Revista Crea 41 - out_nov_dez 2012.

Page 1

cr a Revista do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia

DESAFIOS DA ética

Após aposentadoria, ministra Eliana Calmon quer atuar em Ong de combate a corrupção

B A H I A

Nº 41 > out.nov.dez > 2012

bagagem para a copa Especialistas e gestores públicos analisam perspectivas para a mobilidade urbana em 2014



fotos joão alvarez

sumário

12 Entre o rio e o mar, Imbassaí, atrai turistas de vários países e muitos baianos

17 Planejamento estratégico e inteligente para Salvador

21 Debate sobre ética

e homenagem aos veteranos marcam Dia do Engenheiro

36 Os desafios de gerenciamento do aquífero Urucuaia veja edição online no site www.creaba.org.br

joão alvarez

08 TCU indica metodologia da FPI ao Ministério do Meio Ambiente

Capa

Principais portões de chegada ao Estado, o aeroporto e a rodoviária precisam de maior infraestrutura para receber turistas na Copa de 2014 Página 26


>correio

Seca

Parabéns pelos dez anos da revista. Participei da 3ª edição, com a matéria “Estradas na Bahia”. Com a intenção de colaborar com a matéria “A seca e seus espinhos”, publicada na 40ª edição, encaminho esta mensagem: “Novamente, o semiárido baiano é atingido por inclemente seca. Combater o flagelo secular é impossível, mas existem modos de convivência. Precisamos transformar crises em oportunidades. Chegou a hora em que, para encontrar a solução, no lugar de convocar para o horário da reunião é melhor convidar para o momento da união. Além da locução, vale a ação. Precisamos ir além do lamento, urgem a solução e o fomento. Sendo forte, o sertanejo precisa, antes de tudo, ser próspero. O Brasil deve inovar e vencer o secular desafio do semiárido”. Paulo Cesar Bastos, engenheiro civil e produtor rural Estrangeiros

Lendo, na edição 40 da revista Crea-BA, a matéria “Cresce número de estrangeiros no Brasil”, me lembrei de uma outra matéria que li, há cerca de um ano, sobre a grande publicidade que foi feita do Brasil no exterior. Esta publicidade pode estar rendendo alguns frutos, principalmente quanto à melhora da nossa autoestima, mas também traz alguns efeitos colaterais. Sou engenheiro e conheço vários colegas que se submetem a empregos que não pagam o teto mínimo da categoria, além de engenheiros que estão desempregados. Para os engenheiros recém-formados, as oportunidades são mais difíceis ainda na Bahia. Considero a colocação do senhor Hani Hassan oportuna: “antes de abrir campo de trabalho para os estrangeiros, precisamos inserir os profissionais brasileiros no mercado”. Cléber Azevedo, engenheiro 4

crea V.3, n. 41, p. 4 - out/nov/dez.2012 - Bahia

Encontro dos técnicos

Parabenizo o Crea-BA e a Mútua pelo evento promovido, no dia 17 de dezembro de 2012, na Fieb. O 1º Encontro dos Técnicos Industriais foi um sucesso. Espero, em breve, ser convidado para o próximo. Elieser Moreira Santos, técnico eletromecânico PDDU

Quero parabenizar vocês pela matéria “Entidades questionam legalidade da composição do Conselho da Cidade”, de 21/11/2012. O Crea-BA precisa se manifestar e se posicionar contra o absurdo do atual PDDU. Estão destruindo as raríssimas áreas verdes que ainda existem na cidade. A especulação imobiliária e a construção civil estão "enfeiando" Salvador com excessos de prédios, desmatando áreas verdes em Patamares, Jaguaribe, Piatã e Pituaçu. É muito triste. Marcus Batista Bandeira dos Santos Piso salarial

Gostaria de saber se o Crea-BA pode se manifestar contra o salário de R$ 800 que a prefeitura de Itamaraju-BA está oferecendo a quem passar no concurso para engenheiro agrônomo. Há alguma forma legal que possa se usada? Adler Tamay, engenheiro agrônomo Resposta: Existe a Lei 4.950/66, que estipula o salário para os engenheiros profissionais no valor de 8,5 salários mínimos, mas ela não é aplicada aos órgãos estatutários, apenas aos celetistas. O Crea-BA tem trabalhado na

conscientização do poder público sobre a importância do cumprimento da legislação profissional. No caso de Itamaraju, encaminhamos a sua denúncia ao setor responsável para que entre em contato com a prefeitura. Concurso

Vai abrir o concurso do Sema e Inema-BA e os profissionais de engenharia de pesca não vão poder participar. Um concurso da área de meio ambiente e recursos hídricos e vocês não estão atentos a isso? É um descaso com os profissionais da engenharia de pesca na Bahia! Leon Leal Resposta: Encaminhamos ofício ao Sema e Inema e o edital já foi retificado, incluindo, além da engenharia de pesca, para o cargo de especialista em meio ambiente e recursos hídricos, análise de sistema, aquicultura e ecologia aquática, ciências da computação, engenharia de aquicultura, engenharia hídrica, processamento de dados, sistema de informação e tecnologia da informação. Engenharia pública

Acabei de receber a edição de nº 40, que traz uma matéria sobre a parceria entre o Crea e a Escola Politécnica, na criação de um escritório de engenharia pública. Gostaria de conhecer mais o projeto. Paulo Roberto Rodrigues Lisboa, técnico em edif icações Resposta: Você pode obter mais informações com o chefe de gabinete do Crea-BA, Herbert Oliveira. O e-mail dele é gabinete@creaba.org.br.

Fale conosco Envie a sua mensagem, contendo nome completo, e-mail e telefone, para o endereço eletrônico: revista@creaba.org.br. Reservamo-nos o direito de, sem alterar o conteúdo, resumir e adaptar os textos publicados. Siga o Crea-BA nas redes sociais: www.facebook.com/CreaBa. @CreaBahia. twitter.com/CreaBahia. PARA ANUNCIAR: revista@creaba.org.br. Tel.: (71) 3453-8912/3453-8929. Edição online no site www.creaba.org.br


>curtas

paulo macedo

O 12º seminário de inspetores reuniu 50 profissionais em torno de debates sobre futuros projetos do Crea-BA

Seminário de Inspetores A regionalização das ações do Crea-BA foi discutida durante o 12º Seminário de Inspetores, promovido no dia 12 de dezembro de 2012, em Salvador. O evento propôs uma reflexão sobre os futuros projetos da entidade e avaliou os resultados das atividades realizadas ao longo do ano passado. Na ocasião, o presidente da autarquia federal, o engenheiro mecânico Marco Amigo, chamou a atenção dos 50 inspetores presentes para atuarem em favor da ocupação do espaço político de forma organizada e articulada, destacando ainda a intenção em organizar, este ano, 300 eventos, entre cursos e palestras, na sede e no interior do Estado.

Crea assume vaga no Comam O Crea-BA assumiu, em 8 de novembro de 2012, uma vaga no Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). O colegiado integra o Sistema Municipal de Gestão Ambiental (SMGA), responsável pelo planejamento, promoção e execução da política de meio ambiente da capital. Com caráter consultivo, normativo e deliberativo, compete também a esta instituição a emissão de licenças para construção de grandes empreendimentos. Marco Amigo, presidente do Crea-BA, ressaltou o papel social da iniciativa. “Buscamos estar sempre alinhados às ações que visam promover o bem estar da sociedade. Considero nossa participação no Comam, oferecendo conhecimento técnico, um dever”. 6 crea V.3, n. 41, p. 6 - out/nov/dez.2012 - Bahia

Entre a academia e a indústria

Legado sobre o semiárido

Em novembro do ano passado, no auditório da Fieb, o seminário Formação de Engenheiros para a Próxima Década: a visão do setor industrial da Bahia debateu a interação entre a academia e o setor industrial, apontada como a questão contemporânea que mais impulsiona a inovação e a formação plena dos profissionais. “O processo de troca de informações e parcerias, entre a universidade e o setor produtivo, é importante para o desenvolvimento da engenharia e da sociedade”, observou o engenheiro civil Luís Edmundo Campos, conselheiro do Crea-BA. O evento foi promovido pelo Fórum de Inovação da Bahia.

Considerado um dos maiores defensores do Rio São Francisco, o engenheiro civil Manoel Bonfim Ribeiro, especialista em hidrologia, morreu no dia 4 de dezembro de 2012, em Salvador. Ex-diretor do DNOCS e da Codevasf, e ex-secretário geral do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, ele dedicou sua vida ao combate à seca e ao convívio do sertanejo com a estiagem, deixando várias obras sobre os assuntos, adotadas atualmente por diversas faculdades. Foi um grande colaborador da revista do Crea na matéria A seca e os seus espinhos, veiculada na edição nº 40, e foi o entrevistado da edição de nº 34, quando falou sobre a poluição e o descaso com os rios.


Plano Diretor de Encostas

Conciliação

A Cidade também é Nossa

A convite do Ministério Público, o Crea-BA participou, no dia 18 de outubro de 2012, da audiência pública inaugural para discutir propostas para o Plano Diretor de Encostas (PDE), documento técnico administrativo no qual constam 433 áreas de risco, com os devidos custos para a intervenção, e para o Plano de Implementação de Medidas Eliminadoras de Desastres. A ideia é que Salvador adote o exemplo da Fundação Instituto de Geotécnica (Geo-Rio), que atua no Rio de Janeiro, com ações desenvolvidas desde 1966 em favor da proteção das encostas. A audiência foi coordenada por Hortênsia Pinho, promotora de Justiça, Habitação e Urbanismo de Salvador.

O Crea-BA esteve presente ao 1º Mutirão Multiconselhos, da Semana de Conciliação da Bahia, realizada no dia 13 de novembro do ano passado, em Salvador. Promovido pela Justiça Federal, o evento reuniu representantes de diversos conselhos de classe e teve o objetivo de facilitar a solução de conflitos litigiosos entre os cidadãos e as instituições presentes. “Indicamos 113 processos para conciliação. Desse total, 30% foram solucionados”, afirmou o procurador-chefe do Conselho, José Antonio Rocha.

O Fórum A Cidade Também é Nossa, que se reúne periodicamente no Crea-BA, vem se firmando como um espaço de garantia do controle social para as ações políticas realizadas em Salvador. Entre muitas lutas enfrentadas pelo colegiado em 2012, o destaque vai para o combate às alterações da Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo (Louos) e do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU). O colegiado repudiou ainda o pacote de projetos enviados pelo prefeito João Henrique para aprovação da Câmara de Vereadores no fim de novembro do ano passado. Entre eles, estava à autorização para licitação do Projeto Linha Viva.

Ufba é destaque em aerodesign

Representantes de 26 instituições participaram da reunião do CER-BA

CER-BA elege nova coordenação Com a proposta de ampliar, organizar e fortalecer as organizações de classe da Bahia foi realizada, no dia 13 de dezembro de 2012, a reunião do Colégio de Entidades Regionais (CER). O encontro, promovido pelo Crea-BA, em Salvador, contou com a participação de representantes de 26 instituições, além do coordenador do Colégio de Entidades Nacionais (CDEN), engenheiro eletricista Ricardo Nascimento. Na ocasião, foi aprovado o regimento interno e eleita a coordenação geral e adjunta do fórum, composta respectivamente pelo engenheiro agrimensor Joseval Carqueija (Asseab) e a engenheira civil Karen Barbosa (Associenge).

Os estudantes de engenharia da Ufba conquistaram a 1ª colocação Norte-Nordeste na 14ª competição nacional de aerodesgin. O evento aconteceu entre os dias 1º e 4 de novembro, em São José dos Campos (SP), e contou com a participação de 62 equipes nacionais e internacionais. A equipe baiana Axé Fly, formada por 11 alunos dos cursos de engenharia mecânica, elétrica e controle e automação de processos, superou grupos tradicionais no ramo da engenharia aeronáutica, como o ITA. O capitão da equipe, Mateus Dantas, aluno do 6º semestre de engenharia mecânica, disse que o maior desafio da equipe é a captação de recursos. Além do apoio da Ufba, o grupo conta com o auxílio de empresas na cessão de recursos financeiros, materiais, serviços e capacitação. V.3, n. 41, p. 7 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 7


>Meio Ambiente

tcu elogia fpi do são francisco Órgão federal recomendou ao Ministério do Meio Ambiente a adoção da metodologia Por Nadja Pacheco fotos gilson pereira

respeitabilidade em torno das ações da Fiscalização Preventiva Integrada do São Francisco, promovida pelo Crea-BA e outras 17 instituições, ultrapassou as fronteiras do Sistema Confea/ Crea e ganhou o reconhecimento do Tribunal de Contas da União (TCU). O órgão federal recomendou ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) a adoção da metodologia da FPI, por seu êxito nas atividades de revitalização do rio. A iniciativa, que completou 10 anos em 2012, inclui atividades com o objetivo de salvaguardar a população de situações de risco e impedir a degradação do meio ambiente. Entre as ações desenvolvidas pela FPI, estão a recomposição da mata ciliar, a preservação das áreas de proteção permanente, a realização de obras do sistema de esgotamento sanitário, a recuperação de nascente, a implantação do sistema de informação geográ-

8 crea V.3, n. 41, p. 8 - out/nov/dez.2012 - Bahia

fica e práticas de gestão hídricas. Até o final do ano passado, foram realizadas 29 etapas da fiscalização em 115 municípios da Bahia. A FPI do São Francisco iniciou as atividades na primeira gestão do presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico Marco Amigo. De acordo com o gestor, que está no terceiro mandato, a iniciativa reflete o compromisso da instituição com o coletivo, sendo considerada a principal ação social da autarquia federal. “Os benefícios gerados pela fiscalização vão além da proteção ambiental. Ela também garante cidadania à população e presta contas das ações realizadas pelos órgãos federais e estaduais”. Compromisso social

Segundo o acórdão do TCU, processo nº 026.570/2011-4, relativo ao Ministério do Meio Ambiente, a revitalização da bacia do São Francisco não obterá resultados favoráveis, caso

Técnicos do Crea, do Ibama e do Ministério Público fiscalizam obras na região de Casa Nova


persistam as mesmas agressões ambientais observadas hoje. “O aumento da fiscalização reduz o ritmo de degradação, devido aos seus efeitos dissuasivo e punitivo e, consequentemente, amplia a efetividade do programa de revitalização. Iniciativas como a FPI devem ser estimuladas como auxiliares no processo de combate a essa degradação”. O documento, assinado pelo ministro Aroldo Cedraz, reconhece ainda o empenho da FPI em evitar e reparar os danos ambientais da bacia, além de estimular ações socioeducativas de conservação. De acordo com Augusto Queiróz, assessor de relações institucionais do Crea-BA, a visibilidade social e a credibilidade dos órgãos participantes da FPI junto à sociedade contribui para determinar e reafirmar a iniciativa do Sistema Confea/ Crea como a única referência bem sucedida de projeto de cidadania de um sistema profissional de alcance nacional. “O programa é respeitado por diversas instituições e autoridades, possibilitando a visibilidade do nome e do papel do Crea-BA na defesa dos interesses da sociedade”. Queiróz reitera ainda que o modelo da FPI baiana foi repassado aos Creas de Alagoas e Sergipe, e que o Ministério da Integração Nacional, por meio

da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), usou os relatórios com os diagnósticos da fiscalização para a liberação de recursos destinados a obras de saneamento básico em 48 municípios baianos. Segundo ele, devido ao sucesso da iniciativa, já foram aprovados, pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), novos recursos

As ações da FPI incluem visitas e orientação aos moradores de cada localidade

V.3, n. 41, p. 9 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 9


>Meio Ambiente >SAÚDE

“ASSOCIAR AS DUAS 504Émunicípios PRÁTICAS O IDEAL. ALÉM compõem a Bacia do São DE PROPORCIONAR MELHOR Francisco; QUALIDADE DE VIDA, AUXILIA 13 milhões NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS moram em municípios COMO banhados HIPERTENSÃO, CÂNCER pelo rio; E DIABETES”

Óleos funcionais, por que não?

