Revista EM Março | Abril 2024

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Sumário

GUIA – 1

Dispositivos de proteção contra surtos

O levantamento resume a oferta de 26 empresas fornecedoras de DPS atuantes no mercado nacional, informando classes de aplicação dos dispositivos e com detalhamento de características básicas e meios de contato.

GUIA – 2

Filtros de harmônicos

Ao reduzir o nível de distorção harmônica, os filtros de harmônicos evitam danos e melhoram a qualidade da energia e a eficiência das instalações. O levantamento detalha soluções de média e baixa tensão de diversas empresas, com vistas a auxiliar a seleção pelos interessados.

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ACIDENTES FATAIS

O custo oculto das redes de distribuição baratas

Em fevereiro, um cabo de alta tensão caiu sobre uma piscina no Paraná matando três pessoas e ferindo nove, engrossando estatísticas de acidentes com redes aéreas e ensejando a defesa das redes subterrâneas. Mas estas têm seu próprio histórico de fatalidades. O artigo discute a arquitetura das redes e sugere melhorias.

24

SPDA

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Proteção de tensão diferencial da rede de distribuição

Os dispositivos de proteção de sobrecorrente têm limitações quando se trata de faltas de alta impedância, principalmente envolvendo condutor rompido, casos em que o cabo pode permanecer energizado até que os clientes avisem a distribuidora. O artigo descreve uma solução por variação de tensão utilizando ferramentas ADMS.

40

GUIA – 3

Produtos para proteção contra descargas atmosféricas

O guia lista a oferta de 27 empresas, relativa aos itens constituintes dos subsistemas dos SPDAs (captação, descida e aterramento), além de elementos de conexão, grampos e terminais, com as informações para contato.

48

Polêmica dos captores ESEs na proteção contra descargas atmosféricas

Defensores dos captores Early Streamer Emission destacam avanços na proteção contra descargas atmosféricas, mas em geral a comunidade científica é cética em relação à eficácia desses equipamentos. O artigo aborda aspectos técnicos que fomentam o debate entre engenheiros e cientistas.

36

GUIA – 4

Câmeras para termografia

As câmeras para termografia encontram nas instalações elétricas uma de suas mais profícuas aplicações, permitindo averiguar as condições de circuitos e equipamentos elétricos de alta, média e baixa tensão de todos os usos. O guia detalha a oferta de algumas empresas atuantes no mercado nacional.

60

Capa

Roberto Monticelli Wydra, Foto: John And Penny (via Shutterstock)

As opiniões dos artigos assinados não são necessariamente as adotadas por EM podendo mesmo ser contrárias a estas.

3 EM | Março / Abril | 2024
Publicações 65 Momento 66 Carta ao Leitor 4 EM Aterramento 52 No Circuito 8 EM Sintonia 19 EM Ex 54 EM Profissionais 56 Agenda 58 Produtos 62 Índice de Anunciantes
SEÇÕES COLUNAS
65
DISTRIBUIÇÃO

Carta ao Leitor

Lidando com os acidentes em redes de distribuição

Não de hoje, são fartos os dados no Brasil sobre o desleixo em relação aos perigos que a eletricidade representa. As estatísticas de acidentes seguem alarmantes, a despeito do grande esforço realizado pelas comissões de estudo do CB-003 da ABNT, o Cobei, para dotar as normas técnicas de eletricidade de prescrições cada vez mais voltadas à segurança de usuários e trabalhadores. O problema tem fundo cultural, é verdade, mas está bastante relacionado à esfera legal. Uma cultura não muda sozinha. É preciso impor as mudanças.

A Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade acaba de lançar seu Anuário Estatístico de Acidentes 2024 (ano base 2023). Ali se verifica que o País teve 1046 registros de acidentes com choque elétrico no ano passado, resultando em 674 mortes (e possivelmente sequelas diversas).

A maior parte dessas mortes, 70%, aconteceu em dois tipos de instalação: nas redes elétricas domésticas, o que é previsível diante da desinformação da população e da precariedade das instalações residenciais no Brasil, e nas redes públicas de distribuição de energia, o que não é tão compreensível assim. É verdade que a Abracopel relaciona os acidentes com os sistemas das concessionárias mais ao contato acidental de objetos quando de obras civis, por exemplo, porém acidentes de trânsito e impactos de árvores nas redes têm sido causas importantes de fatalidades.

Por vezes os problemas nem são as causas, algumas inevitáveis, mas sim a falta de meios para lidar com as consequências. Partindo de um caso real recente ocorrido no Paraná, em que um cabo de rede aérea caiu sobre uma piscina e matou pessoas, o engenheiro Estellito Rangel Junior (também titular da nossa coluna “EM Ex”) publica nesta edição um alentado artigo analisando a arquitetura utilizada nas redes urbanas de distribuição de média tensão das concessionárias brasileiras, e sugere melhorias.

