Revista Arte & Construção 222

Page 38

MÁQUINAS

ALUGUER

>>

“HÁ DEMASIADA IMPUNIDADE RELATIVAMENTE AO ROUBO DE MÁQUINAS” Os roubos de máquinas são um flagelo para as empresas do sector, sobretudo devido à dificuldade de detectar posteriormente os equipamentos. “Quando as máquinas são roubadas é muito difícil detectá-las porque como não têm matrícula ou qualquer registo, pertencem a quem as tiver em circulação. Até podem mostrar uma factura de venda falsa porque não há documentos oficiais. Quando tiverem matrícula e registo serão mais facilmente detectadas”, salientou o secretáriogeral da ANAGREI. Os equipamentos roubados são depois recolocados no mercado português. “Num leilão de máquinas uma empresa alugadora encontrou lá dois equipamentos que lhe tinham sido roubados e identificou uma das máquinas porque tinha tido um acidente e tinha ficado com uma mossa escondida. Os ladrões até se esqueceram de retirar a placa com os números”, contou o mesmo responsável. Há também roubos mais sofisticados. “Havia uma organização que se dirigia às empresas afim de alugar umas máquinas, emitia um cheque, carregava as máquinas e desaparecia. Claro que o cheque não valia nada”. Aquiles Parreira adverte que “é preciso saber a quem se aluga e obter informações sobre as empresas. Não é normal chegar com um cheque e pagar logo”. O dirigente associativo considerou a situação “preocupante” e assinalou “um certo incremento” desta actividade criminosa no final do ano passado, “sobretudo a nível de máquinas mais pequenas, logo mais fáceis de transportar”. Na sua opinião, o problema só não atingiu ainda proporções mais graves “porque a maioria dos estaleiros tem alguma segurança”.

“Isto é absolutamente impossível”, garante o dirigente da ANAGREI. “Por isso, desde 2005 ainda não existe nenhum curso: ninguém se mete numa aventura destas”, apesar da associação pugnar pela certificação e formação dos operadores. Só em auto-gruas existem mais de mil operadores e mais uns milhares para outros equipamentos de elevação.

38 | Arte & Construção_Março/09

“Muitos dos equipamentos de elevação são operados por pessoas que não detêm quaisquer conhecimentos nem qualificações. Queremos que os nossos equipamentos sejam bem tratados, que sejam operados correctamente e em segurança”, justificou Aquiles Parreira. Há outros motivos: “se quisermos levar um equipamento para Espanha, além de termos de ter matrícula, os operadores tem de estar certificados”. Mesmo a via simplificada de obter o certificado através da experiência é inexequível, por-

que os operadores mais antigos não têm o 9.º ano e a portaria diz que têm de ter a escolaridade obrigatória. A ANAGREI chegou a fazer um acordo com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), para avançar com os cursos e tratar da obtenção dos CAP pela via da experiência, mas reviravoltas do destino fizeram com que estes ficassem nas mãos dos CENFIC e do CICCOPN, entidades formadores para o Norte e para o Sul do país. “Neste momento, há pessoas que já fizeram os exames há cerca de um ano e ainda não são detentores do CAP. As pessoas são chamadas para fazer exame sem terem uma base de estudo, sem saberem o que devem cumprir”, criticou Aquiles Parreira. O secretário-geral discorda também da existência de um certificado único “porque há equipamentos que exigem muitas horas de formação e outros que não: uma auto-grua não é a mesma coisa que um empilhador”.

ALVARÁ DÁ GARANTIAS DE COMPETÊNCIA O alvará de alugador de equipamentos industriais é a outra grande aposta da ANAGREI. “Lutamos pela organização, segurança e competência de quem está neste negócio. Há 15 ou 20 anos se calhar só havia um ou dois equipamentos de aluguer numa obra, hoje o desafio é encontrar equipamentos que sejam do empreiteiro ou do dono de obra. Auto-gruas, gruas torre, andaimes, pré-fabricados são quase sempre alugados porque já não é preciso ser proprietário de equipamentos industriais para ter um alvará de construtor por já existirem equipamentos suficientes no mercado de aluguer. Isto é um salto qualitativo”, considerou o dirigente associativo. Mas Aquiles Parreira avisa: “isto não pode ser uma selva. Qualquer negócio tem um licenciamento, mas para alugar equipamentos que custam milhões de euros e que participam numa actividade perigosa, não é preciso nada. Só é preciso ter dinheiro para os comprar e pessoal para os manobrar”. O alvará permitiria definir o que é necessário para ser alugador de equipamentos e evitaria situações caricatas: “Quase todos os cadernos de encargos dizem que para entrar no estaleiro qualquer empresa tem de ser detentora de alvará. Ora, como é que nós podemos fazer se não existe alvará para alugadores de máquinas?”, questionou o mesmo responsável. A ANAGREI decidiu entretanto emitir um certificado de alugador para os seus associados, definindo condições mínimas para quem quer alugar este tipo de equipamentos e está a colaborar com o Instituto da Construção e do Imobiliário (INCI) para que os alvarás sejam uma realidade muito em breve. Aquiles Parreira admite que é difícil saber ao certo quantos alugadores trabalham no mercado nacional “porque não há qualquer controlo”. “A actividade tem vindo num crescendo constante” e, nos últimos dois a três anos, a tendência é para a concentração das empresas “para obter solidez financeira e económica”. Algumas empresas procuram também ou-


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.