ARAUTO OUTUBRO - 2023

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Boletim Informativo da Casa do Povo de Vilarandelo - Concelho de Valpaços Direct. Edit.: DIREÇÃO DA CASA DO POVO DE VILARANDELO - Comp. Luís Cancelinha | Imp. Gráfica Sinal - Chaves

OUTUBRO

2023

| II SÉRIE

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NÚMERO 73

O Pastor

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Desde Março de 1974

Visita ao Lagar d’Azeite

Editorial Caros(as) leitores, O mundo virtual tomou conta da vida das pessoas. As redes sociais mais do que nunca fazem parte da rotina de muita gente, chegando mesmo a trazer problemas de relacionamento, comunicação e administração do tempo. Parece que já nem sabemos viver sem a comunicação virtual. Estamos perante uma transformação da rotina de crianças, jovens, adultos e também dos idosos, que descobriram a internet como um meio de terem mais atividades e de comunicarem com seus familiares que moram em lugares distantes. Existem muitos fatores positivos na utilização das redes sociais, como por exemplo, a troca rápida de informações, a atualização em tempo real do que acontece, permitindo que pessoas que estão longe vivenciem os acontecimentos como se tivessem estado presentes no local. Contudo, o uso excessivo ou indiscriminado da internet, juntamente com as redes sociais, pode trazer resultados negativos nas relações pessoais, na socialização, na comunicação com os mais próximos, além do mau desempenho profissional. O ideal é manter o equilíbrio ao utilizar essa maravilhosa e fascinante ferramenta de comunicação, tirando proveito de todas as coisas boas que o acesso às redes sociais proporciona. O que não se deve esquecer, é que existe vida fora do ambiente virtual. A família, os amigos e todas as atividades não devem ser prejudicadas por causa do uso das redes sociais. A expansão das novas tecnologias digitais revolucionou também a forma como as empresas e demais organizações atuam e como comunicam.

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página 7

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Dia Mundial da Dança página 7

VERDADE NUA E CRUA Informação

A BICA

página 9

História da Nossa

Vila

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JUNTA DE FREGUESIA DE

Editorial

Esta realidade tem vindo a remodelar os ambientes digitais como uma espécie de imposição, obrigando as organizações a virar os seus esforços para acompanhar as alterações. A digitalização permite aumentar a eficácia e a eficiência das organizações, tirando proveito das tecnologias digitais para alcançar objetivos e benefícios mútuos para a organização, os utentes e os funcionários. Verificamos um aumento nas exigências da população que está cada vez menos paciente, procurando por soluções imediatas. A Internet permite que diversas questões sejam respondidas em tempo real, oferecendo toda a informação que se procura. Os canais digitais podem contribuir para a sustentabilidade organizacional, mas são manifestamente insuficientes. Estas ferramentas são essenciais, mas em termos práticos geram erros e constrangimentos que por vezes são de difícil resolução prática. Não podemos esquecer que os recursos humanos são imprescindíveis para o desenvolvimento, implementação e acompanhamento das aplicações bem como na resolução de erros e constrangimentos. As pessoas são de extrema importância para o sucesso de uma organização, pois são elas que gerenciam e comandam a empresa; são elas que executam, controlam atividades e processos. Alguns autores afirmam que a empresa é um organismo vivo, pois a dependência e influência das pessoas são enormes, é por esse motivo que deve ser dada atenção especial ao desenvolvimento dos fatores humanos na empresa com o propósito de aproveitar o talento dessas pessoas nas mais diversas atividades da organização. Sendo as pessoas a base do sucesso de qualquer empresa ou organização, é sem dúvida no setor social que este fator assume uma importância crucial. De facto a digitalização e as redes sociais, não poderão nunca substituir o conforto de um abraço, de um carinho, de uma palavra amiga dita no momento certo, de um sorriso franco e aberto ou mesmo do simples reconhecimento de uma pessoa conhecida num local inesperado. Votos de uma boa leitura. A Presidente da Direção da Casa do Povo de Vilarandelo,

Isabel Sequeira

VILARANDELO

Caros Leitores, Gostaria de deixar um agradecimento público a todas as associações e a todos os Vilarandelenses que de uma forma ou de outra tomaram iniciativa e contribuíram para que a agenda cultural, desportiva e festiva, que normalmente decorre no mês de agosto, tivesse sido realizada o mais próximo possível daquilo a que todos estamos habituados. O apoio, que foi solicitado à Junta de Freguesia, foi dado e o que mais importa neste momento é estarmos unidos e olhar para o futuro com optimismo. Por falar em optimismo, as obras de remodelação da antiga escola primária decorrem a bom ritmo. De entre as várias funções que terá o edifício, uma delas será a existência de uma sala museu com cerca de oitenta metros quadrados, devidamente equipada para o efeito. Estará dividida em duas zonas, uma delas será para receber exposições temporárias e outra dedicada a figuras relevantes da história da nossa vila, bem como outros documentos de importância histórica. Com a condição de se arranjar um sítio digno e com estas características, informo-vos, que a família da saudosa Professora Amélia Castelo cedeu à Junta de Freguesia um espólio interessantíssimo e de enorme valor, que contém muitos documentos relevantes sobre a própria, os seus alunos e sobre Vilarandelo. Além de uma entrada exterior, o museu terá também uma entrada interior, que permitirá que possa ser visitado todos os dias úteis, durante o horário normal de atendimento da Junta de Freguesia. Assim, partilho convosco uma cópia do Diploma de Funções Públicas e da Declaração de Compromisso assinada pela professora Amélia Castelo, em 21 de Maio de 1914. A Presidente da Junta de Freguesia Sónia Barreira


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CEGONHA BRANCA

Clube de Futsal da Casa do Povo de Vilarandelo Caríssimos Leitores Ai Ai futsal, se há uns anos eram mais atletas do que aqueles que se podiam inscrever, se há uns anos jogávamos à bola todos os dias, se possível em todos os intervalos da escola, após a escola e até a mãe chamar para jantar, agora é uma complicação arranjar atletas que prefiram o futsal às tecnologias e ao comodismo do sofá. Antes não havia oferta nem condições para a prática da modalidade mas havia gosto pela bola, agora há condições e oferta, não há gosto pela bola. O CPV não foge a essa tendência, qualquer dia ou acaba ou é preciso suplicar aos jovens para jogarem e honrarem os compromissos. Na época passada tivemos como equipas, os petizes, traquinas, benjamim, juniores e seniores (amadores), não conseguimos o principal escalão (sénior) por diversos motivos, assim como para a presente época que se inicia, muito por falta de poder financeiro. A época terminou em junho e foi muito positiva, principalmente nos mais pequenos. Neste novo projecto, onde para estas crianças foi o primeiro ano num clube de futsal, com treinos, jogos, responsabilidades, compromisso e dedicação, foi muito bom o resultado obtido. Quer pela evolução que se verificou, pela conquista de muitos sorrisos, de muita felicidade, novas amizades, novas aventuras, o convívio, o respeito, até mesmo tristeza e lágrimas, valores adquiridos e transmitidos, quer pelas vitórias - que apesar de ser o menos importante para nós, não o era para elas - que responderam com grande maioria de vitórias. Tudo faz parte, só é preciso passar os bons valores e conhecimentos. Para a época 23/24, não conseguindo formar novamente seniores na distrital, esperamos conseguir outro objectivo também delineado, que passa pela criação da equipa de infantis, meninos e meninas nascidos em 2011 e 2012. Sendo um grande objectivo fazer este clube um dia campeão, optamos pela formação no intuito de criar condições para futuramente, com a ajuda de velhos amigos desta família, tentar alcançar o título de campeão distrital. Para esta época teremos assim seis equipas em competição, cinco na Associação de Futebol de Vila Real e uma na Liga Desporto Amador de Valpaços, esperando que todos se mantenham até ao fim. Uma corrente só é uma corrente se os elos estiverem ligados, assim como o clube só funciona com a ajuda de todos, só assim é possível continuar com este tipo de projectos. Direcção, atletas, colaboradores/ staff, patrocinadores, adeptos, simpatizantes, Município de Valpaços, Junta de Freguesia de Vilarandelo, Casa do Povo de Vilarandelo, contamos com todos vocês. Até breve. O Presidente Tiago Barreira