Um aspecto importante é que os frequentes registros de acidentes com as redes aéreas ensejam a defesa das redes subterrâneas, supostamente mais seguras, por menos expostas. Mas mesmo elas têm seu histórico de fatalidades . “A filosofia de proteção empregada nas redes subterrâneas é a principal causa das diversas ocorrências de fumaça, fogo e explosões já registradas, que causaram queimaduras e mortes”, diz o autor do artigo.

Oportunamente, também publicamos aqui artigo de autores do Grupo CPFL descrevendo uma solução de detecção e localização de faltas de alta impedância, caso de condutores rompidos ao solo (o que é enfatizado também no artigo de Estellito). Em vez do monitoramento da corrente, como é mais usual, a solução utiliza a detecção de tensão diferencial com dados de todos os medidores disponíveis na rede que alimentam o ADMS, o sistema avançado de gerenciamento da distribuição. Após testes bem sucedidos, a CPFL está agora cuidando de ampliar a solução para todo o seu sistema de distribuição.

Por fim, merece ainda menção, nesta edição em boa parte dedicada à proteção contra raios e sobretensões, um artigo de autores da Termotécnica Para-raios sobre os captores de early streamer emission, ou ESEs, que tanta polêmica ainda vêm causando nos meios técnicos nacionais e internacionais. Boa leitura.

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01155-900 São

A maior plataforma latino-americana para a nova realidade energética e de mobilidade

E X P O C E N TE R NO RT E, SÃO PAU LO, S P —

I N TERS O LA R SOUT H AMER I C A ____

A maior feira & congresso da América Latina para o setor solar

A Intersolar South America é a maior feira & congresso da América Latina para o setor solar, enfocando os ramos de fotovoltaicos, produção FV e tecnologias termossolares. Simultaneamente, no Congresso Intersolar South America, especialistas renomados esclarecem assuntos atuais do setor Com vistas a alavancar o alto potencial de energia solar da América Latina, a Intersolar South America congrega fabricantes, fornecedoras, distribuidoras,

prestadoras de serviços e parceiras da indústria solar no esforço de criar um meio-ambiente mais limpo. A feira é a oportunidade ideal para discutir a situação atual e as tendências estratégicas dos mercados fotovoltaicos latino-americanos, bem como as inovações tecnológicas e as novas oportunidades de negócios. Com eventos distribuídos em quatro continentes, a Intersolar é mundialmente o principal ciclo de feiras e congressos para o setor solar.

EE S SOUT H AMERIC A

O evento essencial para baterias e sistemas de armazenamento de energia na América Latina

A ees South America e o evento essencial para baterias e sistemas de armazenamento de energia na América Latina, enfocando soluções de armazenamento de energia para apoiar e complementar sistemas energéticos com número crescente de fontes renováveis de energia, e integrando prossumidores e veículos elétricos. A ees South America congrega investidores, concessionárias,

instaladoras, fabricantes e empreiteiras do mundo todo. A feira é a oportunidade ideal para discutir a situação atual e as tendências estratégicas dos mercados fotovoltaicos latino-americanos, bem como as inovações tecnológicas e as novas oportunidades de negócios. Juntamente com a ees Europe em Munique e a ees India em Gandhinagar, o ciclo de feiras ees está representado em três continentes.

ELET R OT EC+E M-POWE R SOUT H AMERIC A

O evento de infraestrutura elétrica e gestão de energia

A Eletrotec+EM-Power South America é o evento de infraestrutura elétrica e gestão de energia, enfocando tanto tecnologias de distribuição de energia elétrica quanto serviços e soluções informáticas para gestão de energia aos níveis de rede, de serviços públicos e de edificações. A feira é voltada para

profissionais e empresas dos ramos de projeto, montagem e manutenção de infraestrutura elétrica atuando em geração distribuída a partir de fontes renováveis, redes de distribuição aérea e subterrânea, subestações transformadoras, iluminação pública, instalações industriais e prediais

POWE R2DRIV E SOUT H AMERIC A

A feira e congresso fundamental para infraestrutura de carregamento e eletro-mobilidade na América Latina

Em 2024, a Power2Drive South America fará sua estreia como a feira & congresso fundamental para infraestrutura de carregamento e eletromobilidade na América Latina, enfocando a relevância do carro elétrico na matriz energética e na sustentabilidade do transporte no futuro, e apresentando soluções inovadoras de carregamento, conceitos de bateria e modelos de negócios para uma eletromobilidade sustentável. A Power2Drive South America é o ponto de encontro ideal para

fabricantes, fornecedoras, instaladoras, distribuidoras, administradoras de frotas e de energia, fornecedoras e eletro-mobilidade e novas empresas. A feira é uma oportunidade para discutir a situação atual e as tendências estratégicas dos mercados fotovoltaicos latino-americanos, bem como as inovações tecnológicas e as novas oportunidades de negócios Juntamente com a Power2Drive Europe em Munique e a Power2Drive India em Gandhinagar, o ciclo de feiras está representado em três continentes.

