Parque Campo Grande| Erika Nascimento

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Centro Universitário Senac Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo

PARQUE CAMPO GRANDE ENTRE O REPOUSO E O MOVIMENTO

Érika Santos do Nascimento

São Paulo 2018



ÉRIKA SANTOS DO NASCIMENTO

PARQUE CAMPO GRANDE ENTRE O REPOUSO E O MOVIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac São Paulo como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Maurício M. Petrosino

São Paulo 2018


A todos aqueles que acreditaram.


AGRADECIMENTO Colocar em palavras a gratidão existente em meu ser por todos aqueles que de alguma forma participaram desse processo de produção, não é uma tarefa simples. Foram muitos os dias em que pensei em mudar esse momento. Incertezas, questionamentos, inseguranças, estados diversos de emoções foram vivenciados durante os cinco anos e meio do curso, mas foram os pequenos momentos compartilhados com familiares e amigos que me fizeram enxergar a capacidade existente em cada ser humano de ressignificar algo que aparentemente já não fazia sentido. Aos meus pais a minha eterna gratidão, foram muitas patadas e dias em claro (peço desculpas), mas vocês sempre estiveram ao meu lado, apoiado cada uma de minhas decisões. Ao meu irmão e cunhado agradeço a acolhida e ao tempo que dedicaram a ouvir todas as minhas angustias e anseios. Aos meus tios, agradeço pelas experiências compartilhadas e por todo o amor transmitido (não é titi!). Primas, obrigada por serem como irmãs. Ao meu grande amigo Guilherme Paixão por toda dedicação e momentos inesquecíveis (você é maravilhoso!). Se fosse citar cada um dos amigos que conheci e amei durante o curso, seria necessário escrever outra monografia, vocês são incríveis! Franscisco Barros (Chico), nunca esquecerei as palavras ditas em um de nossos últimos encontros, valeu a pena cada puxão de orelha. Maria Cristina, obrigada pelas aulas e por dar sentido ao “vazio”. Nelson, por significar as minhas segundas feiras no meu sétimo semestre. Foi um ano de muita oscilação, mas se não fosse pelas conversas sobre as experiências vividas e gosto refinado na escolha dos chapéus, não teria sido a mesma coisa, por isso o meu agradecimento especial ao meu orientador Maurício Petrosino que no momento mais difícil proferiu as palavras certas nas hora certa. Obrigada! E finalmente agradeço aos meus queridos avós, amo vocês, logo menos as palavras ditas ao logo de toda a minha vida se concretizarão.


RESUMO O presente trabalho de conclusão de curso na área de arquitetura e urbanismo, tem como objetivo apresentar um projeto de intervenção urbana, em um espaço ocioso na Região de Campo Grande, onde verificou-se uma escassez de espaços públicos destinados ao lazer coletivo, restringindo assim as atividades aos moradores, as quais se limita a pequenas praças com infraestrutura básica, ou espaços vazios internos, restritos aos usuários das edificações. Para tanto, foi realizada uma pesquisa que busca a historicidade do surgimento de parques em espaços urbanos. O trabalho traz um breve histórico sobre a implantação de parques na Europa, América do Norte e América do Sul. Chama atenção em relação a promoção da saúde e bem-estar; para além do conceito de lazer e socialização. Permite a visão do despertar sensorial advindo da integração corpo/mente, agregando também a arte. Visa ainda no contexto da implantação apresentar e agregar ao projeto o tratamento das águas pluviais e aquelas geridas pelo parque através dos Jardins Filtrantes. As bases que fundamentam a proposta, foram embasadas pelo estudo da proposição do Arco Jurubatuba. Palavras Chave: 1.Parque Urbano. 2.Wetland. 3.Fluxos. 4.Revitalização. 5. Arte


ABSTRACT The present work of architecture and urbanism class has an urban interaction project located in an idle space in the Campo Grande Region, where a project of live and leisure spectacles was proposed, thus restricting. Activities for residents, such as schools are limited to basic schools, or internal empty spaces, restricted to users of buildings. In order to solve this issue, a research was conducted that searches the historicity of the emergence of parks in urban spaces. This work brings a brief history about the parks implantation in Europe, North and South America. It stands out in relation to health and well being promotion; to beyond the leisure and socializing concept. It allows the sensorial awakening vision from the mind and body integration, adding the art too. It aims to present in the implantation context and adding the project the rainwater’s treatment and whose are resulted by the filtering gardens as well. The bases that support the proposal were based in the Jurubatuba’s Arc proposal studies. WORDS: Requalification, flows, filtering gardens


LISTA DE IMAGENS FIGURA 1- PLANTA PASSEIO PÚBLICO............................................................................................................................ 18 FIGURA 2- GRAVURA DO PASSEIO PÚBLICO.................................................................................................................. 18 FIGURA 3- JARDIM DA LUZ, INICIALMENTE UM JARDIM BOTÂNICO...........................................................................19 FIGURA 4: PARQUE JARDIM DA LUZ HOJE.......................................................................................................................19 FIGURA 5- PARQUE TRIANON 1930.................................................................................................................................. 20 FIGURA 6- PARQUE TRIANON EM 1919.............................................................................................................................20 FIGURA 7- MALHA DE BRASÍLIA........................................................................................................................................21 FIGURA 8- MAPA DO PROJETO DE REINALDO DIERBERGER DE 1929.......................................................................22 FIGURA 9- PROJETO DE OSCAR NIEMEYER APROVADO EM 1953............................................................................ 22 FIGURA 10- PARQUE LINEAR ATERRO DO FLAMENGO..............................................................................................23 FIGURA 11- PARQUE BARIGU............................................................................................................................................. 24 FIGURA 12- MAPA DO PARQUE TIETÊ...............................................................................................................................25 FIGURA 13 - QUADROS E ESCULTURAS LYGIA CLARK................................................................................................. 30 FIGURA 14 - OBRA PERTENCENTE A COLEÇÃO OS BICHOS....................................................................................... 31 FIGURA 15: INTERAÇÃO DA ARTISTA COM A ARTE DA COLEÇÃO “OS BICHOS”...................................................... 31 FIGURA 16 - MASCARAS SENSORIAIS..............................................................................................................................32 FIGURA 17 - SUPERFÍCIE MODULAR, 1959.......................................................................................................................33 FIGURA 18 - USINA HENRY BORDEN.................................................................................................................................37 FIGURA 19 - AV PAULISTA NA DÉCADA DE 20...................................................................................................................37 FIGURA 20 - ENCHENTE DE 1920....................................................................................................................................... 38 FIGURA 21- ÁREA URBANIZADA ENTRE 1915/1929, EM SÃO PAULO...........................................................................39 FIGURA 22- ÁREA URBANIZADA ENTRE 1930/1949, EM SÃO PAULO...........................................................................39 FIGURA 23 - ÁREA PAVIMENTADA DA CIDADE DE SÃO PAULO....................................................................................40 FIGURA 24 - MECANISMO DA FITORREMEDIAÇÃO............................................................................................................ 43 FIGURA 25 - IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO................................................................................................................. 46 ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE MANTA GEOMEMBRANA PEAD FIGURA 26 - MALHA HIDRÁULICA SENDO IMPLANTADA APÓS A DISPOSIÇÃO DOS SEIXOS................................ 47 FIGURA 27 FILTRO HORIZONTAL A ESQUERDA E BIO VALETA A DIREITA................................................................. 48


FIGURA - 28 PLANTIO DE MACRÓFITAS EMERGENTES............................................................................................. 48 FIGURA 29 - COMPOSIÇÃO DO FILTRO VERTICAL, HORIZONTAL E LAGOA PLANTADA........................................49 FIGURA 30 - IMPLANTAÇÃO DO PARQUE....................................................................................................................... 51 FIGURA 31 - ESTUDO DA CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES............................................................................................52 FIGURA 32 - ESTUDO DA SETORIZAÇÃO........................................................................................................................53 FIGURA 33 - PROCESSO DE FILTRODEPURAÇÃO....................................................................................................... 54 FIGURA 34 - O LAZER EM CONJUNTO COM O TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO SENA....................................55 FIGURA 35 - MOBILIÁRIO PROJETADO COM OS MATERIAIS EXISTENTE NA ANTIGA CONSTRUÇÃO............... 55 FIGURA 36 - MAPA DISTRITO DE CAMPO GRANDE...................................................................................................... 58 FIGURA 37 - PROPAGANDAS PUBLICITÁRIOS DA COMPANHIA CITY........................................................................60 FIGURA 38 - EQUIPAMENTOS NA REGIÃO DE CAMPO GRANDE.................................................................................... 61 FIGURA 39 - PARQUES PRÓXIMOS A REGIÃO.................................................................................................................. 63 FIGURA 40- PRINCIPAIS VIAS DE LIGAÇÃO DO DISTRITO COM AS DEMAIS ZONAS DA CIDADE...................... 64 FIGURA 41 - CÓRREGOS DA REGIÃO..............................................................................................................................65 FIGURA 42 - ÁREA CÓRREGO PEDREIRA.......................................................................................................................66 FIGURA 43 - HABITAÇÕES IRREGULARES DISPOSTAS AO LONGO DO CÓRREGO ZAVUVUS............................ 67 FIGURA 44 - MAPA ANÁLISE DE ENCHENTES NO ZAVUVUS.......................................................................................68 FIGURA 45 - MACROÁREA DO ARCO JURUBATUBA.....................................................................................................69 FIGURA 46- MAPA DO PERIMETRO DE ADESÃO E PERIMETRO EXPANDIDO DO ARCO JURUBATUBA.....................70 FIGURA 47 - MAPA DE TRANSPORTE PÚBLICO E MOBILIDADE AO REDOR DO ARCO...........................................................................................................................................................71 FIGURA 48 - TRANSPORTE PÚBLICO E MOBILIDADE ARCO JURUBATUBA....................................................................72 FIGURA 49.- MAPA ZONEAMENTO E USO DO SOLO, ARCO JURUBATUBA...................................................................73 FIGURA 50 - MAPA DE EQUIPAMENTOS, ARCO JURUBATUBA........................................................................................74 FIGURA 51- PROJETO PROPOSTO PARA REGIÃO COMPREENDIDA PELO ARCO JURUBATUBA...............................75