Cegonha, Cegonha Branca Que há tanto tempo não vejo Será que tu trocaste Trás-Os- Montes pelo Alentejo? Cegonha, Cegonha Branca, O que andas a fazer? Volta para Trás-Os-Montes Que te queremos receber Cegonha, Cegonha Branca Que há tanto tempo não vi Vem alegrar esta gente Que tanto chora por ti Cegonha, Cegonha Branca Nunca criaste sarilhos Quando num poste ou árvore Tu criavas teus filhos Cegonha, Cegonha Branca Eras uma ave tão forte Quando trocavas o calor Por este frio do norte

Nos lameiros Piago e Quintas Tu costumavas passear Ai já não te vejo, Fica triste meu olhar! Também costumavas andar Lá pela Lama Cerdeira Foi por todos estes lados Que o homem fez asneira Mas o homem pede perdão E tu lhe vais perdoar E toda a gente do norte Cá está para te estimar Nós sempre te estimamos Tinha que assim ser Volta cá para o norte Estamos mortos pra te rever José Nogueira Cavalheiro

A paz e o amor Quero seguir a luz Que aos céus nos conduz Com verdade no coração Quero seguir a estrela Na noite mais bela E chamar-te irmão Quero seguir O caminho da paz e do amor Quero gritar Para ao mundo me fazer ouvir E que o mundo seja melhor É tempo de amar É tempo de repartir A amizade entre nós meu irmão Guerras e ódios Sejam esquecidos E corações impuros e serôdios Sejam jardins mais floridos Oferece o teu perdão E em troca receberás No teu coração O símbolo da paz

É urgente por favor Neste mundo em guerra A paz e o amor Juntos florirem na terra Vem meu irmão E segue a luz Que ilumina a escuridão E nos leva até Jesus Venham dai irmãos A paz vamos juntos construir E vamos dar a mãos Para a Jesus Cristo seguir Amais povos Amai gerações Rezai novos Pela paz das nações Carminda Fidalgo

Utente ERPI Casa do Povo de Vilarandelo


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RULOTE COMISSÃO DE FESTAS Caríssimos Vilarandelenses, Venho por este meio, ficando assim registado para sempre no Jornal Arauto e uma vez que o documento redigido na devida data se extraviou, informar o seguinte: A rulote branca que ostenta o logótipo do Centro de abate do Auto Cerdeira e com o nome Comissão de Festas de Vilarandelo, foi adquirida pela comissão de festas de 2014, oferta do Alfredo Cerdeira, e os valores da sua transformação realizados, pagos pela comissão. A mesma tinha e tem como finalidade, auxiliar todas as Associações de Vilarandelo na angariação de fundos através da sua utilização para a venda de bebidas, comidas entre outros.

Sendo prioritariamente a sua utilização concedida à comissão de festas vigente e caso esta não a necessite, poderá qualquer associação, dando conhecimento à comissão de festas (caso exista) fazer uso da mesma, ficando obrigadas a entrega-la nas mesmas condições que a encontrou e caso algo se danifique, obrigada a rectificar o dano causado. Sendo a mesma propriedade da comissão e de todas as associações, não está, nenhuma destas, na condição de a vender, doar, emprestar, danificar ou abater sem o consentimento de todas as associações/comissão de festas. A Comissão de festas 2014 Julho 2014 Responsável pela publicação, Tiago Barreira.

A propósito do estado de Kentucky, ou o elogio dos malefícios do tabaco Todos sabemos, desde os tempos do ensino secundário, dos Atlas Mundiais e da academia universitária, que Kentucky é o décimo quinto estado americano, situado na costa leste interior do país, integrando a união americana na longínqua data de 1 de junho de 1792. Contudo, para mim, o estado de Kentucky precede o conhecimento livresco das salas de aula e da cadeira de Geografia do ensino secundário. Desde petiz, frequentava ainda a escola primária, que sempre associei o nome do estado americano aos maços de tabaco com o mesmo nome. São várias as qualidades, ou a falta delas, que rapidamente me ligaram ao tabaco Kentucky. Desde logo a minha experiência iniciática com a inalação do tabaco, que redundou felizmente num tremendo fracasso. Outras adições e dependências, ocorreriam depois, contudo, todas elas benignas e sem prejuízos de monta.Vamos por partes. O meu avô paterno, de nome Francisco Moura, fumava tabaco Kentucky. De figura esquálida, alto, magro, com chapéu preto e de poucas falas, creio que eram qualidades comuns aos avós de tempos idos, era proprietário de um cavalo, o que isoladamente, era sinónimo de relevância social. Ser dono de um solípede nos anos `60 ou`70, numa aldeia algures de Trás-os-Montes – ainda faltariam muitas décadas para Vilarandelo ser mencionado nos programas televisivos de prime-time dos canais privados, ou ter honras de uma crónica numa compilação de textos de um humorista de referência no panorama humorístico nacional -, era quase equivalente a possuir um cromado Mercedes-Benz 220 D, dos nossos emigrantes dos anos`80 ou uma vivenda ajardinada de gosto discutível, nos anos `90, com as economias acumuladas a muito custo em Andorra, na França, Suíça, na Alemanha ou no outro lado do Atlântico (não necessariamente no estado norte-americano de Kentucky…). Se recuarmos para a década de 2000, creio que o mais equiparável, seria ter um cartão com acesso a um qualquer clube de férias, pelo período de uma semana, em regime de time sharing, na nossa costa algarvia. Regressemos, contudo, ao nosso ponto inicial. O meu avô, fumador dos cigarros com nome de estado norteamericano, não teria, contudo, uma grande variedade de escolha, no que a hábitos tabágicos dizia respeito; comercializados pela Tabaqueira, uma empresa fundada pelo multifacetado empresário Alfredo da Silva, no ano de 1927 – a Tabaqueira viria a ser nacionalizada na voragem da revolução de 1974 e do processo revolucionário que lhe sucedeu -, comercializava outras marcas icónicas que ficariam na memória dos portugueses ( Definitivos, Português Suave, 3 vintes (20.20.20), Porto, Ritz e Sintra, para mencionar apenas algumas). Com a distância com que escrevo, não posso precisar qual seria a apresentação com que o meu avô saciava o seu hábito diário, mas arriscaria que seria na modalidade “Kentucky soft pack”, constituída por 12 cigarros e de comprimento ligeiramente mais curto que a versão “King size”, que continha 20 cigarros e de formato mais alongado. De memória, arriscaria a considerar que ambas versões não continham filtro, o que ainda tornava a inalação do fumo resultante da combustão das plantas, num odor ainda mais desagradável, quase nauseabundo. Conhecidos na gíria dos não fumadores