Além dos alimentos, também existem os óleos funcionais. Eles melhoram a saúde e ajudam a emagrecer, acelerando o metabolismo e produzindo uma sensação de saciedade. Além da perda das águas do de peso, podem ser utilizados como hidratantes vêm deste rio;sobre AméliaNordeste Duarte, nutricionista, para a pele e atenuantes dos sintomas da TPM. harmonizar dieta alimentar e treino funcional A ingestão recomendada varia entre duas comunicípios do Luciana Khoury, do Ministério Público, palestra sobre a FPIcápsulas lheres de chá ou em de sopa por dia, ou duas total do Vale do São antes das principais refeições, seguindo a orienFrancisco estão na Bahia. tação dos nutricionistas. Devem ser ingeridos em Araújo funcional – que deve ser professores Mateus temperatura ambiente, já que o aquecimento Órgãos envolvidos a Semeaelaborado por um nutricio- e Felipe Macena, pode eliminar alguns nutrientes, e são altamente para “Esses resultados dere, especializada nessa monistaoperações. especializado.” recomendáveis quando há prática regular de atiCrea-BA > Conselho Regional de *Cipe > Companhia Independente monstram que a decisão do Crea-BA, O treino funcional con- dalidade. Engenharia e Agronomiavidades físicas. da Bahia de Policiamento Especializado em e manter investimentos Além deMPE proporcionar sisteparticipar na prática de exerEntre as variedades de óleo > Ministério Público Estadual * Polícia Civil funcional, destana organização e realização fiscaMPF >rápidos, Ministério Federal Sesab >antioxidante Secretaria deeSaúde da mais o Públicocam-se cícios executados sem o dasresultados o de gergelim, com granlizações, é o equipamentos caminho certo notreino cum- funcional MPT > Ministério Bahia dispensa Públicodedoquantidade de auxílio de Vitamina E; o óleo de abóbora, Trabalho *Divisa > Diretoria de Vigilância primento do seu “Ao papelinvés social”. espaços fechados e o uso convencionais. poderosa fonte de ômega-6, ômega-9 e vitamina Sema > Secretaria de Meio Ambiente Sanitária e Ambiental mais complide utilizarmos os aparelhos de aparelhos E, e o óleo de linhaça, rico em ácidos graxos, que da Bahia DNPM > Departamento Nacional de Como funciona uma caidas academias de ginástica, cados. Uma corda, ajuda na redução de triglicerídeos, *Inema > Instituto de Meio Produção Mineral na regulação A FPI do São Francisco é uma xaação e outros objetos simples usamos outras ferramenda pressão arterial e no combate à inflamação Ambiente e Recursos Hídricos Ibama > Instituto Brasileiro de marcada pela atuação conjunta do Sefaz > Secretaria da Fazenda do Meio Ambiente e Recursos Naturais tas, como a escada de agi- são alguns dos utensílios das células de gordura. Estado da Bahia Renováveis Ministério Público Estado, indicados. Crea e E, o melhor, os lidade, bolas, cones,dotrenós E não podemos ignorar o óleo de coco, granSeagri > Secretaria de Agricultura SRTE > Superintendência Regional de diversos órgãos voltados para a dee uma série de instrumen- exercícios podem ser realide estrela dos funcionais. Antioxidante natural, Bahia do Trabalho e Emprego fesa da sociedade. A intervenção en-ao ardalivre, zados na>praia, tos que permite melhorar passou vez> Superintendência mais recomendado pelosde *Adab Agência Estadual de a ser cada SFPA Federal volve diversas instituições que, no seu do condoa flexibilidade, a coorde- na área externa seus benefícios está o fortaDefesa Agropecuárianutricionistas. Entre Pesca e Aquicultura dia a dia, exercem individualmente SSP >no Secretaria Funasa > aFundação Nacional de mínio,ona praça, parque, de Segurança nação motora, o potencial lecimento da imunidade, prevenção de doenças poder fiscalizador atésuas mesmo Pública no pátio da emmuscular e reduzirno asâmbito lom- de cardiovasculares,Saúde a redução das taxas de colesterol *Coppa > Companhia de Polícia de > Polícia Rodoviária Federal atribuições específicas. A proposta presa.é “Podemos elaborar balgias, as chamadas dores e, claro, o auxílioPRF no processo de emagrecimento. Proteção Ambiental PM > Polícia Militar salvaguardar a população de situae aplicá-las nas costas”, explica Correia, as atividades *Graer > Grupamento Aéreo da ções de risco e ao impedir a degradação em qualquer Polícia lugar, oMilitar que da Bahia que comanda, lado dos * surbordinados ao órgão principal do meio ambiente.

50% 115

V.3, n. n. 40, 40, p. p. 16 10 -- jul/ago/set.2012 jul/ago/set.2012 -- Bahia Bahia crea V.3, 10 crea 16


V.3, n. 40, p. 11 - jul/ago/set.2012 - Bahia

crea 11


>saĂşde

12 crea V.3, n. 40, p. 14 - jul/ago/set.2012 - Bahia


>verão

Convite ao sol, ao mar e ao prazer Localizada na Linha Verde, a apenas 65 quilômetros de Salvador, Imbassaí tem mar, rio, comidinhas deliciosas, restaurantes refinados e hotéis de luxo Por Ronaldo Brito Fotos João Alvarez

anhado pelas águas doce do Rio Imbassai e pelas águas salgadas do Oceano Atlântico, o vilarejo de Imbassaí, a 65 quilômetros de Salvador, é um convite ao prazer. Um dos destinos mais procurados pelos turistas que buscam o litoral norte, a localidade se diferencia da maioria dos destinos daquela parte do litoral baiano. Ali, o rio e o mar se encontram e, juntos, convidam os visitantes a entregarem-se às suas belezas naturais. Embora não seja tão movimentada e badalada como a vizinha Praia do Forte, a simplicidade e o jeito despojado dos habitantes compensam a escolha. Como aliados, a vila tem ainda a seu favor a natureza exuberante e uma moderna infraestrutura. Para alcançar o mar é preciso cruzar o rio. Entre os dois, dezenas de barracas com bebidas e comidinhas ajudam a colorir a deslumbrante paisagem. Ao longo dos seus mais de seis quilômetros de praia, estão instalados bares, restaurantes de boa qualidade como o Três Marias, do chef espanhol Alfredo Rodriguez, um madrilenho que desembarcou na vila quase por acaso (ele ia para a Praia do Forte encontrar um amigo e passou do ponto de ônibus) e nunca mais saiu de lá. A casa comandada por Rodriguez não deixa nada a dever aos sofisticados restaurantes dos grandes centros. Da sua sofisticada cozinha “espanhola moderna”, V.3, n. 41, p. 13 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 13


>verão

Imbassaí tem culinária para todos os gostos e bolsos, da mais simples à mais refinada, aliada à tranquilidade da pequena vila, que ainda guarda o aspecto rústico, e de uma rede hoteleira com excelente infraestrutura

14 crea V.3, n. 41, p. 14 - out/nov/dez.2012 - Bahia

saem pratos que são um deleite para quem aprecia a boa gastronomia. Ainda nessa seara, outra opção é o bar e restaurante do casal Manuel e Josefa Wenger. Ele suíço, ela pernambucana. O espaço oferece ainda um bom cardápio de pizzas. Essas, uma especialidade também de outro casal: André Moura e Taliana Electo, que montaram na vila um complexo gastronômico, o Jerimum, que inclui uma charmosa loja de artesanato e um simpático café. Empreendedores experientes, eles já passaram por outras localidades como Ilha Bela (Rio de Janeiro) e Arraial da Ajuda (Porto Seguro). “Nós estávamos buscando

um lugar que estivesse em processo de crescimento e que quando este chegasse nós já estivéssemos estabelecidos”, conta Moura. Estavam certos. Nos finais de semana. as filas de espera para saborear suas criações, como a pizza de nozes com gorgonzola, são grandes. Mas, quem aprecia a boa cozinha baiana, não pode perder a comida preparada por Vânia Ribeiro, dona do restaurante que leva o seu nome. Natural de Santo Estevão, ela chegou ao litoral norte há 12 anos e fixou residência na Praia do Forte, onde montou um restaurante. Com a urbanização do lugarejo, resolveu seguir para em Imbassaí


em busca de maior tranquilidade. “Eu queria ficar perto da natureza e achei esse lugar aqui que é maravilhoso e ainda muito tranquilo”. A moqueca de camarão que sai do seu fogão também costuma gerar filas na porta do seu simpático restaurante. Enquanto aguarda o prato ficar pronto, a pedida é uma das deliciosas roskas que levam sua assinatura e que fez crescer sua fama no vilarejo. Com uma boa rede hoteleira, Imbassaí dispões de boas pousadas, hotéis e até resorts. O custo da hospedagem nessa época do ano, não é dos mais caros. E, seguramente, menor que os valores comumente cobrados na vizinha Praia do Forte. Reza a lenda que o nome do vilarejo foi dado por seus antigos moradores. Palavra que, na língua tupi guarani, significa caminho das águas. Turismo responsável

A descoberta da vocação da vila para o turismo começou com a inauguração da Linha Verde, em meados dos anos 1990. Antes, o lugar era considerado um paraíso ecológico e explorado apenas pelos apreciadores da natureza como o hoje dono da pousada Sítio da Fonte, Beto Pitombo, 50, autor da canção “Estrada Velha”, que se tornou uma espécie de hino do lugar. Com uma população fixa de pouco mais de mil habitantes – costuma triplicar na alta temporada –, os moradores não abrem mão do equilíbrio entre a preservação e a exploração responsável.“Não queremos um turismo predatório, que desfigure este lugar que é sagrado para nós”, avisa Márcia Viana, 52, da Associação de Moradores de Imbassaí. Há 15 anos, ela e o marido, Hélio Viana, trocaram a vida agitada da capital pelo sossego de viver perto da natureza. Para sobreviver, abriram a Pousada Cajibá. Apesar da tranquilidade, a expansão imobiliária já

chegou por lá. O Reserva Imbassaí, pilotada pelo grupo português Reta Atlântico, instalou por lá o resort Gran Paladium. Os preços das casas no condomínio variam de R$ 350 mil a R$ 1,1 milhão. Mas há opções mais em conta. Os villages têm preço que varia entre R$ 220 e R$ 315 mil. Mas é o turismo ecológico e de aventura a grande vocação do lugar. Entre passeios bucólicos pelo rio e trilhas nas reservas de Mata Atlântica, Imbassaí é um convite à tranquilidade. Suas ruas, recentemente urbanizadas, e as casas, afastadas umas das outras, garantem a sensação de liberdade. De quebra, ainda oferece bares com mesas e cadeiras dentro d´água, o que permite uma experiência única a quem gosta da dolce far niente. Na Cabana do Marujo, por exemplo, o cardápio oferece enormes pitus, vindos direto do Rio Negro, no Amazonas. Melhor que isso só mesmo um banho na Cachoeira de Dona Zilda, do outro lado da pista, um passeio a cavalo ou de caiaque pelo rio. Se quiser adicionar uma dose de adrenalina pode-se praticar canoagem, vencendo a distância entre Santo Antônio e Imbassaí, seguindo o caminho das águas.

Entre o rio e o mar, os turistas optam pela travessia em charmosas jangadas, ou vão a pé pela areia até a praia

V.3, n. 41, p. 15 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 15


>Sustentabilidade

Metrópoles mais inteligentes e humanas Para o urbanista Carlos Leite, autor do livro Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes, Salvador precisa de planejamento estratégico por arivaldo silva ilustração gentil

s metrópoles podem ser criadas do zero ou devem ser construídas através dos séculos? No caso de São Paulo, Londres, Berlim, Nova York e Tóquio, as atuais conexões entre cidadãos, desenvolvimento e oportunidades são fruto de um processo de centenas de anos. Enquanto no Brasil ainda estamos em busca de soluções para problemas de trânsito, enchentes e apagões, segurança, saúde e educação ineficientes, o conceito de cidade inteligente ou smart city – que usa a tecnologia para melhorar a qualidade de vida dos habitantes – já vem sendo aplicado na Europa, Estados Unidos e Ásia, movimentando um mercado bilionário. São comunidades que lançam mão 16 crea V.3, n. 41, p. 16 - out/nov/dez.2012 - Bahia

do que há de mais moderno em recursos tecnológicos e arquitetônicos como resposta aos desafios impostos pela alta concentração populacional, utilizando rede de sensores, análise de dados, plataformas de comunicação e serviços via web, para proporcionar uma vida sustentável aos seus habitantes. Sustentabilidade está no topo das discussões contemporâneas sobre os centros urbanos. Como organismos vivos, as cidades precisam ser repensadas com o auxílio da tecnologia, preservando a essência da multiplicidade e diversidade humana. Reinvenção

De acordo com dados do Instituto Futura, 73% dos cidadãos de Salvador

gastam em média quatro horas por dia no trânsito. Com 2,7 milhões de habitantes circulando por suas ruas estreitas, cortadas por ladeiras cheias de histórias, a primeira capital do Brasil e terceira maior cidade do País precisa de planejamento estratégico voltado para atender às necessidades das pessoas que a habitam. Esta é a opinião do arquiteto e urbanista Carlos Leite, autor do livro Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes. “Se temos instrumentos tradicionais de planejamento estratégico e de smart city, para fazer uma Salvador mais interessante para os cidadãos, isso é excelente, mas o principal é o planejamento voltado para as pessoas. Por isso, acho que as novas tecnologias


de gestão inteligente das cidades são bem vindas. Serviços públicos agendados por smartphones, transparência, menos corrupção, portanto mais eficiência é excelente. Mas temos que priorizar uma cidade mais humana e não pensar em investir na tecnologia pela tecnologia”. De acordo com o urbanista, é preciso atentar para as inteligências metropolitanas para conseguir vencer as desigualdades, a partir de exemplos positivos de revitalização. “Precisamos atuar conjuntamente com as cidades que souberam fazer o dever de casa e estão se reinventando. Salvador precisa implementar e concretizar grandes ações focadas em planejamento estratégico”. As questões ambientais e de mobilidade, na opinião de Leite, são do âmbito do território metropolitano, onde vivem 3,5 milhões de pessoas “e não apenas de Lauro de Freitas, Salvador ou Itaparica, como provam as experiências de São Paulo, Barcelona, Nova York e Bogotá”. Leite aponta ainda a ampliação da diversidade social como chave para resolver graves questões da cidade. “O problema não é a favela, é essa absurda falta de sociodiversidade territorial, que encanta quando chegamos à Macedônia, Buenos Aires, Ipanema, Copacabana, Higienopólis.