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Matrix investe em sistemas de armazenamento

Por meio de uma parceria com a chinesa Huawei, a Matrix Energia está oferecendo ao mercado um serviço de sistema de armazenamento de energia (BESS, na sigla em inglês) a clientes dos grupos de média e alta tensão. A empresa assume todos os gastos, desde a aquisição do BESS até a instalação, sendo o pagamento pelo serviço prestado feito por meio da economia gerada, sem a necessidade de investimento pelo cliente. De acordo com Alexandre Gomes, diretor da Matrix Services, a companhia visa entender as necessidades dos clientes e oferecer soluções reais. “O investimento e o risco são nossos, porque temos confiança no nosso trabalho e no potencial transformador do BESS. Com ele, oferecemos não apenas energia limpa e renovável, mas uma nova maneira de se relacionar com a energia, disponível a todo momento”.

Segundo Gomes, os contratos são simplificados e adaptáveis, e as soluções personalizadas. A empresa mapeia as necessidades do cliente e desenvolve um plano focado em otimizar a eficiência energética e reduzir custos com energia. De acordo com a

Matrix, o BESS foi projetado para superar as intermitências do fornecimento energético, garantindo continuidade nas operações críticas dos negócios, mitigando os riscos associados à indisponibilidade de energia, mesmo durante falhas ou manutenções da rede elétrica. A companhia destaca que o sistema implementa estratégias de otimização de custos, como arbitragem de preço e peak shaving, que é o uso do gerenciamento da demanda energética para reduzir custos de energia elétrica, podendo gerar economia de até 30% nas despesas com energia dos clientes. Outra vantagem, segundo a empresa, é que as baterias são menos poluentes que geradores a diesel e possuem resposta mais rápida em eventos de interrupção do fornecimento, além de reduzir oscilações e distúrbios elétricos, o que aumenta a vida útil dos equipamentos.

A tecnologia, fornecida pela Huawei, conta com uma plataforma digital que mostra o desempenho energético do sistema em tempo real. De acordo com Gomes, a geração de relatórios detalhados e o suporte técnico contínuo asseguram que os clientes tenham um controle completo sobre suas operações energéticas. “Nossa equipe de engenharia vira a equipe de engenharia de nossos parceiros”, afirma. Segundo a empresa, o sistema possui ainda longa vida útil, alta corrente nominal, estabilidade térmica, tolerância a condições extremas e

tensão nominal de 3,2 V, oferecendo maior eficiência em processos de descarga e carga. O BESS da Huawei utiliza baterias de lítio ferro, com capacidades de armazenamento de 200 kW, 1000 kW e 2000 kWh. Possui concepção modular, que permite configurações para diversos tipos de demanda.

O serviço já está em operação no Santo Mercado, ex-Mercado Municipal de Santo Amaro, localizado na capital paulista. Instalado em janeiro deste ano, o BESS de 400 kWh é conectado à rede, e armazena energia durante períodos de baixa demanda para uso posterior no horário de ponta. A economia com a conta de energia chega a 30%, de acordo com a Matrix.

Pesquisa desenvolve religador trifásico nacional

A empresa de tecnologia HartBR e a EDP Brasil desenvolveram versão de baixo custo de um religador trifásico – equipamento responsável por isolar e desativar trechos de redes de energia quando há problemas. O projeto contou ainda com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), da Fapesp.

Instalados no alto dos postes e na entrada ou saída das linhas nas subestações, os religadores têm a função de identificar curtos-circuitos provocados na rede elétrica por eventos climáticos, como chuvas e ventanias, ou interferência de vegetação, entre outras intempéries. Quando o problema é regularizado, a rede é reenergizada automaticamente, sem a necessidade de a concessionária ter de enviar uma equipe técnica ao local. Estima-se que o uso de religadores garanta uma melhora da ordem de 70% a 80% nos indicadores de continuidade do serviço de distribuição de energia. Os religadores tradicionais usam baterias seladas à base de chumbo ácido. “Acontece

No Circuito 8 EM | Março / Abril | 2024
O sistema implementa estratégias de otimização de custos, como arbitragem de preço e peak shaving

que elas precisam ser trocadas a cada dois anos e descartadas adequadamente, o que tende a gerar uma enorme complicação logística para as concessionárias”, disse  o diretor da HartBR, Celso Garcia Lellis Júnior. Por conta disso, as baterias foram substituídas por supercapacitores – dispositivos que acumulam e liberam energia de forma quase instantânea e em grandes quantidades, com vida útil equivalente à do próprio religador.

Os supercapacitores são alimentados pela própria rede elétrica e contam com sistema de suporte auxiliar composto por módulos solares, dispensando as substituições periódicas realizadas em produtos que usam baterias. Além disso, no novo equipamento o aço e as resinas bicomponentes do sistema foram substituídos por polímeros de engenharia, com grande resistência a impactos e a altas temperaturas.