FIGURA 52 - SETORIZAÇÃO DO TERRENO ESTUDADO................................................................................................... 76 FIGURA 53 - MAPA DE VIAS IMPORTANTES PRÓXIMAS AO PROJETO........................................................................... 77 FIGURA 54 - MAPA DE USO E OCUPAÇÃO, REGIÃO DO PROJETO................................................................................. 78 FIGURA 55 - MAPA DE FLUXOS........................................................................................................................................... 79 FIGURA 56 -ESTUDO PLUVIOMÉTRICO ATRAVÉS DA MAQUETE ELETRÔNICA...................................................... 80


FIGURA 57 - LOCALIZAÇÃO DAS IMAGENS DO TERRENO............................................................................................... 81 FIGURA 58 - ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO............................................................................................................................. 87 FIGURA 59 - IMPLANTAÇÃO DO PROJETO...................................................................................................................... 88 FIGURA 60 - CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES........................................................................................................................ 90 FIGURA 61 - ÁREAS DO PROJETO....................................................................................................................................... 91 FIGURA 62 - AMPLIAÇÃO 1.................................................................................................................................................... 92 FIGURA 63 - AMPLIAÇÃO 2.................................................................................................................................................... 93 FIGURA 64- CORTE ESCULTURA CRISTALINA EXPERIMENTAÇÃO.................................................................................. 104 FIGURA 65- PROCESSO DE EXPERIMENTAÇÃO DOS MIRANTES E ESCULTURAS..................................................................... 105 FIGURA 66- CROQUI MIRANTE.......................................................................................................................................... 106


SUMÁRIO INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 14 Objetivo........................................................................................................................................... 15 Objetivo Específico.......................................................................................................................... 15 Justificativa...................................................................................................................................... 15 CAPÍTULO 1: CONCEITUAÇÃO 1.1 Parque Urbano .......................................................................................................................... 16 1.2 Corpo, ambiente e arte................................................................................................................28 1.3 Rios e córregos............................................................................................................................36 1.4 Wetlands Construídos (Jardins Filtrantes)...................................................................................42 1.4.1 O processo de fitorremediação.........................................................................................43 1.4.2 Os processos de remoções físicas e biológicas...............................................................44 1.4.2.1 Físicos..................................................................................................................... 44 1.4.2.2 Biológicos............................................................................................................... .44 1.4.2.3 O processo construtivo............................................................................................45 1.4.2.4 Componentes do sistema de tratamento.................................................................45 1.4.2.5 Impermeabilização do solo......................................................................................46 1.4.2.6 Malha Hidráulica......................................................................................................47 1.4.2.7 Substratos................................................................................................................47 1.4.2.8 Plantas.....................................................................................................................48 1.4.2.9 Os tipos de filtros ....................................................................................................49 CAPÍTULO 2: MÉTODO E ESTUDOS DE CASO..................................................................................50 2.1 Parque da Juventude....................................................................................................................51 2.2 Parc du Chemin de L’ile................................................................................................................54


CAPÍTULO 3: ÁREA DE ESTUDO.............................................................................................57 3.1 Diagnóstico de Estudo.....................................................................................................59 3.2 Os Córregos............................................................................................................65 3.2.1 Córrego Pedreira..................................................................................................66 3.2.2 Córrego Zavuvus..................................................................................................67 3.3 Intervenção Urbana..........................................................................................................69 3.4 Especificação do terreno..................................................................................................76 CONCLUSÃO...............................................................................................................................107 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................114 ANEXOS........................................................................................................................................116


INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO A cidade contemporânea é urbana (CHOAY,2015). Carregada de signos, esta demanda um estudo e olhar cuidadoso para sua história, no intuito de compreendê-la melhor. É esse olhar que possibilita recriar espaços e ressignificar lugares, proporcionando ambientes mais agradáveis, seguros e saudáveis para o convívio dos seres vivos e possibilita qualidade de vida aos citadinos, habitantes das grandes metrópoles. Foi o olhar despertado pela história das nossas cidades e sistemas ecológicos sustentáveis, que me levou a pesquisar experiências de êxito e dar materialidade ao presente trabalho, o qual desperta a atenção para a negligência que tem ocorrido em relação às águas paulistas, o que contribui para o quesito carência. Este não é privilégio desta cidade, há muitos outros locais em volta do mundo que apresentam a mesma situação, o que justifica a busca por novos sistemas que revertam esse cenário. Foi o despertar para o problema das águas, que fez com que estudiosos alemães, visualizassem um novo modelo a ser implantado para a requalificação das águas da chuva e as demais, classificadas como suja, visando buscar melhor qualidade para a natureza e consequentemente para as pessoas que dela desfruta. Nesse sentido, surgiu os Wetlands Os Wetlands possibilitam a filtragem das águas e a quebra das moléculas poluentes, por meio de um sistema que agrega o poder das plantas, associada a brita e areia. Esse estudo está descrito com maior profundidade no Capítulo 3. Na atualidade, não é apenas o problema da água que preocupa arquitetos e urbanistas. Apresenta em seus estudos a sua apreensão em relação às “cidades imagens” as quais afastam o desejo pela exploração do meio, pelos corpos que nele transitam e esse fato acaba por ocasionar uma perda de identidade para com o mesmo (JACQUES, 2008). No capítulo intitulado Corpo, Ambiente e Arte, busco apresentar como a relação entre o pertencimento e a corporografia (termo utilizado pela autora e desenvolvido no capítulo citado anteriormente) é intensificada e além de despertar os sentidos, quando se permita a inclusão da arte no meio.

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OBJETIVO Implantar um parque urbano no Distrito Campo Grande em São Paulo. OBJETIVO ESPECIFICO O objetivo principal do trabalho é intervir em um espaço ocioso no distrito de Campo Grande em São Paulo, através da criação de um parque urbano, requalificando o espaço e criando um sistema de captação e tratamento de água alternativo. JUSTIFICATICA A região de Campo Grande não possuí locais para o lazer de massa, restringindo as atividades dos moradores a pequenas praças, ou em espaços internos privados, restritos aos usuários das edificações. Além de não possuir parques em sua delimitação, o distrito sofre ainda com enchentes; existem habitações em meio a cursos d’água e impermeabilização do solo.

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CAPÍTULO 1:

CONCEITUAÇÃO

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1.1 PARQUES URBANOS Os parques foram incluídos no contexto urbano a partir da revolução industrial, com o intuito de melhorar o convívio dos habitantes das grandes metrópoles1 do mundo. Esse novo cenário advém da necessidade da pureza do campo e seus espaços amplos devido ao crescimento acelerado da cidade pré-industrial, gerido pelo aumento da densidade populacional migratório do campo para a cidade. Esse novo núcleo não possuía infraestrutura básica e locais adequados para o lazer da população, pois cada pedaço de terra passa a ser disputado até o seu limiar. Como descreveu Engels em 1845 na seguinte passagem sobre a situação na Inglaterra (1845 apud BENEVOLO, 2009, pg. 565): [Na cidade velha] as ruas, mesmo as melhores, são estreitas e tortuosas; as casas sujas, velhas, em ruínas, e o aspecto das ruas laterais é absolutamente horrível (...); são os restos da velha Manchester pré-industrial, cujos antigos habitantes se transferiram, com seus descendentes, para bairros melhores construídos, deixando as casas, que se tinham tornado para eles demasiadamente miseráveis, para uma raça de operários fortemente misturada com sangue Irlandês. Aqui estamos num bairro quase que exclusivamente operário, porque também as lojas e as tabernas não se dão ao trabalho de parecerem um pouco asseadas. Mas isto ainda não é nada em comparação com as vielas e os pátios que se desdobram trás delas, e aos quais se chega somente por meio de estreitas passagens cobertas através das quais não passam nem duas pessoas uma ao lado da outra. É difícil imaginar a desordenada mistura das casas, que troçade toda urbanística racional, o amontoamento, pois estão literalmente encostadas umas as outras. E a culpa não é somente dos edifícios que sobreviveram aos velhos tempos de Manchester: em tempos mais recentes a confusão chegou ao máximo, pois onde quer que houvesse um pedacinho de espaço entre as construções da época precedente, continuou-se a construir a construir e a remendar até tirar de entre as casas a última polegada de terra livre ainda suscetível de ser utilizada. [F. Engels, A Situação da Classe Operária na Inglaterra – (1845), trad. It., Roma 1955]

1 Segundo François Choay a definição de metrópole pode ser encontrada nos tempos mais remotos, a exemplo de Roma e Alexandria, onde problemas carcteristicos da atualiade já eram sentidos. “Mas a metrópole na época era uma exceção, um caso extraordinário; poderíamos, pelo contrário, designar o século XX como a era das metrópoles.