Pessoas de diferentes classes, diferentes gêneros e cores dividindo o mesmo lugar, isso é o que favorece uma cidade dinâmica, propensa à inovação e à qualidade de vida”. Infraestrutura

Entre os especialistas no assunto, uma questão é unânime: para planejar com inteligência é preciso pensar uma cidade sustentável para as pessoas, e essa foi a principal ideia debatida na abertura da 3ª edição do Agenda Bahia, no auditório da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), que debateu a infraestrutura da metrópole baiana. Estudiosos do Brasil e da Espanha, baseados em exemplos de outras capitais, falaram sobre espaço público, planejamento urbano e alternativas sustentáveis para o trânsito de Salvador, Nesse contexto, as soluções para a mobilidade urbana são as principais preocupações de governos e organizações, sempre visando o deslocamento das pessoas e bens em um período ideal de tempo e de maneira confortável. A urgência por soluções de longo prazo para problemas históricos aumenta conforme se aproximam os mega eventos esportivos que o Brasil irá sediar. Um dos responsáveis pela reconstrução de Barcelona para as Olimpíadas de 1992, o engenheiro espanhol

Manuel Herce Valejjo criticou a falta de passeio para pedestres em Salvador e alertou que a construção de viadutos e de estacionamentos não vai resolver os problemas da capital. Por possuir apartamento na cidade, Valejjo diz conhecer todas as suas peculiaridades e dificuldades. “É preciso dar atenção ao pedestre e melhorar o transporte público”, observa. Para Ana Fernandes, professora da Ufba e doutora pela Universidade Paris XII, há várias possibilidades de projetos para a área urbana. “Precisamos diminuir o espaço dos carros. É um investimento fácil, basta uma decisão política, capacidade técnica e respeito pela população. Uma cidade que não acolhe seu povo não pode ser considerada inteligente”. Metrópole projetada

Na Coréia do Sul, a cidade global do futuro – Songdo – está sendo construída a 65 quilômetros de Seul, em uma ilha artificial de 607 hectares. Com um investimento de R$ 80 bilhões, a metrópole, que deve ficar pronta em 2015, terá o que há de mais moderno em tecnologia e noções de urbanismo, tudo planejado para facilitar a vida do cidadão. Com 80 mil apartamentos residenciais, 4,6 km de escritórios e 40% de sua área, ou seja, 41 hectares V.3, n. 41, p. 17 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 17


>Sustentabilidade destinados a parques e praças, a ideia é criar um novo centro financeiro da Ásia, uma mistura de Paris, Nova York e Dubai. Além dos altos investimentos – em metrô, bondes elétricos e até táxis aquáticos elétricos – , as ruas desta metrópole projetada terão sensores no asfalto, para ajudar a entender os deslocamentos em tempo real e até diminuir a iluminação das vias quando ninguém estiver passando por elas, de modo a economizar energia. Sondo será também uma cidade wireless, totalmente conectada. Exemplos

Responsável por notáveis intervenções em Bogotá, capital da Colômbia, o ex-prefeito Enrique Peñalosa mudou a maneira como a cidade tratava seus cidadãos, para isso restringiu o uso do automóvel e instituiu um sistema de transporte público rápido e seguro, que transporta hoje 1,2 milhões de pessoas por dia. Entre outras melhorias, foram ampliadas e reconstruídas as calçadas, grandes espaços públicos foram criados, e construídos mais de 340 quilômetros de ciclovias exclusivas, que se estendem desde as áreas de favela até o centro da cidade, que se tornou referência em transporte sustentável. Outro item implantado em Bogotá é a restrição do uso de veículos somada à ampliação e qualificação do sistema de ônibus Transmilênio.

Gestão eficiente do tempo O Rio de Janeiro é uma das poucas cidades brasileiras a colocar em prática alguns conceitos de smart city. Em março deste ano, o The New York Times publicou um artigo com o título Rio é a nova cidade inteligente, sobre o Centro de Operações Rio, projeto que integra 30 órgãos que monitoram o cotidiano da cidade por 24 horas. Com estrutura da IBM, o centro capta a imagem de 560 câmeras, e auxilia na solução imediata de problemas e na tomada de decisões em momentos de crise. A Cisco também anunciou investimentos no Rio, da ordem de R$ 1 bilhão até 2016, o que inclui a construção de um centro de inovação no Centro do Rio, programado para 2013. O foco das intervenções será em soluções de sistemas de telecomunicações, comunicação entre sensores, redes cabeadas e sem fio, data centers e aplicações inteligentes de análises de informações, principalmente em infraestrutura urbana, entretenimento e esportes.

Alguns aplicativos mobile estão no centro de importantes mudanças na difusão de informações em tempo real, possibilitando ao usuário gerir melhor o seu tempo. Este é caso do Waze, uma ferramenta de mapeamento dinâmico, geolocalização e informações de trânsito totalmente baseada em crowdsourcing, um modelo que utiliza a inteligência através de conhecimentos coletivos espalhados pela internet. Outra ferramenta que tem sido usada para trocar informações em tempo real sobre o trânsito, nas grandes metrópoles, é o Twitter. Essas informações fazem parte do consciente coletivo e os dados podem, e devem, ser usados na rede de sensores para prover serviços básicos para a população, seja através de terminais e telas espalhadas pela cidade, seja através dos smartphones, companheiros das pessoas durante o dia.

Economia criativa Economia criativa e ferramentas digitais numa cidade feita por e para pessoas inteligentes. Este foi o tema da 2ª edição da conferência TEDXPelourinho, que ocorreu em setembro do ano passado, em Salvador. Um dos 14 palestrantes, o publicitário Gabriel Medeiros afirmou que as pessoas devem se apossar do espaço público e tornar a cidade um local mais agradável para viver. “Cidade inteligente é o lugar onde as pessoas podem ser protagonistas”. TED é uma organização mundial sem fins lucrativos dedicada ao Ideas Worth Spreading – da tradução literal do inglês, ideias que merecem ser espalhadas. O evento começou em 1984, na Califórnia, originalmente influenciado pelo Vale do Silício, como uma conferência reunindo especialistas em tecnologia, entretenimento e design.

18 crea V.3, n. 41, p. 18 - out/nov/dez.2012 - Bahia


>nononono

anúncio mútua

V.3, n. 41, p. 3 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 19


>dia do engenheiro

Debates Sobre ética e tecnologia celebram a profissão O evento, promovido pelo Crea, no Fiesta Convention Center, em Salvador, homenageou a categoria Por Arivaldo Silva Fotos João Alvarez

ual a relação entre a engenharia e os temas ligados ao desenvolvimento tecnológico sustentável? Em torno desta questão, debatida no seminário Tecnologia, Ética e Desenvolvimento, o Crea-BA comemorou a passagem do Dia do Engenheiro e o cinquentenário de formação dos profissionais registrados na entidade. O evento ocorreu no dia 13 de dezembro, no Fiesta Convention Center, em Salvador, e teve como um dos temas Valorização e os Desafios da Ética na Área Tecnológica, palestra ministrada pelo engenheiro aeronáutico Ozires Silva, criador da Embraer. Silva lembrou a importância do papel da inovação para o desenvolvimento nacional e apontou a educação, o empreendedorismo, a liderança e a competência gerencial como condições necessárias para consolidar

Durante o evento, foram homenageados os profissionais que completavam 50 anos de registro no Crea-BA

20 crea V.3, n. 40, p. 20 - jul/ago/set.2012 - Bahia


este objetivo. “Temos de pensar grande. A capacidade que nós brasileiros temos é enorme e precisa ser explorada. Basta vontade para o Brasil ocupar os melhores lugares, pois as oportunidades são globais e a educação de qualidade é essencial”. 1

Transformar realidades

Durante o evento, o presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico Marco Amigo, felicitou os profissionais que, naquela ocasião, completavam 50 anos de registro na entidade e de atuação profissional. "Hoje, comemoramos a formatura desses colegas, que são ícones do nosso trabalho e que merecem todas as nossas homenagens, pois dedicaram uma vida inteira à engenharia”. Amigo frisou o potencial transformador inerente à profissão. “Podemos transformar a nossa realidade e o objetivo é aglutinar os profissionais da área tecnológica, visando o desenvolvimento da nossa cidade e do nosso estado. Acredito que o exercício ético da profissão é o caminho para que possamos viver em um mundo melhor e Ozires Silva é um exemplo de ética”. O legado deixado pelo arquiteto Oscar Niemeyer também foi lembrado por Marco Amigo. “Ele é uma referência da nossa área e soube aproveitar as oportunidades que a vida lhe deu. Arquitetura e engenharia são

6

2

3

4

5 7

1. Representantes da turma de 1962 2. Marco Amigo 3. Karen Daniela Melo Miranda e Jô Furlan 4. Marília Barreiros Correia de Melo e Luís Edmundo de Prado Campos 5. Joseval Carqueija e Marco Amigo entregam placa comemorativa a Antonio Batista Machado 6. Marco Amigo entrega placa e diploma a Ozires Silva 7. Roberto Ibrahim Uehbe, do CRA, homenageia o presidente do Crea-BA 7. Roberto Ibrahim Uehbe, do CRA, homenageia Marco Amigo V.3, n. 41, p. 21 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 21


>dia do engenheiro

1

2

profissões irmãs e sempre irão trabalhar juntas”. Ainda durante o seminário, Ineivea Farias, diretora-geral da Mútua-BA, engenheira de produção e técnica em segurança do trabalho, ressaltou a importância do compromisso ético no exercício profissional. “É necessário colocar a ética como o principal objetivo de nossas conquistas”. Formação

3

4 5

1. Erick Carvalho, Herbert Oliveira, Lucas Santana, José Alexandre e Luis Edmundo Campos 2. Vereador Léo Prates (DEM-BA) 3. Deusdete Brito (Jequié), Vanderlino (Itaberaba) e Jorge Estabel (Luis Eduardo Magalhães) 4. Deputada Maria Del Carmen (PT-BA), Marco Amigo e João Batista Paim 5. Uiliam Almeida, Sérgio Souza, Antonio Batista Machado e esposa 6.. Engenheiros reunidos

6

22 crea V.3, n. 40, p. 22 - jul/ago/set.2012 - Bahia

Conselheiro do Crea-BA e diretor da Escola Politécnica da Ufba, o engenheiro civil Luís Edmundo Prado Campos exaltou o papel da educação na formação dos profissionais. “Estou orgulhoso por fazer parte deste evento, pois a engenharia é uma profissão que engrandece o país”. Vereador eleito, o engenheiro eletricista Leo Prates representou o prefeito ACM Neto no evento e contou que a engenharia faz parte da história de sua família. “Meu pai era uma pessoa de origem humilde do interior e venceu na vida graças a engenharia, o que viabilizou a nossa permanência na capital”. Segundo ele, o novo prefeito tem consciência da importância da engenharia para o desenvolvimento da cidade. Entre os presentes, o superintendente do Ibama-BA Célio Costa Pinto, as vereadoras Aladilce Souza e Olívia Santana (PCdoB) e o superintendente da Indústria e Mineração da Bahia Rafael Valverde, representando o secretário James Martins. Também disseram sim ao convite do Crea-Ba a engenheira civil e deputada estadual Maria Del Carmem (PT), o deputado estadual Yulo Oiticica (PT), o engenheiro sanitarista Renavan Sobrinho (da Sedur), o conselheiro federal pela Bahia, engenheiro Roberto Costa e Silva, o presidente do Crea-DF, Flávio Correa e Souza, e o coordenador do Colégio de Entidades Nacionais (CDEN), Ricardo Nascimento.


“O brasileiro é criativo, mas não pode dar um passo sem um carimbo oficial” Por Arivaldo Silva

os 81 anos, o engenheiro aeronáutico Ozires Silva continua em plena atividade. Graduado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1962, liderou a equipe que projetou o avião Bandeirante e presidiu a Embraer até 1986, quando aceitou o desafio de comandar a Petrobras, onde ficou por três anos. Em 1990, assumiu o Ministério da Infraestrutura e, em 1991, retornou à Embraer, atuando diretamente no processo de privatização. Por três anos (2000-2003), foi presidente da Varig e criou, em 2003, a Pele Nova Biotecnologia, primeiro fruto da Academia Brasileira de Estudos Avançados, empresa focada em saúde humana. O engenheiro destaca-se ainda pela produção literária. Já publicou quatro livros, entre eles, “Etanol: a revolução verde e amarela”, em 2008. Nesta entrevista, Ozires afirma que as escolas não têm nada a ver com a inovação, pelo contrário, representam o conservadorismo.

Como foi criar a Embraer, uma das maiores empresas de engenharia aeronáutica do mundo contra todas as expectativas contrárias? Essa pergunta dá um simpósio. Porque foi um projeto bastante perseguido durante muitos anos. Tivemos que manter o foco, saber exatamente onde queríamos chegar e vencer o negativismo das pessoas, que acham que o empreendedorismo não tem risco, que devemos fazer o que sabemos, o que já existe, e que não se pode, por exemplo, produzir aviões, porque não era uma vocação brasileira. E, no entanto, acabamos conseguindo. Mas realmente foi um caso típico de foco, permanentemente colocado com intensidade e espírito criativo. Porque não era apenas fabricar aviões no Brasil, tínhamos de fabricar um produto que fosse vendido e, para isso, era preciso ter compradores interessados. Certa vez, ouvi uma palestra do Steve Jobs e ele dizia que, quando criou o iPad, o mundo não sabia que precisava daquele produto. Hoje todo mundo deseja ter um. Portanto, ele foi visionário e enxergou além do horizonte. Sob certo aspecto foi o que tivemos que fazer. Porque precisávamos entrar no mercado com um produto que fosse desejado e pudesse ser oferecido. Com isso, criamos o transporte aéreo regional, que não existia no passado. O trabalho empreendedor sempre é facilitado quando ele mira um nicho de mercado que seja viável. Como o DNA de empreendedor impactou na inovação e infraestrutura no Brasil? Não tenho a presunção de dizer que conseguimos influenciar. Mas, no caso dos aviões, nos esforçamos bastante. O avião não é um empreendimento em si. Ele é uma soma de empreendimentos. Quando alguém compra um avião, não o faz por um atributo V.3, n. 41, p. 23 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 23


>dia do engenheiro apenas. São vários e é preciso inovar de forma relativamente extensa para interessar o potencial comprador. De modo que a multiplicidade de tecnologias embarcadas em uma aeronave, com os vários sistemas – elétrico, hidráulico, eletrônico, pneumático –, sejam somadas para desenvolver um produto mais competitivo. Completando 50 anos de graduação em engenharia aeronáutica, como o senhor avalia a qualidade do ensino superior no Brasil? Quais as áreas mais promissoras, em sua opinião? Acho que não daria para concluir o processo de avaliação agora, porque o sistema educacional brasileiro mudou bastante nos últimos dez anos. Há escolas oficiais com a reputação estabelecida, mas também existem escolas privadas com qualidade. De modo que qualquer pesquisa hoje tem que envolver a escola privada. Até porque, na área da graduação, no caso da engenharia, atualmente, 80% dos jovens estão em escolas privadas. As escolas oficiais, rigorosamente falando, não criaram nenhuma vaga adicional, permitindo uma entrada muito forte do ensino em instituições particulares. Acho que nosso sistema educacional ainda está em processo de maturação. Na sua concepção, como aliar desenvolvimento com sustentabilidade? O que falta, nos dias de hoje para que as maiores capitais brasileiras tenham uma infraestrutura sustentável e inteligente? Educação. O próprio MEC divulga que 70% dos brasileiros são analfabetos funcionais. De modo que a nossa população não tem essa capacidade de julgamento. Talvez até por modismo, eles venham a aderir à sustentabilidade, que muitas vezes é praticada com excessos ilógicos e não coeren24 crea V.3, n. 41, p. 3 - out/nov/dez.2012 - Bahia

tes entre si. Isso é uma deficiência do processo educacional. Eu diria que o Brasil não está participando intensamente da corrida mundial pela educação. Está em um dos últimos lugares. E se nós queremos ver o país que aspiramos nascer no horizonte, temos de melhorar consideravelmente o processo de desenvolvimento educacional, focados na formação de brasileiros vencedores para o mercado mundial, porque as fronteiras dos países não têm o mesmo valor do passado. Elas são furadas por produtos, moedas, pessoas e assim por diante. O mundo mudou dramaticamente, então também temos de mudar nossa educação para preparar os brasileiros para esta realidade.

o Brasil do futuro? Eu diria que não. Para fazer um julgamento sobre infraestrutura brasileira que precisamos, primeiro temos de colocar a vontade política de que esta questão seja realmente atendida. A China, que tem mais ou menos as mesmas dimensões continentais do Brasil, está se transformando de maneira dramática. Enquanto discutíamos o trem-bala de Campinas ao Rio de Janeiro, os chineses fizeram um do Tibet até Pequim, com 1.200 km, em dois anos e meio e pela metade do custo. Sem dúvida, precisamos de um plano para o setor no Brasil, para dar uma resposta satisfatória sobre este assunto. Porque, infelizmente, ainda não temos.