(e se calhar até na denominação dos fumadores…), por “mata-ratos”, o tabaco Kentucky apenas teria expressão na comunidade tabágica pelo preço reduzido a que eram comercializados. As outras marcas já mencionadas, a que se juntaram as três gamas do tabaco SG (Gigante, Filtro e Ventil), eram bem mais caras e direcionadas para um público mais elitista. Nos anos `80 e décadas posteriores, face à falta de sensibilização das autoridades de saúde pública, desconhecimento da comunidade tabágica (ou omissão escondida dos governos, advinda das estrondosas fontes de receita que a comercialização do tabaco trazia para os cofres do Estado), era muito comum os Grandes Prémios de Fórmula 1 e rallies internacionais, serem patrocinadas por grandes marcas internacionais de tabaco, como a Marlboro (McLaren e Ferrari), a Camel (Lotus), John Player Special (Lotus), Lucky Strikes (Honda) e a Gauloises e Rothmans, no que aos rallies dizia respeito. O meu avô Francisco, que nos deixaria em outubro de 1974, num dia muito impressivo para o relator desta crónica ligeira, apenas assistiu a uma revolução nacional que acabaria com um regime de 48 anos, desconhecendo de todo os “malefícios do tabaco” (estou em crer, que nunca assistiu à representação teatral do monólogo homónimo de Anton Tchékhov – que eu ainda cheguei a estudar, mas que nunca teria honras se subir ao palco da Casa do Povo na semana das festas anuais em honra de Santa Bárbara e do Senhor dos Milagres…), ou teria folheado alguma vez a banda desenhada do inveterado fumador Lucky Luke; nunca assistiu a debates televisivos a cores onde os políticos e jornalistas fumavam como se estivessem em suas casas, nunca teria saboreado um elitista Lucky Strikes Light ou vivenciaria uma pandemia mundial na segunda década do século XXI, em que os fumadores de longa data constituíram um crítico fator da mortandade que alastrou indiferenciadamente a todas as latitudes do Mundo ou imaginaria que volvidas algumas décadas, o consumo de tabaco já não é sinónimo de classe e distinção, mas afunila os nossos hospitais de maleitas e doenças respiratórias a que os pneumologistas diligentemente tentam acudir até ao último suspiro, até que a linha do batimento cardíaco estabilize na horizontal e um sinal sonoro de fatídico pronúncio se faça ouvir de forma contínua num serviço hospitalar de UCI. Até ao derradeiro suspiro em que tudo isto se extinga e esta crónica também finaliza. Miguel Moura Scope note: esta crónica é dedicada a todos os avôs e avós que já não estão entre nós, mas que permanecem ainda nas nossas vidas. Miguel Moura é arquivista e redige com as regras ortográficas anteriores ao Novo Acordo Ortográfico.


ARAUTO VERDADE NUA E CRUA Caros leitores, Uma vez que há tantos contos e ditos sobre a festa de Vilarandelo, onde uns especulam, outros acusam, outros falam o que sabem e o que não sabem, acho que é mais que tempo de expor os acontecimentos que são do meu conhecimento para informação geral à população. A comissão de festas, bem como todas as associações são muito trabalhosas, as pessoas dão do seu tempo em prol de actividades e eventos, “perdem” o seu tempo e o tempo em família para que Vilarandelo não perca as actividades que tem, quer para dinamizar a nossa Vila, quer para oferecer entretenimento em várias vertentes aos cidadãos. Quem de algum modo já lá passou, ajudou, valoriza, quem nunca passou nem ajudou não sabe o que é e o trabalho que tais funções acarretam, talvez por isso algumas dessas pessoas critiquem e desvalorizem. Acontece que essas pessoas que vão rodando pelas comissões e as pessoas das várias associações, começam a ficar cansadas, sem vontade e sem tempo para as organizar e não havendo mais rotatividade ou ajuda, a tendência é mesmo de acabar em breve ou ser bem mais fraca e curta em relação ao que estamos habituados. Até então, anos com nomeações e outros sem nomeações, sempre se foi realizando a festa. No entanto, chegou o ano em que ninguém se chega à frente e começam assim os ataques, ou porque a comissão anterior tinha de nomear, ou tinha de a fazer novamente ou porque as associações tinham de avançar, foise ouvindo um pouco de tudo. Uns alegam que estão de consciência tranquila, dizem que festa é quando queremos, juntam-se as pessoas, conversam, dançam, tomam-se uns copos e está a festa feita. Não generalizando, os que nada fizeram nem fazem, usam as redes sociais para exprimirem a sua agonia e revolta, talvez por não poderem assistir de camarote aos eventos a que estávamos habituados, de tal modo que só se auto envergonham, como se a culpa de não haver festa fosse dos outros, quando eles também são da terra, quando eles também podem fazer a festa. O tempo que perdem nas redes sociais a escrever textos, aproveitavam e faziam algo de útil para a festa… Suponho que em alguns, ou até na maioria dos casos, estes “cantantes”, sem quaisquer valores morais, que estão habituados à poltrona, apenas gostam é de festa e convidar os amigos e família para virem ver, porque trabalhar para que ela exista, não têm tempo.

Informação:

Não havendo voluntários para a realização da festa, no dia 5 de julho foi enviada, por parte da Presidente da Junta de Freguesia

de Vilarandelo, mensagem a todos os presidentes das associações e ao Sr. Padre João, a solicitar uma reunião a realizar nas instalações da junta de freguesia no dia 7/7/2023 às 18h00, no sentido de programar as actividades desportivas e culturais inseridas nas festas de Vilarandelo, organizadas pelas várias associações e arranjar resposta para a realização da festa da nossa Vila, com claro intuito de ser realizada também pelas associações. Na data e hora marcada estiveram presentes responsáveis da Junta de Freguesia de Vilarandelo e das associações: Rancho Folclórico, Usprigozus, Carnaval, Futsal, Clube Automóvel, Clube de Caça e Pesca, não comparecendo nenhum membro da Banda Musical (informando indisponibilidade por actividades da mesma à hora da reunião) e não comparecendo também o Sr. Padre João. Após definido que os eventos das associações iriam ser realizados como sempre, surgiu a informação do Sr. Padre João que, tendo conhecimento do intuito da reunião, alegou que não queria nem podia aceitar o apoio e contribuição das associações, pois já havia uma comissão que iria fazer a parte religiosa e não poderiam haver duas comissões. Pelo exposto, deu-se por encerrada a reunião com a agenda cultural e desportiva definida, pois as associações não poderiam deixar de realizar as suas actividades, algumas das quais previstas e agendadas há muito e como vem sendo habitual neste período de festa. Após os fatos ocorridos, verificouse juntamente com alguns populares que a “comissão/o grupo” que iria realizar a parte religiosa da festa já existiria desde finais de janeiro, inícios de fevereiro, com conhecimento do Sr. Padre João, mas que a maioria da população desconhecia. Pois não se consegue entender o motivo de tanto sigilo: havendo voluntários ou colaboradores como se intitularam, assumindo a realização da festa, realizariam as actividades que quisessem e pudessem e a mais não seriam obrigados. Havendo o conhecimento antecipado da existência desses, poderia, ou não, aparecer mais colaboradores para a realização do resto da festa, se esse fosse o intuito ou o projecto. Eis que entra o Pedro na história, emigrante Vilarandelense, que não aceita o facto de não haver festa e mostra que é possível a sua realização, mesmo que mais fraca, tendo por isso abdicado em muito das suas férias (não tendo tempo para se dedicar às redes sociais) e acordando todos os dias cedo para tratar da papelada e de todas as burocracias que a realização de uma festa obriga. No entanto, para tal, foi necessário solicitar ao Sr. Padre João que autorizasse o uso do nome da Fábrica da Igreja para tratamento de pedidos e documentos a tratar, tendo o mesmo inicialmente recusado

5 tal pedido e só posteriormente, segundo informações, ainda meio contrariado, acabado por aceitar. Desconheço pensamentos ou vontades do Sr. Padre João e dos restantes colaboradores, qual o motivo de tanto sigilo e consequentemente do tratamento – ou falta deste - que deram às associações/instituições da terra. Isto porque, estas entidades e associações foram duramente criticadas por não participarem na procissão, no entanto questiono: essas críticas não deveriam ser feitas aos colaboradores por não as terem convidado??, ou ao Sr. Padre João porque, mesmo sem convite, as associações apresentaram-se a ele, antes do início da procissão, e este referiu que não havia lugar estipulado para as entidades pois não haviam sido convidados.!? Este foi o motivo pelo qual não se viram representantes, nem bandeiras da Associações/Instituições na procissão. Já no final da sempre linda procissão do Nosso Senhor dos Milagres, foi possível perceber pela atenção que despertou, o facto de o Sr. Padre João não ter feito nada mais do que abençoar a população presente, ao remover a sua túnica e desfilar com a camisola a dizer colaboradores. Entendi que devia ser o colaborador “chefe” e podia ter aproveitado a atenção para explicar à população o que tanto o transtornava e o motivo de todas estas situações ocorridas, sem antecedentes no que diz respeito ao tratamento das associações, presença e convites para os andores e demais cenários no que respeita à parte religiosa e sua organização, nunca presenciados em comissões anteriores, que são da inteira autoria do Sr. Padre João e dos restantes colaboradores. Não quero dizer com isto, que são ou não errados os procedimentos adoptados, apenas constato realidades. Para concluir, informo que após a contratação da orquestra Costa Verde, faltava gente para os bares e foi solicitado pelo Pedro ajuda nesse sentido, ficando os bares sobre a responsabilidade conjunta das associações: Futsal e Usprigozus, que contrataram e pagaram a Banda Mega Watt (BMW), sendo o DJ Wolf oferta dos colaboradores da festa. Foi acordado que todo o lucro dos bares seria para pagar despesas do Costa Verde, licenças, seguros, etc, mas caso não fosse necessário, em virtude dos donativos angariados junto da população, ficariam os lucros dos bares para as respectivas associações. Vilarandelo é dos Vilarandelenses e de quem quiser fazer parte integrante desta terra, com objectivo de reforçar e elevar o seu bom nome e o nome das suas gentes. Desengane-se quem pensa o contrário. Um enorme agradecimento a todas as pessoas que ajudaram que fosse possível a realização da festa, quer pela sua presença, pelos seus contributos físicos ou monetários e aos críticos destrutivos por nos fazerem rir…. O Responsável pelo Jornal Arauto Tiago Barreira


