O EQUADOR DAS COISAS #2

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BEYOND THE FRAMES

imagem | conexões

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com a palavra, a artista

Three days ago I did a stupid thing out of sheer laziness. I flew to New York for work and decided to leave my camera equipment behind. I did it because I had just come back home from a week in the Caribbean and I was simply tired of carrying all of that equipment around. I thought I'd just go to New York, hang out with friends, eat good food and simply come back home. There were no images I needed to capture in the City. I'd already shot it plenty of times and used to live there. What more could I possibly need to capture? What a foolish moment that was. Naturally, as I was walking around New York's SoHo district, Chinatown and parts of the West Village, I stumbled upon a plethora of images that required professional equipment. But sometimes God looks out for you when you least respect it. After having to take a portrait of a remarkable looking woman with my iPad 3, I received a surprise gift—a Sony CyberShot compact camera. It was a lowend model, but it had 16 megapixels and would certainly capture much sharper images than the camera on my iPad. I shot two photos of women I'm adding to the book. One is a friend of a friend who is now someone I call friend as well. The other was of a strange woman on W 4th Street sitting in her jewelry shop with her two overweight tabby cats. She is a pistol and I just had to add her. This is a perfect example of how I frame some of my best shots. Most are just happy accidents —being in the right place at the right time with the proper equipment. I love to capture candid shots of people and have been fortunate enough to travel the world and shoot people of varying cultures. What I look for most is their resolve. You can see it in their eyes—the way they look at you. And then there are the times I stumble upon random objects. Even though they don't have eyes, they also speak to me. The rumpled newspaper, the broken vodka bottle, the seashell or the blooming flower are all beautiful and intriguing representations of life. It's a gift and a privilege to share all of these images with people who admire my work. From this point on, I'll never leave my eyes behind again.

Três dias atrás, eu fiz uma dessas bobagens de pura preguiça... Voei para Nova York a trabalho e resolvi não levar a minha câmera. Eu tinha acabado de voltar de uma semana no Caribe e... nada em especial, eu tão só previa o cansaço de ter que reunir e carregar todo o equipamento de novo, em nova viagem – foi isso. A intenção era ir para Nova York, sair com os meus amigos, comer algo bacana por lá e simplesmente retornar a Los Angeles. Também não haveria imagens que eu precisasse capturar na grande metrópole – eu tinha já feito isso inúmeras vezes quando morei lá. O que mais seria preciso? Que boba[2] [3] gem... Caminhando por SoHo, Chinatow e algumas partes da West Village, eu ia-me deparando com uma infinidade de imagens – elas, sem dúvida, mereciam que eu tivesse levado o meu equipamento profissional. Ah..., mas nessas horas nos acontecem coisas surpreendentes: tirei uma foto de uma mulher interessante, ali mesmo, com o meu iPad 3, e então recebi de presente uma dessas câmeras portáteis da Sony. É um modelo low-end,[4] mas com 16 megapixels, e certamente me permitiria capturar imagens bem mais nítidas. Tirei duas fotos de mulheres, para serem adicionadas ao meu livro: uma delas foi da amiga de uma amiga que agora também é minha amiga; a outra era uma desconhecida, sentada em sua joalheria, com seus dois gatinhos malhados, na [5] Rua West 4th. A cena... impressionante, era preciso fotografar... Aliás, este é um bom exemplo para dizer das que considero minhas melhores fotos: grande parte é feita de maneira fortuita – algo como estar no lugar certo, com o equipamento adequado. Gosto de capturar a ternura das pessoas, seus gestos comuns, e tenho a sorte de poder viajar pelo mundo visitando culturas variadas. O que mais me chama a atenção nas pessoas é a sua determinação que salta aos olhos, o modo como elas olham para você. E então há esses momentos em que eu simplesmente esbarro com cenas imprevistas, que me olham, que falam comigo... Coisas aleatórias – um jornal amassado, uma garrafa de vodca quebrada, uma concha, flores que florejam, cenas tais que nos dizem muito da beleza e da simplicidade intrigante da vida. É, para mim, um presente, um privilégio compartilhar essas imagens com aqueles que apreciam o meu trabalho. E as lentes da minha câmera são os olhos que eu tenho para capturar essas realidades... Não vou mais deixar de levá-los comigo...

[1] Miki Turner, em ensaio especial a'O Equador das Coisas 2, enviado em 10.6.2012. Trad.: Carolina B. Piva (N. dos E.). [2] South of Houston, bairro de Manhattan famoso por suas galerias de arte e cafés (N. da T.). [3] Outro bairro de Nova York que "respira arte", sobretudo poesia (N. da T.). [4] De baixo custo.

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[5] Localizada na Greenwich Village, parte baixa de Manhattan, em Nova York. Região famosa pela vida boêmia entre fins do século XIX e início do XX, palco, aliás, do movimento Beat (N. da T.).


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