O senhor está acompanhando a realização das obras de infraestrutura nos aeroportos brasileiros? Eles suportarão o fluxo de um evento como a Copa do Mundo de Futebol? Vou responder a sua pergunta com outra pergunta. Existe plano de infraestrutura no Brasil? Existem obras significativas no sentido de construir

Salvador é a primeira capital do Brasil e hoje é a terceira metrópole do País, com quase três milhões de habitantes. Em questões de infraestrutura, a cidade sofre com o crescimento desordenado. Como é possível resolver a mobilidade urbana, em uma cidade onde os moradores levam mais de duas horas para ir ao trabalho e mais duas no retorno para casa, problema de complexidade comparável a outros municípios com maior extensão territorial, número de habitantes e veículos? Dois atributos fundamentais são: bom planejamento e melhor execução. A mobilidade urbana hoje está sob ataque no mundo inteiro. Se você for a Nova York, Londres ou mesmo Paris, você vai encontrar problemas igualmente sérios. Na realidade, hoje o que precisamos é de planejamentos extremamente bem feitos, abrangentes e com execução muito melhor do que temos feito até agora. Se você visitar Pequim, vai encontrar um dos melhores aeroportos do mundo, feito numa velocidade espantosa para as olimpíadas. Acredito que nós temos

«

O que as escolas têm de dar a seus alunos é competência, para que eles, sendo inovadores, possam ter a capacidade técnica necessária para transformar as suas inovações em produtos”


«

Acredito que nós temos um Brasil antes da Copa do Mundo e das Olimpíadas 2016 e teremos um outro país depois. Então, temos de planejar para o Brasil e não, efetivamente, para os eventos”

um Brasil antes da Copa do Mundo e das Olimpíadas 2016 e teremos um outro país depois. Então, temos de planejar para o Brasil e não, efetivamente, para os eventos. Claro que, se os eventos justificarem investimentos, palmas para eles, mas esta não deve ser a razão fundamental. Se focarmos a área da aviação, posso afirmar tranquilamente que o Brasil tem uma aviação muito menor do que a ideal. Para se ter uma ideia, em 5.500 municípios, temos linhas aéreas atendendo a 60 cidades. É uma demonstração cabal de que o avião, com a sua mobilidade e capacidade de vascularizar o território nacional, está sendo usado insuficientemente. E, certamente, uma das coisas que mais inibe isso é a regulamentação governamental, que está dificultando – para os empreendedores, os investidores, os inovadores – o lançamento de produtos novos. O brasileiro tem a característica de ser um povo criativo e essa criatividade contribui para estimular a inovação tecnológica. Em que as universidades e escolas técnicas podem contribuir para avançarmos na área tecnológica? As melhores escolas do mundo são conservadoras. Então não se pode atribuir inovação às escolas de um modo geral. O que as escolas têm de dar a seus alunos é competência, para que eles, sendo inovadores, possam ter a capacidade técnica necessária para transformar as suas inovações

em produtos. O processo educacional tem um papel enorme na inovação. O brasileiro é criativo, mas não pode dar um passo sem um carimbo oficial, diferentemente dos Estados Unidos, onde a legislação diz que o que não está escrito pode ser feito, aqui no Brasil, o que não está escrito tem de escrever para ser feito. Então, realmente, nós temos um processo burocrático que limita enormemente a capacidade do inovador avançar. Tanto é que as inovações que implantamos no Brasil são projetos de fora do País e, às vezes, já chegam aqui velhas. Outro entrave é a carga tributária. Há países que têm tributação superior à do Brasil, mas tem uma devolução para a população muito melhor que a nossa. O problema da nossa carga de tributos talvez não seja o número, mas o que nós recebemos efetivamente em troca do imposto que pagamos. O senhor foi ministro da infraestrutura, conhece bem os problemas desta área no Brasil? O Estado mudou muito desde a época em que fui ministro da Infraestrutura. O Estado hoje se amarrou, demasiadamente, em legislação e fiscalização, no sentido de que não é a educação que impede a corrupção, mas a fiscalização, eu acho que não. Eu acho que só a educação pode impedir a corrupção. Para sairmos do gargalo em que nós estamos, o Governo deve prestigiar a concessão pública. Ao invés de tentar executar, deve só regular e fiscalizar. V.3, n. 41, p. 3 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 25


Transportes

Rumo A 2014 Proximidade da Copa força gestores públicos e especialistas a pensarem soluções para a mobilidade urbana por ronaldo brito Fotos João alvarez

ma das doze cidades sedes da Copa do Mundo, Salvador deverá receber mais de 700 mil visitantes entre os meses de junho e julho de 2014. Levantamento feito pela Superintendência de Investimentos e Polos Turísticos da Secretaria de Turismo da Bahia, revela que o aumento do fluxo de turistas no mês de junho, em comparação a um ano comum, será de 114,3%, com a entrada de 433 mil visitantes na cidade. No mês de julho, a previsão é que desembarquem aqui outros 325,6 mil passageiros. Isso significa 15,4% a mais que o índice normal. A expectativa dos dirigentes públicos é de que estes torcedores, vindos dos mais diversos cantos do planeta, injetem R$ 683 milhões na economia local. Tamanha movimentação tem requerido dos governos, federal, estadual e municipal, investimentos pesados em infraestrutura para atender esse público. Parte disso ainda não saiu do papel. Por hora, apenas o Aeroporto Internacional de Salvador começou a decolar com seus planos de reforma e ampliação. Embora prometidos, os investimentos no sistema de transporte urbano local, intermunicipal

26 crea V.3, n. 41, p. 26 - out/nov/dez.2012 - Bahia


O aeroporto baiano responde por mais de 30% da movimentação no Nordeste

V.3, n. 41, p. 27 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 27


transportes

Além do edifício-garagem, a área interna do aeroporto será reformada

e interestadual, ainda não pegaram o caminho da modernização, o que preocupa o trade turístico e especialistas do setor de transportes. Atrasos

A menos de dois anos do campeonato mundial, Salvador ainda não resolveu mesmo as pequenas questões de mobilidade urbana que garantem conforto e comodidade aos visitantes. Há quase 13 anos, por exemplo, os baianos esperam que o seu “micro metrô” entre nos trilhos. Espaços fundamentais para atender ao grande fluxo de visitantes, como a Estação Rodoviária, sequer tem um projeto de reforma ou ampliação em curso. Na primeira quinzena de janeiro, o governador Jaques Wagner, o secretário executivo da Aviação Civil, Guilherme Ramalho e o presidente da Empresa Brasileira de Infraestru28 crea V.3, n. 41, p. 28 - out/nov/dez.2012 - Bahia

tura Aeroportuária (Infraero), Antônio Gustavo do Vale, assinaram uma ordem de serviço para iniciar as obras de ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Salvador, que custarão R$ 87 milhões. A reforma, prevista para ser concluída em 360 dias, vai contemplar ainda o edifício-garagem. "Já estão em curso as obras de construção da nova torre, que consumirá R$ 15 mil milhões e as de ampliação dos pátios das aeronaves que custarão outros R$ 18 milhões", explica o superinten-

700 mil torcedores invadirão Salvador entre junho e julho de 2014

dente do Aeroporto Internacional de Salvador, Manoel Henrique Cardoso Bandeira. O aeroporto baiano atualmente responde por mais de 30% da movimentação de passageiros do Nordeste, recebendo uma média diária de 19 mil pessoas distribuídos em 240 pousos e decolagens. “Em 2012, passaram pelo aeroporto 8,6 milhões de passageiros. Ainda não temos a expectativa do número de pessoas que circularão por aqui durante a Copa do Mundo, mas já estamos trabalhando pra atender a demanda futura”, completa o superintendente da Infraero. Durante a solenidade de assinatura dos convênios, o governador Jaques Wagner esclareceu que as obras não têm apenas o objetivo de preparar o aeroporto baiano para atender ao aumento do fluxo de visitantes durante a Copa de 2014, mas também para outros grandes eventos na cidade. “Essa reforma é de grande importância, não somente para a aviação regional como para o desenvolvimento do País. Precisamos otimizar a hotelaria, bares, restaurantes, o comércio, e melhorar a infraestrutura do aeroporto, já que somos uma capital que vive basicamente de serviços". Fora da rota

Embora estejam fora do roteiro da Copa, dois outros municípios baianos também receberão recursos para os seus aeroportos. Vitória da Conquista, no sudoeste, receberá R$ 60 milhões para construção de um novo aeroporto. Deste total previsto, R$ 20 milhões, serão liberados na primeira etapa da obra. O outro município baiano contemplado com os recursos é Barreiras, no oeste do estado. O projeto, orçado em R$ 49 milhões, prevê a ampliação


Mobilidade urbana está no centro dos debates sobre a infraestrutura da cidade para a Copa do Mundo

e reforma das pistas de pouso e decolagem, ampliação da pista de táxi, construção de um novo pátio para o estacionamento de aeronaves, vias de acesso interno, serviço contra incêndio e ampliação da cerca. Com relação aos prazos, Wagner disse que algumas obras ficarão prontas para a Copa das Confederações, mas outras só serão finalizadas no final de 2013. “Nem todas ficarão prontas porque estão sendo preparadas para a Copa do Mundo. A obra está sendo bastante avançada, acabamos de visitar a ampliação do pátio três, já vamos começar a ampliação do pátio um e tem um conjunto de obras que ultrapassa R$ 130 milhões na área de passageiros, incluindo a visibilidade da outra pista”.Com a conclusão das obras, segundo o governo, o número de passageiros pode aumentar para 40 milhões por ano. A capacidade atual é de nove milhões. No projeto, estão incluídos o estacionamento do aeroporto e o metrô com destino a Lauro de Freitas, município da região metropolitana de Salvador, que deverá passar na frente do aeroporto. Rodoviária

Enquanto o aeroporto ensaia a decolagem para o futuro, a Estação Rodoviária se dirige para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Construído há quase 40 anos, o Terminal Rodoviário de Salvador há muito entrou em um processo de saturação. Sem estrutura física para atender à demanda atual, a rodoviária chegou ao ponto de estrangulamento. “O transporte físico está limitado. Não há condições de ampliação de novas linhas”, afirma a engenheira civil, Denise Ribeiro, do Departamento de Transportes da Universidade Federal da Bahia. V.3, n. 41, p. 29 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 29


transportes programa que prevê a reabilitação e o fortalecimento das linhas ferroviárias regionais e a Bahia está incluída. Portanto, a possibilidade de termos de volta esse importante meio de transporte é grande. Estamos concluindo o estudo de viabilidade e, já digo de antemão, que está evidenciado que isso vai acontecer”. Planejamento

A Agerba sinaliza a possibilidade da construção de um novo terminal rodoviário em Simões Filho

30 crea V.3, n. 41, p. 30 - out/nov/dez.2012 - Bahia

No momento, o departamento trabalha num projeto conjunto com o Ministério dos Transportes para avaliar a possibilidade de trazer de volta os trens regionais para ampliar a oferta de transporte entre os municípios baianos. “O governo federal tem um

A Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), responsável pela gestão da estação rodoviária, sinaliza com a possibilidade da construção de um novo terminal no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, para atender à capital. O projeto ainda não está sequer no papel, mas, para os que criticam a distância entre os dois municípios, Denise Ribeiro alerta que essa não é a questão mais importante. “Tudo depende do planejamento. O trem regional ou o metrô, seriam fundamentais. O mais importante não é a distância entre as cidades, mas a oferta de transportes para fazer a ligação”. A especialista lembra que muita gente trabalha na capital e mora em municípios próximos, como Candeias, Camaçari e Feira de Santana, e têm como única alternativa de transporte o sistema rodoviário. “Os trens regionais seriam o meio mais adequado”, diz. Na sua avaliação, o sistema de transporte urbano de Salvador está a beira do estrangulamento. “Não existe um projeto em curso e a gestão das estações está muito aquém da necessidade da população. Até mesmo para o turista comum que visita Salvador, a situação já chegou ao limite, imagine se não houver um


«

O sistema de transporte urbano de Salvador e a gestão das estações está muito aquém da necessidade da população. Até mesmo para o turista comum que visita Salvador” Denise Ribeiro, engenheira civil e pesquisadora do do Departamento de Transportes da Universidade Federal da Bahia

investimento para a Copa do Mundo”, diz a engenheira, que acredita que falta uma política pública de uso do solo para fazer a integração de linhas. “Hoje a precariedade do sistema de transporte urbano é uma realidade, tanto em termos de infraestrutura quanto em serviços. Os problemas da rodoviária, não se restringem a falta de espaço físico". O superintendente de Transporte da Secretaria de Infraestrutura do Estado, Ivan Barbosa, confirma que não há nenhum projeto em curso para construção de um novo terminal, mas defende que a estação rodoviária, tal qual está, ainda não está completa-

mente saturada. “O governo tem feito adequações à nova realidade”. Enquanto o governo assegura que a situação está sob controle, a população reclamam. “Aqui falta segurança, temos que conviver com sujeira, mau cheiro, piso danificados, além de pontos de ônibus precários”, reclama Ana Márcia Ribeiro que, todos os dias, passa pela estação para se dirigir a São Francisco do Conde. A professora, assim como outros passageiros, sonha com dias melhores. “Nossa esperança é que a Copa leve os gestores públicos a pensarem em alternativas para resolver os problemas de mobilidade da cidade”.