“Foram seis meses de pesquisas com o fabricante até conseguirmos obter uma composição polimérica adequada para a fabricação do religador”, afirma Lellis Júnior. “Conseguimos desenvolver um equipamento com longa vida útil, resistente à ação de raios ultravioleta e antichama”, completa o diretor.

O religador da HartBR conta ainda com módulos de comunicação embarcados, que possibilitam a supervisão e telecomando por meio de redes de IoT e está integrado a sistemas de supervisão e aquisição de dados (Scada), usados pelas distribuidoras para monitorar a rede elétrica. Isso, segundo a empresa, resulta em uma redução de

custo de até 80%, relacionada às despesas com deslocamento de equipes a campo e compensações.

Segundo Lellis Júnior, os primeiros protótipos totalmente funcionais do novo religador foram apresentados à EDP em 2020. A empresa iniciou em dezembro de 2023 a montagem do primeiro lote de equipamentos, que serão instalados em redes elétricas aéreas de média tensão (13,8 kV).

Lactec cria laboratório de energia ondomotriz

Em 15 de março, foi lançado o LEOM - Laboratório de Energia das Ondas e Marés, na sede do Lactec, em Curitiba, PR. Executado no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica, o projeto foi desenvolvido pelo Lactec em parceria com a Hidrobombas Engenharia e a Global Participações em Energia (GPE), e visa analisar a funcionalidade, viabilidade técnica e econômica e a eficiência energética dos sistemas que absorvem e convertem energia das ondas em eletricidade. De acordo com Luiz Fernando Vianna, CEO do Lactec, “o LEOM estabelece mais uma frente de pesquisa para a diversificação das fontes de geração energética e também para importantes estudos que envolvem o ambiente marinho, por exemplo”.

Um dos principais diferenciais da iniciativa, destacado pelo Lactec, é a possibilidade de realizar ensaios em modelos on, near ou offshore e pela rapidez de enchimento e esvaziamento (20 minutos), o que permite a rápida intervenção nos modelos sem depender de mergulhadores. Além de um processo inovador de geração de ondas, o sistema permite a reutilização de toda a água, aponta a entidade. O LEOM possui volume de 330 mil litros e pode ser utilizado em diversas áreas de pesquisa, como as engenharias portuária e costeira, e em

estudos de análise de estruturas offshore submetidas a ondas e ao vento, como turbinas eólicas, por exemplo. Também permite investigar os tipos de interferências ondulatórias causadas por alterações na linha costeira e ampara estudos sobre conversores de energia das ondas, turbinas eólicas offshore fixas ou flutuantes, sistemas de conversão híbridos e plataformas offshore.

Outras funcionalidades do projeto incluem a capacidade de avaliar o dano em estruturas costeiras de taludes, estimar galgamentos costeiros e de estruturas portuárias, analisar a (morfo) dinâmica nos estudos com fundos móveis e as condições de abrigo criadas por estruturas costeiras e portuárias. O LEOM também se destaca no estudo da dinâmica de estruturas flu-

Projeto tem o objetivo de analisar a funcionalidade, viabilidade e eficiência dos sistemas que absorvem e convertem energia das ondas em eletricidade

tuantes livres ou amarradas e na engenharia de saneamento, podendo ser utilizado nos estudos da dispersão em emissários costeiros, entre outros.

O coordenador do projeto, o pesquisador do Lactec Rodrigo Paludo, ressalta que os tanques de ondas são ferramentas importantes para o estudo e a compreensão dos fenômenos relacionados às ondas em ambientes controlados. “O projeto permite a realização de diferentes experimentos e testes. O litoral brasileiro tem grande potencial na capacidade e na consistência na geração, estimado em 90 GW, se comparado a fontes intermitentes. Esses diferenciais

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Projeto é da empresa HartBR, que contou com apoio da EDP Brasil e da Fapesp Fraciele Diniz/Lactec

asseguram que a fonte ondomotriz tenha a capacidade de conquistar cada vez mais espaço na matriz elétrica do país”, conclui.

Aneel avalia

desempenho das distribuidoras

A edição 2023 da avaliação de desempenho das distribuidoras no fornecimento de energia elétrica, pesquisa realizada anualmente desde 2012 pela Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica, mostra que as compensações para consumidores em virtude do descumprimento dos limites de duração e frequência de interrupções aumentaram no período, atingindo R$ 1,080 bilhão (em 2022, o valor foi de R$ 765 milhões). Segundo a agência, o aumento do valor de compensações pagas aos consumidores é resultado do trabalho de regulação da entidade, que aperfeiçoou regras para direcionar maiores valores aos consumidores com piores níveis de continuidade. Além desses dados, o levantamento compreende os números de duração e frequência de interrupções observados em 2023 e o ranking das distribuidoras.