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A Importância da Hidratação

Visita Museu do Azeite

Dia do Amigo

Foi realizada, no dia 12 de Junho de 2023, uma formação sobre a Importância da Hidratação dirigida aos utentes do Lar e Centro de Dia da Casa do Povo de Vilarandelo. A água é o maior constituinte do corpo humano, representando cerca de 70 %, pelo que uma boa hidratação é factor importante no funcionamento eficaz do organismo. Durante o processo de envelhecimento ocorrem diversas alterações fisiológicas, tais como a diminuição no mecanismo de resposta de sede, perda de massa muscular e diminuição da função renal. Neste sentido, o equilíbrio hídrico na população idosa fica comprometido, aumentando o risco de desidratação. Um consumo adequado de fluidos está associado a vários resultados positivos em idosos, tais como um menor número de quedas, menores taxas de prisão de ventre e um risco reduzido de cancro de bexiga nos homens. A proporção de água no organismo humano varia nas diferentes faixas etárias, verificando-se uma diminuição à medida que a idade avança. Com o envelhecimento, ocorre uma redução de 0,3 L/ano desde a idade adulta até cerca dos 70 anos. A partir dos 70 anos, a diminuição é mais acentuada, estando associada à perda de massa magra característica desta faixa etária. Muitas vezes, o diagnóstico de desidratação é tardio, dado que os seus sinais podem ser confundidos com os de outras. Pode causar confusão mental abrupta, queda da tensão arterial, aumento dos batimentos cardíacos, angina (dor no peito), coma e até morte. Fraqueza, aumento da agitação psicomotora, indisposição para as actividades de vida diária e confusão mental, etc. Os sinais de Desidratação são: dores de cabeça, boca seca ou com pouca saliva, choro sem lágrimas, diminuição da quantidade de urina, diminuição da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, letargia e sonolência, pelemos seca, fraqueza muscular, obstipação, tonturas, irritabilidade, pneumonia, desorientação, infecções do trato urinário, perda de peso e aumento de infecções generalizadas. As recomendações de consumo diário de líquidos, para adultos, situam-se normalmente entre 1,5 e 2 litros, variando com o volume corporal de cada indivíduo e com factores externos, que podem levar ao aumento das necessidades. Recomenda-se aumento da ingestão de líquidos nos seguintes caso: actividade física intensa, temperatura ambiente elevada e situações de doença acompanhada de febre, vómitos e/ou diarreias. Por fim concluímos que a Hidratação é essencial para a saúde.

Dia 28 de Julho um grupo de utentes do ERPI e Centro de Dia visitaram o Museu de Azeite em Vilarandelo. Os utentes tiveram oportunidade de relembrar todo o processo para a obtenção do azeite e em simultâneo relembrar tradições e tempos que tão boas memórias lhes trazem.

Dia 20 de Julho os utentes do ERPI, Centro de Dia e algumas colaboradoras da Casa do Povo de Vilarandelo comemoraram o dia do amigo. A atividade teve por objetivo consciencializar os participantes para o valor da amizade, sendo este um sentimento nobre de extrema importância que faz a diferença na vida de todos nós. Os utentes e colaboradoras elaboraram uma árvore que designamos de Árvore da Amizade.

Enf ª. Leonor Cancelinha Enf ª. Amy Antunes

Vilarandelo

Sandra Oliveira Técnica Superior de Desporto

Sandra Oliveira Técnica Superior de Desporto

Peddy-Paper A prova de Peddy-Paper foi realizada dia 12 de Maio e contou com a participação de alguns utentes do ERPI, Centro de Dia e colaboradoras. Uma atividade realizada por equipas, que incentivou os nossos utentes a percorrerem as duas respostas sociais e a responderem a várias questões. Sandra Oliveira Técnica Superior de Desporto

Dia do Abraço Dia 22 de Maio foi dia de distribuir carinho em forma de abraço. Utentes do Centro de Dia e ERPI retribuíram o afeto e carinho que recebem das colaboradoras num gesto simples, mas com muito significado. Neste dia do Abraço um grupo de utentes foi também pelas ruas de Vilarandelo abraçar os demais. Um momento especial para quem deu e para quem recebeu. Sandra Oliveira Técnica Superior de Desporto


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Curiosidades da Vila Dia 23 de Junho comemorou-se o São João. A atividade teve lugar nas instalações do Lar de Idosos da Casa do Povo de Vilarandelo e nela participaram os utentes do ERPI, Centro de Dia e Apoio Domiciliário. Não faltou boa disposição, muita alegria e animação. Os utentes participaram nas marchas de São João, terminando a atividade com um lanche convívio com todas as iguarias típicas da data em questão. Sandra Oliveira Técnica Superior de Desporto

Dia Mundial da Dança Dia 28 de Abril comemoramos o Dia Mundial da Dança. Na referida atividade contamos com a participação dos utentes do Centro de Dia, ERPI e também com a generosa participação dos utentes da APPACDM de Valpaços. Os Intervenientes brindaram-nos com a apresentação de variados estilos de dança. Foi uma tarde muito bem passada que terminou com um lanche convívio entre as duas instituições. Sandra Oliveira Técnica Superior de Desporto

Caros Leitores, nesta rubrica, de minha autoria, tenho-vos feito chegar algumas novidades da nossa Vila. No entanto, nesta 7º edição, gostaria de escrever-vos um texto, não tão informativo, mas essencialmente reflexivo. Novidades houve muitas: Alguma destruição de património, que nos pertence a todos, como as escadas do Toural, as letras da Vila, vandalismo nos quartos de banho públicos, nos postes de iluminação pública e outras que a memória insiste em esquecer. Já para não falar das Inovações, ou “modernices” – como lhes prefiram chamar – que abalaram a tradição e o bairrismo das nossas gentes. Esta humilde freguesia,que sempre se dignificou pelo espírito de entreajuda, pela coesão e associativismo, foi palco de uma encenação sui generis (único em seu género). Não, não vou tecer comentários sobre essa “novela”, pois não sou grande fã desse género. Aprecio mais uma boa “crónica”… Não quero fugir à temática que me propus apresentar-vos: a Humildade! Se formos à origem etimológica da palavra humildade, vamos descobrir que deriva do latim “humus” que designa terra. A palavra homem, derivada do latim “homo”, curiosamente também tem a sua origem no termo “humus”. Humildade (hu·mil·da·de), nome feminino: 1. Qualidade de humilde. 2. Capacidade de reconhecer os próprios erros, defeitos ou limitações. = MODÉSTIA ≠ (o contrário de) ALTIVEZ, ARROGÂNCIA, ORGULHO 3. Sentimento de inferioridade. = REBAIXAMENTO 4. Demonstração de respeito, submissão. = DEFERÊNCIA, REVERÊNCIA ≠ (o contrário de) DESRESPEITO 5. Ausência de luxo ou sofisticação. = SIMPLICIDADE, SOBRIEDADE ≠ (o contrário de) OSTENTAÇÃO 6. Pobreza, penúria. “humildade”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2023, https://dicionario.