1/2 anúncio FGV

V.3, V.3, n. n. 40, 41, p. p. 327- out/nov/dez.2012 - jul/ago/set.2012 - Bahia

crea 31


>entrevista Eliana Calmon, ministra do Superior Tribunal de Justiça

“Sou uma mulher sem dono” De férias na Bahia, antes de voltar à função dupla de presidente interina do STF e diretora da Escola Nacional de Formação de Magistrados, Eliana Por Ronaldo Brito Fotos joão alvarez

pós dois anos à frente da Corregedoria Nacional de Justiça, com uma atuação impecável, a ministra Eliana Calmon, retornou às suas funções no Superior Tribunal de Justiça (STJ). De quebra, assumiu o comando da Escola Nacional de Formação de Magistrados e já deu sinais de que, por onde passa, deixa sua marca. “Um jornalista de Brasília comentou, que onde vou piso, os pés no tomate”, conta, em tom de risos. No seu confortável apartamento, com vista para o mar da Barra, a baiana recebeu a Revista do Crea-Ba e falou sobre seus planos para o futuro, o assédio que vem recebendo dos partidos políticos que a querem na política e outros temas polêmicos, como o julgamento do mensalão. Desde setembro do ano passado, na vice-presidência do STJ, em substituição ao ministro Gilson Dipp, Eliana prepara-se agora para assumir, interinamente, a presidência da instituição, no lugar do atual presidente, que entrará em férias.

32 crea V.3, n. 40, p. 28 - jul/ago/set.2012 - Bahia

A senhora está à frente da Escola Nacional de Formação de Magistrados. Como sabemos que não é de se acomodar com uma vidinha tranquila, com certeza já começou a revolucionar aquilo lá, estou certo? Está. Como diz um jornalista lá de Brasília, onde quer que vá, sempre piso os pés no tomate. Lá, não está sendo diferente. Estou querendo mudar um pouco a orientação na formação dos magistrados. E não estou querendo fazer aquilo que as escolas estaduais já vêm fazendo, que é dar formação jurídica. Eu não quero isso, quero dar uma formação macropolítica. Política judiciária. Acho que esse é o papel da escola nacional. Em paralelo, a senhora atua como vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) interina desde setembro do ano passado. Como concilia as duas funções? Estou substituindo o vice, que está hospitalizado, e conduzindo conjun-

tamente a escola. Em janeiro de 2013, passo a substituir o presidente do STJ, que sairá de férias. A senhora tem a pretensão de chegar à presidência do STJ? Não. Eu chegarei pelo tempo, mas seria por pouco tempo, e acho que isso atrapalha a administra da instituição. De forma que não terei como alcançar os dois anos necessários, porque me aposentarei antes desse período. E já pensou no que fará depois da aposentadoria? Não. Ainda tenho dúvidas. A minha ideia sempre foi participar de uma Ong, voltada para o combate à corrupção, para a área do Judiciário, que acho importantíssima. Creio que esse poder, se houvesse vontade política, seria capaz de solucionar o problema da corrupção no País e, hoje, está havendo um pouco mais de consciência em relação a isso. Eu, pela minha experiência, acredito que poderia contribuir muito trabalhando numa Ong. Existem muitas que são sérias. Parar de trabalhar, então, não está nos planos? Não. Eu sou muito inquieta, combativa, e acredito muito nesse combate, porque tenho sido muito bem sucedida em todos os meus empreendimentos, inclusive em todas as minhas “pisadas de tomate”, termino me dando bem. Isso porque eu sou muito comedida, sei até onde eu vou, até onde chegam as minhas forças. Então, acho que tenho ainda muito a contribuir com meu País. A senhora vem sendo muito assediada pelos partidos para ingressar na política. Isso está nos seus planos? Realmente, tenho sido muito procurada pelos políticos, pois adquiri muita


«

Eu não sou muito a favor dessa questão de índole. Acho que isso não existe, o que existe é educação. Se você é educado para um país civilizado é uma coisa. Se você é educado em um país onde falta a ética, você leva ferro o tempo todo”

credibilidade popular e isso faz bem a alguns partidos. O PPS, por exemplo, é um partido que tem uma forma diferente, que se inclina mais para as questões da ética e da moral, e tem procurado candidatos com esse perfil. O PPS foi o primeiro partido a me procurar. Me ofereceram uma medalha de mérito legislativo. Depois, fui até lá, na sede deles, até para agradecer, e eles fizeram uma abordagem direta. O PV também já me abordou. No partido de Kassab (PSP), seria para sair como senadora por Brasília. Mas eu não tenho muita inclinação para a política. Nunca fui política. Acho que a gente tem que fazer o que sabe. Outra coisa é esse sistema de finan-

ciamento de campanha, que é um absurdo. Eu não vou colocar o meu pequeno patrimônio, que é fruto do meu trabalho, em risco, nem quero ser financiada por ninguém, para que ele seja meu “dono”. Sou uma mulher sem dono. De forma que é meio complicado aceitar um convite político. Mas a política a seduz? Eu acho que tudo termina no Poder Judiciário, mas passa, necessariamente, pelo Poder Legislativo. Aliás, no filme “Tropa de Elite”, a mensagem é muito positiva, porque, depois de toda a luta do capitão Nascimento, ele encontra abrigo no Congresso Nacional. Aquilo é lindo. Mas, hoje, temos uma política

V.3, n. 40, p. 29 - jul/ago/set.2012 - Bahia

crea 33


>entrevista Eliana Calmon, ministra do Superior Tribunal de Justiça

«

Sem sombra de dúvidas. Todas as vezes que existir uma impunidade, existe também estímulo para que isso continue. Quando há a condenação, a repressão, as pessoas recuam”

nacional que foi dominada por uma linha que é completamente absurda. Estamos elegendo, como presidente do Senado, Renan Calheiros. Isso é um absurdo! Vamos eleger, como presidente da Câmara, Henrique Alves! São pessoas que não têm credibilidade, do ponto de vista da ética e da moral... Estamos orgulhosos, politicamente, de empossar José Genoíno, que acaba de ser condenado por crimes gravíssimos, no Supremo Tribunal Federal (STF). E sabemos que dificilmente a pena dele vai cair, porque será o próprio STF que julgará os recursos. E se utilizaram desse expediente regimental para empossá-lo. Um acinte ao Poder Judiciário. Esse é o Congresso que nós temos. Precisamos melhorar? Precisamos. Mas será que eles querem melhorar? Tenho muitas duvidas a esse respeito. Quem seria Eliana Calmon no Congresso Nacional. Ali é que eu tenho medo de “pisar no tomate”. E o Poder Executivo, não a interessa? Muita gente diz que vou acabar indo para lá, que irei para o Ministério da Justiça, para a Advocacia Geral da União, mas o Executivo é também um problema sério. Nem a presidente da República tem carta branca. Ela é refém de Lula, dos partidos aliados, do PMDB... E eles estão ganhando força agora, estão dizendo que vão colocar ela nos eixos. Então eu pergunto: é possível chegar a um ministério des-

34 crea V.3, n. 40, p. 30 - jul/ago/set.2012 - Bahia

ses com carta branca? Lógico que não. Para eles, seria bom colocar lá alguém que tenha credibilidade popular, dariam uma satisfação ao povo, mas acabariam com a minha credibilidade. Me matariam de inanição. Com todos os defeitos, tive independência para fazer o trabalho que fiz na Corregedoria. Como a senhora está viu o julgamento do mensalão? Fiquei muito satisfeita. Não pelo resultado, mas pelo seguimento das coisas, pela clareza com que os votos foram dados, pela postura assumida pelos ministros, que expressaram-se em uma linguagem compreensível. Porque eu entendia que o Judiciário, por meio do STF, falava uma linguagem tão hermética que até nós, que somos de lá, muitas vezes, não entendíamos. Eram aqueles votos enormes, imensos, cheios de tecnicismos. De forma que o julgamento do mensalão foi tão claro que os brasileiros o seguiram como seguem uma novela. As pessoas iam para casa mais cedo para ouvir os ministros. Acompanharam tudo, porque entendiam o que os ministros estavam fazendo. O que a gente pode tirar de aprendizado desse julgamento? Tiramos a lição de que o povo quer que a Justiça funcione. E esse é um grande avanço para a Justiça brasileira, saber que conta com um povo

que deseja realmente que as coisas funcionem. A senhora acha que as condenações servirão de exemplo para que outros políticos, gestores públicos ou empresários pensem duas vezes antes de cometer crimes contra o erário? Sem sombra de dúvidas. Todas as vezes em que existe uma impunidade, existe também o estímulo para que isso continue. Quando há a condenação, a repressão, as pessoas recuam. E eu acho que, a partir de agora, teremos um grande divisor de águas. Isso porque, até então, nunca tivemos um julgamento de poderosos, de crime de colarinho branco. O STF ficava com aquelas teses de “garantismos”, criadas pelos grandes escritórios de advocacia de São Paulo, e nunca enfrentou as coisas como deveria. Tanto que os advogados de defesa dos acusados do mensalão tinham consciência absoluta de que seus clientes não seriam condenados, que o julgamento seria como estavam acostumados a ver. Até saiu publicada uma foto, em um jornal, que pretendo recuperar e colocar em um quadro. É de um grupo desses grandes advogados rindo à ponto de se virarem pra trás, como se estivessem felizes, com a certeza da absolvição de seus clientes, num deboche absoluto. Aquilo me indignou. Era esse o resultado que a senhora esperava? Não. Eu esperava que o relator (Joaquim Barbosa), que eu conheço bem, tivesse aquela postura, mas não pensei que houvessem tantas adesões ao voto do relator. Eu estive conversando com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fui me despedir dele, e perguntei-lhe qual a expectativa. Ele me disse que não tinha a menor ideia. O que eu posso dizer é que as


provas são muito contundentes. Eles (os acusados) não tiveram nenhuma preocupação em esconder as provas. Vivemos uma crise de ética? Ah sim, porque é do ser humano querer se dar bem. Essa crise de ética na política, nos poderes públicos, irradia para a população. Onde começar essa limpeza ética? Tem que ser no Estado, que deve dar o exemplo. O Estado, na medida em que este está contaminado com essa infiltração de pessoas que só querem se dar bem, torna a população refém, muito embora esta não concorde. A população sempre está do lado certo. Ou fazemos uma reforma política, que nos coloque num patamar de ética, ou não teremos um povo ético.

«

Precisamos melhorar? Precisamos. Mas será que eles querem, efetivamente, melhorar? Tenho muitas duvidas a esse respeito. Quem seria Eliana Calmon no Congresso Nacional. Ali é que eu tenho medo de pisar no tomate”

Em sua opinião, a ética pode ser adquirida ou ela diz respeito apenas a índole da pessoa? É um exercício. Eu não sou muito a favor dessa questão de índole. Acho que isso não existe, o que existe é educação. Se você é educado para um país civilizado é uma coisa. Se você é educado em um país onde falta a ética, você leva ferro o tempo todo. E você acaba entrando no campo da Lei de Gérson, de se dar bem. Em um momento em que o País começa a caminhar certo, começa a respeitar os seus direitos, você intui que tem de andar dessa forma também. Ninguém se incomoda de jogar lixo na rua, porque sabe que não existe sanção para isso. No dia em que houver, as pessoas deixarão de jogar.

MBA É NO INBEC * P R O G R A M A

D E

B O L S A S

D E

E S T U D O

IN S T I T U TO BR A

E EDUCAÇÃO CO OD NT

INB

I

AD A

- MBA Construções Sustentáveis - LEED - Green Building - Últimas Vagas

EI R

NU

C UR S OS DE R EFERÊNCI A - I NSCRI ÇÕE S ABERTA S

SIL

CADASTRE-SE NO NOSSO SITE E CONCORRA A UMA BOLSA INTEGRAL

EC

- MBA em Gerenciamento de Obras e Tecnologias da Construções - MBA em Infraestrutura de Transportes e Rodovias - Especialização em Engenharia Diagnóstica: Patologia e Perícias na Construção Civil - Especialização em Engenharia de Poços de Petróleo e Gás * Válido para Cursos oferecidos pela UNICID e administrados pelo INBEC.

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: INBEC-BA: INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA Rua Alceu Amoroso Lima, 786 - Ed. Tancredo Neves Trade Center, Sl 821 - CaminhoV.3,da Arvores n. 40, p. 31 - jul/ago/set.2012 - Bahia crea 35 Fone: (71) 3012-0076 | E-mail: bahia@inbec.com.br | Matrículas pela internet: www.inbec.com.br/ba


>Recursos hídricos

Gerenciamento das águas mobiliza especialistas

car o Urucuia. Estudos vêm sendo desenvolvidos pela Ufba, UNB e Unesp, na tentativa de definir geometria, espessura, delimitação do substrato, caracterização geológica e hidrogeológica, gerando informações técnicas fundamentais para a gestão dos recursos. Os dados serão utilizados para planejar o desenvolvimento sustentável da região e definir o limite de uso da água subterrânea sem comprometer a sua contribuição para a manutenção da vazão do Rio São Francisco.

banco de dados e capacitação técnica continuada”, explica. Pantoja explicou que a ANA vem desenvolvendo estudos no Sistema Aquífero Urucuia, um projeto orçado em R$ 4,5 milhões. “Estamos fazendo o levantamento em torno da vulnerabilidade e manejo da água, uso e ocupação do solo, riscos de contaminação, entre outros”, afirma, destacando que a agência está trabalhando com informações de 200 poços tubulares no Urucuia. Os estudos da ANA deverão ser encerrados no primeiro semestre deste ano. Segundo Maria Antonieta Alcântara Mourão, doutora em geologia e técnica do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a rede de monitoramento do órgão federal no Urucuia é composta por 38 poços, responsáveis pela geração de informações sobre o comportamento do aquífero. A meta, este ano, é implantar três poços estratigráficos. Mas, ela salienta que falta fundamentação técnica que comprove a presença de agrotóxico na água do Urucuia – uma denúncia constante dos movimentos sociais da região Oeste da Bahia. “As análises químicas não mostraram a presença de veneno, mas estamos ajustando tudo para que as dificuldades sejam contornadas e a rede integrada seja viável”. A CPRM possui 250 poços de monitoramento no País.

