Revista Fevereiro de 2014

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Mundo litúrgico

CINZAS:

PONTO FINAL OU INICIAL?

A

celebração de Quarta Feira de Cinzas deve sair de suas cinzas e impregná-la de vida, e não só de morte, o rito e a palavra. Jamais ser mero ponto final, mas abertura ao dinâmico e maravilhoso processo de morte-ressurreição. Deixar de ser mera celebração ante “desejos de se purgar por excessos cometidos no carnaval”, ou na procura de purificação que não traga em seu bojo a conversão. Não permitir ainda, que a quase macabra cadência do “lembra-te, ó homem que és pó e ao pó tornarás”, só insista na finitude do ser humano, empobrecendo a riqueza da celebração. Não asfixiar o seu aspecto positivo: a abertura à vida nova, e nem que a fecundidade do rito se concretize na “cinza” como puro elemento, carente de significado. Diferentemente, o mistério da celebração se movimentará do nada a lugar nenhum, com inevitável asfixia espiritual. Falar em cinzas é pensar na ação múltipla e dinâmica do fogo. Ao lado da terra, do ar e da água, foi considerado como um dos quatro elementos constitutivos no mundo. Pelo seu poder devastador e pelos benefícios ela se vinculou à evolução humana. Ela não coloca lápide tumular sobre a nossa esperança, mas indica o novo que sempre está presente na história, na capacidade de conversão. Em seu silêncio é capaz de falar mistérios aos corações sensíveis. É desejável que a celebração de Cinzas não se feche em

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Fevereiro/2014


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