priberam.org/humildade.

sociedade, altamente competitiva, valoriza o sucesso e o poder, fazendo com que muitos se sintam sábios e sempre certos, sem que nunca admitam erros e assumam a ignorância. A falta de humildade dificulta a colaboração e o trabalho de equipa, as pessoas tornam-se insensíveis e arrogantes, perturbando as relações pessoais e as profissionais. A humildade é uma virtude que visa o reconhecimento honesto e autêntico das nossas próprias limitações e fraquezas, bem como o respeito pelos outros, sem que nos sintamos ameaçados ou diminuídos. A humildade é o reconhecimento de que não sabemos tudo e que as outras pessoas podem ter informações valiosas a partilhar. É a disposição para aprender, ouvir e considerar opiniões diferentes das nossas, bem como a capacidade de reconhecer a nossa ignorância em determinados assuntos. A humildade também significa estar aberto a mudanças de opinião e a mudanças na compreensão dos assuntos, sem perder a confiança em nós mesmos ou nos nossos valores. A humildade permite uma aprendizagem contínua, uma abertura a novas ideias e perspectivas. Promove a colaboração e o trabalho em equipa eficaz, além de construir relações saudáveis e duradouras. Ao serem humildes e admitirem os erros, as pessoas demonstram vulnerabilidade e autenticidade, ajudando a criar laços mais profundos e significativos com os outros, evitando conflitos desnecessários e resolvendo os conflitos de forma mais eficaz, quando estes surjam. Daí a importância de “cultivar” a humildade em nós mesmos! Reconhecendo os nossos limites e admitindo a nossa ignorância, estando abertos a novas ideias e escutando e aprendendo com aqueles que possuem opiniões diferentes. Personalidade forte é uma coisa. Imaturidade, egoísmo, arrogância e prepotência é outra. Algumas pessoas, antes de tentarem justificar o seu maucarácter, deveriam pelo menos saber distinguir estas características. A arrogância é para os tolos! Sabedoria é reconhecer o valor do outro.

A arrogância afasta! A humildade aproxima!

A humildade está a tornar-se escassa na sociedade actual, o que atrapalha o crescimento pessoal e prejudica a evolução da sociedade. A nossa

Provavelmente vale a pena pensar nisto!

Patrícia Doutel

O Pastor dedica a domesticar, alimentar ou concursos, nos quais participaram mais de 350 animais, Um pastor é alguém que se prémios, de acordo com as características exigidas. Estes

guardar animais como ovelhas, de 47 criadores, são dinamizados, respectivamente, pela cabras e outros. O trabalho do ACOB - Associação Nacional de Criadores de Ovinos Pastor pode ser muito duro e da Raça Churra Bragançana e pela Associação Nacional solitário, pois é necessário passar de Caprinicultores da Raça Serrana (ANCRAS) e além longas jornadas no campo apenas da valorização das raças autóctones, promovem os com a companhia dos animais territórios rurais, dinamizando as actividades que ali e dos cães pastores. Ter esta ocorrem, incentivando, também, o envolvimento dos actividade como profissão exige jovens neste sector. A nível nacional, há mais de 15 500 ovinos de Raça levantar muito cedo, trabalhar de sol a sol ou debaixo de chuva, em Churra Galega Bragançana Branca e 3 600 de Raça tempos de muito frio e de muito Churra Galega Bragançana Preta. De entre esses, alguns, calor. Por isso, é preciso mesmo gostar do que se faz. pertencentes ao rebanho do Carlos Rosa, vieram Que o diga o nosso conterrâneo Carlos Rosa, que além medalhados para casa. Parabéns! De referir que, ainda este ano, a 5 de Agosto, Carlos disso gosta de participar em concursos nacionais, onde expõe os animais que ele trata com afinco e dedicação. participou no Concurso Nacional de Ovinos da Raça Carlos Rosa foi o único concorrente do Distrito Churra Galega Bragançana, no âmbito da XI Feira de Vila Real a participar no XXVI Concurso Nacional do Cordeiro, que decorreu no Pavilhão Multiusos de de Ovinos da Raça Churra Galega Bragançana Branca, Coelhoso, evento que contou com mais de 200 animais o VI Concurso Nacional da Raça Churra Galega de 25 criadores. Parabéns Carlos pelos prémios e sobretudo por Bragançana Preta e o VII Concurso Nacional da Cabra Preta de Montesinho, que decorreram no passado levar o nome da nossa Vila a tão prestigiados concursos dia 19 de Maio, no Recinto de Valorização de Raças ligados a esta profissão tão antiga e nobre. Autóctones de Bragança, onde arrecadou vários


ARAUTO

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ANIVERSÁRIOS Lar

Conceição Escudeiro 05/05/1936 Sá

Natália Magalhães 27/05/1939 Vilarandelo

António Rato 28/05/1942 Vilarandelo

Maria de Lurdes Avelelas 04/06/1967 Vilarandelo

Laurinda Picamilho Feijão 06/06/1941 Santa Valha

Fernando Santos 15/06/1959 Barreiros

Albina Ramos 27/06/1933 Vilarandelo

Jaime Inácio 02/07/1942 Barreiros

Deolinda Pascoal 04/07/1934 Vilarandelo

José Maria Vinagre 10/07/1941 Vilarandelo

Maria Elisabete Pires 12/07/1951 Sonim

Maria da Ressurreição 20/07/1934 Ervões

José de Deus 30/07/1934 Vilarandelo

Firmino Teixeira 07/08/1933 Barreiros

Fernando Magalhaães 12/08/1953 Vilarandelo

Manuel Ferreira 17/08/1936 Edral - Vinhais

Amélia Magalhães 27/08/1924 Vilarandelo

Aida Barreira 22/09/1940 Vilarandelo

Luís Sousa Carvela 27/09/1931 Vilarandelo

Cândida Bobadela Medeiros 28/09/1937 Vilarandelo

Carolina Brandão 12/08/1934 Vilarandelo

Manuel Pinheiro 24/08/1948 Sá

ANIVERSÁRIOS Centro de Dia


ARAUTO dos socos, abertos ou cerrados, MESTRES DOS paus depois bem brochados e com uns carpins de lã, não havia humidade MESTRES nem frio que chegasse aos pés. Agora,

Os grandes mestres faziamse na prática, é a fazer que se aprende, começavam bem cedo e saiam grandes profissionais. Quem aos vinte não é, aos trinta não tem, aos quarenta já não é ninguém.

Gostava de ver um mestre alfaiate, na sua mesa de trabalho, de fita ao pescoço, giz numa mão e tesoura na outra, talhava um fato em três tempos. Bombazine, terylene, ou cotim, eram os tecidos correntes. As calças à boca de sino eram a estravagância da época, agora o pronto a vestir já vende tudo roto. EmVilarandelo, haviam muitas e famosas modistas e costureiras. Faziam a roupa interior e exterior para senhoras, a lingerie começou a aparecer vinda de Espanha, pela mão de Mariana D´Agordela. As bordadeiras bordavam delicadamente blusas lindíssimas, para ir no domingo à missa. As mulheres só começaram a usar calças a partir dos anos sessenta, até aí, lá em casa só os homens é que tinham direito a usar calças. Em casa da minha avó havia um tear e todas as raparigas teciam mantas de farrapos, elas não eram muito macias, mas eram pesadas e quentes. A mulher tecedeira tem uma sina na vida: pau nas mãos, pau nos pés, pau no cú, pau na barriga. A mim, como miúdo, punham-me de braços abertos a segurar na meada, para fazerem os novelos de fios com que faziam as ditas mantas de trapos. Os mestres sapateiros com uma habilidade mestral, faziam sapatos novos por medida e consertavam sem mãos a medir. O Orlando sapateiro, emprestava os sapatos dos clientes à rapaziada para jogar a bola e depois é que os consertava. Quando um cliente lhe perguntava se os sapatos estavam prontos, ele dizia: ainda não está um e falta o outro. E os graxas, foram mesmo extintos? Montavam a caixa em pontos estratégicos, punham umas palas para não sujar as meias, escovavam os sapatos com uma velocidade profissional e com um pano próprio, faziam estalar até puxar o brilho, preço, cinco coroas. O ti Joaquim soqueiro, com um pau de amieiro cortado à medida, com uma enchó e um formão moldava os