Monitoramento

Dados compartilhados

De acordo com Márcia Pantoja, gerente de águas subterrâneas da Agência Nacional das Águas (ANA), a gestão integrada de recursos hídricos é complexa devido à variedade de componentes físicos, legais e políticos. “A gestão de água superficial e subterrânea não pode ser separada. Para que o gerenciamento ocorra, é necessário disponibilização de recursos financeiros, ampliação da articulação entre as instituições, implantação de um

O geólogo Renato Andrade, analista técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-BA), chama a atenção dos representantes da ANA e CPRM para a necessidade de atuação integrada dos órgãos e união de esforços para a formação de um banco de dados com informações consistentes, que permitam a gestão adequada do Urucuia. “A legislação sobre água subterrânea não é unificada. Minas Gerais, por exemplo,

Estudos sobre o Aquífero Urucuia põem em discussão a necessidade urgente de uma gestão integrada Por Nadja Pacheco

descaso com as águas subterrâneas e superficiais brasileiras não se restringe somente à questão ambiental. A falta de gestão integrada desses mananciais e o desconhecimento, por parte da população, são problemas antigos no Brasil. O assunto passou a ser discutido no mundo na década de 90, mas, por aqui, ainda é impossível prever uma data para o início deste gerenciamento. Preocupados com o tema, geólogos, hidrogeólogos, hidrólogos, técnicos de órgãos dos governos estadual e federal e representantes de instituições de ensino participaram do Seminário Nacional Sobre o Sistema Aquífero Urucuia (SAU), realizado em Salvador, em dezembro de 2012. Majoritariamente situado na Bahia, onde ocupa 142 mil km, o SAU se estende também pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí, Goiás e Minas Gerais, interferindo nas bacias dos rios São Francisco, Tocantins e Parnaíba. Recentemente, a universidade assumiu a tarefa de desmistifi36 crea V.3, n. 41, p. 36 - out/nov/dez.2012 - Bahia


POR DENTRO TÍTULO DO GRÁFICO DO AQUÍFERO PI TO

SISTEMA SAU CÁRSTICO-FISSURAL OCIDENPROVÍNCIA TAL TOCANTINS

SAU CENTRAL

SAU ORIENTAL

SISTEMA CÁRSTICO-FISSURAL CRÁTON DO SÃO FRANCISCO

PI BA BA TO

PLUVIOSIDADE MÉDIA 1.500 (mm)

1.400

1.300

N

Gilbués (PI)

Nono nono non, nnon, non nononnon ESTRUTURA COMPLEXA É nonon non nononon nononon non, no nono non, nnon,ESPECIALISTAS non nonoon. DESAFIO PARA

1.200 1.100

1.000

900

Formosa do Rio Preto (BA)

800

ÁREA DE RECARGA PRINCIPAL DO SAU Rio Corrente

Rio Corrente METROS

1.000

POSSE

900

A

800

B

700

C

SRA. Mª DA VITÓRIA CORRENTINA

Luís Eduardo Magalhães (BA)

Rio São Francisco

Barreiras (BA) Taguatinga (TO)

D

SÃO FÉLIX DO CORIBE

600 500 SISTEMA AQUITARDE-AQUÍFERO

Rio Formoso

Rio da Prata

TO GO

Rio Arrojado

Correntina (BA)

CONVENÇÕES GEOLÓGICAS

GO BA

CONVENÇÕES HIDROGEOLÓGICAS

MESOZOICO (Neocretáceo) Grupo Urucuia

Nível estático regional Nível potenciométrico Eixo divisor do fluxo subterrâneo

Formação Serra das Araras

Posse (GO) BA MG

Rios Nascentes

Formação Posse NEOPROTEROZOICO Grupo Bambuí ARQUEANO/PALEOPROTEROZOICO

Paleoventos

A D

Complexo gnáissico-migmatítico de Correntina

Saiba mais sobre o Urucuia >O Oeste baiano é responsável por 40% da área irrigada da Bahia; >A Bahia também possui os aquíferos cárstico da região de Irecê, de São Sebastião no Recôncavo e da Bacia Sedimentar de Tucano. >A idade aproximada do SAU é de 65 milhões de anos. >Existem 1.433 poços e nascentes cadastrados no SAU

>

90%

das águas do rio São Francisco, na época de seca, vêm do SAU.

140 mil hectares do Oeste baiano são irrigados

AQUÍFERO LIVRE COM NÍVEL ESTÁTICO PROFUNDO AQUÍFERO DE TRANSFERÊNCIA Função recarga do Sistema Cárstico-Fissural do Cráton do São Francisco

GO MG

possui uma lei própria de gestão das águas subterrâneas (Lei. 13771/2000). A Bahia possui apenas um capítulo na Lei que estabelece a Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei. 11612/2010). É importante que todas as informações sejam disponibilizadas à sociedade, afinal os estudos são feitos com recursos públicos”. De acordo com Zoltan Romero Rodrigues, geólogo e especialista em recursos hídricos do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), apesar de a maior parte do Urucuia estar em solo baiano, a Bahia é o estado mais atrasado em relação à questão de outorga das águas subterrâneas. “É por meio de eventos como este que tentamos chamar a atenção para a questão”. O geólogo reiterou ainda a contribuição

da gestão integrada das águas para análise dos impactos ambientais. “Os estudos da ANA e da CPRM são fundamentais para envolver usuários, órgãos gestores e sociedade. Por enquanto a situação é confortável, mas quando existirem impactos, haverá conflitos entre os seis estados”, alerta. Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Thales Sampaio afirmou que o levantamento geofísico sem controle estratigráfico não funciona. “Faremos o que for necessário na geologia, geofísica e estratigrafia para compreender o Sistema Aquífero de Urucuia e garantir a vazão do rio São Francisco e o desenvolvimento econômico”, pontuou, assegurando a alocação de recursos para que as dúvidas ainda existentes sobre o SAU sejam esclarecidas. V.3, n. 41, p. 37 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 37


>tecnologia

Inovadores por natureza Estudantes e profissionais brasileiros usam ferramentas tecnológicas para alavancar o desenvolvimento econômico do País Por Arivaldo Silva foto joão alvarez

magine acordar e não ter mais os movimentos dos membros inferiores ou superiores. A situação é comum para vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou de lesões medulares, que muitas vezes perdem a dorsiflexão – o movimento de flexão na articulação do tornozelo. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o estudante Vitor Veiga, 18 anos, quando tinha apenas 14, em 2008. Contudo, em meio ao drama familiar, o poder de se colocar no lugar do outro pode dar um rumo diferente a essa e diversas outras histórias. Comovido com a situação do irmão, Daniel Veiga, 22, estudante de engenharia mecatrônica da Unifacs, criou, em parceria com os colegas Bruno Cavalcanti e Bruno Soares, o protótipo de uma palmilha inteligente, que evoluiu para uma tornozeleira batizada de Motus (do latim movimento). A tecnologia é capaz de impulsionar o músculo que movimenta a ponta do pé de uma pessoa com deficiência, por meio da eletroestimulação, funcionando como uma central de processamento de dados ligada ao músculo por elétrodos. Os estudantes criaram a Startup Vitae – Soluções em 38 crea V.3, n. 41, p. 38 - out/nov/dez.2012 - Bahia

acessibilidade, empresa de engenharia que desenvolve produtos na área de reabilitação. O aparelho foi concebido dentro do Laboratório de Robótica, da Incubadora de Negócios Unifacs, sob a coordenação do engenheiro mecânico Thomas Buck, com consultoria de professores de fisioterapia da universidade. O projeto aguarda agora a liberação do Comitê de Ética Médica, do Conselho Nacional de Saúde, para que os primeiros testes sejam realizados. “Meu irmão sofreu a dissecção da artéria carótida, vaso sanguíneo que leva sangue do coração ao cérebro, por conta de um problema genético. O quadro evoluiu para um AVC. Parti para a pesquisa e consultei um amigo fisioterapeuta, que disse já existir um aparelho parecido para auxiliar na locomoção de pacientes com dificuldade de mobilidade. Usamos como base e criamos o Motus”, conta Daniel. capacitação

O jovem faz parte de um grupo cada vez maior de brasileiros que buscam capacitação para o salto de qualidade tão necessário para o desenvolvimento nacional. “O quanto você

está motivado é o quanto você pode alcançar. É a medida para chegar mais longe”. O Motus é uma órtese, complementa o membro danificado, diferentemente de uma prótese, que substitui um órgão. O sistema é acionado por uma conexão sem fios via rádio a partir da tornozeleira, onde está instalado um módulo de sensores que detecta as características do passo a ser dado após a retirada do calcanhar do chão: aceleração, inclinação, velocidade e deslocamento. Com o dispositivo, os estudantes venceram a edição 2011 do prêmio Ideias Inovadoras, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e receberam o prêmio de R$ 8mil, investido na patente do invento. Esse trabalho levou Daniel a Washington (EUA), em abril de 2012. Ele foi o único brasileiro, entre cem estudantes de 96 países, escolhido pela Laureate International Universities, para representar o Brasil no Clinton Global Initiative University, evento criado pelo ex-presidente Bill Clinton para premiar iniciativas inovadoras,


Daniel Veiga, estudante de mecatrônica, e atornozeleira Motus

COMO FUNCIONA central de processamento de dados O dispositivo detecta a da 1 Uma 3 Através é ligada ao músculo através de eletrodos. 2 aceleração, inclinação, eletroestimulação é O sistema é acionado por uma conexão sem fios via rádio a partir da tornozeleira, onde está instalado um módulo de sensores que detecta as características do passo a ser dado após a retirada do calcanhar do chão

habilidades em liderança e comprometimento social em universidades de todo o mundo. “A importância do Motus vai além do estímulo elétrico. Os dados armazenados no aparelho serão usados por fisioterapeutas e médicos para balizar e aprimorar o tratamento do paciente”, explica Bruno Cavalcanti. Outro dispositivo desenvolvido pelos estudantes é uma impressora braile de baixo custo que

velocidade e deslocamento

possível movimentar a ponta do pé de uma pessoa com deficiência

ganhou, pelo segundo ano consecutivo, o prêmio da Fapesb para inovação, desta vez no valor de R$ 15 mil. Fenômeno startup

Empreendedorismo social e inovação. Estas palavras traduzem o espírito dos que se dedicam à área de tecnologia de ponta. O fenômeno é chamado de startup, empresas que, geralmente, surgem em incubadoras,

com ideias promissoras ligadas a pesquisa. Estes empreendedores estão antenados com as mudanças históricas e atuam no desenvolvimento de tecnologia e conhecimento de ponta, seja dentro de empreendimentos de base tecnológica, seja em incubadoras, instaladas nas universidades, com o objetivo de gerar inovação em prol da sociedade. Projetos surgidos na capital baiana destacam-se pela inovação e uso da tecnologia em áreas distintas. Um deles é um sistema de automação batizado de “Barras de Proteção para Metrôs e Trens Metropolitanos”, que recebeu menção honrosa durante a 15ª Edição Internacional - Negócios nos Trilhos, que ocorreu em novembro do ano passado na capital paulista. Desenvolvido pelos baianos João Marques (tecnólogo de petróleo e gás), Álvaro Lessa (inventor e projetista) e Daniel Santos (metalúrgico), o invento foi escolhido entre mais de 30 projetos de renomadas empresas do segmento metroferroviário de todo o País. “Os acidentes em estações são rotineiros. Sem a proteção adequada, são ainda mais frequentes. Esperamos que Salvador seja a primeira cidade a usar este equipamento”, afirma João Marques. Incentivo e Inovação

No bojo das inovações tecnológicas que estão surgindo, o Parque Tecnológico da Bahia tem papel importante, com seus grupos de pesquisas divididos nas áreas de: tecnologia da informação e comunicação, energia e engenharias e biotecnologia e saúde. O empreendimento conta hoje com as seguintes empresas: IBM, Unigel, Softwell, Jus Brasil, VCR Informática, Cetene, Prodeb, Grupo Meta, EriccsonInovação, Indra. Implantado em 2007, o Programa Estadual de Incentivo à Inovação Tecnológica – Inovatec – dispõe V.3, n. 41, p. 39 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 39


>Tecnologia de R$ 15 milhões em recursos do Fundo de Investimento Econômico e Social (Fies) para fomentar projetos que contribuam para o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado. As incubadoras

Segundo dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a Bahia é o sexto Estado com mais pesquisadores no País e o primeiro do Norte/Nordeste. De acordo com o secretário estadual de Ciência Tecnologia e Inovação, Paulo Câmara, o cenário é propulsor e o investimento é indispensável para o desenvolvimento de uma cultura de empreendedorismo. “No Tecnocentro, já temos nove empresas totalmente voltadas para a sinergia inovadora. E novos investimentos estão sendo feitos. Agora, o programa será estendido para cidades do interior, como Ilhéus, Itabuna, Vitória da Conquista e Feira de Santana”. O Tecnocentro, edifício central do Parque Tecnológico da Bahia, foi inaugurado em setembro de 2012 e, nele, foram investidos R$ 53,3 milhões do ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e R$ 7,1 milhões de contrapartida do Governo da Bahia. Todo esse investimento, objetiva abrigar pequenas, médias e grandes empresas a fim de gerar novos negócios e impulsionar a economia baiana. Dados do estudo Demografia das Empresas 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que quatro em cada dez empresas fecham após os dois primeiros anos. Já o estudo do Sebrae, Taxa de Sobrevivência de Empregos no Brasil, de 2011, indica que mais de 1,2 milhão de novos empreendimentos formais são criados anualmente no País. Desse total, mais de 99% são micro e pequenas empresas e Empreendedores Individuais (EI). 40 crea

A quase inacreditável revolução da bio-retina Em meados dos anos 1960, quando a série de ficção científica Jornada nas Estrelas - Star Trek estava no auge, o engenheiro-chefe da nave Enterprise, comandante Geordi La Forge, chamava atenção por conta de um acessório que utilizava como visor. Portador de cegueira congênita, La Forge usava uma prótese que funcionava como uma espécie de retina artificial, transformando sinais luminosos em imagens enviadas diretamente ao cérebro, fazendo-o enxergar. Hoje, os avanços da bioengenharia focados em regeneração ocular divulgados em pesquisas da Universidade de Cornell (EUA), e de uma empresa de Israel, rompem as barreiras entre ficção e realidade e trazem esperança a pessoas que perderam a visão, por doenças oculares degenerativas. Batizada de bio-retina, o invento é um chip com uma célula fotovoltaica implantada por meio de uma incisão e fixada na retina. O chip é alimentado por uma fonte de lasers instalados nos óculos do paciente.

Outro vetor de crescimento destas empresas são as incubadoras, como a de Base Tecnológica da Escola Politécnica da Ufba – a Inovapoli, ambiente onde são gerados produtos, processos ou serviços a partir de pesquisas aplicadas, nas quais a tecnologia representa alto valor agregado. De acordo com o conselheiro do Crea-BA e diretor da Escola Politécnica, engenheiro civil Luís Edmundo Campos, as universidades e o governo estão estimulando as ideias dos empreendedores. “É preciso fomentar o empreendedorismo desde a universidade para mudar a cultura do estudante em relação ao mercado. Na Bahia, o profissional, não só de engenharia, conclui a faculdade para ser empregado. Não existe inovação sem empreendedorismo”. E para isso, segundo ele, a incubadora é fundamental. “Se a incubadora consegue proteger a empresa nesse período, consegue-se melhorar a situação do País e dar mais emprego e renda para a população”.

A linguagem do empreendedorismo tecnológico Startup > A expressão em inglês é usada nos EUA há várias décadas. No entanto, foi com a chamada bolha da Internet, entre 1996 e 2001, que o termo começou a ser usado no Brasil como sinônimo de um grupo de pessoas trabalhando em ideias que podem gerar dinheiro. Startup também é aquela ebulição criativa, própria de quem inicia uma empresa e a coloca em funcionamento. Incubadora de base tecnológica > É um ambiente que permite o acesso a serviços especializados, orientação em gestão, espaço físico e infraestrutura técnica, administrativa e operacional, para o desenvolvimento de empreendimentos inovadores.


>educação

O domínio dos técnicos no mercado Opção por cursos profissionalizantes, uma constante em países ricos como Japão e Alemanha, começa a ganhar força no Brasil Por Nadja Pacheco fotos joão alvarez

m estudo inédito realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) revela a necessidade de mão de obra qualificada para a indústria até 2015, com a previsão de 7,2 milhões de vagas para técnicos. De acordo com o levantamento, dos 24 milhões de jovens brasileiros (18 a

24 anos), apenas 3,4 milhões (15%) ingressam nas universidades. A escolha pelos cursos profissionalizantes, apesar de não ser uma realidade no Brasil, onde apenas 6,6% dos estudantes fazem esta opção, é uma constante em países ricos como Japão e Alemanha, onde 50% dos jovens preferem o ensino técnico.

