The Met Breuer: um estudo sobre Marcel Breuer e sua obra

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Hanna de Freitas Lima - 202003351 Lucas Venâncio B. C. Leite - 202003357 Maressa G. Rodrigues de Farias - 202003359

Trabalho de análise apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina de História da Arquitetura III, ministrada pela Drª. Christine Ramos Mahlerno curso de Arquitetura e Urbanismo na Faculdade de Artes Visuais - UFG

2022


Apresentação do Arquiteto Marcel Breuer, nasceu em 21 de maio de 1902 na cidade de Pécs, no sudoeste da Hungria. Retratado como um dos maiores mestres da arquitetura moderna e do designer mobiliário do século XX, ele esteve entre a primeira geração de alunos da Bauhaus (escola vanguardista de ambos os gêneros de atuação). Em 1920 Breuer entrou na escola onde ganhou bolsa para estudar na Academia de Belas Artes, no entanto se decepcionou com o curso e desistiu, passou então a trabalhar em um escritório de arquitetura em Viena, até que por incentivo de um amigo resolveu arriscar e fez sua aplicação para a Bauhaus, uma recente escola alemã de arte e design fundada em Weismar, posteriormente em Dessau e novamente em Berlim fugindo da perseguição nazista, a Bauhaus reuniu mentes brilhantes que deram um novo rumo à arte moderna . E foi aos 18 anos, que Breuer ingressou na Bauhaus; após passar pelos

cursos preliminares sua turma foi apresentada integralmente ao curso, onde Marcel passou rapidamente de um entusiasta folclórico para um grande devoto do presente e se tornou um dos seis aprendizes à se juntar a nova oficina de móveis no verão de 1921. Era uma fundação com mentes que inovaram e tiveram um papel fundamental da construção de novas formas de enxergar e se relacionar com o mundo. Lá sua primeira peça esculpida e pintada a mão foi o Presidente Africano. Algum tempo depois, em 1923 Breuer se qualificou como jornaleiro, onde seus trabalhos passaram a sofrer cada vez mais influência da estética abstrata de De Stijl, movimento holandês. Em 1926 ele acatou o uso de

Marcel Breuer


Child's Armchair (model B34 1/2) 1929

Tabelas de Aninhamento (modelo B9) 1925-1926

aço tubular em suas obras, que ele poderia dobrar. O interesse veio da intenção de trabalhar com a facilidade de ter um objeto que se assemelhasse a uma linha desenhada e não à trabalhos de carpintaria. O designer de cadeiras foi um grande marco em sua carreira e foi um campo muito bem explorado pelo arquiteto. Por tanto, agora as pessoas se assentavam sobre o vazio de uma tela de couro esticada em vez de estarem firmemente colocadas sobre quatro pernas. As cadeiras agora eram tão leves que facilmente serem captadas. Em seu cartaz fantasioso vinha a frase “A cada ano as coisas estão indo cada vez melhor” onde ele dizia que no futuro as cadeiras físicas seriam substituídas por colunas de apoio de ar pressurizado vindas do chão. Breuer passou um terço de sua vida na Europa, porém com a ascensão de Hitler na Alema-

Tabela (modelo B10) 1927

nha, o lugar estava se tornando um ambiente cada vez mais hostil para o húngaro nascido judeu. Então entre os anos de 1933 e 1937 o arquiteto passou por vários lugares, de Zurique para Budapeste depois para Londres e por fim em Massachusetts, na universidade de Cambridge. Nessa época ele já demonstrava grande habilidade para projetar móveis e arranha-céus e já evidenciava sinais de que iria revolucionar ambos os setores e o uso do aço tubular foi prova disso. Então no ano seguinte ele já havia se acomodado em Harvard em uma pequena parceria especializada em casa de madeira de moldura leve, juntamente com seu professor da Bauhaus Walter Gropius. Até os dias de hoje suas cadeiras são utilizadas como referência de elegância decorativa, pois seu design vai além da estética simplista e tradicional, por isso é comum ver essas cadeiras


acompanhadas de mesas longas, largas e que demonstram imponência. As cadeiras com assentos e encostos de palha também são obras de Marcel, que carregou sobre si a forte influência da Bauhaus. Outra forte característica são as cores marcantes utilizadas nos móveis que são inspirados em suas criações, dessa forma podem transmitir mensagens pelo ambiente, como de uma decoração que valoriza a ousadia. Sendo assim, suas cadeiras podem habitar os mais diferentes espaços, desde uma bela sala até a seriedade de um escritório. A cadeira Wassily e o banco Bauhaus são ótimos exemplos de um trabalho que surgiu da primeira escola de design e que viriam a ser prestigiadas à frente, sendo conhecidas até os dias atuais. Graças a inovação de peças pensadas a partir do aço tubular e do alumínio que ele projetou inicialmente na Alemanha e posteriormente, como emigrado na Suíça e Inglaterra, Marcel Breuer se tornou conhecido como um dos primeiros designers de móveis mais influentes de seu século. De mesmo modo eram também conhecidas as casas particulares projetadas por ele

na sede da UNESCO em Paris. Não eram poucas as suas contribuições em nome da arquitetura e provavelmente o The Met Breuer de arte americana seja o mais surpreendente de todos.

