A RELAÇÃO DAS IGREJAS COM A CIDADE PARTE 1

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Universidade Municipal de São Caetano do Sul

Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo

RELAÇÃO
IGREJAS
CIDADE
DE UMA IGREJA EVANGÉLICA
São Caetano do Sul 2023
A
DAS
COM A
PROJETO
Alex Severino de Lima

Universidade Municipal de São Caetano do Sul

Curso de Arquitetura e Urbanismo

Alex Severino de Lima

A RELAÇÃO DAS IGREJAS COM A CIDADE PROJETO DE UMA IGREJA EVANGÉLICA São

Caetano do Sul 2023

A RELAÇÃO DAS IGREJAS COM A CIDADE PROJETO DE UMA IGREJA EVANGÉLICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Tiago Seneme Franco

São Caetano do Sul 2023

Agradecimentos

Á Deus em primeiro lugar, por me guiar em cada passo da minha vida.

Agradeço a minha família que sempre me apoiou e incentivou em todos os momentos, em especial minha mãe Josineide e pai Severino, que sempre estiveram ao meu lado. Agradeço também à minha esposa Naiany e ao filho Benjamim, por todo o suporte que me deram, além de serem o meu maior incentivo a continuar.

Agradeço aos meus irmãos André e Angela pelos incentivos e a minha querida irmã e colega de sala Andréia por esses anos que passamos juntos.

Ao Professor Tiago Seneme Franco pelas orientações durante todos esses anos e por aceitar me orientar pela última vez.

Ao Grupo Sarlo Better onde sempre me apoiaram e deram suporte durante os anos felizes em que trabalhei e ao escritório de Arquitetura Alexandre Milleu que me abriu a porta para atuar no mercado de trabalho no qual eu sempre sonhei e meus mais sinceros agradecimentos ao Gerente Pedro Morais que me contratou como estagiário e aos meus respectivos coordenadores Gustavo e Luis, por me ensinarem a cada dia como exercer a profissão da melhor forma possível e também ao meu líder de produto Guilherme por me ajudar sempre que precisei.

Deus quer

O homem sonha

A obra nasce…

Fernando Pessoa

RESUMO

O objetivo deste projeto é realizar uma análise abrangente dos aspectos positivos e negativos das igrejas protestantes evangélicas, com o intuito de compreender os principais eventos históricos que influenciaram a arquitetura atual dessas instituições. Com base nesses eventos, pretende-se elaborar uma proposta para uma igreja evangélica em um terreno já existente, usando o seu perímetro como base para a elaboração de uma nova edificação. Durante o desenvolvimento deste estudo, serão apresentados conceitos relevantes, incluindo o surgimento do protestantismo e sua influência na arquitetura das igrejas. O objetivo final é estabelecer um novo vínculo entre as igrejas e as cidades, promovendo um ciclo renovado de relacionamento entre essas duas esferas.

Palavras-Chave: Arquitetura, Igreja Evangélica, Protestante

ABSTRACT

The objective of this project is to carry out a comprehensive analysis of the positive and negative aspects of evangelical Protestant churches, in order to understand the main historical events that influenced the current architecture of these institutions. Based on these events, it is intended to elaborate a proposal for an evangelical church. During the development of this study, relevant concepts will be presented, including the rise of Protestantism and its influence on church architecture, as well as its interactions with the urban environment. The ultimate goal is to establish a new link between churches and cities, promoting a renewed cycle of relationships between these two spheres.

Keywords: Architecture, Evangelical Church, Protestant

1. LISTA DE FIGURAS

Figura

Figura 17 - Área externa….……………………………………..………………………30

Figura 18 - Fachada da igreja…………………………………..………………………30

Figura 19 - Área externa………………………………..…………………….…………31

Figura 20 - Foto tirada na hora da pregação…………………………….……………31

Figura 21 - Foto tirada na hora do louvor……………………………..………………31

Figura 22 - Foto tirada na hora do louvor……………………..………………………31

Figura 23 - Foto tirada na hora do louvor……………………..………………………31

Figura 24 - Foto tirada na hora da pregação……………………..……..……………32

Figura 25 - Foto tirada na hora da pregação………………..………………..………32

Figura 26 - Área interna da igreja………………………….…..………………………32

Figura 27 - Área interna da igreja……………………………..…………………….…32

Figura 28 - Fachada do Centro Cívico……………………..………….………………34

Figura 29 - Entrada secundária do edifício……………………………………………35

Figura 30 - Planta baixa……………………………………..……………………….…36

Figura 31 - Sala de aula……………………..……………………….…………………36

Figura 32 - Vista Lateral do Edifício……………………………..…………………….37

Figura 33 - Fachada do Santuário……………………………..………………………38

Figura 34 - Implantação do Santuário………………………..………………..………39

Figura 35 - Sistema protendido de laje………………..……………………...………39

Figura 36 - Corte do Projeto…………..…………………………………………...……40

Figura 37 - Fachada…………………………………..…………………………….……40

Figura 38 - Salão principal………………..………………………………………..……41

Figura 39 - Implantação………………………………...……………………….………..42

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Sé……………………………………………………………….16
Figura 1 - Número de Evangélicos no Brasil…………………………………………11 Figura 2 - Catedral da
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Funcionalmente..…………………………………………18
5
Funcionalmente..…………………………………………18
6 - Igreja
projeção específica ...……………………………………...……19
7 - Igreja de projeção específica ...……………………………………...……19
8 -
Celso Garcia……………………………………..………………………25
9 -
Reino de Deus.…..……………………………………25
10 -
de Deus Brás…..………………..………25
Figura 3 - Igreja Presbiteriana Maceió……...…………………………………………16 Figura
- Igreja Adaptada
Figura
- Igreja Adaptada
Figura
de
Figura
Figura
Av.
Figura
Igreja Universal do
Figura
Igreja Evangélica Assembléia
11 -
São
Batista…………………………...……………………26
12 -
de Salomão…………………………………...………26
13 - Circulação……………………………………..…………….………………27
14 - Fachada
igreja.………………..…………………………………...……28
15 -
autor……………………..………….……………………29
16 - Setorização…...……………………………………..………………………29
Paróquia
João
Figura
Réplica do Templo
Figura
Figura
na
Figura
Planta feita pelo
Figura