A pesquisa sinalizou a região Sudeste como a que vai demandar mais mão de obra, 57,6%, o que representa abertura de oportunidades para cerca de 4,13 milhões de técnicos. A previsão é que, até 2015, o Nordeste empregue 854,5 mil profissionais de nível médio. Este foi o cenário apresentado durante o 1º Encontro de Técnicos Industriais da Bahia, realizado em 17 de dezembro do ano passado, em Salvador. Promovido pelo Crea-BA, Mútua e Sindicato dos Técnicos Industriais da Bahia (Sintec), o evento abordou o mercado de trabalho, a formação, o perfil, a regulamentação e a representação da categoria. Segundo o gerente do Senai-Cetind, Alex Santiago, existem 177 ocupações diferentes para a área técnica e as maiores demandas se concentram nas seguintes áreas: controle de procedimentos, eletrônica, eletricidade, desenvolvimento de sistemas e aplicações e operação de computadores. “O Brasil precisa de um modelo de educação que consiga potencializar o seu desenvolvimento econômico e

O 1º Encontro de Técnicos Industriais da Bahia abordou o mercado de trabalho e a formação da categoria

V.3, n. 41, p. 3 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 41


>educação

“É necessário ampliar a participação dos técnicos nas questões políticas do Confea-Crea, mas é preciso que eles procurem organização por meio das entidades” Sérgio Souza, presidente do Sindicato dos Técnicos Industriais da Bahia (Sintec)

"A Bahia é o único estado do Nordeste que continua vendendo projetos, pois possui um potencial inexplorado de 10 vezes o valor comercializado. Temos condições excepcionais" Rafael Valverde, superintendente de Indústria e Mineração da Bahia

social”. Santiago diz que o desafio do Senai é abrir quatro milhões de matrículas até 2014 em suas 809 unidades operacionais. “Em 70 anos qualificamos aproximadamente 55 milhões de pessoas. Queremos continuar formando bons técnicos para o mercado brasileiro”. As expectativas em torno do crescimento do mercado baiano são positivas. Foi o que sinalizou Rafael Valverde Souto, superintendente de Indústria e Mineração do Governo 42 crea V.3, n. 40, p. 42 - jul/ago/set.2012 - Bahia

da Bahia. O representante da gestão estadual reiterou a importância da formação de mão de obra para atender a grande demanda prevista para os próximos três anos: que é a geração de 82 mil empregos, abertura de 510 indústrias e o investimento de U$ 34 bilhões. Segundo ele, o reflexo do aumento de oportunidades para os profissionais de nível médio é a transformação do Polo de Camaçari, que deixou de ser petroquímico, passando a abrigar outros negócios.

Energias renováveis

De acordo com Rafael Valverde, a Bahia possui 59 projetos de energia eólica. “A Bahia é o único Estado do Nordeste que continua vendendo projetos, pois possui um potencial inexplorado de 10 vezes o valor comercializado. Temos condições excepcionais de vento e de comercialização”, afirma, destacando que Camaçari caminha para ser o maior potencial eólico da América Latina, com a geração de oito mil empregos na área. Segundo o superintendente, a Bahia também é a segunda fonte de energia solar com maior potencial do Brasil. De olho nesse mercado de energia renovável, a Alstom instalou uma de suas fábricas de produção de aerogerador em Camaçari em 2011. Segundo o gerente de recursos humanos da multinacional, Fernando Picolo, a região Nordeste detém o maior potencial eólico brasileiro (75GW). “Vinte e cinco por centro da energia do mundo é Alstom, não poderíamos ficar longe deste mercado”. Sobre o empenho do profissional baiano, Picolo afirmou que a empresa está satisfeita. “Não temos do que reclamar até aqui. podemos constatar que o nível dos técnicos é excelente”. Segundo o gerente, a multinacional, que é formada por um quadro 100% técnico, deve empregar mais 60 profissionais de nível médio este ano. “Viemos para fazer da Bahia o futuro do Brasil”. Perfil

Gostar da área industrial, analisar criticamente fatos e dados, ter iniciativa e ser capaz de trabalhar em equipe são alguns dos pré-requisitos adotados pela Braskem para contratar seus profissionais. A empresa possui 7.600 funcionários e 3.900 atuam na carreira técnica operacional (51%). De acordo com Nadja Mello Silva, geren-


Jessé Lira (Sintec-PE); Marco Amigo ( Crea-BA); Sérgio Souza ( Sintec-BA) e Luis Roberto Dias (Sintec-GO)

>

27.263 técnicos estão registrados no CreaBA e 442 mil, no Confea;

R$ 2 mil é a remuneração inicial;

30% da produção industrial da Bahia está focada no petróleo; O estaleiro Enseada do Paraguaçu vai gerar

7 mil empregos e deve funcionar em janeiro de 2014; A Bahia é o

5º maior produtor de veículo e de minérios do País

te de educação industrial da multinacional, criatividade, determinação, maturidade e confiabilidade também são características analisadas. A gerente destacou os programas de formação de operadores e de estágio técnico. O primeiro, com duração de 18 meses, visa atrair e formar novos talentos para ingressarem na carreira de operação industrial. O segundo investe em jovens talentos e oferece oportunidades para o início da carreira profissional. “Iremos contratar, nos próximos cinco anos, 895 técnicos, então é importante que os jovens estejam atentos a essas iniciativas”, ressalta, destacando ainda o portal Jovem Braskem (www.jovensbraskem. com.br), canal criado com a proposta de interação e troca através das comunidades, compartilhamento de

dúvidas nos chats, de links úteis e artigos e inscrição de currículos. Regulamentação

A representatividade dos técnicos no Sistema Confea/Crea ainda está sendo construída. Segundo Sérgio Souza, presidente do Sindicato dos Técnicos Industriais da Bahia (Sintec), o plenário do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia e de alguns Creas do Brasil já é composto por profissionais de nível médio, mas na Bahia ainda não existe representação da categoria. Segundo ele, é importante inserir esses profissionais nas discussões políticas. “São necessários esforços, a fim de ampliar a participação dos técnicos nas questões políticas do Sistema Confea-Crea, mas é preciso que eles procurem organização por meio das entidades.” V.3, n. 41, p. 43 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 43


nonono oononono

>Construção civil

A ordem é Reciclar e ser sustentável Considerada exemplo no segmento, a Arena Fonte Nova reaproveitou 100% dos materiais da demolição do antigo estádio Por Ronaldo Brito

crescimento da indústria da construção civil na Bahia tem rendido números estratosféricos. Somente em 2011, segundo dados da Ademi-Ba, foram lançadas no mercado local quase 13 mil novas unidades. O setor é também um dos recordistas na produção de resíduos sólidos. As perdas, oriundas do desperdício de materiais e do refugo das demolições, levaram as empresas do segmento a buscarem soluções para o reaproveitamento do que iria parar no lixo. Um dos casos mais emblemáticos foi o do antigo estádio da Fonte Nova. Sua demolição, para dar lugar à nova arena que sediará algumas das disputas de futebol da Copa do Mundo de 2014, gerou aproximadamente 77,5 mil toneladas de resíduos. O que, em outros tempos, teria como destino os parcos aterros da cidade ganhou novas funções. As mais de mil toneladas de aço resgatadas da demolição foram parar nas siderúrgicas. Parte do material foi transformado em souvenires que, após serem comercializados, renderam recursos para as Obras Sociais de Irmã Dulce (OSID). Outras 40 mil toneladas ga44 crea V.3, n. 41, p. 44 - out/nov/dez.2012 - Bahia

nharam vida e se transformaram em arte pelas mãos do artista plástico Bel Borba, que criou esculturas, reunidas na exposição Aqui. 7 elementos, mostrada nos principais museus da cidade, a exemplo do Palacete das Artes, onde as peças expostas tinham até quatro metros de altura. parcerias

A reutilização, segundo o diretor de engenharia da Arena Fonte Nova, José Luiz Góes, foi de 100%. “Os resíduos tiveram os mais diversos fins. Desde o uso de materiais para confecção dos uniformes dos operários até o reaproveitamento de parte dos resíduos para o corpo de prova de concreto.” A iniciativa não é a única. De acordo com Natasha Thomas, assessora técnica do Sinduscon-Ba, a reutilização dos resíduos tem sido prática comum nas construtoras. “O Sinduscon-Ba vem fortalecendo a cada dia as parcerias com o Sistema S (Sebrae, Senai e Sesi)”. Além destes, a parceria também foi estabelecida

divulgação

com universidades e com o Ministério Público no intuito de melhorar o cenário da construção civil na Bahia. Seja através de palestras, seminários e cursos, seja no fortalecimento de ações e no desenvolvimento de diagnósticos quantitativo e qualitativo da geração, coleta e destinação dos resíduos. O compromisso do Sinduscon-Ba com a gestão dos resíduos o levou a integrar o Grupo Gestor de Resíduos da Construção Civil, que faz parte da Comissão do Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC). Este grupo, como explica Thomas, desenvolve trabalhos em função da das Políticas Nacionais de Resíduos Sólidos.


Segundo dados da Limpurb, o volume de resíduos sólidos gerados pelas construtoras tem crescido na proporção do mercado imobiliário. Em 2011, de acordo com o órgão, foram gerados 708 mil toneladas de resíduos. Nos últimos cinco anos, a média foi de 583 mil toneladas/ano. A escassez de aterros específicos também tem sido uma preocupação do setor. Para driblar a situação, a resolução determina que os grandes geradores de resíduos sólidos (acima de 2m) elaborem projetos de gerenciamento, com o objetivo de estabelecer procedimentos necessários ao manejo e destinação. Na capital baiana, segundo o Sinduscon-Ba, os resíduos classificados na categoria C (para os quais não foram desenvolvidas tecnologias economicamente viáveis) vão para o Aterro Revita, que hoje funciona como uma área de transbordo e triagem. Já os metais e plásticos (B) seguem para as cooperativas de reciclagem, enquanto a madeira é destinada a indústrias como a de cerâmica. “Já o material classificados pelo Conama como C e D são dirigidos aos aterros sanitários próprios para resíduos perigosos

onde devem passar por processos de tratamento antes da disposição final”, garante a técnica. Já os pequenos geradores transferem para o poder público municipal a responsabilidade de gerir os resíduos que produzem. Na capital baiana, existem hoje apenas dois Pontos de Descarga de Entulho (PDE), também chamados de “ecopontos”, disponibilizados a estes pequenos produtores de resíduos pela prefeitura. No âmbito do Sinduscon-Ba está sendo elaborado um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção, assim como o desenvolvimento de um sistema declaratório dos geradores, transportadores e áreas de destinação. Reaproveitamento

Para o sindicato dos empresários da construção civil da Bahia, casa de ferreiro não é espeto de pau. Na nova sede que a entidade está construindo, o projeto obedece aos critérios de sustentabilidade do Selo de Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental). “Além de estar incorporando inovações tecnológicas de eficiência energética, de consumo de água, mate-

O reaproveitamento e a destinação dos resíduos mobiliza empresários da construção civil. À esquerda, trabalho de Bel Borba, que transformou entulho em arte

riais e sistemas inovadores, temos o compromisso de reaproveitar 15% dos resíduos gerados durante a construção e durante a demolição da casa, onde será erguido o novo prédio”. Foi essa mesma preocupação que levou a Arena Fonte Nova a difundir a imagem de empresa sustentável. "Criamos quatro ecopontos para a coleta e posterior reciclagem, em parceria com o Renove”, diz o engenheiro da obra. Exemplos como esse tem sido seguidos por outras empresas que atuam no segmento. Ações como esta, além de resolver as questões ambientais ainda tem alcance social. No caso da confecção dos uniformes, a partir de material reciclado da demolição, o Projeto Axé garantiu trabalho para seus assistidos, que trabalharam na produção das roupas, criadas pela estilista baiana Luciana Galeão. V.3, n. 41, p. 45 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 45


>energia

O futuro está próximo A implantação do Smart Grid – sistema de redes inteligentes – é fundamental para a melhoria do sistema elétrico brasileiro Por Cíntia Ribeiro Foto João alvarez

ocê já imaginou saber, em tempo real, o consumo exato de cada eletrodoméstico, identificando os horários de pico? Ou então, um cenário ideal onde as concessionárias são avisadas automaticamente, via dados digitais, sempre que houver interrupção ou outro problema na transmissão de energia, eliminando a necessidade de contato do cliente? Essas são apenas algumas funcionalidades da tecnologia Smart Grid – que , aplicada aos sistemas elétricos, é chamada de Redes Inteligentes de Energia. Em linhas gerais, pode-se dizer que as Smart Grids empregam um elevado grau de tecnologia de automação na execução das atividades inerentes ao processo elétrico, permitindo operações autônomas, favorecendo também a integração dos sistemas e dos diferentes perfis de consumo. Professora da Universidade de Brasília (UnB), com doutorado em engenharia elétrica, Cristina Silveira explica que para suprir o consumo crescente o sistema elétrico depende de uma infraestrutura de rede e de geração 46 crea V.3, n. 41, p. 46 - out/nov/dez.2012 - Bahia

inteligente e flexível. “Nas redes tradicionais de energia, essa geração segue a demanda. Em breve, entretanto, o consumo virá depois da geração – e não o contrário, como acontece hoje. Isso significa uma mudança de paradigma, no qual os fluxos de energia e comunicação unidirecionais atuais serão substituídos pelos bidirecionais”, explica a engenheira. Logica

A tecnologia ainda pouco desenvolvida no Brasil – com projetos experimentais em cidades como Aparecida do Norte (SP) – promete alterar a lógica da distribuição, medição e consumo, a exemplo do que ocorre em países como Canadá, EUA,Japão e Comunidade Europeia. Dentre os motivos para o “atraso” brasileiro estão os processos de regulamentação e padronização dos medidores e fornecedores, que precisam ser estabelecidos previamente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), antes que essa tecnologia esteja disponível para o consumidor final. “Para atender à crescente deman-

da por energia aliada à necessidade de reduzir as emissões de dióxido de carbono, é preciso dispor de um sistema elétrico capaz de enfrentar esses desafios de forma sustentável, confiável e econômica. Como a rede inteligente permite integrar fontes sustentáveis de geração distribuída, sua implantação favorece a sustentabilidade e o melhor aproveitamento dos recursos energéticos”, explica Cristina Silveira. De acordo com o diretor de gestão do setor elétrico do Ministério de Minas e Energia, Marcos Franco Moreira, no momento as ações governamentais estão voltadas para a regulação. “Precisamos definir as diretrizes para elaboração do Programa Brasileiro de Redes Inteligentes”. Ainda segundo, Moreira, desde 2010, com a criação de um Grupo de Trabalho sobre o tema, o governo tem focado no estudo da evolução das redes inteligentes no mundo. Mas a implantação das redes propriamente dita encontra-se num estágio embrionário. O que existe em termos de padronização são apenas os requisitos para a especificação de medidores eletrônicos. Ainda assim, a expectativa do setor é de que até 2020 sejam investidos R$ 15 bilhões de reais na substituição de medidores analógicos por digitais. Atento ao avanço do uso das smarts grids, o Crea, em parceria com a Coordenadoria das Câmaras Especializadas de Engenharia Elétrica, sediou um workshop sobre o tema. Para o coordenador da Câmara de Elétrica da entidade, Sérvulo de Oliveira Ramos, a escolha do Smart Grid justifica-se pelo fato de que esse sistema vem sendo adotado mundialmente como alternativa de política energética de redução de impactos. “Nossa preocupação recai na regulamentação e nas políticas de pesquisa e desenvolvimento que serão implementadas”.