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A necessidade por espaços amplos destinados ao convívio público, faz com que posteriormente o planejamento das cidades desenvolvam projetos de áreas verdes (mudando o conceito de jardins somente ornamentais e privativos), que se comuniquem com a malha urbana. A exemplo desta abordagem apresenta-se o plano idealizado por Charles-Luis-Napoléon Bonaparte para a cidade de Paris, implantado no decorrer do período de 1853 a 1870, planejado por George Eugèni Haussmann. O conceito advém do olhar para os jardins ingleses durante o seu exílio na Londres do século XIX. No mesmo período nos Estados Unidos da América a necessidade de requalificação do espaço urbano se dá devido ao crescente aumento populacional, que conforme os números apresentado por Choay (2015, pg.4) em seus estudos, mostram uma expressiva multiplicação dessa, onde em 1800 nenhuma cidade do território Americano ultrapassasse 100.000 habitantes, passando em apenas 50 anos para seis cidade que somavam 1 393 338, já 1890 em um período ainda menor de tempo a cidade passa de seis para vinte e oito cidades com o expressiva soma de 9 697 960 mil moradores. Neste contexto de alto índice populacional, surge no Distrito de Manhattan o projeto do Central Parque desenvolvido pelo arquiteto paisagista Frederick Law Olmsted, que ao falar sobre o planejamento afirma: Duas classes de melhorias deveriam ser planejadas com este propósito. Uma dirigida para asseguras o ar puro e saudável, para atuar através dos pulmões; a outra para assegurar uma antítese de objetos visuais àqueles das ruas e casas que pudessem agir como terapia, através de impressões na mente e de sugestões para a imaginação.(Frederick Law Olmsted apud MACEDO, SAKATA, 2003, pág. 07)

No Brasil as praças e parques surgem como um desejo da população mais abastada da época do primeiro reinado, a partir de suas viagens e contato com paisagens pitorescas. Essas inspiraram e promoveram o desenvolvimento dos espaços de lazer baseados nas configurações dos jardins ingleses e franceses no país, culminando na criação de áreas com desenhos geométricos clássicos, com a presença de estátuas e do elemento água em fontes e lagos conforme apresentado por MACEDO, 2001.

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FIGURA 1- PLANTA PASSEIO PÚBLICO

FIGURA 2- GRAVURA DO PASSEIO PÚBLICO

Fonte: Pagina Biblioteca Digital Luso Brasileira1

Passeio Público, é considerado o parque mais antigo do país. Criado em 1783 por iniciativa do vice-rei Luís Vasconcelos de Sousa. O parque fora concebido por Valentim da Fonseca e Silva, com um desenho extremamente geométrico, com base nos jardins clássicos franceses e implantado em área alagadiça conquistado ao mar. (MACEDO, 2001)

1 Disponível em: < http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon326438/icon326438.jpg> Acessado em Set. 2017

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Os jardins, praças e parques funcionavam primordialmente como locais de passeio e apreciação no desenho da cidade. No entanto no século XVIII surgem projetos de centros de pesquisa da flora tropical, os então jardins botânicos. Esses são implantados em aglomerados urbanos como, Belém em 1798, em São Paulo em (1799) e no Rio de Janeiro em (1825), como iniciativas de politicas voltadas para a criação de áreas visando a preservação e intercâmbio de plantas entre a colônia e Portugal (MACEDO, 2001). Esses ambientes foram desaparecendo com o passar do tempo, modificando as suas estruturas para funcionarem como parques destinados a população, são poucos os que preservaram as características iniciais de pesquisa e cultivo. FIGURA 3 : JARDIM DA LUZ, INICIALMENTE UM JARDIM BOTÂNICO2

FIGURA 4: PARQUE JARDIM DA LUZ HOJE1

“O parque é todo adornado com mobiliário e edifícios de caráter nitidamente pitoresco, como quiosques e estatuária inspirada na mitologia grega procedente da Europa. Para completar esse caráter árcade, foram construídos um riacho serpenteante e uma cascata, seguindo os cânones oriundos das metrópoles – Rio de Janeiro e Paris. (MACEDO, 2001)

1 Disponível em < http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/noticias/?p=185240> Acessado em Jan. 2018 2 Disponível em: < http://www.hagopgaragem.com/imagens_antigas/fotografo_Guilherme_Gaensly/Gaensly_20_GR.jpg> Acessado em Set. 2017

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Como parque que visava desde sua inauguração a preservação da mata atlântica temos o Parque Trianon, que até hoje preserva esse área em meio a altas edificações em uma das Avenidas mais importantes de São Paulo, a Avenida Paulista. Esse elemento cênico fora projetado por Paul Villon em 1892 e possui em sua configuração copas densas que acompanham o transeunte em seu caminhar, além de possuir um perfeito isolamento acústico e visual em relação ao entorno. (MACEDO, 2001)

FIGURA 5: PARQUE TRIANON 19301

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FIGURA 6: PARQUE TRIANON EM 19192

Disponível em: < http://www.estacoesferroviarias.com.br/avenidas/b/brigluizantonio.htm> Acessado em Set. 2017 Disponível em: < https://i.pinimg.com/originals/d5/08/3c/d5083c8949d9c799cc908b6c9ee88065.jpg> Acessado em Set. 2017

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Ainda no começo do século XX com o movimento moderno na ativa, os parques continuavam a receber configurações da escola anglo-francesa. Os primórdios do século trazem ainda novas configurações a serem executadas nas cidades através do modelo da Carta de Atenas, a qual garante o uso do automóvel e do caminhão como meios de transporte, visa o aumento do consumo, lazer e dos investimentos em imobiliários. FIGURA 7: MALHA DE BRASÍLIA

FONTE: Arquivo Brasília; WESELY; KIM, 2010

O Projeto de Brasília concluído em 1961 como a nova capital federal do Brasil, possui as características do modelo de “cidade parque”, um ideal modernista, onde os setores são divididos de acordo com a sua funcionalidade, imerso em áreas verdes (MACEDO,2001) 25


Os anos 30, 40 e 50, marcaram as transformações econômicas e geraram um aumento das indústrias e comércios na cidade. Na década de 60 as áreas de várzea eram utilizadas para o lazer dos citadinos que praticavam esportes como: nado e remo em suas águas; futebol e outros nas proximidades. Com o crescimento acelerado das cidades e a mudança da estrutura colonial, surgem novos sistemas viários e prédios com gabaritos muito além dos sobrados de outrora. Esse processo de conurbação faz com que a sociedade em geral, dos mais abastados a população com menor poder aquisitivo (os quais invadem principalmente os locais próximos aos cursos d’água), avancem para as áreas de mananciais inviabilizando as praticas esportivas anteriores e criando uma nova demanda que resultaria na criação dos Parques Urbanos

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FIGURA 8: MAPA DO PROJETO DE REINALDO DIERBERGER DE 19291

FIGURA 9: PROJETO DE OSCAR NIEMEYER APROVADO EM 19531

1 Disponível em: < https://parqueibirapuera.org/o-parque-do-ibirapuera-antes-de-oscar-niemeyer/> Acessado em Set. 2017

1 Disponível em < https://theurbanearth.wordpress. com/2010/01/25/sao-paulo-faz-456-anos-parabens-querida-cidade/> Acessado em Set. 2017


Nos anos que seguem há ruptura com o projeto romântico paisagístico, visualizados principalmente no paisagismo de Burle Marx. FIGURA 10: PARQUE LINEAR ATERRO DO FLAMENGO1

Planejado para conter e envolver a nova via expressa que ligava a zona sul (Copacabana, em especial) ao centro da cidade, o Aterro do Flamengo é um grande parque linear. Trata-se, na realidade, de uma extensão física de vários gerações de aterros da orla, que já haviam dado origem à avenida Beira Mar, com suas “praças-parques”, e o Passeio Público muito antes. A Inovação vem no programa, que comporta toda uma série se jogos, museus, marina e até praia artificial, elementos rapidamente assimilados pela população. O uso ocorre pelo menos em épocas de bom tempo de modo contínuo e em período integral. A concepção do projeto de arquitetura paisagística de Burle Marx desenvolve caminhos, espaços e massa de vegetação. (MACEDO, 2001) 1

Disponível em: < http://www.urbanismobr.org/bd/documentos.php?id=2065> Acessado em Set. 2017

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Os anos 60 resultam na disseminação de parques públicos com a criação de áreas específicas para o planejamento e implantação desses, como o Departamento de Parques e Jardins dentro da Secretaria de Serviços Municipais, os departamentos anteriores a este não possuíam o mesmo objetivo de manutenção e concepção de novos espaços públicos. Na década de 70 consolida-se a figura do Parque Urbano, o qual possui um programa misto com soluções espaciais elaboradas, funcionando como um lugar contemplativo e recreativo. FIGURA 11: PARQUE BARIGUI1

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Disponível em < http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/parques-e-bosques-croqui-parque-barigui/293> Acessado em Set. 2017


Em 1976, com a criação do Departamento de Parques e Áreas Verdes (DEPAVE) o tema sobre a importância da vegetação no tecido urbano começa a ser discutido com maior afinco e produtividade, prevendo uma requalificação e recuperação da flora e fauna das regiões mais afetadas pelo processo de expansão acelerado dos centros urbanos para suas periferias, o DEPAVE passa em 1993 para uma subdivisão do que viria a ser a Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA), essa tornando-se um pouco mais complexa e englobando o meio ambiente em um sentido mais amplo, ou seja no contexto urbano. Com esse novo órgão público a década de 80 levanta a bandeira do verde nas concepções ecológicas de parques, com conceitos baseados nas conservações das áreas de várzea, destinando-as ao lazer urbano e intervindo positivamente no espaço. FIGURA 12 - MAPA DO PARQUE TIETÊ1

1 Disponível em < https://www.nexojornal.com.br/especial/2016/01/24/S%C3%A3o-Paulo-A-cidade-que-n%C3%A3o-coube-nos-planos?utm_source=facebook> Acessado em Set. 2017