Figura 40 - Parede oeste do salão nobre………………………..………………………42

Figura 41 - Localização………………………………..……………………..……………44

Figura 42 - Ampliação da localização do terreno……………………..…….……….…44

Figura 43 - Fotos históricas do Bairro da Mooca………………..…………...…………45

Figura 44 - Fotos históricas do Bairro da Mooca…………...…..………………………45

Figura 45 - Divisão dos Bairros……..……………………………………….……………45

Figura 46 - Transporte público na região……………..…...……………….……………46

Figura 47 - Uso predominante do solo……..………..…….………………….…………48

Figura 48 - Perímetros das Zonas………………….....…………………………………48

Figura 49 - Quadro 3……………………………….....…………..………………………49

Figura 50 - Implantação…………………..……….……………….……………..………50

Figura 51 - Térreo………………………………….………………..………………….…51

Figura 52 - Entrada rua dos Trilhos………….…………………..………….………..…52

Figura 53 - Entrada rua Jõao Antonio……………….……………..………...…………54

Figura 54 - Bafles………………..……..…………………….…..………….……………56

Figura 55 - Corte A……………………………………..…………………….………..….56

Figura 56 - Corte B……………………………………………….………….……………57

Figura 57 - Características do policarbonato……...…………………….…………..…57

Figura 58 - Exemplo…………………..………………………………….………….……57

Figura 59 - Fachada Plicarbonato………………………..…………….….……………58

Figura 60 - Área externa……………………………..…………….….…………………59

Figura 61 - Área externa……………………………..……………….…………………60

Figura 62 - Área externa………………………..…………………….…………………61

Figura 63 - Praça………………………………..…………………….…………………61

Figura 64 - Boulevard………………………..……………………….…………………61

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10 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - A HISTÓRIA DA IGREJA EVANGÉLICA NO BRASIL 12 1.1 Porque as pessoas procuram uma igreja e qual a sua importância. 12 1.1.1 Porque as pessoas frequentam uma igreja. 13 CAPÍTULO 2: TEMPLO 15 2.1 O que é um Templo. 15 2.1.1 Arquitetura das Igrejas Protestantes no Brasil. 15 2.1.2 Igrejas adaptadas funcionalmente. 17 2.1.3 Igrejas de projeção específica. 18 2.1.4 Atividades no templo. 19 2 2 O Porque de uma boa arquitetura 20 2.2.1 A Igreja Hoje em Dia 21 2 2 2 A Igreja e seus problemas 22 2.3 Igreja Pública ou Privada? 23 2.3.1 Igreja e sociedade 24 CAPÍTULO 3: ESTUDO DE CASO 27 3.1 Assembléia de Deus Vitória em Cristo Mooca 27 3.1.1 Programa de Necessidades 28 3.2 Referências Projetuais 32 3 2 1 Centro Cívico Los Silos em La Rinconada 33 3.2.2 Templo de Wong Dai Sin 38 3 2 3 Mosteiro Water-Moon 40 CAPÍTULO 4: PROPOSTA DE PROJETO 43 4.1 Análise do Terreno 43 4.1.1 Zoneamento 47 4.2 O PROJETO 49 4.2.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES 50 4.2.2 IMPLANTAÇÃO 51 4.2.3 SETORIZAÇÃO 52 CAPÍTULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS 60 CAPÍTULO 6: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64

INTRODUÇÃO

Neste trabalho de conclusão de curso, pretendo discutir o impacto que a arquitetura de uma igreja pode causar tanto nas pessoas como na cidade em que está inserida. No Brasil, segundo a última pesquisa realizada pelo Datafolha em 2020, cerca de 31% da população são de evangélicos e segundo o IBGE em 2010 o número era de 20%.

De acordo com o censo do IBGE (2010), no Brasil, 42.275.440 de pessoas se consideram evangélicas e dentre elas 12.314.410 se consideram assembleianos.

Existem igrejas espalhadas por todo o país, porém quando analisamos a arquitetura das igrejas evangélicas, é difícil encontrar muitos exemplos de boa arquitetura. Embora seja importante reconhecer a relevância da arquitetura religiosa em nível político e social, é fundamental considerar que a maneira como concebemos um espaço sagrado afeta a percepção e a experiência das pessoas que o utilizam, bem como das pessoas na cidade. Portanto, o material (edificação, ambientes, objetos) e o imaterial (manifestações de fé) devem andar juntos para que se obtenha um resultado positivo.

As igrejas evangélicas costumam compartilhar uma característica em comum, que é a adaptação de um galpão ou salão para seu espaço de culto. Porém, a arquitetura tem o papel de produzir espaços que tragam conforto físico e psicológico ao usuário, permitindo que as pessoas se apropriem do lugar. Em se tratando de espaços abertos e religiosos, a arquitetura é ainda mais importante, uma vez que intensifica as relações de convívio e contribui para a relação entre os usuários e o espaço construído.

Como resultado apresentou o desenvolvimento de um projeto de uma igreja evangélica Assembleia de Deus, com o intuito de destacar pontos importantes a serem considerados na hora de projetar uma igreja evangélica e seus impactos no espaço urbano.

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Tabela 1 - Número de Evangélicos no Brasil

CAPÍTULO 1 - A HISTÓRIA DA IGREJA EVANGÉLICA NO BRASIL

A presença protestante no Brasil data do período colonial (1500-1822). Os franceses que invadiram o Rio de Janeiro no século XVI, em busca do pau-brasil e de refúgio religioso, eram huguenotes, isto é, reformados de origem francesa (foram eles que oficializaram, em 1556, o primeiro culto protestante no Brasil).

Tal esforço para invadir a colônia fortaleceu ainda mais o catolicismo popular e isolou a colônia da entrada de povos protestantes. Somente com a chegada da família real portuguesa, em 1808 foi aceita a entrada legal de protestantes através dos anglicanos.

Em 1824 o protestantismo adquiriu autonomia quando a Constituição Imperial autorizou a liberdade de culto através do seguinte decreto:

Artigo 5 da constituição 1824: A religião católica apostólica romana continuará a ser religião do Império Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas,sem fórma alguma exterior de templo.

Ao longo do século XIX os protestantes argumentam firmemente para obter a liberdade religiosa até que em 1890 um decreto do governo republicano consagrou a separação entre a igreja e o Estado, o que assegurou reconhecimento e proteção legal aos protestante (entre as medidas estão a liberdade de culto, o casamento civil obrigatório, e a liberdade das igrejas evangélicas de poder ter suas fachadas.

Com isso a igreja Protestante recebeu grande influência do movimento modernista. Em meados do século XIX um movimento interno do protestantismo, reivindicou prédios adequados para a realização dos seus cultos, esses templos tinham como foco a leitura e a reunião, imitando anfiteatros e auditórios. Surge assim, uma arquitetura deliberadamente não eclesiástica, sem altar, sem tabernáculo ou presbitério em seu interior.

1.1 Porque as pessoas procuram uma igreja e qual a sua importância.

As pessoas procuram uma igreja por diferentes razões, mas muitas vezes é porque buscam uma comunidade de pessoas que compartilham os mesmos valores e crenças religiosas. A igreja pode oferecer um espaço para a prática da fé, como cultos, missas, orações e estudos bíblicos, além de proporcionar momentos de convivência e interação social. A importância da igreja na vida de uma pessoa pode ser muito grande, já que a fé e a espiritualidade são aspectos fundamentais para muitos indivíduos. A igreja pode oferecer conforto, esperança, orientação e propósito para a vida, além de ser um lugar para buscar apoio emocional e espiritual em momentos de crise.

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Além disso, a igreja também pode desempenhar um papel importante na sociedade em que está inserida. Ela pode oferecer serviços e programas sociais para ajudar as pessoas necessitadas, como abrigos para sem-teto, bancos de alimentos, centros de apoio a vítimas de violência doméstica, entre outros. A igreja pode também promover ações que visam melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da comunidade, como campanhas de conscientização sobre saúde, meio ambiente e direitos humanos.

A igreja também pode ser um local para a realização de eventos culturais e artísticos, como concertos, exposições e apresentações teatrais, que contribuem para a formação cultural e intelectual das pessoas. Além disso, a igreja pode ser um espaço para o diálogo inter-religioso e o respeito à diversidade, promovendo a tolerância e a convivência pacífica entre as diferentes crenças e culturas. Em resumo, a igreja pode desempenhar um papel fundamental na vida das pessoas e na sociedade como um todo, oferecendo suporte espiritual e emocional, bem como serviços e programas sociais que contribuem para a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar da comunidade.

Existem várias motivações que levam as pessoas a procurar uma igreja, ou melhor uma ajuda ou conforto divino, seja através de um problema financeira, emocional, familiar, de saúde entre outros. Contudo o ponto em comum é que todos buscam uma resposta a essas motivações e para encontrar essa resposta necessita estar atenta ao ambiente igreja e o que ali é pregado.

1.1.1 Porque as pessoas frequentam uma igreja.

Existem muitas razões pelas quais as pessoas frequentam igrejas. Algumas pessoas podem ser criadas nessa denominação e seguirem a tradição familiar. Outros podem ter sido atraídos pela ênfase na adoração, ensino bíblico, comunhão e serviço comunitário que essas igrejas oferecem.

A Assembleia de Deus é uma denominação cristã evangélica que enfatiza a experiência de batismo no Espírito Santo, a cura divina, a autoridade das Escrituras e a evangelização. Algumas pessoas podem ser atraídas pela abordagem pentecostal da igreja, que enfatiza a importância dos dons espirituais e da manifestação do poder de Deus na vida dos crentes.