Segundo a pesquisa, a qualidade dos serviços de distribuição de energia elétrica melhorou no ano passado em comparação com 2022, conforme apontam os indicadores DECDuração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora e FEC - Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora apurados pela Aneel. Vale dizer que os indicadores DEC e FEC não consideram eventos climáticos extremos, os quais são classificados nos indicadores relativos a Dias Críticos e Interrupções em Situação de Emergência – ISE.

Os consumidores ficaram 10,43 horas em média sem energia (DEC) no ano, o que representa uma redução de 6,9% em relação a 2022, quando registrou-se 11,20 horas em média. A frequência (FEC) das interrupções se manteve em trajetória decrescente, reduzindo de 5,47 interrupções em 2022 para 5,24 interrupções em média por consumidor em

2023, o que significa uma melhora de 4,2% no período.

Desempenho das distribuidoras – Para realizar esta edição do levantamento, as concessionárias foram avaliadas pela Aneel no período de janeiro a dezembro de 2023, e divididas em dois grupos: concessionárias de grande porte, com número de unidades consumidoras maior que 400 mil; e concessionárias de menor porte, com o número de unidades consumidoras menor ou igual a 400 mil. Das empresas de grande porte, a campeã foi a Companhia Jaguari de Energia (CPFL Santa Cruz, SP), seguida pela Equatorial Pará Distribuidora de Energia S.A. (Equatorial) e por duas distribuidoras empatadas em terceiro, a Cosern - Companhia Energética do Rio Grande do Norte e a Energisa Sul-Sudeste –Distribuidora de Energia S.A. (ESS, SP). A distribuidora que mais evoluiu em 2023 foi a RGE (RS), com um avanço de 10 posições em relação a 2022, seguida por Equatorial MA (MA), que subiu 6 posições, e três distribuidoras com melhora de cinco posições: ESS (SP), CPFL Piratininga (SP) e Enel CE (CE). As últimas colocadas foram: 27o Neonergia Brasília (DF), 28o CEEE (RS) e 29o Equatorial GO (GO). A concessionária que mais regrediu no ranking foi a Celpe (PE), que registrou queda de quatro posições, seguida por Cemig (MG), Copel (PR), Celesc (SC), ESE (SE), EMS (MS), CPFL Paulista (SP) e EMR (MG), todas com recuo de três posições em comparação a 2022.

Das empresas com até 400 mil consumidores, a primeira colocada foi a Empresa Força e Luz João Cesa Ltda. (EFLJC, SC), seguida por Energisa Borborema – Distribuidora de Energia S.A. (EBO, PB) em segundo e Muxfeldt Marin e Cia Ltda. (Muxenergia, RS) em terceiro.

As distribuidoras que mais evoluíram em 2023 nesta categoria foram DMED (MG), com o avanço de sete posições, Sulgipe (SE), que subiu seis colocaçãoes, e DCELT (SC), que melhorou três posições em comparação com o ano anterior. As últimas nesse grupo foram: 14o Cocel (PR), 15o Cooperaliança (SC) e 16o Pacto Energia (PR). As concessionárias que mais regrediram no ranking foram a Chesp (GO), que desceu seis posições,

Ranking de desempenho no fornecimento de energia das concessionárias brasileiras em 2023

Concessionárias de grande porte (mais de 400 mil unidades consumidoras)

1o CPFL Santa Cruz 16 o Coelba

2o Equatorial PA 17o Light

3 o Cosern 18 o Celpe

4 o EES 19o Elektro

5o ETO 20 o Enel CE

6 o EDP ES 21o Enel SP

7o EPB

e as distribuidoras Hidropan (RS) e Uhenpal (RS), que caíram quatro posições em comparação a 2022.

As distribuidoras Amazonas Energia, CEA, Equatorial Alagoas, Equatorial Piauí, Energisa Acre, Energisa Rondônia e Roraima Energia foram excluídas excepcionalmente do ranking porque estiveram recentemente sob o regime de designação, com limites de indicadores flexibilizados, informou a Aneel.

Enel X inaugura hub de recarga de VEs

A Enel X inaugurou recentemente em São Paulo, SP, seu primeiro hub de recarga de carros elétricos. Localizado no estacionamento do Shopping SP Market, o novo

No Circuito 10 EM | Março / Abril | 2024
22o Enel RJ
o EMR 23 o Equatorial MA 9o CPFL Piratininga 24 o Celesc 10 o RGE 25o Copel 11o EMT 26 o Cemig 12o EDP SP 27o Neoenergia Brasília 13 o CPFL Paulista 28 o CEEE 14 o EMS 29o Equatorial GO 15o ESE
de pequeno
(até 400 mil unidades consumidoras) 1o EFLJC 9o Hidropan 2o EBO 10 o Uhenpal 3 o Muxenergia 11o Eletrocar 4 o DMED 12o Chesp 5o Eflul 13 o Dcelt 6 o Sulgipe 14 o Cocel 7o ELFSM 15o Cooperaliança 8 o Demei * Pacto Energia PR *A empresa não atualizou junto à Aneel a certificação ISO 9000, e por isso não foi considerada no ranking
8
Concessionárias
porte