as sapatilhas são mais práticas, mas é para usar e deitar fora. O mestre António ferrador, metia o animal no tronco, com uma palmada no lombo, depois ajustava na bigorna a ferradura ao casco do animal e pimba, pimba, pimba com o martelo, dava uma no cravo outra na ferradura, mas, não só ferrava, como também tratava os animais das suas maleitas. Os albardeiros, eram também molideiros, trabalhavam ali mesmo na estrumeira do bairro. Com um misto de palha, lona, cabedal e fio do norte, faziam com uma perícia certeira, uma albarda consoante o tamanho do burro. O amolador, com uma bicicleta bem equipada, pedalava para fazer rodar a pedra com que amolava as facas e tesouras e era ao mesmo tempo sombreireiro. Os sombreiros eram poucos e tinham que arranjar os que havia. O amolador quando chegava ao bairro, com uma gaita de beiços, tocavam uma melodia que o identificava e as pessoas vinham com as peças que precisavam de conserto. Até pratos de barro rachados, com uns grampos, consertavam e não perdiam o azeite que era pouco na época para temperar. Um geireiro andava três dias a ganhar para um garrafão de azeite, agora num dia ganham para três garrafões. Latoeiros, funileiros e caldeireiro, eram todos da mesma área. Faziam almudes, cântaros e romeias, caldeiros, regadores e garabanos, embudes, montolias e tantos outros… Grandes mestres do zinco e outras latas.Agora os plásticos são mais leves e não enferrujam. O ti Joaquim Duro, moldava o ferro como ninguém. Já com uma certa idade, malhava forte enquanto o ferro estava quente. Só folgava as costas, enquanto dava ao fole, para manter a fornalha em brasa. Grandes mestres os tanoeiros de Vilarandelo, tinham ferramentas adequadas e com muita perícia faziam tonéis de grande porte. Canecos de madeira e pipos desde uma canada, até todas as medidas. Agora temos as cubas de cimento e inox, mas as grandes reservas de vinhos, ainda são guardadas nas pipas de madeira. Tantos outros mestres, poderíamos aqui referenciar, porque o mundo continua a precisar de técnicos, profissionais dedicados e sérios para o mundo do trabalho. Mas, até aos dezoito anos a escola é obrigatória, depois já se não vergam. A maioria continua a estudar e muito bem, os outros vão para o rendimento de inserção. Eduardo Ferreira da Costa

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Lembrais-vos de mim? A BICA

Há quarenta anos, não havia rede pública de água canalizada, por isso, quase toda a gente era obrigada a abastecer-se, desse precioso bem, nos fontanários públicos, as chamadas bicas, apesar de o líquido que delas emanava ser de uma duvidosa qualidade; ou porque chegava através duma canalização metálica que nos últimos tempos se apresentava já podre e ferrugenta, ou porque era já mesmo assim, na nascente. Era o que havia! Existiam, no entanto, outros sítios onde a população se podia abastecer de água. Eram as diversas fontes de mergulho, espalhadas pela povoação, tendo, a maioria delas, água imprópria para consumo humano; era, no entanto, utilizada para os animais e limpeza, mas, diga-se também, que as águas de algumas destas fontes eram mesmo impróprias para qualquer fim, humano, animal ou, até mesmo, de limpeza dado o alto grau de inquinamento das mesmas; era o caso da chamada “Fonte de S. Sebastião”, sita no Largo do Cruzeiro e que foi destruída, arrasada, nos anos 60 do Sec. XX, aquando do alcatroamento e requalificação da EN 213-1 e do respetivo Largo. Das suas imundas águas, emanava um permanente e nauseabundo cheiro pelo que, o arrasamento, foi a única solução possível. “Em setembro, ardem os montes e secam as fontes”, diz a popular sabedoria; verdade esta que se aplicava à água das bicas na aldeia, uma vez que todas elas eram fornecidas pela mesma nascente que ficava já no termo de Sá e, quando faltava numa, faltava também nas outras e assim era, sempre, quando o verão já estava quase no fim. Abria-se a torneira e corria a fio. Quando corria! Esperava-se uma eternidade para encher um cântaro. Era vê-los, cântaros, bilhas, regadores e até, em fila, alguns almudes a guardarem a vez, enquanto as donas (porque normalmente eram elas, as mulheres, que iam à bica buscar a água) por ali ficavam na cavaqueira, falando disto e daquilo. Era também nestas alturas que havia discussões mais acesas; ora porque se entendia que um cântaro estava à frente de um outro, ora por um “disse que disse” e, “entornava-se, então, o caldo” e, logo ali havia zaragata. Desentendimento que nunca levava a “vias de facto” e que o tempo haveria de fazer passar. Algumas das vezes, este desentendimento era provocado por alguma senhora ou menina que, não querendo ou não podendo esperar, deixava a vasilha a tomar vez e, quando chegava, reparava, ou dizia ela, que tinha deixado o seu cântaro atrás dum de plástico azul e, agora encontrava à sua frente um regador de lata. Motivo suficiente para acender a discussão. Em todas as bicas, havia um tanque de forma retangular onde, a meio e sobre o comprimento, num dos lados, estava a torneira que, quando aberta, vertia diretamente para este tanque.

Uma base feita por duas barras de ferro que atravessavam o tanque de lado a lado, na sua largura, servia para apoiar o vasilhame, enquanto enchia. Este tanque era suficientemente comprido para que uma junta de bois, “junguidos” ali conseguisse beber à vontade. Infelizmente, assim não aconteceu, na “nova bica” do outeiro, onde o tanque e o acesso ao mesmo foi feito com tão exíguas dimensões que era difícil dar de beber a dois animais, lado a lado. Muito se lamentou a população, sem efeito, por aquela obra, assim tão mal feita e metida no meio duma parede. Sorte nunca ter ali havido qualquer acidente de viação, já que alguns automóveis, saídos da curva em frente, atingiram a parede a menos de um metro da bica. Mesmo durante as maiores secas nunca faltava água no tanque, para os animais. Era hábito, depois de encherem os respetivos recipientes, as mulheres, verterem sempre um pouco da água que tanto, em tempo, lhes custara, para o tanque, para ajudar a mitigar a sede dos animais que assim o desejassem; era como se houvesse aquele sentimento de ter os animais como um bem comum, mesmo os alheios e, os que não quisessem beber, a isso eram incitados, pelo assobio dos seus donos. Por analogia, se dizia dos humanos mais sequiosos: “A esse, não é preciso que lhe assobiem, para beber.” Mas, aqui, não estava em causa a falta de água nem a ela se referia o dizer. Na bica, socializava-se e também se namorava. Pelo fim da tarde e aos fins de semana, especialmente aos domingos, lá vinha um ou outro par de namorados, ele acompanhando a donzela que, de cântaro no braço, pela asa, ia buscar água à bica. Se não estava mais ninguém, também ele se aproximava mais do cântaro que enchia e se, entretanto, chegava outra, a rapariga não fazia questão em lhe dar a vez; assim tinham mais tempo para estarem juntos. Demorava, então, a viagem de regresso a casa muito mais que o devido, porque era feita a passo de caracol. e estou quase convencido que a vasilha chegava ao destino, apenas, com metade da água; é que assim havia motivo para mais outra viagem e mais um pouco de namorico. Poderia aqui citar os nomes dos parezinhos que vi, na ida e volta à bica, e que, mais tarde, terminaram em casamento. Hoje, as bicas já não jorram água e é uma pena porque ainda se podem observar, de vez em quando, alguns viandantes abrirem a torneira para beber e, desiludidos, virarem as costas porque dali nem pinga! Hoje, toda a gente tem água canalizada em casa; já não é preciso água no tanque, para os animais, porque também já não há animais. Hoje já se namora de outra maneira. Mudam-se os tempos…. José Cancelinha