Além disso, as igrejas da Assembleia de Deus muitas vezes oferecem programas para crianças, jovens e adultos, como escolas dominicais, grupos de estudo bíblico, ministérios de louvor e missões. Esses programas podem fornecer oportunidades para crescer em sua fé, desenvolver amizades significativas e servir a sociedade de forma geral.

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Hoje em dia com a tecnologia e seus meios é possível transmitir um culto online tranquilamente, inclusive é algo bastante comum entre as igrejas, mas isso não inibe o fato que para os evangélicos o frequentar as igrejas é algo sagrado, pois na bíblia existem alguns versículos que reforçam isto:

´´Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajando-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia``. Hebreus 10:25 (BÍBLIA SAGRADA, Almeida Corrigida)

As transmissões online tem por objetivo divulgar o que é pregado na igreja para as pessoas que por algum motivo estão impossibilitadas de ir ou para aqueles que não são frequentadores, mas querem saber mais sobre a palavra que ali é pregada.

Durante a pandemia cerca de 26% dos brasileiros destacaram como prioridade após o fim da pandemia a volta a igreja, o que demonstra a importância e o impacto da igreja na vida das pessoas enquanto espaço físico. Por mais que os cultos estivessem de maneira online, o templo em si tem uma importância muito grande e é fundamental para os fiéis.

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CAPÍTULO 2: TEMPLO

2.1 O que é um Templo.

Na Bíblia evangélica, existem três formas de se referir às construções destinadas ao culto de Deus, sendo estas igreja, templo, sinagoga, além de tenda e tabernáculo citados no antigo testamento. A definição de igreja e templo são semelhantes, pois estes são sinônimos. Ambos se referem a um edifício público destinado ao culto religioso; comunidade composta por cristãos, que forma um corpo social organizado, de pessoas que têm as mesmas aspirações, ideias e doutrina; edifício onde se reúnem os fiéis para exercer o seu culto. Porém essas duas têm origens diferentes. Templo é derivado do latim templum, ou lugar consagrado e reservado aos deuses, enquanto a igreja é de origem grega ekklesia, que era a principal assembleia popular da democracia ateniense na Grécia Antiga.

2.1.1 Arquitetura das Igrejas Protestantes no Brasil.

É possível perceber, externamente a influência do ecletismo do século XIX em construções de templos protestantes em nosso país para o final do século XIX e início do século XX em estilo neogótico que misturam elementos católicos e protestantes, mesmo que de acordo com a época de sua construção já fosse prescrito que sua aparência exterior não poderia diferenciá-las das outras construções.

Mesmo podendo perceber as marcas do ecletismo nessa imagem, é importante realçar que, com o surgimento de um movimento chamado vanguarda, que pregava a liberdade artística nessa época, houve uma ruptura com o ecletismo. Contudo, ainda pode-se observar traços com características neogóticas, a partir do século XX, o que pode ser observado na Igreja Presbiteriana de Maceió do século XX, onde embora houvesse intolerância aos protestantes cristãos, no Brasil Imperial, que limitava construções características da religião praticada que não fosse o catolicismo.

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No entanto, em detrimento do que a Constituição Federal prescrevia a liberdade de expressão religiosa, mas não a liberdade para com a aparência a ser observada na construção de novos templos, as igrejas eram construídas com aparência exterior de tal como a de residências.

A igreja protestantes, atualmente é um edifício que cumpre determinada função, constituindo-se de um local para liturgia, atos religiosos e principalmente para reunião coletiva. Hoje existem dois tipos de igrejas:

● As Igrejas adaptadas funcionalmente, que se instalam sobre outras edificações de cunho funcional diverso cujas necessidades e cuja organização espacial se faz de forma semelhante.

● As Igrejas de projeção específica, concebidas no intuito de serem realmente templos e pensadas sobre aspectos únicos que envolvem suas respectivas doutrinas.

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Figura 2 - Catedral da Sé Fonte:https://lumepa.blogspot.com/2018/09/catedral-da-se-sao-paulo.html . Acesso em 25 de fevereiro de 2023. Figura 3 - Igreja Presbiteriana Maceió Fonte:https://idosonewsipb.blogspot.com/2011/02/igreja-presbiteriana-central-de-maceio.html . Acesso em 25 de fevereiro de 2023.

A esses tipos distintos de igrejas protestantes no Brasil, pode-se reverenciar a marca da pós-modernidade, surgida em aramados do século XX, percebida na construção de templos, pois é um período que apoia os ideais modernos de marcas simbólicas; de igualdade de estilos que rejeita a tradição, mas não por completo; de valorização da funcionalidade; ao mesmo tempo em que prega uma razão sem preferências e encara a verdade como relativa e o privilégio é dado a plantas retangulares com uso de materiais naturais, presença da simplicidade e ausência de adornos superficiais para que não se perdesse o foco da funcionalidade religiosa da igreja.

2.1.2 Igrejas adaptadas funcionalmente.

Essas igrejas adaptadas funcionalmente se instalam ,em edificações projetadas para outro uso, mas que em sua concepção apresenta espaços que permitem a adaptação funcional, determinada pelas necessidades do programa de cada doutrina.

Algumas igrejas podem não ter os recursos financeiros para realizar as adaptações necessárias ou não terem pessoas treinadas o suficiente para atender às necessidades específicas das pessoas com deficiências. Além disso, pode haver limitações em relação à localização da igreja ou do edifício em que se encontra, tornando difícil ou impossível realizar as adaptações necessárias.

As igrejas funcionais têm por características a adaptação funcional mediante a necessidade de integrar mais fiéis, na qual traduzida em projeto arquitetônico significa plantas menores. Porém também existe a necessidade de ampliação que extrapolam cultos semanais, na qual se exige salas anexas para exploração de tais atividades, tais como sala de administração, banheiros, lanchonete, cozinha entre outras.

Podemos usar de exemplos a Igreja Universal do Reino de Deus, que tem como especificidade de função o uso de um grande vão com pequenas salas adjacentes que abrigam a administração e outros espaços específicos. Outras edificações que permitem adaptações são os galpões, que por possuírem grandes vãos permitem o aproveitamento dos seus espaços.

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Mesmo com a redução financeira que as adaptações proporcionam, faz-se necessário construir criando espaços que atendam às necessidades funcionais e derivadas das doutrinas sem as limitações que se fazem presente nas readaptações. Em algumas denominações, embora a organização e distribuição de funções sejam semelhantes, a diferença pode estar em uma questão de escala, como por exemplo, a Igreja Universal e Batista que fazem de seus templos monumentos à fé.

Também é possível notar diferenças nos espaços construídos em áreas nobres ou em bairros periféricos, como a Igreja Universal do Reino de Deus, que em bairros de menor visibilidade, possuem templos sem muitos tratamentos estéticos, mas incorporados a um edifício qualquer que adaptam as necessidades de igreja, em bairros mais nobres, são projetados e construídos edifícios para a situação, e caso seja uma adaptação às mesmas são bem estudadas e executadas.

Em Santo André - SP pode-se citar o templo da Igreja Universal, localizado na Avenida Santos Dumont, que se destaca em meio ao entorno e apresenta características de monumentalidade.

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Figura 4 - Igreja adaptada Funcionalmente Figura 5 - Igreja adaptada Funcionalmente Google maps. Acesso em 22 de fevereiro de 2023 Google maps. Acesso em 22 de fevereiro de 2023 2.1.3 Igrejas de projeção específica.

Ao observar as construções das grandes Igrejas Católicas é possível perceber uma diferença quando comparadas as igrejas evangélicas protestantes, nesse caso os templos são projetados e apresentam morfologias semelhantes, não tendo um apelo visual mas sim de maneira mais funcional possível no sentido de espaço para as pessoas ouvirem o culto.