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Situado em um espaço de 230 m², o eletroposto conta com estações de recarga de 7 kW e também com modelos com potência de 60 kW, que permitem recarregamento rápido

eletroposto, cujo investimento requerido para implementação não foi divulgado pela companhia, tem capacidade para recarregar até 20 veículos simultaneamente. Segundo a empresa, trata-se do maior hub de energia dentro de um shopping center no Brasil. “O impacto desse hub de recarga é essencial para o desenvolvimento e a evolução da eletrificação no Brasil. Ao disponibilizar mais eletropostos, reforçamos a confiança do consumidor na aquisição de veículos elétricos e participamos ativamente na remodelação do perfil de consumo, oferecendo um novo espaço que combina segurança, conforto e rapidez na recarga”, afirma Francisco Scroffa, diretor geral da Enel X.

A expectativa da empresa é que, com a redução de preço dos carros elétricos, haja uma enorme expansão de demanda por esses veículos e, consequentemente, por estações de recarga. “Para a mobilidade elétrica crescer cada vez mais, é necessária infraestrutura de recarga instalada em local seguro com serviços disponíveis”, ressalta Scroffa. Segundo o diretor geral da Enel X, o hub vai funcionar como um estudo de caso para expansão dessa estrutura de recarga em outras localidades. Situado em um espaço de 230 m², o eletroposto conta com estações de recarga de 7 kW e também com modelos com potência de 60 kW, que permitem recarregamento completo do veículo em 30 minutos. Todos os equipamentos de recarregamento instalados foram fabricados pela própria Enel. O hub de recarga tem 193 kW de potência instalada, e o pagamento pode ser feito por meio do aplicativo Zletric. De acordo com a empresa, o app facilita

a localização dos carregadores, a visualização de sua disponibilidade e o planejamento da rota até o eletroposto, além de oferecer diversas opções de pagamento. A Enel X divulgou ter instalado em 2023 mais de 500 carregadores públicos e semipúblicos e fornecido mais de seis mil carregadores para uso privado, incluindo modelos de carregamento rápido. “Esses carregadores estão disponíveis em locais variados, como estradas, postos de combustíveis, áreas comerciais, industriais e residenciais, em parceria com montadoras, concessionárias e redes de estacionamentos”, afirma Scroffa. O portfólio da Enel X abrange desde carregadores de 7 kW AC até modelos de 350 kW DC, que possibilitam recargas completas em menos de 15 minutos.

Prysmian cria logística reversa para cabos

A Prysmian, fabricante de sistemas de cabos de energia e telecomunicações, criou um programa de logística reversa para destinar o excedente de cabos elétricos não mais utilizados por seus clientes. Segundo comunicado da empresa, a ideia é integrar clientes e fornecedores em etapas rastreáveis e auditáveis, para garantir segurança e credibilidade ao processo.

O sistema se inicia pela separação das sobras dos cabos adquiridos pelo cliente,

Fase piloto do programa recuperou 36 toneladas de excedentes dos cabos

que deve organizá-los conforme a quantidade e as especificações. Os critérios de separação são estabelecidos em capacitação promovida pela Prysmian. Uma vez separadas as sobras, a Prysmian avalia o material e alinha o fluxo operacional e posterior destinação. Segundo a empresa, o processo ainda garante retorno financeiro atrativo aos clientes.

A fase piloto do programa foi desenvolvida em parceria com a Nortel, distribuidora de suprimentos de manutenção, reparo e operação do Brasil e que pertence ao grupo Sonepar. Durante essa fase foi possível recuperar 36 toneladas de cabos.

“ Desenvolvemos um processo customizável, capaz de considerar as particularidades de cada cliente, onde a Prysmian atua como integradora da cadeia de abastecimento”, afirma o gerente de logística da Prysmian, Lineu Pataro. O programa de logística reversa de cabos completa uma outra iniciativa da Prysmian de recuperação de bobinas de madeira utilizadas para acondicionar os cabos.

BYD

começa obra de fábrica de VEs

A chinesa BYD começou a construir seu complexo fabril de veículos elétricos em Camaçari, na Bahia. A ser erguido em terreno da extinta unidade da montadora norte-americana Ford, que saiu do Brasil

O complexo na Bahia terá capacidade inicial para produzir 150 mil veículos por ano

12 EM | Março / Abril | 2024

em 2021, o investimento de R$ 3 bilhões deve entrar em operação no fim de 2024, com capacidade instalada próxima de 150 mil veículos por ano, durante sua primeira fase de implantação.