O que muda com o Smart Grid Distribuição >se transforma em uma rede de energia descentralizada, com máxima eficiência para todos os participantes. Integração de infraestrutura, com maiores funcionalidades de monitoramento e controle e análise de falha. Medição >Combinam funções de medição sofisticadas, gestão de redes de distribuição e integração de sistemas de TI, desenvolvidos para atender aos requisitos do mercado livre de energia. As distribuidoras podem otimizar processos essenciais e oferecer serviços como tarifas flexíveis.

Implantação das redes inteligentes terá impacto na qualidade do sistema

Eficiência energética tem teste pioneiro em Pituaçu Um passo importante que coloca a Bahia na trilha da geração distribuída, voltada à tecnologia das redes inteligentes, é a instalação no estádio Governador Roberto Santos, localizado no bairro de Pituaçu, do primeiro sistema solar fotovoltaico em arenas esportivas da América Latina. Parceria entre a Coelba, o Governo do Estado da Bahia, com cooperação técnica da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o projeto é apontado como um marco de eficiência energética. Com um custo total de R$ 5,5 milhões e capacidade de geração da ordem de de 400 kWp (quilowatts-

-pico), a iniciativa permite que o excedente da energia gerada em Pituaçu seja lançado na rede da Coelba. Anualmente, são gerados 630 MWh (megawatts-hora) de energia elétrica. Ou seja, com um consumo médio/ano de 360 MWh, Pituaçu tem 270 MWh/ ano de excedente o que representa uma economia de R$ 120 mil/ano. Este projeto utiliza 2.302 módulos fotovoltaicos e, dependendo da área, painéis flexíveis de silício amorfo ou monocristalino. Por meio do efeito fotovoltaico, as células de silício dopado convertem a luz solar em energia elétrica. Já o faturamento mensal é feito a partir do registro do balanço energético entre a energia gerada e a energia consumida.

Consumo >O consumidor se transforma em "prosumidor" (produtor + consumidor). Poderá instalar seu próprio sistema de gestão de microenergia, contribuindo para a geração e o abastecimento. Mobilidade elétrica >pontos de recarga para veículos elétricos devem ser integrados a uma rede inteligente. O uso desses sistemas de transporte reduz a emissão de CO2.

Impacto na qualidade >Energia de melhor qualidade nos vários níveis de tensão >Aumento da estabilidade do sistema. >Menor consumo e maior eficiência operacional das concessionárias >Possibilidade de fluxo de energia bidirecional. >Maior segurança do sistema. >Melhor acompanhamento e monitoramento. >Redução dos custos de ciclo de vida dos ativos.

V.3, n. 41, p. 47 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea 47


>Artigo Glória Cecília Figueiredo

A reforma administrativa da nova gestão municipal de Salvador No bojo da polêmica sessão da Câmara municipal, que aprovou uma nova Lei de ordenamento do uso e ocupação do solo e um novo código de obras mais uma vez sem qualquer discussão e participação da população, destaca-se também a lei da Reforma Administrativa, que está conformando a gestão do atual prefeito. Aparentemente, as novas secretarias e competências municipais criadas parecem sofisticar e atualizar a Prefeitura soteropolitana, a exemplo da nomenclatura inovadora da Secretaria de Cidade Sustentável. Porém, o problema é que o “diabo mora nos detalhes”. A definição de que a Casa Civil assume competências relacionadas com as parcerias público-privadas, sem apontar mecanismos concretos de regulamentação e normatização municipal que garantam a eficiência no cumprimento das missões de Estado e o respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços é um equívoco. Até aqui e em geral, as experiências brasileiras dessas parcerias têm priorizado a alta lucratividade das empresas que assumem, quase sem risco, os contratos administrativos de concessão patrocinada ou admi-

nistrativa, mesmo que isso implique em prejuízos para a maior parte da sociedade. Outra questão é a reprodução do velho e falido mantra do turismo como principal motor econômico da capital baiana. A Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Turismo e Cultura, aponta para uma vinculação do Turismo e da Cultura, essa última se configurando mais como ativo econômico, do que como manifestação social específica, com a macro estratégia do desenvolvimento municipal. No entanto, uma estratégia eficiente de desenvolvimento, no âmbito municipal e regional, precisa potencializar, de modo equilibrado, a estruturação de outras cadeias e nichos socioprodutivos. Sobre a Secretaria Municipal de Urbanismo e Transporte, a questão que nos parece fundamental não está colocada, é a de que é necessário centrar o Desenvolvimento Urbano do Município Salvador na superação das suas desigualdades socioespaciais. Nesta perspectiva, a questão da legislação urbana pode e deve ser vista como um desdobramento do processo de planejamento, que, por seu turno, deve apoiar a gestão municipal. Portanto, uma

ampla revisão/atualização do campo normativo implica numa reestruturação das políticas públicas, orientadas para a redução das desigualdades, e do planejamento urbano e regional, numa lógica inovadora, que rearticule o processo decisório com metas claras. Sustentável

Já a Secretaria Cidade Sustentável não pode abordar a sustentabilidade de modo genérico. Para além das necessárias ações de educação ambiental, gestão de parques e hortos e preservação de áreas verdes, esse órgão precisa se debruçar sobre problemas urbanos ambientais graves. Muitas vezes, tais problemas são potencializados pela ação equivocada ou omissão de outras secretarias e órgãos

Glória Cecília Figueiredo é urbanista e diretorapresidente da Sociedade Brasileira de Urbanismo

municipais, caso dos licenciamentos aprovados pela SUCOM em áreas de proteção ambiental; do fato das ações operadas das políticas de transportes e mobilidade centrarem-se em obras viárias e pró-automóvel individual e poluente, em detrimento do transporte público e de modais alternativos e antipoluentes; da insuficiência da coleta e tratamento do esgoto que se transforma também em poluição dos corpos hídricos – nesse caso no que pese o papel da EMBASA enquanto órgão estadual é ao município quem compete, constitucionalmente, a provisão dos serviços essenciais. Por fim, gostaríamos de comentar ainda a criação da Secretaria Municipal de Ordem Pública. Sua emergência nos leva a perguntar de que concepção de ordem pública se trata? Certamente, a problemática dos ambulantes é muito mais complexa do que um ordenamento meramente formal. Estamos falando de um imenso contingente populacional que atua na informalidade para sobreviver. A inserção socioeconômica dessa população deveria integrar uma estratégia de desenvolvimento municipal e regional que se pretenda séria.

V.3, n. 40, p. 49 - jul/ago/set.2012 - Bahia

crea 49


Inspetorias

>nononono Alagoinhas Inspetor chefe: Eng. agrônomo Luiz Cláudio Ramos Cardoso Rua Dantas Bião, s/n, sala 52, Laguna Shopping, Centro. CEP: 48.030-030 Telefax: (75) 3421-5638 creaba.alag@redecreaba.org.br Barreiras Inspetor chefe: Eng. agrônomo Nailton Sousa Almeida Travessa 15 de Novembro, 21, Sandra Regina. CEP: 47.803-130 Tel: (77) 3612-3700 Telefax: (77) 3611-2720 creaba.barreiras@redecreaba.org.br Bom Jesus da Lapa Inspetor chefe: Eng. civil Fábio Lúcio Lustosa de Almeida Av. Duque de Caxias, Ed. Professor Antonio Ferreira Barbosa,493, Centro. CEP: 47.600-000 Tel: (77) 3481-0301 creaba.bjlapa@redecreaba.org.br Brumado Inspetor chefe: Eng. civil André Luís Dias Cardoso Av. Otávio Mangabeira, 210, Centro CEP: 46.100-000 Tel: (77) 3441-3326 creaba.brumado@redecreaba. org.br Camaçari Inspetor chefe: Téc. de Segurança do Trabalho e eletromecânico Fabiano Ribeiro Lopes Av. Jorge Amado, s/n, Shopping Camaçari Open Center Sala 18Térreo, Ponto Certo. CEP: 42.806-170 Tel:(71) 3621 1456 creaba.camacari@redecreaba. org.br Cruz das Almas Inspetor chefe: Eng. civil Luís Carlos Mendes Santos Rua Januário Velame, 41, Assembleia. CEP: 44.380-970 Tel: (75) 3621-3324 creaba.cruz@redecreaba.org.br Eunápolis Inspetor chefe: Eng. civil Ezequiel

Eliahu Mizrahi Rua Castro Alves, 374, Salas 02 e 03, Centro. CEP: 45.820-350 Tel: (73) 3281-2806 creaba.eunapolis@redecreaba. org.br Feira de Santana Inspetor chefe: Eng. civil Diógenes Oliveira Senna Rua Prof. Geminiano Costa, 198, Centro. CEP: 44.001-120 Tel: (75) 3623-1524 creaba.fsa@redecreaba.org.br Guanambi Inspetor chefe: Eng. agrimensor Wellington Donato de Carvalho Rua Maria Quitéria, 35, Centro. CEP: 46.430-000 Tel: (77) 3451-1964 creaba.guanambi@redecreaba. org.br Ilhéus Inspetor chefe : Eng. civil Gilvam Coelho Porto Júnior Rua Conselheiro Dantas, 81, Centro. CEP: 45.653-360 Tel: (73) 3634-1158 creaba.ilheus@redecreaba.org.br Irecê Inspetor chefe: Eng. agrônomo Marcelo Dourado Loula Rua Antonio Carlos Magalhães, 59, Centro. CEP: 44.900-000 Tel: (74) 3641-3708 Telefax (74) 3641 - 1957 creaba.irece@redecreaba.org.br Itaberaba Inspetor chefe: Eng. agrônomo Valmir Macedo de Souza Praça Flávio Silvany, 130, sala 15, Edf. Empresarial João Almeida Mascarenhas, Centro. CEP: 46.880 - 000 Tel: (75) 3251-3213 creaba.itaberaba@redecreaba. org.br Itabuna Inspetor chefe: Eng. civil Dermivan Barbosa dos Santos Rua Nações Unidas,625, Térreo, Centro. CEP: 45.600-673 Tel: (73) 3211-9343

Fax: (73) 3211-9273 creaba.itabuna@redecreaba.org.br Jacobina Inspetor chefe: Eng. agrônomo Ernani Macedo Pedreira Rua Duque de Caxias, 400A – Estação CEP: 44.700-000 Tel: (74) 3621-5781 creaba.jacobina@redecreaba. org.br Jequié Inspetor chefe: Eng. civil Deusdete Souza Brito Rua Jornalista Fernando Barreto, 133, Centro. CEP: 45.200-000 Tel: (73) 3525-1293 creaba.jequie@redecreaba.org.br Juazeiro Inspetor chefe: Eng. agrônomo Luciano César Dias Miranda Rua XV de Novembro, 56, Centro CEP:48.905-090 Tel:(74) 3611-8186 Telefax: (74)3611-3303 creaba.juazeiro@redecreaba.org.br Lauro de Freitas Estrada do Coco, Shopping Ponto Verde, s/nº, loja 17 CEP: 42.700-000 Tel: (71) 3378-7216 Telefax: (71)3288-2012 creaba.lf@redecreaba.org.br Luís Eduardo Magalhães Inspetor chefe: Eng. agrônomo Paulo Roberto Gouveia Av. JK, Qd. 91, Lote 1, Salas 1 e 3, Centro. CEP: 47.850-000 Tel:(77) 3628-6755 creaba.lem@redecreaba.org.br Paulo Afonso Inspetor chefe: Técnico agropecuário Marcos de Souza Dantas Rua Carlos Berenhauser, 322, térreo, General Dutra. CEP: 48.607-130 Tel:(75) 3281-4887 creaba.pafonso@redecreaba.org.br Ribeira do Pombal Inspetor chefe: Eng. civil Jone Souza Santos

Av. Dep. Antônio Brito, 132, Centro. CEP: 48.400-000 Tel: (75) 3276-3896 creaba.rpombal@redecreaba.org.br Santa Maria da Vitória Inspetor chefe: Eng. civil José Oliveira Silveira Rua Ruy Barbosa, s/nº, Centro. CEP: 47.640-000 Tel: (77) 3483-1090 Telefax: (77) 3483-1110 creaba.smv@redecreaba.org.br Santo Antônio de Jesus Inspetor chefe: Eng. eletricista Leonel Pereira dos Reis Neto Av. Roberto Santos, 88, Ed.Cruzeiro do Sul, salas 103 e 104, Centro. CEP: 44.570-000 Tel: (75) 3631-4404 creaba.saj@redecreaba.org.br Seabra Inspetor chefe: Eng. civil Juracy de Souza Wanderley Rua Jacob Guanaes, 565. CEP: 46.900-000 Tel:(75) 3331-1327 creaba.seabra@redecreaba.org.br Teixeira de Freitas Inspetor chefe: Eng. civil Carlos Luís Rocha Júnior Av. Presidente Getúlio Vargas, 3421, Centro, Ed. Esmeralda - salas 203 a 205, Centro. CEP: 45.995-006 Tel: (73) 3291-3647 Telefax: (73) 3291-7444 creaba.tfreitas@redecreaba.org.br Valença Inspetora chefe: Engª. sanitarista e ambiental Márcia Cristina Alves do Lago Rua Dr. Heitor Guedes de Melo,111, Ed. Argeu Farias Passos, Centro CEP: 45.400-000 Tel: (75) 3641-3111 creaba.valenca@redecreaba.org.br Vitória da Conquista Inspetor chefe: Eng. civil Marcos Santana Leite Avenida Otávio Santos, 722,Recreio. CEP: 45.020-750 Tel: (77) 3422-1569 Telefax: (77) 3427-8843 creaba.conquista@redecreaba. org.br

horário de atendimento ao público: das 8h às 12h e das 13h às 16h 50 crea V.3, n. 41, p. 3 - out/nov/dez.2012 - Bahia


CONHEÇA O verdadeiro significado DO LUXO Apartamentos exclusivos à beira-mar

Design elegante e de alta qualidade, do prestigiado arquiteto Ivan Smarcevscki, e com a assinatura inconfundível do Iberostate.

Segurança 24h • Beach Club • Centro Fitness • Spa • Centro Comercial Reserva do Mar é um projeto inspirado no clima privilegiado da Bahia e nos lindos visuais da Praia do Forte. São 36 apartamentos luxuosos, localizados à beira-mar, em uma estrutura exclusiva, que oferece serviços cinco estrelas do Hotel Iberostar. Comodidade

Segurança

Experiência única

36 unidades • 3 e 4 quartos • Aptos. térreos e duplex VISITE NOSSO STAND DE VENDAS NO RESORT IBEROSTAR. O GRUPO IBEROSTAR acredita na preservação do meio ambiente e no respeito à fauna e flora nativas.

www.iberostate.com.br 71 3676.4222

Em atenção à legislação vigente, informamos que as perspectivas, assim como as cores, objetos, móveis e decoração contidos neste folheto têm fins meramente ilustrativos, podendo sofrer alterações de cor, textura, acabamento e composição, não integrando o contrato de compra e venda. Incorporador/Construtor: Ibérica Construções e Incorporações Ltda., CNPJ no 10.863.415/0001-42. Responsável técnico: Mariana Wenck Martins, CREA/BA no 32723. Registro de incorporação na matrícula 15.166 do Ofício de Registro de Imóveis da Comarca de Mata de São de João/BA. Responsável pelas vendas: Remax – CRECI 1016, Brito & Amoedo – CRECI J 1063 e Ponto 4 & Coelho da Fonseca – CRECI J 1195.


anúncio mútua


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.