2.1.4 Atividades no templo.

Além de cultuar a Deus, a igreja atual busca oferecer outras atividades a seus membros a fim de fortalecer sua comunhão com o próximo, ensinar mais sobre a bíblia e consequentemente mantê-los fisicamente na Igreja. Assim, ao longo dos anos a comunidade evangélica passou a lecionar, além de dar estudos bíblicos, aulas de música, dança, teatro e etc. Tudo isso em horários que não estão acontecendo culto. Além de algumas oficinas de casais, empresários, filhos, aconselhamento, entre outros. Tudo isso para que a igreja participe mais ativamente da vida das pessoas.

É comum que os templos prevejam um espaço de eventos para as cerimônias de casamento. Uma vez que um casal se une em matrimônio, este eventualmente festeja sua comemoração. Diante dessa demanda muitas igrejas oferecem o espaço como forma de abençoar a vida do casal, até porque nas igrejas existem diferentes classes sociais e o intuito sempre será de ajudar o próximo pois a igreja faz parte disto.

Basicamente o programa de necessidades das igrejas vai variar de igreja para igreja, pois depende muito do que as pessoas de determinada região estão necessitando, então muita das vezes a igreja prevê um espaço pensando em algo, porém no dia a dia acaba vendo que existem outras necessidades para aquele espaço.

Já que as pessoas que frequentam a igreja em sua maioria residem em áreas próximas, mas existem aqueles que vêm de mais longe e consequentemente acaba causando um certo desconforto nos arredores o que acaba afetando diretamente as pessoas que moram na região, seja pela quantidade de carros estacionado na rua ou até mesmo pelo barulho causado pelas pessoas que frequentam as igrejas.

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Figura 6 - Igreja de projeção específica Figura 7 - Igreja de projeção específica Google maps. Acesso em 22 de fevereiro de 2023 Google maps. Acesso em 22 de fevereiro de 2023

2.2 O Porque de uma boa arquitetura

Para os evangélicos, no momento de culto é importante que busquem adorar a Deus com seu corpo e seu espírito, e para isso se faz necessária a concentração total no momento de culto, como está escrito na Bíblia:

“Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Coríntios 6:20).

Ao observar essa ideia, pode se afirmar que um espaço que cause desconfortos, ou não suscite no usuário sensação de acolhimento e bem-estar pode atrapalhar esse momento de reflexão.

Com isso, a arquitetura busca produzir espaços que trazem conforto ao usuário tanto físico, como psicológico, permitindo que as pessoas se apropriem do lugar. Ao se tratar de espaços abertos e religiosos, a arquitetura se faz importante, porquanto intensifica as relações de convívio, por possuir em sua concepção valores, que podem contribuir para a relação entre os usuários e usuários, mais espaço construído e espaço construído para a cidade.

Resumidamente a uma boa arquitetura para as igrejas devem atender os seguintes requisitos:

● Promover um ambiente acolhedor e inspirador: Uma igreja com boa arquitetura pode transmitir uma sensação de paz, serenidade e beleza, o que ajuda a criar um ambiente acolhedor e inspirador para as pessoas que frequentam a igreja.

● Facilitar a participação nos serviços religiosos: Uma arquitetura bem pensada pode ajudar a tornar a participação nos serviços religiosos mais fácil e confortável para os membros da igreja. Por exemplo, a disposição dos bancos, a acústica da igreja e a iluminação podem afetar a experiência dos fiéis.

● Refletir a identidade e os valores da igreja: A arquitetura da igreja pode refletir a identidade e os valores da comunidade religiosa. Por exemplo, uma igreja moderna e arrojada pode refletir uma igreja jovem e dinâmica, enquanto uma igreja mais tradicional pode refletir uma comunidade religiosa mais conservadora.

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● Auxiliar na evangelização: Uma igreja com uma boa arquitetura pode ser um atrativo visual para as pessoas que passam por ela e despertar o interesse de quem ainda não conhece a comunidade religiosa. Além disso, pode ser um ponto de referência para as pessoas que buscam orientação espiritual.

2.2.1 A Igreja Hoje em Dia

Muitos templos evangélicos atualmente são galpões alugados e adaptados para o culto, com caixa de sons e cadeiras espalhadas pelo espaço sem nenhuma análise técnica de acústica ou conforto térmico o que a médio prazo pode gerar um problema para a igreja, uma vez que o público frequentador é bem abrangente e atinge de recém nascido até idosos.

Independente da religião, os templos onde acontecem rituais religiosos são locais de muita movimentação de pessoas, o que torna os preceitos básicos da arquitetura essencial para um ambiente de paz.

Além disso, pode-se considerar também que a falta do projeto arquitetônico e as improvisações dos usos dos lugares levaram a descaracterização do local como referência dentro da cidade.

Com isso as igrejas continuavam em lugares não apropriados para cultos, até que se conseguisse uma base de fiéis para então construir um templo, muita das vezes esses templos eram construídos pelos próprios fiéis, onde na maioria das vezes não se tinha uma mão de obra apropriada..

Porém apenas os grandes templos desfrutam de algum conforto básico, seja ele térmico ou acústico, além de não existir uma linguagem arquitetônica própria para as igrejas assembleianas, cujo o intuito maior é na propagação da palavra e consequentemente alguns templos acabam deixando a desejar nos quesitos básicos de uma boa arquitetura.

As igrejas assembleanas também podem variar em termos de arquitetura, dependendo da região e das características da comunidade religiosa em questão. No entanto, existem alguns elementos arquitetônicos que são comuns nas igrejas assembleianas, como:

● Fachadas imponentes: Muitas igrejas assembleanas possuem fachadas imponentes, com torres altas e grandes portas de entrada. Essa arquitetura grandiosa tem como objetivo criar um ambiente solene e inspirador para os fiéis.

● Interiores espaçosos: As igrejas assembleias geralmente possuem interiores espaçosos, com uma grande nave central, bancos para os fiéis e espaço para o coro. Essa arquitetura ampla permite acomodar um grande número de pessoas, que é comum nas celebrações assembléias.

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● Simplicidade: Apesar da grandiosidade das fachadas, muitas igrejas assembleias possuem um estilo arquitetônico simples, com poucos ornamentos e decorações. Esse estilo mais sóbrio é uma característica comum do movimento assembleiano, que valoriza a simplicidade e a pureza na adoração a Deus.

● Acústica: As igrejas assembleanas geralmente são projetadas para ter uma boa acústica, a fim de permitir que a música e as pregações sejam ouvidas com clareza pelos fiéis.

● Altar: O altar é um elemento importante na arquitetura das igrejas assembleanas. Ele é geralmente localizado no centro da nave e é o lugar onde o pastor ou pregador fica durante os cultos. Em resumo, as igrejas assembleanas geralmente possuem fachadas imponentes, interiores espaçosos, simplicidade arquitetônica, boa acústica e um altar central.

2.2.2 A Igreja e seus problemas.

Embora existam muitos pontos positivos na arquitetura das igrejas evangélicas, também existem alguns pontos negativos que podem ser considerados. Aqui estão alguns exemplos:

● Falta de inovação - Algumas igrejas evangélicas podem ser bastante tradicionais em sua abordagem à arquitetura, o que pode levar a uma falta de inovação e criatividade.

● Ausência de espaço público - Algumas igrejas evangélicas podem ter uma arquitetura que é muito focada no espaço interno da igreja, sem considerar como ela se relaciona com o espaço público ao seu redor

● Desconexão com a comunidade - Algumas igrejas evangélicas podem ter uma arquitetura que não se conecta bem com a comunidade ao seu redor, o que pode levar a uma sensação de isolamento e desconexão.

● Falta de acessibilidade - Algumas igrejas evangélicas podem não ser acessíveis a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, o que pode excluir membros da comunidade.

● Mau uso do espaço - Algumas igrejas evangélicas podem não utilizar seu espaço de maneira eficaz, o que pode levar a áreas subutilizadas ou superlotadas.

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É importante que as igrejas se atentem para as necessidades específicas da congregação e da comunidade ao redor para criar um espaço que seja acolhedor, inclusivo e funcional.