Maior polo industrial da BYD fora da China, também fabricante de módulos solares fotovoltaicos e baterias, o complexo vai ocupar área total de 4,6 milhões de metros quadrados, em terreno adquirido do governo baiano por R$ 287,8 milhões. Na primeira fase de obras, serão construídas 26 instalações, entre galpões de produção, pista de testes e outras estruturas, os quais ocuparão 1 milhão de m². As antigas instalações do complexo da Ford serão ocupadas por fornecedores da BYD.

A BYD vai fabricar na Bahia o BYD Dolphin; o BYD Song Plus, híbrido plug-in com autonomia de 1000 quilômetros; o BYD Yuan Plus, 100% elétrico; e o BYD Dolphin Mini, recém-lançado no Brasil. Em 2023, a BYD se tornou líder do mercado de veículos eletrificados no Brasil, com a comercialização via importação de 2523 carros elétricos, com 69,8% do segmento. Em veículos híbridos, a BYD também lidera, com 1900 unidades emplacadas e 28% de participação. No mundo, porém, em 2023 a BYD ainda vendeu menos do que a norte-americana Tesla, com 1.808.581 carros comercializados, abaixo das 1.830.000 unidades da concorrente.

PTI desenvolve armazenamento com reúso de baterias

O PTI - Parque Tecnológico Itaipu, de Foz do Iguaçu, PR, está desenvolvendo uma tecnologia mais acessível para armazenar energia em sistemas isolados. Com apoio da Itaipu Binacional, o projeto utiliza baterias de níquel e cloreto de sódio (Ni/NaCl) de segundo uso, oriundas de veículos elétricos da frota da UHE Itaipu.

Batizado de Sistema de Segurança Energética Modular (SSEM), a proposta conjuga sistema solar fotovoltaico, para armazenar a energia gerada. Uma unidade piloto está instalada no Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT), onde estão sendo realizados testes e melhorias, e já fornece energia para outros projetos executados no local, que fica na área da hidrelétrica de Itaipu.

A expectativa é utilizar a solução para sistemas isolados na Amazônia, segundo disse o engenheiro físico do PTI, Jhoan Rodrigo Perez Vargas. “O SSEM pode mudar a realidade dessas regiões isoladas. Este projeto é um avanço importante para diminuir as desigualdades no acesso à energia”, afirmou.

Enel Brasil

lança chamada de eficiência energética

A Enel Brasil lançou chamada pública para financiamento de projetos de eficiência energética nas suas três distribuidoras, em São Paulo, Rio de Janeiro e no Ceará, aberta para propostas até 3 de julho. Clientes das concessionárias vão concorrer a receber aportes de projetos cujo montante a ser investido totaliza R$ 38 milhões, sendo R$ 12 milhões para iniciativas de iluminação pública e R$ 26 milhões para projetos de outras tipologias.

No Circuito 14 EM | Março / Abril | 2024
Projeto em Itaipu utiliza baterias de níquel e cloreto de sódio de carros elétricos

Parte do programa de eficiência energética (PEE) da Aneel das distribuidoras, a chamada se direciona a clientes das classes de comércio e serviços, industrial, residencial, rural, poder público, serviço público e de iluminação pública. As propostas podem envolver projetos de troca de equipamentos por modelos mais eficientes, modernização de sistemas motrizes, instalação de aquecedores solares e sistemas fotovoltaicos, modernização de sistemas de iluminação e refrigeração.

A execução dos projetos selecionados é prevista para ocorrer em 2025. Em São Paulo, o valor dos projetos propostos poderá ser de R$ 1 milhão a R$ 4 milhões. Já no Rio de Janeiro, os projetos terão valores entre R$ 400 mil e R$ 800 mil e, no Ceará, os aportes podem variar entre R$ 250 mil e R$ 500 mil.

ONGs estudam redução de impactos de eólicas

Um grupo de entidades que representam comunidades afetadas pela geração de energia eólica no Nordeste elaborou documento com mais de cem recomendações para evitar danos e impactos da atividade. O material, batizado de “Salvaguardas Socioambientais para Energia Renovável”, reúne conclusões de um ano de discussões e análises por membros das entidades.

Entre as medidas aconselhadas, o grupo sugere conteúdo mínimo contratual para

15 EM | Março / Abril | 2024
Com total disponível de R$ 38 milhões, propostas valem para clientes das três distribuidoras do grupo

No Circuito

Entre as medidas propostas, organizações sugerem estudos de sonorização e distância mínima de aerogeradores das edificações

arrendamento, com exigência de análise pela Aneel dos contratos de uso da terra e servidão para geração e transporte de energia a serem definidos a partir de consulta à sociedade e obrigatoriamente apresentados pelas empresas nos pedidos de licenciamento.

Na avaliação do preço do hectare para contratos de uso da terra, servidão ou da indenização por desapropriação para geração e transmissão de energia, o documento sugere ainda que deve ser considerado o critério econômico da renda diferencial da terra resultante da localização dos imóveis rurais nas regiões de elevado potencial energético, evitando que as vulnerabilidades socioeconômicas sejam “exploradas em evidente situação de chantagem locacional”, aponta o texto.