The Met Breuer

Algumas Breuer

obras

de

Marcel

Cadeira Wassily (1927-28): Uma das obras mais marcantes de Marcel, como designer de móveis foi a cadeira Wassily, feita de couro e aço, a peça se tornou uma das mais icônicas e memoráveis. Breuer a projetou aos seus 23 anos enquanto ainda atuava como aprendiz na escola Bauhaus. A peça foi inspirada na estrutura de uma bicicleta. A mesma transparece a propensão da escola, trazendo um ar de funcionalidade e simplicidade, sem ser nada simplista. O aço tubular do guidão da bicicleta deixou o designer intriga-


do, sua leveza e durabilidade eram ideias para a produção em larga escala. Recentemente um fabricante havia feito melhorias em um tipo de tubo para que ele pudesse ser dobrado sem ser arruinado. Breuer dobrou esses tubos de modo que não houvesse necessidade de nenhum ponto de solda e pudessem então ser cromados e montados. O nome veio como uma homenagem ao pintor Wassily Kandinsky, um professor da Bauhaus que ficou tão encantado pela peça durante uma visita que levou Breuer a criar uma cópia para o professor. Cadeira do Clube (modelo B3) (Cadeira Wassily) 1927-1928

Sede da UNESCO – Edifício Principal (1952-58): Uma de suas obras mais marcantes foi a sede da UNESCO que foi projetada em parceria com Bernard Zehrfuss e Pier Luigi Nervi. Essa seleção trouxe controvérsias já que Le Corbusier cobiçava o cargo, porém acabou cedendo e concordou em participar do projeto servindo como membro da

equipe de consultoria ao lado de outros quatro membros, sendo eles Walter Gropius, Sven Markelius, Ernesto Rogers e Lucio Costa. A propriedade fica em solo francês e ocupa um local de grande prestígio. Breuer e seus colaboradores pensaram em um projeto que consistia em uma estrela de três pontas, um plano em forma de Y. são setenta e duas palafitas de concreto armado, fachadas distintas e pelo escalonamento de janelas uniformemente alongadas. Posicionada próxima ao centro do Y fica a fachada principal por onde os visitantes são recebidos no núcleo de serviços, como um tipo de funil gigante. O edifício conta com aço, vidro e concreto como seus principais materiais de construção, assemelhando-se muito ao Estilo Internacional, especialmente por suas fachadas cheias de janelas, mas as varreduras côncavas das três asas do edifício fazem um grande balanço e acabam equilibrando o conceito do lugar.

Sede da UNESCO - Edifício Principal (1952-58)


The Met Breuer O museu é composto por concreto coberto de granito, enfatizam-se as formas quase esculpidas, que dão forma aos blocos de concreto que eram uma grande moda na época. O lugar é constantemente comparado a um zigurate invertido (pirâmides retangulares que as vezes era coberta por um templo). A fachada é projetada para atrair os visitantes para o interior do edifício, permitindo que

as exposições possam ir se desdobrando pelos espaços de exibição que vão ficando maiores com o passar dos andares que culmina no café e livraria do museu que fica no quinto andar. O museu possui fachadas cegas que possuem perfurações em alguns ângulos, projetando janelas, fazendo com que assim o foco seja voltado para dentro, em direção à arte. Para alguns a estrutura remete as antigas casas de pedra marrom, calcário e tijolos