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O projeto dos parques públicos passa dos desenhos elaborados para configurações mais simples e rústicas, com influência direta das políticas de contenção de custos. Todos esses processos culturais, sociais e econômicos transformaram e continuam a transformar nossos espaços e o modo como os utilizamos. Os parques urbanos são inseridos na urbanização como parte dos espaços livres de edificação. Sob esse aspecto, sua distribuição nas várias escalas de urbanização é parte de um projeto da sociedade sobre sua cidade como um todo. Por outro lado, o desenho do espaço em si pode ser lido em face dos contextos em que são implantados como parte dos mecanismos de controle social. São levantados sucintamente estes aspectos para receber contribuições em área que consideramos de intensa implicação no desenho urbano. (MAGNOLI, 2006)

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1.2 CORPO, AMBIENTE E ARTE

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1.2 CORPO, AMBIENTE E ARTE

Eu confronto a cidade com meu corpo; minhas pernas medem o comprimento da arcada e a largura da praça; meu olhar, inconscientemente projeta meu corpo contra a fachada da catedral, onde ele passeia sobre as molduras e contornos, percebendo as dimensões das reentrâncias e das saliências; o peso do meu corpo encontra a massa da porta da catedral, e minha mão agarra o puxador à medida em que penetro no escuro vazio que segue. Eu me experimento na cidade, e a cidade existe através da minha experiência corporificada. A cidade e meu corpo se complementam e definem mutuamente. Eu moro na cidade e a cidade mora em mim. (JUHANI PALLASMAA, 2011, pg 37)

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O ambiente contemporâneo que abrange os parques urbanos, é o mesmo que proporciona novas formas de experimentação e percepção do espaço. É nele que se desenvolvem as construções físicas e sociais, despertando no indivíduo: sensações, emoções e formas de pensar e agir únicas. Através da vivência e percepção do meio é possível resignificá-lo, seja através de novas construções, seja através do corpo ou através da arte. Essas ressignificações e explorações são abordas em diferentes contextos, por diferentes especialistas, mas sempre com visões similares em relação ao ser que vivência esses espaços. Paola Berenstein Jacques lê a cidade e à partir do olhar do corpo urbano, e do corpo do citadino. Para a Arquiteta, vivemos tempos de espetacularização, um desestimulo a investigação e exploração do espaço. A redução da ação urbana, ou seja, o empobrecimento da experiência urbana pelo espetáculo leva a uma perda da corporeidade, os espaços urbanos se tornam simples cenários, sem corpo, espaços desencarnados. Os novos espaços públicos contemporâneos, cada vez mais privatizados ou não apropriados, nos levam a repensar as relações entre urbanismo e corpo, entre o corpo urbano e o corpo do cidadão. A cidade não só deixa de ser cenário mas, mais do que isso, ela ganha corpo a partir do momento em que ela é praticada, se torna “outro” corpo. Dessa relação entre o corpo do cidadão e esse “outro corpo urbano” pode surgir uma outra forma de apreensão urbana e, consequentemente, de reflexão e de intervenção na cidade contemporânea. (JACQUES, 2008)


Jacques acredita na resistência da experimentação do meio, através da vivência corporal é possível criar, dar materialidade às corpografias, classificada por ela como: “Uma corpografia urbana é um tipo de cartografia realizada pelo e no corpo, ou seja, a memória urbana inscrita no corpo, o registro de sua experiência da cidade, uma espécie de grafia urbana, da própria cidade vivida, que fica inscrita mas também configura o corpo de quem a experimenta.”

Na arte, os escritos de Alice Milliet (1992, p. 109) sobre Lygia Clark, buscam mostrar a compreensão de um espaço ressignificado pela artista que pretendia por meio de sua obra, uma reaproximação -“entre o eu e o outro, um olhar para o dentro e fora, o intelectivo e o sensório, o prazer e a realidade.’ Para Lygia, há no corpo a necessidade de interação direta com os objetos que possuem em sí suas próprias virtualidades imprevistas até por aquele que o concebeu. No projeto urbano, arquitetônico e paisagístico não é diferente há uma imprevisibilidade e virtude intrínsecas em cada projeto desenvolvido. FIGURA 13 - QUADROS E ESCULTURAS LYGIA CLARK1

1 2018

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“Trajetos do sujeito para o objeto, do concreto para o imaterial, do individual para o coletivo, são ousados percursos na travessia da arte para a não arte. E, porque compreendem fluxo e refluxo, não são estáticos, derivando de processos vitais e não exclusivamente artísticos. Intuições e vivências, sonhos e sensações físicas, aliados a uma aguda percepção dos problemas formais e de suas implicações transcendentes...” (MILLET, 1992, p.15)

Disponível em < http://www.3margem.com.br/inspiraes/2017/2/22/lygia-clark-artes-plsticas> Acessado em Maio de


FIGURA 15: INTERAÇÃO DA ARTISTA COM A ARTE DA COLEÇÃO “OS BICHOS” FIGURA 14 - OBRA PERTENCENTE A COLEÇÃO OS BICHOS

FONTE: Wikiart1 FONTE: Wikiart

1

Disponível em: < https://www.wikiart.org/en/lygia-clark/bicho-em-si-1962>, Acessado em Maio de 2018


FIGURA 16 - MASCARAS SENSORIAIS1

A obra denominada “As Mascaras Sensorias”, desperta nos participantes os cinco sentidos em uma experiência individual e de autoconhecimento. A mascara possui em sua composição rasgos na posição dos olhos que foram preenchidos com objetos de diferentes texturas. Na altura do nariz, encontram-se saquinhos de sementes e ervas aguçando o paladar do espectador. Os ouvidos se conectam com diferentes sons produzidos pela disposição de materiais que produzem musicalidade. 1 Disponível em: < http://contemporaneaarte.blogspot.com/2009/10/as-mascaras-sensoriais-lygia-clark.html> Acessado em Maio de 2018

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Anterior ao plano tridimensional das esculturas, Lygia envolve-se com a relação figura-fundo da tela, explorando o plano do quadro além de suas bordas o integrando ao espaço circundante, envolvendo e explorando as possibilidades de deslocamento e percepção geométrica do olhar em uma transição do espaço metafórico para o espaço real, como colocado por Ferreia Gullar em “Lygia Clark: uma Experiência Radical”.

FIGURA 17 - SUPERFÍCIE MODULAR, 19591

Percebendo o quadro, nesse estágio, como significante vazio, Lygia propõe vencer esse “isolamento semântico” integrando-o à arquitetura. De fato, esse fragmento de superfície, livre da limitação da moldura e de qualquer conteúdo representativo, torna-se forma inserida em espaço amplo. As relações figura/fundo se dão entre o quadro (figura) e a parede (fundo) em agenciamento arquitetônico. A consciência da articulação entre a pintura e o espaço-ambiente leva a artista, a exemplo das vanguardas históricas, a de defender a colaboração entre o arquiteto e o artista plástico em trabalho de equipe.

1 Disponível em: < http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com/2012/11/lygia-clark-artista-plastica-brasileira.html> Acessado em Maio de 2018


O processo criativo desenvolvido pela artista, passa do plano bidimensional para o tridimensional buscando sempre uma conexão direta, entre obra e expectador. Trazendo a tona o pensar sobre o pertencimento da “não arte” em espaços delimitados por paredes, como a da galeria. A partir desse pressuposto relaciono o pensamento sensorial abordado pela artista, com a visão do arquiteto paisagista Benedito Abbud, que visualiza o paisagismo como sendo o local a despertar no indivíduo a maior gama de sensações conhecidas e vivenciadas pelo homem, como: tato, olfato, visão, paladar e audição. Essa breve análise dentro dos estudo realizados e aqui apresentados, tem como objetivo mostrar a importância do corpo que trânsita e vivência a cidade e seus espaços heterogêneos, na exploração do ambiente contemporâneo, onde por meio do produto apresentado mais adiante, há a intenção de dar visibilidade para um espaço ocioso na metrópole São Paulo, ressignificando-o através da implantação de um parque urbano que em sua configuração visa integrar o corpo, ambiente e arte.

Enquanto tenho um corpo e atuo através dele no mundo, o espaço e o tempo não são para mim uma série de pontos justapostos, menos ainda, uma infinidade de relações sobre as quais minha consciência operaria a síntese e onde ela implicaria meu corpo. Eu não estou no espaço e no tempo; não penso o espaço e o tempo. Eu sou em relação ao espaço e ao tempo. Meu corpo se aplica a eles e os abraça (MERLEAU-PONTY, 1999. p. 322).

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1.3 RIOS E CÓRREGOS SUBTERRÂNEOS E SUPERFICIAIS

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1.3 RIOS E CÓRREGOS SUBTERRÂNEOS E SUPERFICIAIS A Cidade de São Paulo possuí em sua configuração 1500 km de rios e córregos (RAQUEL ROLNIK, 2010), em sua grande maioria soterrados para dar espaço ao sistema de mobilidade urbana, com suas extensas ruas e avenidas, cenário apresentado pelas políticas públicas da década de 30. As preocupações iniciais advindas do crescimento da população e da migração dos camponeses e agricultores para os grandes centros urbanos, estava diretamente relacionada com a eliminação e prevenção das doenças consequentes da apropriação das margens dos rios. Os mananciais são tomados pela população que busca terras mais baratas, vendidos através de acordos assinados utilizando até mesmo papéis de pães. Esses contratos nem sempre resultavam em propriedades adequadas para a implantação de moradias, pois algumas das áreas estavam localizadas literalmente dentro d’água. Outro fator importante quando falamos do sistema hídrico da cidade está diretamente relacionado com a energia elétrica produzida. A Light, empresa responsável pelos primeiros planos de distribuição dessa energia, possuía como concorrente uma empresa italiana instalada em Salto, margeada pelo rio tietê, para acabar com a concorrência, a Light desvia as águas advindas do rio para a sua represa. Além de mudar o curso do rio, a empresa ainda estava interessada no ramo imobiliário, urbanizando áreas entre Paulista e o Rio Pinheiros. Rolnik, nos conta no documentário produzido em 2010 “Sobre Rios e Córregos”, como esse tipo de procedimento pode vir a causar grandes catástrofes ambientais quando não são bem executados, a prefeitura concedeu para a empresa um trecho para onde as águas iriam no seu processo de cheias, com a urbanização do local, e sem ter para onde correr, as águas acabam causando grandes catástrofes ambientais, como enchentes e deslizamentos de terra.