2.3 Igreja Pública ou Privada?

Quando falamos igreja certamente nos vem à mente duas constituições: a Igreja enquanto 'templo', 'espaço físico' e a Igreja enquanto 'corpo espiritual', os 'membros' propriamente ditos. Para o direito eclesiástico, há uma terceira categoria que deve ser considerada: a Igreja enquanto ente dotado de personalidade jurídica. Ou seja, pessoa jurídica de direito privado, que como tal, possui deveres e obrigações civis.

Houve um tempo em que a aceitação da condição da Igreja como ente dotado de personalidade jurídica foi questionada, vez que sobressai-se a condição da Igreja enquanto órgão espiritual e como tal, não poderia ser tratada ou regulada pelo direito comum. Pois para muitos a igreja perderia sua essência, e viraria simplesmente uma empresa.

Era vista tão somente como uma sociedade espiritual, porque a Igreja não fora instituída para conquistar bens temporais, para promover comércio e indústria ou para assegurar o predomínio político dos seus membros. O fim da Igreja era (e é) muito mais nobre, visto tratar-se de entidade com fim primário de se perpetuar entre os homens a missão de Jesus Cristo, pregando o Evangelho, a Bíblia Sagrada.

Ainda, a Igreja se filia à categoria de sociedades em que ninguém é obrigado a entrar, como são as sociedades comerciais. O entendimento era de que a Igreja, por ser uma sociedade imposta por uma lei divina, não poderia ser tratada como as sociedades comuns (comerciais), tampouco serem geridas pelo Estado. Esta doutrina, é, sem dúvida, inadmissível, tanto que não se sustentou. Ora, a personalidade jurídica evidentemente que é necessária à Igreja, na medida em que as práticas perpetradas reuniam (e reúnem) situações que remetiam a direitos e obrigações. Inclusive a própria bíblia sagrada relata as obrigações que devemos ter com o estado e suas leis.

Deem a cada um o que lhe é devido: se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra ( Romanos 13:7)

Esses direitos e obrigações assemelhavam-se aos oriundos das sociedades civis e comerciais. Grosso modo podemos citar alguns: direito de se reunir em um local fechado, implicando o dever de pagar por este local, por exemplo; necessidade de se adquirir bens e administrá-los.

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Temos então que a ideia de associações de pessoas enquanto personificação da pessoa jurídica não é criação libertina das leis, mas um produto natural das tendências do homem, que o Estado não faz mais do que reconhecer, sancionar e regular. Assim é que a Igreja se dá como uma pessoa jurídica e, portanto, a outra conclusão não poderia se chegar senão de que a Igreja, por sua natureza jurídica, é pessoa jurídica de direito privado, dotada de personalidade típica desta categoria. Tal condição foi recepcionada por nossa lei pátria, no artigo 5º do decreto 119/A de 07/01/1890, ainda hoje em vigor:

Art. 5º A todas as igrejas e confissões religiosas se reconhece a personalidade juridica, para adquirirem bens e os administrarem, sob os limites postos pelas leis concernentes á propriedade de mão-morta, mantendo-se a cada uma o domínio de seus haveres actuaes, bem como dos seus edifícios de culto.

2.3.1 Igreja e sociedade

Na Idade Média a igreja Católica tinha um importante papel na sociedade, a igreja local era o centro da vida da cidade. Pessoas participavam de cerimônias semanais A população era casada, batizada e enterrada na igreja, a igreja até confirmava a legitimidade de reis em seu trono, dando-lhes o direito divino de governar Porém nos dias atuais a forma como as igrejas atuam na sociedade mudou, pois agora muitas igrejas evangélicas realizam ações sociais em prol da comunidade local, como campanhas de arrecadação de alimentos, roupas e brinquedos, mutirões de limpeza, distribuição de material escolar, entre outras atividades. Essas ações visam atender as necessidades da população e mostrar o amor de Deus através de atitudes práticas e também pode se relacionar com a cidade também através do evangelismo, ou seja, compartilhando a mensagem do Evangelho com as pessoas. Isso pode acontecer através de campanhas evangelísticas, cultos ao ar livre, visitas a hospitais, presídios e asilos, entre outras atividades.

Mas uma característica muito importante que a igreja perdeu foi às praças, pois antigamente a igreja foi o grande centro propulsor do surgimento das vilas, e, depois, das cidades. Então, em relação ao Brasil, especificamente, nós temos a praça como centro onde expandiu a população, principalmente nos interiores.

Nos dias atuais, a praça segue fazendo parte do cotidiano urbano, mas a realidade das grandes cidades e do interior é diferente. Logicamente que nas cidades do interior, ela já existe há muito tempo. Nas cidades menores, a praça e a igreja ainda são pontos centrais de encontro, uma complementa a outra. Já nas cidades grandes a praça já está desvinculada da igreja, ou seja, o sentido de sua existência está para o âmbito urbano da cidade, o que não tem nenhum problema. Porém as igrejas mais novas e até algumas antigas estão perdendo sua função no sentido urbano, estão

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deixando de ser ponto de encontro, de ser referência ou simplesmente de usar o seu espaço de alguma forma para contribuir com a cidade. Como por exemplo a Avenida Celso Garcia onde temos vários exemplos de igrejas que tem praças ou espaços em potencial para serem abertos ao público, mas estão fechados.

Temos quatro exemplos de três igrejas diferentes, onde todas seguem essa tendência de se fechar para a cidade com gradis.

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Figura 8 - Avenida Celso Garcia Fonte: Geosampa Acesso em 12 de março de 2023 Figura 9 - Igreja Universal do Reino de Deus Brás Fonte: Google Maps Acesso em 12 de março de 2023
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Figura 10 - Igreja Evangélica Assembléia de Deus Brás Fonte: Google Maps Acesso em 12 de março de 2023 Figura 11 - Paróquia São João Batista Fonte: Google Maps Acesso em 12 de março de 2023 Figura 12 - Réplica do Templo de Salomão Réplica do Templo de Salomão

CAPÍTULO 3: ESTUDO DE CASO

Atualmente no terreno escolhido existe uma igreja evangélica onde antes eram alguns galpões de uso industrial. Essa igreja é adaptada funcionalmente para o culto, de maneira que se possa utilizar o espaço para caber o máximo de pessoas possíveis, com isso percebe-se alguns problemas.

3.1 Assembléia de Deus Vitória em Cristo Mooca

A implantação é algo que chama atenção, pois percebe um grande espaço ao ar livre para os carros e apenas uma pequena praça improvisada para as pessoas conversarem no final do culto, além do fato deste espaço não ser compartilhado com a cidade.

A fachada é toda lisa com o nome da igreja na entrada, porém não é muito perceptível, uma vez que se tem grades e um afastamento da igreja para com a calçada.

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Figura 13 - Circulação Fonte: Google Earth Acesso em 11 de março de 2023

3.1.1 Programa de Necessidades

Ao analisar a planta da edificação é possível notar a forma que foi adaptada para ser uma igreja, pois os galpões que estão ao redor viraram estacionamento coberto e os galpões que foram demolidos viraram estacionamento descoberto,porém sem nenhuma sinalização no chão indicando número de vagas, com isso se tem uma área muito grande para estacionamento de veículos no fundo do terreno e também na frente.

O galpão do lado esquerdo ficou como apoio, onde se tem salas para recém nascido, fraldário, sala das crianças, adolescentes e mocidade, além dos banheiros e lanchonete, foi adaptado uma parte infantil com uma piscina de bolinha para as crianças brincarem.

O galpão no sentido horizontal ficou sendo a nave da igreja, originalmente eram dois galpões que foram unificados, sendo possível ver a estrutura de um desses galpões passando no meio da igreja, atrapalhando um pouco a visão de quem está na parte de trás, a igreja tem uma ótima acústica, pois em toda sua extensão tem caixas de som, porém em conforto térmico não atende muito bem alguns pontos, pois a distribuição e a potência do ar condicionado não atendem o tamanho do espaço e também não tem nenhuma abertura com exceção das portas. Já a visão do altar deixa a desejar de acordo com o lugar que você está sentado, e os telões não estão

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Figura 14 - Fachada na igreja Fonte: Google Earth Acesso em 11 de março de 2023

rotacionados de maneira adequada para as pessoas, não acompanhando o alinhamento das cadeiras.