ARAUTO

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Donativos

Descubra as Diferenças

PARA O ARAUTO Adelaide Batista de Morais Machado 20,00 € Aida da Rosa Mitras 10,00 € Amândio Vilardouro Nogueira 30,00 € Anónima 5,00 € Anónimo 10,00 € Anónimo 20,00 € Anónimo 20,00 € António dos Santos Lopes 20,00 € António Silvestre Martins 10,00 € Emília Nogueira Rosa Garcia 15,00 € Esperança dos Anjos Alpande Pires 20,00 € Isabel Lopes Madureira 10,00 € João do Nascimento Rebelo 15,00 € José Carlos Cancelinha 15,00 € José Garcia Magalhães 40,00 € José Manuel do Vale Taveira 20,00 € José Nogueira Cavalheiro 20,00 € Manuel da Rosa Mairos 5,00 € Maria Alexandra Lopes Nogueira 10,00 € Maria Alves Lima 25,00 € Maria da Conceição da Rosa Brandão Aleixo 10,00 € Maria de Lurdes Lopes Nogueira 10,00 € Maria de Lurdes Nogueira da Costa 15,00 € Maria do Céu Fernandes Brás 5,00 € Maria Eugénia Macanjo Lopes Anselmo 20,00 € Maria Fernanda Moreira Silva 10,00 € Maria Helena Macanjo Pascoal 50,00 € Marília Alves Lima 25,00 € Marília Garcia Gonçalves 10,00 € Nelson Silvério 10,00 € Palmira Morais Carriço Baia 20,00 € Pedro Miguel Batista Rosa 10,00 € Pedro Miguel Garcia Taveira 20,00 € Rita de Almeida Polónio Gonçalves 5,00 € Rosalina Cavalheiro 10,00 € Rui Jorge Almeida Magalhães 50,00 € Samuel José Magalhães Medeiros 30,00 € Valdemar Mairos da Rosa 10,00 € EM GÉNEROS Banco alimentar Anónimo Serafim Gonçalo Anónimo Ester Carneiro Anónimo Anónimo Nestle Amélia Baia Anónimo Anónimo Anónimo Estela Rito Anónimo Anónimo Ester Carneiro Anónimo Anónimo Estela Rito Anónimo Arminda Fernandes Estela Rito Estela Rito Usprigozus Estela Rito Estela Rito Abel Avevelas Almor Machado

Cenoura e pêra Couve lombarda Couve lombarda Salsa e Repolho Courgette Feijão verde e courgette Alface Iogurtes Pêras Ameixa Salsa e repolho Alface Salsa, alface, repolho e courgette Courgette Pepinos Abóboras Alface Pepinos Alface, salsa e cougette Ameixas Tomate e pepino Salsa, tomate e courgette Melão Maçã, laranjas Melão, salsa, tomate Maçã, tomate, salsa, melã Pimentos e tomate Cebolas

Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós! Agradecimento

Agradecimento

A família de Francisco José Al ves Rodrigue s ve m, muito sen sibilizada, agradecer as inúme ras prova s de pesar e carinho que lhe foram manifestada s aquando das exéquias fúnebres do seu ente querido.

Agência Funerária Mariana Lino Lda. - Vilarandelo

A família de Alzi ra Melo Macanjo ve m, muito sensib ilizada, agradecer as inúmeras p rovas de pe sar e carinho que lhe foram manifestadas aquando das exéquias fúnebres do seu ente querido.

Agência Funerária Mariana Lino Lda. - Vilarandelo

Agradecimento

Agradecimento

A família de Josefina Nogueira ve m, muito sensib ilizada, agradecer as inúmeras p rovas de pe sar e carinho que lhe foram manifestadas aquando das exéquias fúnebres do seu ente querido.

Agência Funerária Mariana Lino Lda. - Vilarandelo

A família de Daniel Nogueira ve m, muito sensib ilizada, agradecer as inúmeras p rovas de pe sar e carinho que lhe foram manifestadas aquando das exéquias fúnebres do seu ente querido.

Agência Funerária Mariana Lino Lda. - Vilarandelo

Agradecimento A família de João A velelas Brandão ve m, muito sensib ilizada, agradecer as inúmeras p rovas de pe sar e carinho que lhe foram manifestadas aquando das exéquias fúnebres do seu ente querido.

Agência Funerária Mariana Lino Lda. - Vilarandelo

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ARAUTO Romance

“A Casa da Cruz” de José M. Sequeira Cancelinha

Ana nunca mais esqueceu a primeira vez que montou no cavalo e quando este galopava velozmente obrigando-a a agarrar-se com força a João com medo de cair, nem o episódio da descida do mesmo ao chegar a casa. Ao contrário, João do que melhor se lembrava era das ameaças do irmão Calisto e do mal que este poderia causar a Ana e a ele mesmo. Ana, tudo fazia para se aproximar do rapaz e Palmira ajudava com a sua cumplicidade. Para além de já saber escrever o nome sabia também juntar algumas letras do abecedário, assim como fazer algumas contas e aprendera até a tabuada. João ensinara-lhe tudo isso pacientemente, a maior parte das vezes ao serão, sentados a um canto do escano, à lareira e à luz da candeia nas longas noites de Inverno ou durante as tardes calmas de Verão quando todos aproveitavam para dormir a sesta. Tudo ela aprendia numa velha ardósia já rachada que ali andava por casa. Ambos gostavam muito de estar juntos. Ele ensinava bem e ela aprendia ainda melhor. E aquele “gostar tanto” nunca tinha ido além de ele pegar-lhe não mão para lhe ensinar a delinear as letras e os algarismos para que escrevesse com mão firme, mas, por vezes, acontecia que tremia mais a mão dele do que a dela. Porém, houve um dia em que andavam todos a vindimar na Lamacerdeira e, como iam os dois no mesmo valado, aconteceu encontrarem-se debaixo duma frondosa videira agachados frente a frente cada um cortando cachos de seu lado até ao ponto em que se encontraram. Olharam-se, olhos nos olhos e João não resistiu e roubou-lhe um beijo dos lábios. “Tu tens namorada João!” – Disse a rapariga, corando. Continuaram calados até ao fim do dia. Aquele beijo não selou nenhum compromisso nem sequer nenhuma promessa de amor. Mas foi, com certeza, o sinal de uma grande amizade que perduraria por muitos anos. Haveria de os acompanhar durante o resto das suas vidas. ******** “Então Armando, como vai isso homem?” - Perguntou Zé Silvério assim que o viu entrar pelo pátio da casa de Alípio Fragoso adentro. “Vai bem, vai bem. Se calhar até bem demais.” - Respondeu Armando. “Andaste aos tombos ou quê? Com o rascanhão que aí tens!” - Atirou-lhe Zé Silvério olhando-lhe para o galo negro que trazia na testa. “ Deixa lá isso comigo e diz-me,