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FIGURA 18 - USINA HENRY BORDEN1

FIGURA 19 - AV PAULISTA NA DÉCADA DE 20

Fonte: São Paulo in foco

1 Disponível em: < http://billingsrepresahistoria.blogspot.com/2012/10/historia-da-represa-billings-na-cidade.html>, Acessado em Maio 2018

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FIGURA 20 - ENCHENTE DE 1920.

FONTE: São paulo in Foco1 1 2018

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Disponível em: < http://www.saopauloinfoco.com.br/tag/historia-da-cidade-de-sao-paulo/>, Acessado em Maio de


As canalizações e assoreamentos dos rios e córregos da cidade (como o Tietê, que passa de 56 para 27 quilômetros, possibilitando o aumento de 17 milhões de terrenos destinados a habitações), cresceram em conjunto com o aumento da população urbana, a qual em 1920 na cidade de São Paulo totalizava o número de 579 mil habitantes, duplicando na década de 40 para o total de 1.330.000, os produtos desse processo de desenvolvimento são visualizados hoje, na má qualidade do ar que respiramos, enchentes constantes e deslizamentos de terra. FIGURA 21- ÁREA URBANIZADA ENTRE 1915/1929, EM SÃO PAULO

FIGURA 22- ÁREA URBANIZADA ENTRE 1930/1949, EM SÃO PAULO

FONTE: Prefeitura da Cidade de São Paulo1 1

Disponível em: < http://smul.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/1920.php>, Acessado em Maio de 2018

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O mapa de Uso e Ocupação do Solo produzido pela Prefeitura do Município de São Paulo (2009), nos permite visualizar a situação da impermeabilização do solo representada pela cor cinza, as áreas verdes necessárias para o equilíbrio do sistema praticamente inexistem no perímetro urbanizado. FIGURA 23 - ÁREA PAVIMENTADA DA CIDADE DE SÃO PAULO

Nos anos 80 William Morris Davis, geografo norte-americano, caracterizou os rios e vales como organismos vivos, os quais passam por todos os estágios de desenvolvimento, da infância à velhice. (WILKES, 2008). Porém como descrito por John Wilkes (2008), a atualidade nos mostra um cenario diferente do espera: “...há diversos rios com males crônicos, precisando urgente de tratamento curativo, exatamente porque ficaram entupidos, estreitos, seccionados, tensos, enfermos e sobrecarregados de veneno, além do limite da sua resistência.”

FONTE: Prefeitura de São Paulo

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1.4 WETLANDS

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1.4 WETLANDS O termo Wetlands é traduzido para o português como “terra úmida”, conhecido também como Wetlands construídos, jardins filtrantes, zonas umidas, alagados construídos, entre outros. O sistema surgiu na década de 70 na Alemanha, através dos estudos advindos da observação do próprio meio ambiente. Hoje é comumente utilizado na Europa, principalmente na França, Grã-Bretanha e em seu país de origem. Além dessas localidades, a América do Norte também vem utilizando esse sistema para requalificação de suas águas. Essa descontaminação ocorre através da fitorremediação promovida pelas plantas, as quais desenvolvem uma rizosfera significativa recebendo microrganismos que em conjunto com as raízes são capazes de quebrar e eliminar as partículas poluentes retirando-as do meio. Diferentes etapas e plantas são desenvolvidas e utilizadas dependendo do projeto a ser elaborado, prevendo áreas inundadas o ano todo para a realização dos procedimentos vigentes. Produtos químicos não são necessários nesse tipo de procedimento, logo a sua implantação promove um paisagismo singular sem agredir o meio, permitindo a proliferação da fauna e flora local, além de possuir o benefício de gerar ambientes propícios ao lazer da sociedade. Com o desenvolvimento dos problemas ambientais produzidos pelas más gestões e o crescimento descontrolado das populações, esse tipo de sistema surge como uma alternativa de baixo custo e ecologicamente qualificada para a recuperação do meio, não necessitando de grandes manutenções após a sua implementação.

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1.4.1 O PROCESSO DE FITORREMEDIAÇÃO Um processo que ocorre no rizoma das plantas onde há uma interação entre as bactérias dessas e as matérias orgânicas e inorgânicas, funcionando assim como um removedor, redutor ou imobilizador dos contaminantes e modificando as composições das moléculas químicas pertencentes a água, solo e ar a serem tratados, transformando-as em substâncias não tóxicas. São cinco diferentes mecanismos que podem envolver o tratamento feito pela fitorremediação, dependendo dos compostos orgânicos e inorgânicos a serem tratados, são eles a fitoextração, fitodegradação, fitovolatização, fitoestimulação e fitoestabilização. Os diferentes processos dos fitorremediadores podem ser utilizados tanto para requalificação e revitalização das águas fluviais, como para a drenagem das águas plúviais. FIGURA 24 - MECANISMO DA FITORREMEDIAÇÃO

Fonte: Phytorestore Brasil, 2014 47


1.4.2 OS PROCESSOS DE REMOÇÕES FISICAS E BIOLÓGICAS 1.4.2.1 FÍSICOS Esse processo acontece logo na etapa do pré-tratamento onde ocorrem, através das separações físicas as remoções dos sólidos suspensos sedimentáveis e flutuantes. São utilizados elementos como grades de retenção, peneiras, caixas de gordura e sedimentação. 1.4.2.2 BIOLÓGICOS O processo biológico ocorre no interior dos wetlands construídos através da fitorremediação em diferentes estágios como os aeróbios, anaeróbios e facultativos, os quais buscam equilibrar os níveis de DBO1, N2, P3, DQO4 e desinfecção, o que acarreta no aumento da taxa de OD. Com isso os microrganismos localizados na rizosfera passam a se alimentar desses contaminantes orgânicos garantindo a nutrição e energia necessários para a sua proliferação e sobrevivência, criando um ambiente menos tóxico e benéfico para a sobrevivência das plantas. (PHYTORESTORE, 2014)

1 DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) Índice de oxigênio necessário para que haja a oxidação da matéria orgânica contida na água. 2 N (Nitrogênio tota): O lançamento excessivo da substância nos corpos d’água gera o processo que conhecemos por eutrofização, aumentando a quantidade de algas no meio, prejudicando o abastecimento público. Ele possue três formações diferentes, sendo elas: amoniaco, nitrito e nitrato (sendo o último tóxico ao ser humano). 3 P (Fósforo total): Sendo um importante nutriente para o processo biológico, o Fósforo, assim como o Nitrogênio, pode ser responsável pelo processo de eutrofização. 4 DQO ( Demanda Química de Oxigênio) Como a demanda bioquímica, esse processo visa através das funções químicas verificar a quantidade necessária de oxigênio para oxidar a matéria orgânica presente nos corpos hidricos. O balanço entre as duas demandas, dita a boa qualidade da água.


1.4.2.3 O PROCESSO CONSTRUTIVO Esse tipo de sistema procura recriar um ecossistema propicio para a proliferação da fauna e flora locais em conjunto com o tratamento que segue as leis ambientais e promove espaços de convívio para a população. Um projeto eficiente também no aspecto econômico, pois pode ser realizado com materiais e mão de obra locais. A sua manutenção após implantação independerá dos insumos externos. 1.4.2.4 COMPONENTES DO SISTEMA DE TRATAMENTO Antes de passar pelo processo de tratamento através das plantas, o efluente recebido passa por um preparo inicial no tanque de recebimento e aeração, composto por gradeamento manual e calha parshal onde ocorrerá o processo de barragem dos macro sólidos e haverá a medição da vazão, com o objetivo de promoção da oxigenação e indução do aumento do biofilme de bactérias aeróbicas, nesse processo também é possível visualizar e retirar das partículas suspensas do efluente. A sua permanência no tanque irá depender do volume necessário para que ocorra a batelada, acontecendo automaticamente através de chaves de nível mínimo e máximo. O Wetlands construídos, podem ou não permanecerem alagados ao longo do ano, isso irá depender das finalidades do projeto.


1.4.2.5 IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO Quando se trata do tratamento de efluentes é necessário que logo após o movimento de terra realizado para a implantação dos wetlands, seja implementado uma manta geomembrana que evite o contato dos contaminantes com o solo, esse processo só não é necessário quando se trata das águas pluviais, fluviais e lacustres. FIGURA 25 - IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE MANTA GEOMEMBRANA PEAD

FONTE: PHYTORESTORE BRASIL, 2018. Arquivo disponibilizado pela empresa.