Na entrada existia uma casa onde se demoliu e foi adaptado um espaço de estar para as pessoas conversarem depois do culto, porém o espaço necessita de mais elementos para se tornar agradável, como mais bancos e vegetação.

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Figura 15 - Planta feita pelo autor Fonte:Planta feita pelo autor a partir de visitas ao local. Figura 16 - Setorização Fonte: Google Earth Acesso em 11 de março de 2023
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Figura 17 - Área externa Fonte: Foto tirada pelo próprio autor em 26 de fevereiro de 2023 Figura 18 - Fachada da igreja Fonte: Foto tirada pelo próprio autor em 26 de fevereiro de 2023
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Figura 19 - Área externa Fonte: Foto tirada pelo próprio autor em 26 de fevereiro de 2023 Figura 20 - Foto tirada na hora da pregação Figura 21 - Foto tirada na hora do louvor Fonte: Foto tirada pelo próprio autor em 26 de fevereiro de 2023 Figura 22 - Foto tirada na hora do louvor Figura 23 - Foto tirada na hora do louvor Fonte: Foto tirada pelo próprio autor em 26 de fevereiro de 2023

3.2 Referências Projetuais

As abordagens dos projetos a seguir, tem como objetivo obter embasamento para a futura elaboração da proposta projetual de uma igreja evangélica. Com esse objetivo foram analisados alguns aspectos utilizados nos projetos das edificações a serem analisadas, tais como: implantação, partido arquitetônico e programa de

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Figura 24 - Foto tirada na hora da pregação Figura 25 - Foto tirada na hora da pregação Fonte: Foto tirada pelo próprio autor em 26 de fevereiro de 2023 Figura 26 - Área interna da igreja Figura 27 - Área interna da igreja Fonte: Foto tirada pelo próprio autor em 26 de fevereiro de 2023

necessidades, esses elementos podem contribuir para a elaboração da proposta, que visa ofertar espaços adequados atendendo as necessidades de uma edificação religiosa.

É importante lembrar que grande parte das instituições religiosas evangélicas utilizam um espaço que não foi originariamente construído para tal fim, o que em arquitetura vemos como ´´não lugar´´, espaços adaptados como garagens, lojas, galpões, cinemas, indústrias e outros. Isso foi imputado à nossa cultura, devido ao contexto histórico evangélico no Brasil, que em seu período inicial não permitiu a construção de locais apropriados para as suas celebrações, ocasionando na reunião dos membros em locais adaptados. Apesar de atualmente no Brasil haver liberdade religiosa, as igrejas adaptadas ainda fazem parte do contexto urbano.

Os aspectos analisados serviram de norteador para elaborar a proposta projetual, influenciando em aspectos determinantes, como o programa de necessidades, relação com o entorno, aspectos estéticos e tecnológicos. Visando atender a pesquisa religiosa, foram escolhidas três referências, analisando os aspectos plásticos, escolha do partido arquitetônico e o programa de necessidades das edificações.

3.2.1 Centro Cívico Los Silos em La Rinconada

Projetado pelo escritório espanhol Sursuroeste de Sevilha, e executado na cidade de La Rinconada, Espanha, o projeto responde a uma temática de escala global que é a transformação e reformulação de lotes ou construções antigas ou abandonadas em equipamentos comunitários, sem um valor patrimonial histórico. Neste caso foi utilizado um edifício abandonado que antes era usado como um depósito de armazenagem de grãos que não tinha nenhum valor histórico ou arquitetônico. Para se fazer um Centro Cívico que é basicamente o que chamamos de centro comunitário.

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Os objetivos e intenções do projeto ou obra são os seguintes:

● Preservar o caráter agrícola da zona residencial, substituindo os antigos silos que já não estavam em condições adequadas. O novo edifício será projetado levando em consideração a escala dessas estruturas.

● Utilizar a imagem icônica dos galpões de secagem, construídos em cerâmica e presentes nas áreas agrícolas da província de Sevilha e do vale do Guadalquivir, como uma referência visual reconhecível.

● Garantir uma certa independência para o novo edifício, tanto em termos de seu uso quanto como uma peça de arquitetura autônoma. Ele deve ser capaz de redefinir a esquina formada pelas duas ruas que o cercam.

● Estabelecer um diálogo harmonioso com os espaços pré-existentes de diferentes escalas, pois o edifício faz parte de um complexo maior relacionado aos serviços públicos.

Com isso o maior desafio era substituir as estruturas de armazenamento de grãos feitas de chapas metálicas, desprovidas de valor material ou arquitetônico, mas com

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Figura 28 - Fachada do Centro Cívico Fonte:https://www archdaily com br/br/988149/centro-civico-los-silos-em-la-rinconada-sursuroeste-ar quitectos?ad source=search&ad medium=projects tab. Acesso em 28 de maio de 2023.

uma importância na memória coletiva local. O quarteirão e o tecido urbano em que está inserido são voltados para a agricultura da região de Vega del Guadalquivir. A quadra é delimitada pela fachada dos antigos edifícios da Câmara Agrícola. Ao longo do século, esses espaços se tornaram áreas de apoio social para uma comunidade com recursos limitados, porém sem uma abordagem abrangente para a quadra, devido às restrições orçamentárias das administrações públicas.

O conjunto resultante é projetado para se adaptar a diversas escalas, a partir dos volumes que são criados. O térreo é concebido como uma base onde ocorre maior movimento público, aberto para o pátio do terreno. Sobre essa base, encontra-se o paralelepípedo uniforme do piso superior, onde são desenvolvidos programas que requerem maior concentração. Esse elemento em cerâmica é uma referência aos antigos galpões de secagem presentes na região de Vega. No extremo norte do terreno, essa base é verticalmente dobrada em formato de "L", criando uma altura maior que evoca a presença dos silos pré-existentes.

Quanto ao uso e utilidade o edifício abriga uma sala multiuso e escritórios no térreo, três salas de treinamento no pavimento superior e salas de armazenamento para os arquivos municipais no subsolo. Os pisos são conectados por duas escadas, uma principal destinada ao uso público, próxima a um elevador, e outra secundária para uso restrito, que pode ser utilizada como saída de emergência. Após entrar no hall de entrada, chega-se à recepção do edifício. Sua localização estratégica permite o controle visual de várias áreas. A partir desse espaço,

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Figura 29 - Entrada secundária do edifício. Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/988149/centro-civico-los-silos-em-la-rinconada-sursuroeste-arquitectos? ad_source=search&ad_medium=projects_tab. Acesso em 28 de maio de 2023.

acessa-se a sala multiuso, que possui uma entrada separada. No primeiro andar, encontram-se as três salas de treinamento. Adjacente a elas estão os serviços de apoio e a escada de serviço que leva diretamente à saída secundária do edifício. Duas das salas de aula possuem uma divisória móvel, permitindo que sejam integradas em uma única sala de aula maior, quando necessário.

ad_source=search&ad_medium=projects_tab. Acesso em 28 de maio de 2023.

Para promover os objetivos mencionados, o volume do primeiro andar é revestido em sua totalidade por uma trama de peças cerâmicas, suavizando a presença das aberturas. Essas aberturas são protegidas da luz por esse elemento, conferindo ao conjunto uma maior abstração.

Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/988149/centro-civico-los-silos-em-la-rinconada-sursuroeste-ar quitectos?ad source=search&ad medium=projects tab Acesso em 28 de maio de 2023.