The Met Breuer


no que se refere a estilo, escala e materiais utilizados, o que trouxe uma chuva de críticas, no entanto, houveram muitos outros que apreciaram a ideia ousada de Breuer e sua refutação aos grandes prédios de vidro e aço que ficaram intimamente relacionados aos centros corporativos e agora tomam conta dos grandes centros urbanos. Assim Breuer uniu-se a uma gama de arquitetos dos anos 60 e 70 que passaram a criar um novo movimento dentro das cidades, muitas vezes utilizando formas maciças e brutais como forma de crítica à grande popularidade do novo estilo internacional. O formato de zigurate invertido traz levemente uma referência do design de Frank Lloyd Wrigt, juntamente com esse edifício e vários outros museus que ficam nos seus arredores, o The Met Breuer causa espanto e serve como forma de expressão artística. Como August Heckscher observou uma vez: "Uma parte inteira da cidade foi encurralada por esta estrutura; as galerias e pequenas lojas ao seu redor se enquadram e têm seu significado desenhado e expresso em sua forma ousada." A obra de Marcel Breuer confronta as leis vigentes do que seria a ar-

quitetura moderna e ainda atua como uma espécie de âncora para o meio urbano em que está inserido. O terreno do Met Breuer tem 35x40m está localizado em um local estratégico na esquina da East 75th Street com a Madison Avenue, em Manhattan, Nova Iorque, e fica próximo a vários pontos turísticos, como o Central Park, o Museu Americano de História Natural, Museu Metropolitano de Arte e o Museu Guggenheim. O quarteirão em que situa tem em sua maioria, prédios residenciais de quatro ou cinco andares.

Implantação


Breuer usou as construções ao redor em benefício dos objetivos formais, estéticos e estruturais do edifício, isolando todo o limite terreno com paredes divisórias evidentes, aproveitando ao máximo a área do terreno, produzindo assim um contraste do entorno e uma identidade única ao projeto. A ideia de Breuer era projetar um edifício singular e compacto. Segundo ele: “Sua forma e material devem ter identidade e peso… em meio à selva dinâmica de nossa cidade colorida. Deve transformar a vitalidade da rua na sinceridade e profundidade da arte.”

Relação com o entorno

O prédio é conectado com a rua através de uma ponte acima de um jardim de esculturas afundado que dá acesso a um pequeno saguão, e conta com galerias do segundo ao quinto piso, for-

mando grandes espaços abertos de exposição com teto de concreto pré-moldado em forma de grade; as escadas feitas de madeira, pedra, bronze, aço e vários acabamentos de concreto e os pisos de bluestone e madeira, formam elementos que trabalham juntos para comprimir e ampliar o espaço, enquanto do lado externo as fachadas do edifício em forma de cubo são revestidas com placas de granito cinza, fazendo com que o edifício se destaque das casas e prédios ao seu redor. No museu, Breuer se desfez do padrão das galerias urbanas em forma de caixa branca, a forma do edifício foi comparada a um zigurate invertido, fazendo o espaço dos pisos superiores parecerem flutuar sobre o espaço aberto, criando um museu único, promovendo o equilíbrio entre o leve e o pesado, fazendo com que o prédio fosse ao mesmo tempo conectado e separado do ambiente da rua. Segundo ele: “A estrutura de hoje em sua forma mais expressiva é oca embaixo e substancial no topo – exatamente o inverso da pirâmide. Representa uma nova época na história do homem, a realização de suas mais antigas ambições: a derrota da gravidade.”¹


Ponte de acesso ao saguão do The Met Breuer

Cortes




Plantas



Estudo de Fluxos



Vista explodida de todos os pisos


Referencias MOMA. Marcel Breuer:móveis e interiores. 2022. Disponível em: <https://www.moma.org/artists/769>. Acesso em: 7 fev. 2022. STORY, The Art. Marcel Breuer. 2022. Disponível em: <https://www.theartstory.org/artist/breuer-marcel/>. Acesso em: 7 fev. 2022. BERGDOLL, Barry. Marcel Breuer e a Invenção da Leveza Pesada. 2018. Disponível em: <https://placesjournal.org/article/marcel-breuer-and-the-invention-of-heavy-lightness/?cn-reloaded=1>. Acesso em: 7 fev. 2022. BERGDOLL, Barry. Marcel Breuer e a invenção da leveza pesada. Places Jounal,2018. Disponível em: <https://placesjournal.org/artic l e / m a r c e l - b r e u e r - a n d - t h e - i n vention-of-heavy-lightness/?cn-reloaded=1>. Acesso em: 05 fev. 2022. NYC URBANISM. THE WHYITNEY (MET BREUER). Disponível em: <https://www.nycurbanism.com/brutalnyc/metbreuer>. Acesso em: 05 fev. 2022. STOLLER, Esdras. Whitney Museum of American Art: The Building Blocks Series. Princeton Architectural Press, 2000. FRITZENWALDEN, Elara. ELARA FRITZENWALDEN. Disponível em :< https://elarafritzenwalden.tumblr.com/post/158902262868/the-met-breuer-former-whitney-museum-of-american>. Acesso em: 07 fev. 2022.



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