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1.4.2.6 MALHA HIDRÁULICA Para que o líquido entre e saia dos jardins é necessário que haja dentro e fora de seu perimetro malhas hidráulicas que garantam a alimentação, drenagem e encaminhamento desse, além disso támbem são dispostos tubos que promovem a promoção da circulação do ar. FIGURA 26 - MALHA HIDRÁULICA SENDO IMPLANTADA ÁPOS A DISPOSIÇÃO DOS SEIXOS

FONTE: PHYTORESTORA BRASIL, 2018. Material disponíbilizado pela empresa

1.4.2.7 Substratos O plantio ocorre após o preparo da área de implantação, que é composta basicamente de elementos como seixos, areia, terra vegetal e turfa, os quais promovem um meio propicio para o desenvolvimento das plantas e filtragem da água. O meio suporte deve ser um material capaz de manter o fluxo hidráulico ao longo do tempo juntamente com seu potencial reativo, ou seja, a capacidade de promover adsorção de compostos inorgânicos. O ideal é que no primeiro trecho o substrato não permita elevada condutividade hidráulica, para melhor formação do bio filme de bactérias, já no final quando a concentração de sólidos e de matéria orgânica é menor, outros poluentes devem ser removidos por adsorção necessitando de um substrato mais poroso. (Phytorestore Brasil, 2018)

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1.4.2.8 PLANTAS Não são todas as plantas que podem ser implantadas nesse tipo de meio, as especies adequadas a esse são denominadas macrófitas. A característica principal dessas plantas se da pelo fato de possuírem partes fotossinteticamente ativas que podem permanecer submersas, flutuando ou sobre a superfície das águas com capacidade de fitodegradação e bioacumulação, metabolizando assim os poluente sem que haja um acumulo destes em seus tecidos. FIGURA - 27 FILTRO HORIZONTAL A ESQUERDA E BIO VALETA A DIREITA

FIGURA - 28 PLANTIO DE MACRÓFITAS EMERGENTES

FONTE: PHYTORESTORE BRASIL, 2018

FONTE: PHYTORESTORE BRASIL, 2018

As plantas exercem papel fundamental no tratamento, pois proporcionam superfície para a ligação de filmes microbianos (que executam a maior parte do tratamento); ajudam na filtração e adsorção de constituintes das águas residuais; transferindo oxigêni para a coluna de água através das raízes e rizomas e proporcionam isolamento térmico (a biomassa no topo do leito ajuda a evitar as perdas de calor por convecção). Elas são responsáveis pela ciclagem dos nutrientes e a sombra promovida pelas folhas inibe o crescimento de algas cobre o substrato e as lâminas de água na supefície. (Silva, 2007, p.17)

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1.4.2.9 OS TIPOS DE FILTROS Segundo Vynazal (1998) os wetlands construídos podem ser classificados através dos tipos de macrófitas utilizadas, o que acarreta em três diferentes filtros. No primeiro encontramos plantas enraizadas com suas folhas flutuantes na superfície ou livre na água. O segundo tipo abrange as macrófitas enraizadas, crescendo e desenvolvendo suas folhas submersas e livres no meio. Como ultimo filtro possuímos aquele no qual as plantas podem estar enraizadas no substrato e crescerem além do nível da água, esse processo possui ainda outras duas subdivisões. São elas: o fluxo superficial e o fluxo sub-superficial (horizontal, vertical e híbrido).

FIGURA 29 - COMPOSIÇÃO DO FILTRO VERTICAL, HORIZONTAL E LAGOA PLANTADA FONTE: PHYTORESTORE BRASIL, 2016

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CAPÍTULO 2:

MÉTODO E ESTUDO DE CASO

CAPÍTULO 2: MÉTODO E

ESTUDOS DE CASO

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2.1 PARQUE DA JUVENTUDE Buscando ressignificar o espaço, a implantação do Parque da Juventude transmite em seu projeto a relação do passado com o novo, criando caminhos que se conectam com as ruínas remanescentes. Localizado no bairro de Santana, o espaço possui mais de 240 mil metros quadrados destinados ao lazer da população (onde antes existia o Complexo Penitenciário do Carandiru). A implantação do projeto foi dividida em três etapas, disposta de leste a oeste que foram inauguradas entre de 2003 a 2006. Analisando o projeto é possível identificar a utilização de uma via central para pedestres que conecta duas vias de trafego de automóveis (Avenida Zachi Narchi a leste e a oeste a Avenida Cruzeiro do Sul) e divide o programa ao longo de seu percurso, através da ramificação desta. Na parte leste, localizamos os equipamentos esportivos, contendo dez quadras poliesportivas seguindo o percurso da via principal se recebem uma insolação maior ao entardecer, com proteção advinda da vegetação. Uma pista de skate e área destinada a recreação infantil também estão a leste na implantação. Já na parte oeste, verifica-se a presença de equipamentos culturais e educativos, como uma biblioteca e um auditório É possível visualizar nas áreas de bosque caminhos orgânicos que possibilitam uma maior exploração do meio. FIGURA 30 - IMPLANTAÇÃO DO PARQUE

FONTE: Rosa Kliss, 2006 Nota* alterações e análise autorais

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FIGURA 31 - ESTUDO DA CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES

FONTE: Rosa Kliss, 2006 Nota* alterações e análise autorais

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FIGURA 32 - ESTUDO DA SETORIZAÇÃO

FONTE: Rosa Kliss, 2006 Nota* alterações e análise autorais

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2.2 PARC CHEMIN L’ILE O Parc du Chemin de I’lle foi construído em um terreno marcado por uma forte presença industrial e de estradas e vias férreas. Localizado em Nanterre, na França, entre uma estrada, uma linha de trem, o Rio Sena e uma zona industrial, o parque de 14.5 hectares (145.000 metros quadrados) é parte de uma grande ação de revitalização urbana. Em fevereiro de 2006, o Conselho Geral de Hauts-de-Seine aprovou a construção do parque como parte do planejamento e ordenamento territorial e do projeto Sena Sustentável. Parte do parque foi transformada em zonas úmidas artificiais. Na entrada do local, uma sequência de piscinões filtram e despoluem a água bombeada do rio Sena para ser utilizada na manutenção do parque e nas hortas comunitárias. A água do Sena é transportada por meio de um parafuso de Arquimedes e, posteriormente, é purificada passando por sete tipos de lagos artificiais dispostas em sequência formando uma cascata. As plantas de cada um desses lagos foram selecionadas de acordo com as particularidades para a despoluição e filtragem e requalificação da água. SEUS PRINCIPAIS OBJETIVOS SÃO:

FIGURA 33 - PROCESSO DE FILTRODEPURAÇÃO

- Regeneração da biodiversidade local; - Despoluição da água do Rio Sena; - A criação de áreas verdes; - Criar conexões verdes entre bairros.

FONTE: Programa Cidades Sustentáveis

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FIGURA 34 - O LAZER EM CONJUNTO COM O TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO SENA

FIGURA 35 - MOBILIÁRIO PROJETADO COM OS MATERIAIS EXISTENTE NA ANTIGA CONSTRUÇÃO

FONTE: Programa Cidades Sustentáveis1

1 Disponível em: < http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas-praticas/parc-du-chemin-de-lile-em-nanterre-contribui-para-despoluicao-do-rio-sena> Acessado em Set. de 2017

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CAPÍTULO 3:

ÁREA DE ESTUDO

CAPÍTULO 3: ÁREA DE ESTUDOS CAPÍTULO 2: MÉTODO E ESTUDOS DE CASO

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FIGURA 36 - MAPA DISTRITO DE CAMPO GRANDE

FONTE: Produção autoral; dados extraídos do GEOSAMPA.

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3.1

CAMPO GRANDE

O distrito Campo Grande localizado no centro-sul da cidade de São Paulo, nasceu em 1953 a partir do loteamento e urbanização realizados pela mesma Companhia City a gerir o desenvolvimento de bairros nobres da cidade como Alto de Pinheiros, Pacaembu, Jardim América, City Lapa entre outros (PONCIANO, 2004). Quando visualizamos esses bairros através de fotos áreas e até mesmo caminhando em suas ruas, conseguimos entender um pouco do que fora previsto para a região estudada, porém a proposta inicial não alcançou o seu estopim devido ao crescimento desordenado que ocorrera no local com grande influência das industrias que se estabelecem na região. Todos os bairros urbanizados pela companhia, possuem em seu desenho os padrões de bairros-jardins, um olhar para os estudos desenvolvidos no século XIX por Ebenezer Howard e as suas Cidades Jardins que previam a união da cidade e campo, visando a promoção de um ambiente social com oportunidades de trabalho, moradia, entre outros; e a qualidade de vida proporcionadas pelas áreas verdes do campo. É possível visualizar ainda nessas regiões uma forte setorização entre áreas residenciais e de comércio e serviço. Apesar de possuírem grandes áreas arborizadas, são poucos os parques nessas regiões, possuindo pequenas praças para a pratica de exercícios físicos, mas que não comportam um grande número de pessoas em suas metragens reduzidas, sem falar na infraestrutura que não permite a existência de pistas para caminhadas, essas por muitas vezes são realizadas nas ruas, onde corredores coexistem com os automóveis. No caso do Distrito Campo Grande, a City conseguirá o alvará (número 1207/53), pavimentando algumas poucas ruas e desenvolvendo um núcleo residencial em 1954. Os anos seguintes foram marcados por novos loteamentos na região que já não possuíam mais ligação com a companhia, surgem então o Jardim Campo Grande e a Vila Campo Grande. O distrito hoje é marcado pelo desenho de núcleos residências com um entorno industrial e comercial. 63


FIGURA 37 - PROPAGANDAS PUBLICITÁRIOS DA COMPANHIA CITY

FONTE: São Paulo Antiga1

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Disponível em: < http://www.saopauloantiga.com.br/anuncios-historicos-da-ciacity/> Acessado em Set. 2017


FIGURA 38 - EQUIPAMENTOS NA REGIÃO DE CAMPO GRANDE

FONTE: Desenho autoral

Ele conta com diferentes tipos de atrativos. O acesso pode ser feito pela estação da CPTM Jurubatuba, onde logo ao lado localiza-se o Shopping Sp Market o qual possui em suas dependências, além das lojas e restaurantes convencionais, um parque de diversões para crianças (Parque da Mônica). Na Av Engenheiro Stevaux, encontra-se o campos universitário Senac. Contando ainda com um campo de golf e outros shoppings e departamentos comerciais de grande escala em seu território. A pesar da grande oferta na área de comércio e serviço, o Distrito apresenta uma defasagem na distribuição de locais destinados ao lazer da população.