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Figura 31 - Sala de aula

O projeto foi realizado de forma a aproveitar adequadamente os recursos econômicos disponíveis. Soluções simples, como a utilização de estrutura de concreto armado e uma fachada convencional de duas camadas, juntamente com pisos de PVC ou concreto polido no subsolo, foram adotadas para garantir eficiência e acessibilidade. O cuidado nas conexões entre esses materiais pode ser observado tanto em sua geometria quanto no uso cuidadoso de alguns materiais nobres.

A busca pelo controle da escala, uso e materiais é, sem dúvida, um elemento essencial diante de um contexto temporal fluido e fragmentado. De fato, a imprensa já considera o novo edifício como uma transformação dos antigos silos agrícolas em um moderno centro cívico. A utilização da malha cerâmica e da chapa microperfurada neste projeto visa não apenas uma melhor integração com o local e uma iluminação mais adequada dos espaços, mas também uma manutenção mais eficiente do edifício e um nível aprimorado de segurança. No entanto, acima de tudo, espera-se que esses materiais auxiliem na ativação da memória dos usuários, proporcionando-lhes um senso de identidade.

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Figura 32 - Vista Lateral do Edifício Fonte:https://www archdaily com br/br/988149/centro-civico-los-silos-em-la-rinconada-sursuroeste-ar quitectos?ad source=search&ad medium=projects tab Acesso em 28 de maio de 2023.

3.2.2 Templo de Wong Dai Sin

O Santuário de Wong Dai Sin é um local sagrado e contemporâneo que abriga uma vibrante comunidade seguidora do taoísmo dedicada ao crescimento espiritual por meio da prática tradicional do tai chi. Desenvolvido pelo escritório Shim-Sutcliffe Architects o projeto foi executado em Markham, Canadá. Fonte:https://www chitects?ad_source=sea

O projeto do templo foi intencionalmente assimétrico, mantendo sua harmonia como uma posição de tai chi. A face sul do edifício pode ser vista da movimentada rua que leva ao templo, revelando dois grandes balanços distintos apoiados em elegantes superfícies de concreto exposto. Devido às rigorosas regulamentações de estacionamento no local, foi necessário elevar o edifício principal acima do solo e disponibilizar o térreo para veículos. O templo é sustentado por uma laje de concreto integrada a sete pilares de concreto, conectados a uma plataforma robusta ancorada no solo.

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como contrapeso para o balanço maior. O concreto aparente também é utilizado nas duas escadas suspensas que, juntamente com um elevador, permitem o acesso aos espaços de celebração no segundo andar.

Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/889434/templo-de-wong-dai-sin-shim-sutcliffe-architects?ad_source=sea rch&ad_medium=projects_tab.

Na parte externa do edifício, nas fachadas norte e sul, foram adicionadas lâminas verticais de aço corten que direcionam a visão para a paisagem ao redor. As amplas

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Figura 35 - Sistema protendido de laje Acesso em 28 de maio de 2023.

aberturas verticais do chão ao teto se estendem para o exterior, permitindo uma generosa entrada de luz natural nos espaços internos e uma eficiente ventilação cruzada. As fachadas leste e oeste, voltadas para os edifícios vizinhos, foram revestidas com grandes painéis abstratos de aço inoxidável, garantindo privacidade durante as cerimônias.

Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/889434/templo-de-wong-dai-sin-shim-sutcliffe-architects?ad_source=sea rch&ad_medium=projects_tab. Acesso em 28 de maio de 2023.

3.2.3 Mosteiro Water-Moon

Situado na vasta planície Guandu-Taiwan , de frente para o Rio Keelung e com a Montanha Datun como pano de fundo, o projeto feito pelo escritório do arquiteto Kris Yao tira proveito de seu ambiente natural e se esforça para construir um lugar espiritual tranquilo

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Figura 36 - Corte do Projeto Figura 37 - Fachada

Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/01-99231/mosteiro-water-moon-slash-artech-architects?ad_source=searc h&ad_medium=projects_tab. Acesso em 28 de maio de 2023.

Após atravessar duas paredes de alturas distintas que atuam como uma barreira da estrada principal, os visitantes entram no templo e deparam-se com a visão do salão principal localizado no fim de uma extensa lagoa de lírios, com cerca de 80 metros de comprimento. As colunas imponentes refletem-se na superfície da lagoa, enquanto cortinas douradas fluem entre elas, criando uma cena de qualidade ilusória. O uso predominante de concreto arquitetônico no projeto reduz cores e formas ao mínimo, transmitindo o espírito do Budismo Zen.

A parte inferior do Salão Principal é transparente, criando a impressão de que sua "caixa" superior de madeira está suspensa no ar. Na parede oeste do Salão Nobre, uma sólida parede de madeira é esculpida com os caracteres chineses do famoso "Sutra do Coração".

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Figura 38 - Salão principal Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/01-99231/mosteiro-water-moon-slash-artech-architects?ad_source=sear ch&ad_medium=projects_tab Acesso em 28 de maio de 2023.

Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/01-99231/mosteiro-water-moon-slash-artech-architects?ad_source=sear ch&ad_medium=projects_tab Acesso em 28 de maio de 2023.

A iluminação passa pelas figuras esculpidas, preenchendo o espaço com uma aura de cultura e espiritualidade. Ao longo do corredor, os painéis pré-fabricados de GRC lançam sombras sobre os caracteres do "Sutra Prajnaparamita Vajracchedika", proporcionando um significado religioso adicional e também funcionando como filtros de luz. Quando a luz solar incide sobre a escritura na superfície interior, é como se os ensinamentos do Buda fossem revelados de forma tácita.

Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/01-99231/mosteiro-water-moon-slash-artech-architects?ad_source=searc h&ad_medium=projects_tab. Acesso em 28 de maio de 2023.

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Figura 39 - Implantação Figura 40 - Parede oeste do salão nobre

CAPÍTULO 4: PROPOSTA DE PROJETO

Este capítulo apresenta os critérios para a escolha do local do terreno, juntamente com a análise da legislação do município, das condicionantes físicas, ambientais e visuais, além das considerações discutidas neste trabalho.

4.1 Análise do Terreno

Para realizar a escolha do terreno, foram levados em conta alguns fatores primordiais que tornassem favorável a sua implantação, sendo esses aspectos: Um local onde já existisse uma igreja com um terreno com potencial, para agregar mais vida à cidade, a escolha de um bairro com potencial de crescimento residencial e fácil acesso. Além disso pesou o fato de já existir uma igreja no local, onde através de um estudo de caso foi possível detectar alguns problemas e com isso se pensar de uma forma geral a maneira que a igreja conversa com as pessoas e com a cidade. E como proposta será usado o mesmo perímetro da igreja que existe.

Esses aspectos externos e internos contribuem para a adequação do projeto ao contexto local, assim como favorecem a permanência e aceitação do projeto. Alguns outros aspectos foram considerados para a escolha do terreno, tais como:

● Localização: Um terreno inserido em um bairro que está em transição entre o industrial para o residencial, com grande potencial para adensamento.

● Acessibilidade: Uma localização privilegiada e um sistema viário que facilita o acesso, seja por transporte público ou particular

● Logística: Bairro já adensado, porém com muito potencial de crescimento.

● Dimensão: Com um espaço grande e ocioso, sendo ideal para a implantação do programa de necessidades.

O terreno está localizado no Bairro da Mooca, na cidade de São Paulo, possui aproximadamente 14.986 m² de área, tendo como única via de acesso a rua dos trilhos. Ele fica perto da divisa entre os bairros Brás e Cambuci.

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Figura 41 - Localização Fonte: Geosampa Acesso em 16 de fevereiro de 2023 Figura 42 - Ampliação da localização do terreno. Fonte: Geosampa. Acesso em 16 de fevereiro de 2023.

A Mooca foi um dos bairros mais importantes no início do século XX, pois abrigava as primeiras indústrias e atraía grande número de imigrantes, principalmente os italianos. E hoje, é considerado o bairro mais característico e que melhor representa a cidade de São Paulo. Além disso, é um bairro que possui uma localização privilegiada, já que está próximo de importantes vias de acesso, como por exemplo, as Avenidas Radial Leste, do Estado, Paes de Barros e Presidente Wilson, além da famosa Rua do Oratório.