mas é, se o patrão está por aí.” “Saiu agora mesmo aí para a cortinha.” Disse-lhe Zé Silvério indicando-lhe a porta do pátio – “Então, temos novidades?” “Temos e das boas e não vai tardar que todo o povo vai saber.” “Tu vê lá não te andes a meter em sarilhos. Ou não te parece que não te chegam os que já tens?” - Disse Zé Silvério quando Armando Machado já lhe virava as costas e saía pela porta do fundo que dava para a cortinha onde ia ver se encontrava Alípio Fragoso. Encontrou-o ao pé duma videira donde retirara um galelo que, bago a bago, ia comendo. “Que andas já tu a fazer por aqui a esta hora, rapaz?” – Perguntou Alípio assim que Armando se aproximou. – “Não me digas que arranjaste problemas na festa em Valpaços e agora queres que eu te desenrasque. Tu vê lá não te metas em chatices e muito menos a mim.” “Problemas, senhor Alípio? Olhe que até nem consegui cerrar olho, tal é o problema. AH!AH!AH!”Retorquiu finalizando com uma gargalhada desbocada. “Bem, bem, diz-me lá, então, o que se passa...” “Quer saber quem é que anda embeiçadinho pela minha Adelaide?” “ Se é o que por aí consta, pois não me dás novidade nenhuma. Mas do constar à verdade vai uma grande distância. Cá para mim a rapariga não é capaz de lhe dar a volta. Mas... Adiante!” - Respondeu Alípio Fragoso com ar fingidamente desinteressado. “Não é o que consta. É o que eu vi no arraial de Valpaços com estes dois que a terra me há-de comer.” – Retorquia Armando Machado apontando com veemência para os olhos com os dois indicadores simultaneamente. “E o que foi que tu viste?” – Perguntou Alípio Fragoso já intrigado e ao mesmo tempo interessado embora não o quisesse demonstrar. “Havia de os ver ontem no arraial. Não se largaram toda a noite. Sempre agarradinhos a dançar. Só pode ser namoro sério, que a minha Adelaide não é para brincadeiras. Não lhe parece?” “Bem te calhava que a coisa fosse avante e que desse em casamento e podes contar com o meu apoio e com tudo o que puder para que isso se realize. Mas tu vê lá! Não faças nada que possa espantar o rapaz.” “Eu não, eu não!” “ Então temos que os arrumar e quanto antes melhor. Podes crer que isto para ti é melhor do que ter-te saído a sorte grande.” - Alípio dizia isto, não porque estivesse a querer ajudar Armando Machado ou a filha, mas porque sabia que Manuel

Portelinha e toda a família não estavam de acordo nem viam com bons olhos aquele namoro do filho João com Adelaide. “E volto a dizer-te para não o espantares, e vai-me pondo sempre ao corrente do que se for passando entre eles.” ******* O casamento de Valentim realizouse, como era costume, na terra da noiva, as Lagoas, em meados de Junho quando os dias já eram grandes e quentes. À boda não faltou ninguém da Casa da Cruz incluindo a criadagem. Estiveram também presentes com as respectivas famílias, o tio Joaquim que casara e morava nos Possacos e o tio António, de Vilarandelo, irmãos do pai, Manuel Portelinha. Valentim fez, no entanto, questão de convidar para padrinho o seu tio, Alberto Sequeira, que morava em Lisboa para onde tinha partido quando ainda era rapaz e que por lá ficou depois de constituir família e de se ter estabelecido. O tio Alberto era irmão da mãe e era uma das personagens que fazia parte das memórias e das fantasias da sua meninice, da dele e da dos irmãos. Era um dos seus heróis. Pois que era, ou pelo menos assim o imaginava Valentim, a personagem principal das rocambolescas histórias que o próprio tio tinha, sempre, para contar e que ele e os outros, absorviam sem perder pitada. Histórias lá da capital com factos e atores impossíveis de imaginar por aquelas terras quase perdidas no meio dos Montes. Eram, quase sempre, relatos com mar e marinheiros, coisas que eles nunca na vida tinham visto. O tio sim! Ele é que sabia, conhecia e passara por coisas e factos como mais ninguém. Já tinha visto o mar e morava ao pé do “Grande Rio” onde via os navios que partiam, e os que ali chegavam com pessoas que contavam coisas de outras paragens, e com marinheiros que chegavam e davam vida e cor à zona ribeirinha da cidade fazendo florir a economia e o comércio daquela parte de Lisboa em que se incluía o negócio do tio Alberto, a já famosa “ CASA DO NORTE – VINHOS E PESTISCOS”. É certo que, com a riqueza, vinha também alguma, pequena, delinquência, quase sempre ligada à prostituição, que ia crescendo proporcionalmente ao bem-estar local. Mas assim era em todos os grandes portos do mundo. Em contrapartida no porto com os barcos atracavam também outras culturas, e se os barcos iam e vinham as culturas se não ficavam deixavam, pelo menos, a sua marca que se tornava numa mais-valia para o local e as suas gentes. Sempre que o tio vinha à terra

11 nunca se esquecia de nenhum dos familiares mais próximos. Trazia sempre lembranças para todos. E a maior parte das vezes, para além das histórias e das prendas pessoais, com ele vinha, também, numa das quatro ou cinco malas que sempre trazia, alguma novidade lá da capital.Tal foi o caso do primeiro “petromax” que se viu em Vilarandelo. Trouxe-o Alberto Sequeira numas férias de Verão e a novidade foi de tal modo importante e difundida que todas as noites vinha gente só para ver aquela máquina que dava luz como se fosse de dia. Os serões começaram, até, a ser passados à luz do petromax na varanda da casa que dava para o Largo do Cruzeiro com as escadas em frente da capela, cheias de miudagem e com alguns adultos, à mistura, todos curiosos que ali acorriam somemte para olharem, espantados, para aquela novidade que fazia assim tanta luz. E todos ficavam pasmados e de boca aberta. A primeira vez que se acendeu tal objeto na grande sala lá de casa à hora da ceia só se desligou ou apagou quando já amanhecia, pouco antes do sol nascer e fazia-se sempre silêncio quando a luz começava a enfraquecer e o tio exclamava: “Está a precisar de gás!” Levantava-se e segurando uma espécie de botão ou êmbolo de seringa que se encontrava no bojo do “petromax” e com movimentos rápidos de vaivém fazia com que a luz aumentasse de intensidade e assim ficasse por mais um bom bocado de tempo. Tendo até arrancado um “AAAHHH!” geral das bocas abertas na primeira vez que tal sucedeu. Durante muito tempo não se falou noutra coisa lá na aldeia e, até, nas terras vizinhas. Havia, até, quem chamasse de “caga luz” àquela coisa que tinha um nome difícil de dizer e que alumiava como se fosse de dia, e que nem sequer deixou de ser nominada aquando da chamada “Partilha do Burro”. Usança que os rapazes, em determinada altura do ano, tinham de, imaginariamente, matarem um burro, e depois em alta voz, amplificada por um embude, distribuírem as partes do animal pelas raparigas da terra, para riso de todos e zangas de ninguém. As heranças eram sempre anunciadas em verso. E assim coube às raparigas da casa do “petromax” o seguinte em testamento: Deixemos as tripas do burro Prás meninas da Cruz Sempre podem usar os gases Prá acender o “caga luz”

NOTA:

Este romance será publicado, por capítulos, em Arautos posteriores. Não perca os próximos “episódios”!


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ARAUTO

A CRECHE AULAS DE DESENVOLVIMENTO MOTOR

DIA DA MÃE

As nossas crianças estão em crescimento. Novas conquistas em diversas áreas de desenvolvimento.Tais conquistas são oriundas de suas experiências por meio do convívio familiar e social, e através de sua relação com o ambiente e estímulos que lhes são propostos. O desenvolvimento motor é uma habilidade que faz parte do desenvolvimento de um indivíduo, desde os primeiros meses de vida, sendo caracterizado como um processo contínuo e que vai ganhando novas capacidades ao longo da vida. Promove o desenvolvimento global e harmonioso dos alunos, no domínio das atividades físicas, uma vez que inclui experiências no domínio das diferentes atividades físicas, jogos, ginástica e danças. Durante este último semestre, os nossos meninos tiveram todas as quartas feiras aulas de desenvolvimento motor com a Prof. Sandra Oliveira. Eram manhãs super divertidas, mas também cansativas…

O Dia da Mãe comemora-se no primeiro domingo de Maio. Comemoramos este dia tão especial no dia 5 de Maio, sexta-feira antes. Tivemos a visita das nossas mães, onde realizamos uma divertida atividade e aproveitamos para brincar. No final tivemos um lanche. Obrigada pela vossa visita e prometemos que para o ano há mais. Adoramos a vossa presença.

LANCHE CONVÍVIO DE FINAL DE ANO No dia 30 de Agosto, quarta-feira, realizamos um convívio com os nossos meninos, pais/irmãos/avós e colaboradoras, no parque do jardim-de-infância da Creche da Casa do Povo de Vilarandelo. Houve muita diversão à mistura… jogos tradicionais, uma pequena homenagem aos nossos meninos que vão passar para o préescolar e claro uma lanche convívio. Foi uma tarde muito bem passada …


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