foi guardado a sete chaves pela direção do Agrupamento, para saberem mais sobre o episódio da famosa lenda do alcaide de Coimbra.

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Equipa de Reportagem: Filipa Gomes, Inês Alves, Lara Ferreira, Leonor Matos, Matilde Rodrigues, Tatiana Moreira (8.º Ano) Orientação: Prof.ª Fernanda Repas

Nos 50 anos da Escola Martim de Freitas, estava chegada a altura de confirmar as histórias que sobre o patrono deste estabelecimento de ensino se têm escrito. Para tal, utilizou-se um instrumento que permitiu esta viagem no tempo - o Temporium. Easte, é o resultado de muitos e cuidadosos estudos e testes, mas a sua utilização não excluía riscos pois sabia-se que alguma coisa podia correr mal. Só podia utilizar-se para uma viagem de ida e volta ao passado ou ao futuro. A missão era composta por seis alunas destemidas que iriam investigar a veracidade da lenda que se conta sobre Martim de Freitas.

“Temporium” funcionou!...

As nossas investigadoras entraram nas muralhas da cidade de Coimbra poucas horas depois de Martim de Freitas chegar de Toledo, após confirmar a morte do seu Senhor, D. Sancho II. Corria o ano de 1248. Coimbra continuava cercada pelas tropas de D. Afonso há muitos meses e as dificuldades que se passavam dentro de muros eram imensas. Soldados e população da cidade começavam a desesperar. Depois de muitos esforços, as jovens viajantes no tempo conseguiram entrar nos aposentos do Alcaide-Mor, que apanhou um valente susto, pois as roupas estranhas que vestiam, para além da idade muito jovem que aparentavam fizeram-no pensar o pior. E antes que o nobre desse o alarme...

Uma das emissárias tomou a palavra

“D. Martim de Freitas, é um privilégio conhecê-lo! Tenha calma e não tenha medo. Como verá, não estamos armadas. Nós somos viajantes do tempo e estudamos numa escola que tem o seu nome. Se não se importar, gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas. Vimos em paz e estamos aqui, apenas, para tentar perceber algo mais acerca de vós, Excelência”. Martim de Freitas, como sabemos, era um homem corajoso e, apesar da estranha situação explicada pelas nossas jovens alunas, aos poucos, foi-se acalmando e, cansado da viagem e impaciente pelo que ainda tinha de fazer antes de se deitar, aceitou responder às perguntas que aquelas seis raparigas tinham

para lhe fazer. “Sim, claro que sim. Eu terei imenso gosto em poder contar-vos episódios da minha história, mas não sei se estou a perceber bem o que se está a passar”, respondeu. Seguiu-se uma curiosa entrevista que aqui se reproduz.

Artefactos – Ora, então, muito bem! Nem sabemos como agradecer-lhe. A que se deve essa tão grande fidelidade a D. Sancho II? Martim de Freitas – Eu sou muito fiel a D. Sancho II, porque foi através dele que eu me tornei Alcaide da Cidade de Coimbra. Artefactos – Como reagiu ao saber da morte d’el-rei? Martim de Freitas – Oh, não queria acreditar! Montei no meu cavalo e parti para Toledo, em busca de toda a verdade! Artefactos – Sim, mas, quando D. Sancho II morreu, porque é que não quis entregar as chaves da cidade a seu irmão, D. Afonso? Martim de Freitas – Eu achei por bem não entregar logo as chaves a D. Afonso devido a não saber se D. Sancho II estava realmente morto. Se o fizesse, iria estar a trair a confiança de quem me tornou Alcaide da Cidade. Artefactos – Porque é que foi a Toledo? Martim de Freitas – Eu fui a Toledo porque queria verificar com os meus próprios olhos que D. Sancho II estava realmente morto. Artefactos – E o que fez com as chaves das muralhas de Coimbra que guardou com a sua própria vida? Deixou-as junto ao túmulo de D. Sancho II?

Martim de Freitas – Depois de confirmar o sucedido senti-me no dever de colocar as chaves sobre o corpo daquele que era, de facto, o meu rei. Só assim poderia entregá-las a D. Afonso sem qualquer tipo de ressentimento. Artefactos – E o que fez após esse tão grande ato de dignidade e lealdade?

Martim de Freitas – Como alcaide da cidade, era meu dever levá-las de volta para Coimbra. Era aí que elas pertenciam! Artefactos – Isto é uma curiosidade de há muito tempo. Como soube, senhor Dom Martim, onde D. Sancho II estava sepultado? Martim de Freitas – Depois de saber que era em Toledo que D. Sancho II estava sepultado, quando cheguei à cidade preocupei-me em tentar encontrar o seu Alcaide. Foi ele que me disse que o meu senhor estava sepultado na Igreja dos Franciscanos. Agradeci-lhe e parti para o local. Artefactos – Como comprovou que ele estava morto? Martim de Freitas – Ao chegar à igreja, questionei o sacristão se a informação que o Alcaide me dera era fiável. Respondeu que sim, mostrando-me o local do seu túmulo e levantando a pedra, a meu pedido. Fiquei transtornado ao ver o corpo d’el rei. Ajoelheime e orei pelo descanso da sua alma.

Artefactos – Então, o que vai fazer agora? Martim de Freitas – Estou desejoso de contar isto que vos digo aos meus concidadãos aqui sitiados, enquanto duram as tréguas que me permitiram deslocar-me a Toledo, para, de seguida, fazer o que tem de ser feito – abrir as portas da cidade à entrada do exército do futuro Rei.

Artefactos – Dom Martim de Freitas, muito obrigado pelo seu tempo. Foi uma honra e um privilégio conhecê-lo, uma vez que faz parte da história da nossa cidade e da nossa escola.

Martim de Freitas – O prazer foi meu por poder partilhar a minha história com estudantes do futuro, por muito estranho que isto me esteja a parecer! Lembremse, são vocês que levarão o meu legado para as gerações vindouras.

Dom Martim preparou-se, de imediato, para se dirigir para a muralha do castelo, onde deverá ter dado ordens para que as portas da cidade fossem abertas à entrada das tropas de Afonso, irmão de D. Sancho.

Porém, antes de passar a porta, olhou para trás e foi, então, que reparou que eles já não se encontravam lá!

Teria imaginado isto tudo, fruto do cansaço de tão longa e dura viagem?