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FIGURA 39 - PARQUES PRÓXIMOS A REGIÃO

FONTE: Mapa autoral com dados do GEOSAMPA

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FIGURA 40- PRINCIPAIS VIAS DE LIGAÇÃO DO DISTRITO COM AS DEMAIS ZONAS DA CIDADE

FONTE: Mapa autoral com dados do GEOSAMPA

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3.2 Os Córregos Com grande de suas áreas canalizadas, o distrito de Campo Grande possui quatro córregos em sua região, onde três serão estudados pela relação que possuem com a área do projeto do parque, são eles: córrego Pedreira, Olária e Zavuvus. FIGURA 41 - CÓRREGOS DA REGIÃO

FONTE: Mapa autoral com dados do GEOSAM-

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3.2.1 Córrego Pedreira O Córrego nasce na região de Campo Grande e situa-se próximo a represa Billings, possui algumas partes do seu perímetro ainda expostas, tendo grande parte soterrada. Apesar de visíveis, essas áreas recebem efluentes domésticos de industriais que não possuem infraestrutura adequada. É possível verificar ainda uma grande parte dos caminhos percorridos pelos córregos com um solo impermeabilizado, acarretando na contaminação dos corpos d’água por carga difusa. FIGURA 42 - ÁREA CÓRREGO PEDREIRA

FONTE: Mapa autoral com dados do GEOSAMPA

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3.2.2 Córrego Zavuvus O córrego Zavuvus nasce no Bairro da Vila Joaniza, território localizado no distrito Cidade Ademar, e deságua na margem direita da bacia do Rio Pinheiros próximo a estação Jurubatuba da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), componente da região de Campo Grande. No seu percurso de aproximadamente 9 km, o córrego atravessa vias importantes de acesso entre bairros, como a Av. Interlagos, a Av Nossa Senhora de Sabará e segue na Av Engenheiro Alberto de Zagottis. Os processos de impermeabilização gerados pela urbanização do bairro e as ocupações irregulares ao logo da bacia, fizeram com que o sistema de macrodrenagem se tornasse insuficiente, logo, temos como resultado as enchentes frequentes ao longo do perímetro do córrego. A ocupação irregular se dá em quase todo o perímetro da bacia, onde podemos enxergar riscos de transmissão de doenças de veiculação hídricas. As diretrizes promovidas pelos estudos da prefeitura em 2015, visavam para essas áreas um remanejamento da população e criação de parques lineares para contenção das enchentes vigentes hoje na região. Com o parque os processos de drenagens das águas aumentariam, um fator importante a ser considerado. Além disso, a região carece de áreas verdes destinadas ao lazer da população. FIGURA 43 - HABITAÇÕES IRREGULARES DISPOSTAS AO LONGO DO CÓRREGO ZAVUVUS

FONTE; RIMA - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL Readequação da Bacia Hidrográfica do Córrego Zavuvus

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FIGURA 44 - MAPA ANÁLISE DE ENCHENTES NO ZAVUVUS

FONTE: Mapa autoral com dados do GEOSAMPA

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3.3 Intervenção Urbana - O Arco Jurubatuba O distrito Campo Grande de acordo com o Plano diretor estratégico (PDE) de 2015,possui uma divisão do seus território em duas macroáreas urbanas. A Macroarea de Estruturação Metropolitana (MEU), visa um aumento na densidade, principalmente próximo aos locais onde encontram-se os transportes. O terreno está na Macroárea de Qualificação da Urbanização (MQU) a qual caracteriza-se pelo uso residencial do solo (tanto vertical como horizontal), ofertando um padrão médio de infraestrutura. Logo, os métodos a serem desenvolvidos na região, visam controlar o processo de adensamento, requalificar as linhas de transporte público que abastecem o bairro, criar novas conexões entre os sistemas de mobilidade urbana, com integração entre os sistemas de transportes (cicloviário, hidroviário, transporte coletivo, circulação do pedestre, entre outros). Além disso, o PDE, incentiva a regulamentação fundiária e estimula a produção de habitações de interesse social. FIGURA 45 - MACROÁREA DO ARCO JURUBATUBA

FONTE: SP Urbanismo (07/2016)


Os estudos baseados nas definições citadas, deram origem ao Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Arco Jurubatuba visando conectar por meio de uma frente fluvial, os diferentes usos existentes em seu perímetro de abrangência. A região é marcada ora pela presença de patrimônios históricos tombados, ora pela centralidade comercial ativa, como no caso de Santo Amaro, além disso, conta ainda com ocupações industrias ativas e muitos terrenos contaminados por esse mesmo processo de utilização

FIGURA 46- MAPA DO PERÍMETRO DE ADESÃO E PERÍMETRO EXPANDIDO DO ARCO JURUBATUBA

FONTE: SP Urbanismo (07/2016)

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Do lado leste, oeste da linha de alta tensão, há a caracterização homogenia da utilização do solo com caráter residencial visualizado na Vila Andrade, com diferenças visíveis em termos econômicos e sociais. O Autódromo de Interlagos segundo os estudos deverá receber todos os tipo de corridas automobilísticas, aumentando o turismo na região.

FIGURA 47 - MAPA DE TRANSPORTE PÚBLICO E MOBILIDADE AO REDOR DO ARCO

FONTE: SP Urbanismo (07/2016)


FIGURA 48 - TRANSPORTE PÚBLICO E MOBILIDADE ARCO JURUBATUBA

FONTE: SP Urbanismo (07/2016)

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Para o projeto vigente, além do desenvolvimento proporcionado pela aplicação desses estudos na região, há ainda o fato da destinação das áreas caracterizadas como ZEPAM para a implantação de parques, importante avanço e ponto de união com a destinação do terreno ocioso estudado no Distrito Campo Grande.

FIGURA 49.- MAPA ZONEAMENTO E USO DO SOLO, ARCO JURUBATUBA

FONTE: SP Urbanismo (07/2016)

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O local escolhido para a implantação do projeto, possui em sua delimitação dois empreendimentos na área alimentícia e da construção que ocupam metade de seus terrenos em galpões com um pavimento, disponibilizando a área remanescente para o funcionamento de estacionamentos. Com a implantação do parque, seria proposto a realocação para a área de transformação do arco Jurubatuba, a qual possui um alto índice de adensamento aumentando a procura pelos serviços ofertados. Os estudo realizados no Distrito, mostram uma grande variedade de serviços como os caracterizados anteriormente, não prejudicando os moradores da região e sim disponibilizando um novo equipamento público ainda não encontrado em sua delimitação, requalificando o espaço e garantindo a preservação ambiental da mata atlântica remanescente. FIGURA 50 - MAPA DE EQUIPAMENTOS, ARCO JURUBATUBA

FONTE: SP Urbanismo (07/2016)

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Os projetos abrangem ainda a questão das Habitações de Interesse Social (HIS), destinando-as as proximidades das estações de trem e metrô da região de Santo Amaro e Campo Grande, garantindo infraestrutura para essa população.

FIGURA 51- PROJETO PROPOSTO PARA REGIÃO COMPREENDIDA PELO ARCO JURUBATUBA

FONTE: SP Urbanismo (07/2016)


3.4 ESPECIFICAÇÃO DO TERRENO FIGURA 52 - SETORIZAÇÃO DO TERRENO ESTUDADO

FONTE: Produção autoral, imagem retirada do GOOGLE MAPS, Acessado em 2017

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FIGURA 53 - MAPA DE VIAS IMPORTANTES PRÓXIMAS AO PROJETO

Fonte: Mapa autoral com dados do GEOSAMPA

As vias estruturais são compostas pelas: Avenida Interlagos, Avenida Yearvant Kissajikian, Avenida Nossa Senhora da Sabará e Avenida das Nações Unidas

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FIGURA 54 - MAPA DE USO E OCUPAÇÃO, REGIÃO DO PROJETO

Fonte: Mapa autoral com dados do GEOSAMPA

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FIGURA 55 - MAPA DE FLUXOS

Fonte: Mapa autoral com dados do GEOSAMPA

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FIGURA 56 -ESTUDO PLUVIOMÉTRICO ATRAVÉS DA MAQUETE ELETRÔNICA

Fonte: produzido pelo autor (2018) 82


FIGURA 57 - LOCALIZAÇÂO DAS IMAGENS DO TERRENO

FONTE: Mapa autoral com dados do GEOSAMPA

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O PROJETO: PARQUE CAMPO GRANDE

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Enquanto a arquitetura, a pintura, a escultura e as demais artes plásticas usam e abusam apenas da visão, o paisagismo envolve também o olfato, a audição, o paladar e o tato, o que proporciona uma rica vivência sensorial, ao somar as diversas e completas experiências perceptivas. Quanto mais um jardim consegue aguçar todos os sentidos, melhor cumpre seu papel. (ABBUD, 2010, pg.1)

Conceito A partir do reconhecimento e estudo do terreno ocioso encontrado no Distrito de Campo Grande, começam a ser levantados os aspectos positivos e negativos contidos na região. Verificou-se uma escassez de áreas destinadas ao convívio e lazer da população local, enchentes constantes e a necessidade da melhor comunicação da região com as outras zonas da cidade. Através desse levantamento e das questões apresentadas ao longo dos capítulos anteriores , nasce o projeto do parque urbano, o qual busca atender as necessidades físicas e mentais dos habitantes, proporcionando o convívio, o lazer e a apreciação. Partido Visando conectar as ruas do Shopping Interlagos e São Canuto (destinando-as a utilização do pedestre), cria-se uma rua central, onde através desta é realizada a distribuição do programa, funcionando como uma espinha dorsal cuja suas ramificações ortogonais direcionam o transeunte a áreas especificas. Outro princípio importante do projeto fora a de criar uma unidade entre os terrenos cortados pela presença de uma rua central, logo, o fluxo dos carros é realocado para uma nova rua criada adjacente ao projeto da praça que contém as edificações da biblioteca, galeria e auditório. Os estudos da declividade do terreno, proporcionaram a disposição do sistema de Wetlands construídos, onde o seu desenho orgânico diferencia-se dos traços retos dos caminhos dispostos na implantação.