Outro atributo da Mooca é o fácil acesso ao transporte público que a região oferece aos seus moradores e frequentadores, contando com diversas linhas de ônibus e também com a estação de metrô Bresser-Mooca e a de trem Mooca.

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Figura 43 e 44 - Fotos históricas do Bairro da Mooca. Indústria localizada no bairro da Mooca Linha do trem na estação da Mooca Figura 45 - Divisão dos Bairros Fonte: Geosampa Acesso em 16 de fevereiro de 2023

O bairro da Mooca possui muitos galpões abandonados e consequentemente sem uso, alguns deles são tombados devido a sua importância na história do bairro e da cidade de São Paulo, com isso o mercado imobiliário na região vem crescendo devido a esses galpões ociosos que não foram tombados, por mais que se exista um debate entre o mercado imobiliário e os órgãos públicos de preservação do patrimônio histórico e cultural o bairro tem uma forte especulação imobiliária e com diversos empreendimentos residenciais verticais em andamento, e com potencial de crescer ainda mais.

A região é bem estruturada do ponto de vista urbano, onde todas as ruas são pavimentadas com asfalto, rede de esgoto, abastecimento de água, energia elétrica, iluminação pública, pontos de ônibus, estação de trem e coleta de lixo. No entorno existem algumas patologias urbanas que deverão ser levadas em consideração na hora do desenvolvimento do projeto, são elas:

● Tráfego intenso: a região apresenta um grande fluxo de veículos, o que gera congestionamentos, poluição sonora e do ar, e dificulta a mobilidade urbana.

● Falta de áreas verdes: o bairro apresenta poucas áreas verdes públicas, o que pode impactar negativamente na qualidade de vida e saúde dos moradores.

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Figura 46 - Transporte público na região. Fonte: Geosampa Acesso em 05 de Março de 2023

● Degradação de patrimônio histórico: apesar de possuir um patrimônio histórico rico, algumas áreas do bairro sofrem com a falta de conservação e manutenção.

● Segurança pública: o bairro já apresentou altos índices de violência, com registro de assaltos, roubos e furtos.

4.1.1 Zoneamento

O Zoneamento do Bairro da Mooca é estabelecido pelo Plano Diretor da cidade de São Paulo e é definido pela Lei de Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 16.050/2014). De acordo com a lei, o bairro está inserido na Macroárea de Estruturação e Transformação Urbana - Área de Estruturação Urbana (AEU) Mooca/Tatuapé, que tem como objetivo orientar o desenvolvimento urbano da região.

Dentro dessa macroárea, o bairro é dividido em diferentes zonas de uso, que determinam os tipos de atividades que podem ser desenvolvidas em cada área. As principais zonas presentes no Bairro da Mooca são:

● Zona Mista: permite a coexistência de usos comerciais, de serviços, industriais e residenciais em um mesmo lote ou edifício.

● Zona de Centralidade: destinada a atividades comerciais e de serviços, como lojas, escritórios, clínicas, entre outros.

● Zona Residencial: destinada predominantemente a habitações unifamiliares ou multifamiliares.

O terreno escolhido fica em uma ZC(Zona de Centralidade) que tem como objetivo concentrar atividades comerciais, de serviços, culturais e de lazer, com grande fluxo de pessoas e de atividades econômicas. Essas áreas são caracterizadas por uma intensa circulação de pessoas e veículos, grande densidade construtiva e uma infraestrutura urbana completa e diversificada, com oferta de transporte público, equipamentos e serviços públicos.

As Zonas de Centralidade são importantes para o desenvolvimento econômico e social das cidades, uma vez que concentram um grande número de atividades e serviços em um mesmo lugar, facilitando o acesso da população a bens e serviços e gerando empregos e renda.

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Os locais de culto, como igrejas, templos, mesquitas e sinagogas, geralmente possuem vantagens no zoneamento de São Paulo e de outras cidades, porque são considerados atividades de interesse público, cultural e social. Em muitas cidades, o zoneamento é utilizado para regulamentar o uso do solo, definindo as áreas onde são permitidos diferentes tipos de atividades, como residencial, comercial, industrial, entre outras.

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Figura 47 - Uso predominante do solo Fonte: Geosampa Acesso em 16 de fevereiro de 2023 Figura 48 - Perímetros das Zonas Fonte: Geosampa. Acesso em 16 de fevereiro de 2023

Nesse sentido, os locais de culto são geralmente permitidos em zonas residenciais e comerciais, desde que atendam a algumas condições específicas de infraestrutura, segurança e impacto ambiental. Além disso, muitas cidades concedem incentivos fiscais e outros benefícios para os locais de culto, como forma de reconhecer sua contribuição para a comunidade e sua importância como instituições culturais e sociais. Esses incentivos podem incluir isenção de impostos e tarifas, facilitação de licenças e autorizações, entre outros. Assim, os locais de culto são considerados importantes para a vida da comunidade e, portanto, recebem tratamento especial no zoneamento e na legislação urbana.

No caso deste projeto, por esta localizado em uma ZC ( Zona de Centralidade) temos como benefício o Art. 89 do Zoneamento que diz o seguinte:

Art. 89. No caso das torres das edificações destinadas aos locais de culto, o gabarito de altura máxima poderá ser majorado em 50% (cinquenta por cento) em relação ao estabelecido no Quadro 3, anexo desta lei.

Ou seja, existe a opção de altura do gabarito subir de 48 metros ( Quadro 3, Zoneamento) para até 72 metros caso seja necessário, além da isenção de outorga entre outros impostos.

4.2 O PROJETO

Para aprimorar o desenvolvimento do projeto tornou-se essencial às necessidades apontadas através do estudos de caso e em estudos realizados em bibliografias específicas para orientação do projeto.

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Figura 49 - Quadro 3

4.2.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES

O Programa de necessidades foi elaborado a partir do estudo de casos juntamente com os estudos referente às principais funções que uma igreja deve atender perante a sociedade.

● Nave da Igreja - A área de adoração é um dos espaços mais importantes na igreja. Ele deve ser projetado para acomodar o número de fiéis que a igreja espera receber e deve ser bem iluminado,ventilado e ter uma boa acústica. A área de adoração deve ter uma disposição que permita a todos os fiéis uma boa visão do púlpito e do altar.

● Púlpito - O púlpito é o local onde o pastor ou ministro faz seus sermões e pregações. Ele deve ser projetado para acomodar o pastor e qualquer assistente que ele possa ter durante o serviço. O púlpito deve ser posicionado de forma que seja facilmente visível e audível para todos os fiéis na área de adoração.

● Área de batismo - Muitas igrejas evangélicas realizam batismos em suas instalações. Uma área de batismo deve ser projetada para acomodar o candidato ao batismo, o pastor ou ministro que realiza o batismo e os espectadores. A área de batismo deve ser bem iluminada e ventilada e deve ser projetada para facilitar o acesso e a saída da água.

● Salas de aula e reuniões - As salas de aula e reuniões são importantes para a realização de atividades educacionais e reuniões da igreja. Elas devem ser projetadas para acomodar um número adequado de pessoas e devem ser equipadas com as tecnologias necessárias para o ensino e a comunicação.

● Área de estacionamento - A área de estacionamento é importante para acomodar os fiéis que chegam de carro. Ela deve ser projetada para acomodar um número adequado de veículos e deve ser facilmente acessível a partir da igreja.

● Camarim - O camarim de uma igreja é um espaço reservado para que os líderes religiosos, ministros de louvor e outros membros da equipe possam se preparar para os cultos e eventos religiosos. Geralmente, é equipado com pias, espelhos, cadeiras, armários e gavetas, além de iluminação adequada.

● Depósito de Doação - Um depósito de doação em uma igreja é um local destinado a receber as doações dos fiéis, como roupas, alimentos, produtos

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