FIGURA 58 - ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO

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FIGURA 59 - IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

IMPLANTAÇÃO

FONTE: Desenho autoral

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Programa

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FIGURA 60 - CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES

FONTE: Produção autoral

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FIGURA 61 - ÁREAS DO PROJETO

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FIGURA 62 - AMPLIAÇÃO 1

AMPLIAÇÃO 1 ESC:1:750

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AMPLIAÇÃO 2 ESC:1:750 FIGURA 63 - AMPLIAÇÃO 2

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CORTE AA ESC: 1:750

CORTE BB ESC: 1:750

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A topografia do terreno apresenta áreas planas e acidentadas. A locação do parque se dá na parte mais elevada do terreno dividindo o programa de acordo com a presença ou ausência de árvores remanescentes da mata nativa e ao processo de retirada do uso anterior, levando a área antes ocupada pelo pelo comércio a receber os prédios da biblioteca, galeria e auditório, três metros acima dessa praça com acesso através de rampas e escadas, ao sul (caracterizada pela presença do piso drenante com desenho inspirado na obra de Lygia Clark), temos a área esportiva, com quadras e pista de skate. Aproveitando a planificação realizada anteriormente pela implantação do galpão que funcionava como depósito, na cota 783, cria-se uma praça rebaixada com onde é locado um restaurante, marcado pela sua fachada de vidro que visa trazer a paisagem do meio, para dentro da edificação. A disposições da vegetação, se dá de acordo com a sensação a ser transmitida, uma hora criando vegetações homogêneas que garantem através do posicionamento de suas copas, hora mais afastadas, hora com redução entre esse espaçamento, a passagem de luz. Espécies como o Flamboyant, são implantados isoladamente visando enaltecer a sua grandeza e beleza.

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CORTE CC ESC:1:750

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CORTE DD ESC:1:750


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CORTE EE ESC:1:750

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TABELA 1- COMPOSIÇÃO DO FILTRO

Fonte: Autoral Nota* Desenvolvido a partir de dados disponibilizados pela empresa Phytorestore Brasil

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PLANTA BIBLIOTECA ESC: 1:250

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CORTE AA ESC: 1:250

CORTE BB ESC: 1:250

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FACHADA 1 ESC: 1:250

FACHADA 2 ESC: 1:250

FACHADA 3 ESC: 1:250

FACHADA 4 ESC: 1:250

A leitura da obra clarkiana promoveu a criação de painéis metálicos para a composição da fachada sudoeste da biblioteca, as demais fachadas permitem a continuidade transmitida, através da pintura e adesivação.1 1

Disponível em: < http://dasartes.com/noticias/lygia-clark-dos-anos-50/> Acessado em Jun. 2018

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FIGURA 64- CORTE ESCULTURA CRISTALINA EXPERIMENTAÇÃO O esperado com a obra em questão é a da transmissão de sensações através da exploração do cubo locado em meio a água do lago plantado. Com iluminação zenital e aberturas laterais que permitem a ventilação do local, essa funciona como cascata em dias de chuva, permitindo que haja exploração sonora, térmica e visual.

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FIGURA 65- PROCESSO DE EXPERIMENTAÇÃO DOS MIRANTES E ESCULTURAS

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Figura 66- Croqui mirante

FONTE- Autoral

A disposição dos mirantes se da de acordo com a cenografia local, onde o enquadramento da paisagens, principalmente na visual do Córrego Pedreira, visa explorar as sensações de pertencimento, conforto e tranquilidade. Em uma estrutura de chapas metálicas, a estrutura encontra o equilíbrio através de seus encaixes e fundação.

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Conclusão As análises que levaram a produção do trabalho em questão, mostram uma necessidade emergente das nossas cidades pela recuperação do habitat natural funcionando em conjunto com o espaço construído, é preciso olhar para o vazio, destinando áreas privativas em favor da sociedade, um equilíbrio é necessário para que os cidadãos do meio desacelerem e vivenciem as inúmeras experiências proporcionadas pelas grandes metrópoles. Não podemos mais negligenciar as nossas águas, é preciso enaltecer a sua presença através da criação e exploração de novos sistemas que requalifiquem e permitam o contato com o citadino. Preservar a natureza remanescente através da criação de equipamentos como o parque urbano é uma alternativa para evitar a ocupação irregular do terreno e garantir a sua existência. Recursos não faltam para que essas melhorias aconteçam, cabendo aos gestores de nossas cidades garantir que essas sejam aplicadas para que haja assim a reconexão do ser com o ambiente, passando do estado blasé para o flâneur, o qual permite-se explorar e vivenciar todas as transformações do cenário urbano em meio a multidão.

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Bibliografia ABBUD, B. Criando paisagens, Guia de trabalho em arquitetura paisagística, 4°ed. – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010. Bienal Internacional de Arquitetura (8ª : 2009 : São Paulo), Ecos Urbanos = Urban Echoes / [realização/attainment IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil ; tradução/translation Arlete Cecchi Bergamos] – São Paulo: Editora Senac São Paulo : IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil, 2012. Vários Autores BENEVOLO, L. História da cidade, Leonardo Benevolo; [tradução Silvia Mazza]. São Paulo: Perspectiva, 2012. CHOAY, FRANCOISE. O Urbanismo: Utopias e Realidades, uma antologia/Francoise Choay: [Tradução Dafne Nascimento Rodrigues] São Paulo: Perspectiva, 2015 GIFFORD, Robert. Environmental Psychology. Principles and practice. 3. ed. Boston: Optimal Books, 2002. HAMMER, D.A. (ed.). 1989. Constructed Wetlands for Wastewater Treatment: Municipal, Industrial and Agricultural. Lewis Publishers, Chelsea, MI. Isabel Cristina Moroz-Caccia Gouveia, « A cidade de São Paulo e seus rios: uma história repleta de para¬doxos », Confins [Online], 27 | 2016, posto online no dia 16 Julho 2016, consultado o 18 Novembro 2017. URL : http://confins.revues.org/10884 ; DOI : 10.4000/confins.10884 LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Bra¬sil, volume 3. Editora Plantarum. Nova Odessa, São Paulo, 2009. LIMA. V, A Qualidade Ambiental na cidade de Osvaldo Cruz/SP -importância das áreas verdes para a qua¬lidade ambiental das cidades, 2006. Tese (Mestrado em Geografia), Universidade Estadual Paulista, São Paulo. MACEDO, S. Parques Urbanos no Brasil, BRAZILIAN URBAN PARKS; São Paulo: QUAPÁ, 2001. MACEDO, S. Paisagem Ambiental - Miranda Magnoli; São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanis¬mo,2006 MILLIET, M. A. Lygia Clark: Obra-trajeto - São paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1992

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MALAMUT, Marcos Paisagismo: projetando espaços Livres / Marcos Malamut – Lauro de Freitas, BA: Livro.com, 2011 Palestra proferida na Biblioteca Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, em 27 de agosto de 1997. (Nota do Editor: texto transcrito por Adriano C. R. Costa e revisto por José Q. Pinhei¬ro). PANZINI, FRANCO Projetar a Natureza: Arquitetura da Paisagem e dos Jardins desde as origens até a época contemporânea/Franco Panzini; tradução Letícia Andrade – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013. RIMA – RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL Readequação da Bacia Hidrográfica do Córrego Zavu¬vus WILKES, John Flowforms: O poder rítmico da água / A John Wilkes; tradução de Carlos Szlak. – São Paulo, 2008. Fontes retiradas da Internet <https://www.jardinero.net/plantas/ceu-azul-jacquemontia-pentanthos.html>, Acesso:16 março 2014a <https://www.jardinero.net/plantas/grama-azul-poa-pratensis.html> Acesso: 16 março 2014b <https://www.jardinero.net/plantas/grama-azul-poa-pratensis.html> Acesso: 16 março 2014c https://www.jardineiro.net/plantas/cadeira-de-sogra-echinocactusgrusonii.htmlAcesso:16 de março 2014c https://www.jardinero.net/plantas/cadeira-de-sogra-echinocactusgrusonii.html Acesso: 16 março 2014 Por PATRO,Raquel-http://www.jrdineiro.net/plantas/patade-vaca-bauhinia-vegeta.html – Acesso 06 junho 2018


Estudos iniciais do terreno. Busca pelo reconhecimento das quedas d’Água e visualização da edificação presente no entorno e as consequências visuais de sua implantação.


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Fechamento da rua central para integração da área

Estudo da implantação do mirante. 120


Macrófita, estudo das plantas utilizadas no processo de fitorremediação

Relação com a edificação murada do Hospital 121


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124 HO

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