Além disso, as várias entidades pedem que seja estabelecida uma distância mínima de 2 quilômetros da torre eólica para edificações, já que hoje esse limite não existe. Outra recomendação é priorizar áreas degradadas para instalação de centrais, para evitar desmatamento; e que sejam realizados estudos dirigidos à poluição sonora, incluindo de infrassons, e à luminosa (para evitar o “efeito estroboscópico” provocado pelas luzes intermitentes).

Em suma, o objetivo do documento é sugerir medidas para proteger as atividades tradicionais e a agricultura familiar, cujas políticas de fomento passaram a ser amea-

Livia de PaivaInstituto Terramar

çadas em certas regiões do Nordeste pela evasão rural ligada à geração de energia eólica, diz o documento. Também são sugeridas medidas para garantir a conservação de áreas protegidas e os direitos de povos e comunidades tradicionais, principalmente o direito à consulta prévia, livre e informada prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. No processo de elaboração do documento, representantes das comunidades participaram de três encontros presenciais, em Salvador (BA) e em Recife (PE), promovidos pelo Plano Nordeste Potência, iniciativa resultante de uma coalizão de ONGs. Para ter acesso ao documento na íntegra acesse Apresentação do PowerPoint (nordestepotencia.org.br).

Demanda deve crescer 3,4% ao ano até 2026

A demanda global por eletricidade vai aumentar a um ritmo de 3,4% ao ano entre 2024 e 2026, aponta novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), o Electricity 2023. O crescimento será baseado no desempenho dos mercados emergentes, como ocorreu em 2023, quando o aumento foi de 2,2%, contra 2,4% em 2022.

Mais 10,1 GW previstos para a matriz elétrica nacional em 2024

O Brasil deve adicionar a sua matriz elétrica mais 10.106 MW em 2024. A projeção é da Aneel e, caso confirmada, trata-se do segundo maior acréscimo já verificado no país desde a criação da agência, em 1997. O recorde foi registrado justamente no ano passado, quando o crescimento foi de 10.324,2 MW.

O ritmo deste início de ano já é considerado elevado. Em janeiro, o incremento foi de 621,56 MW, dos quais 422,20 MW provenientes de parques eólicos, 198,12 MW de usinas solares fotovoltaicas e 1,24 MW de pequenas centrais hidrelétricas. Seis estados tiveram em-

Se previsão da Aneel se confirmar, será o segundo melhor resultado desde a criação da agência em 1997

preendimentos liberados para operação comercial no primeiro mês de 2024, nas regiões Nordeste e Sul. Os destaques, em ordem decrescente, foram o Rio Grande do Norte (368,10 MW), o Ceará (150,00 MW) e o Piauí (48,12 MW).

O desempenho impulsionado pelas fontes renováveis, eólica e solar, devem fazer o Brasil ultrapassar em breve os 200 GW de capacidade instalada total. Os últimos dados apontam que o país já somou 198.979,8 MW, de acordo com o Sistema de Informações de Geração da Aneel, o SIGA, atualizado diariamente com dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção. Desse total em operação, ainda de acordo com o SIGA, 84,17% das usinas são consideradas renováveis.

O aumento na demanda teria sido menor caso as economias emergentes não puxassem o consumo nos períodos, já que os países mais desenvolvidos, segundo o estudo, foram mais afetados pelo ambiente macroeconômico desfavorável e pelo desempenho da indústria abaixo da média. O clima mais ameno em comparação com o ano anterior também exerceu pressão de baixa sobre o consumo de eletricidade em algumas regiões em 2023, incluindo os Estados Unidos.

Conclusão é de relatório da IEA, que para o Brasil prevê média de 2,5% ao ano

No caso do Brasil, segundo o relatório, a demanda de eletricidade deve aumentar em média 2,5% ao ano em 2024-2026, em comparação com 2,2% no período de

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No Circuito

2018-2023. Segundo a agência, o crescimento será apoiado pela atividade econômica aquecida e pelo maior consumo residencial. Até 2026, o prognóstico é que a maior parte da nova demanda do país seja atendida por energia eólica e solar fotovoltaica, com a geração combinada das duas fontes sendo 50% maior em 2026 em comparação com 2022, atingindo mais de 200 TWh e alcançando uma participação de geração combinada de quase 30% (ante cerca de 20% em 2023). Com isso, a geração renovável total no Brasil responderá por cerca de 95% da matriz elétrica em 2026.

Para a IEA, a expectativa de aumento de consumo global do que o registrado nos anos anteriores para o período até 2026 se deverá, além do crescimento econômico nos emergentes, à recuperação da indústria global e à eletrificação dos setores residencial e de transporte em muitas partes do mundo. Também continuará relevante, aponta o relatório, o maior uso de data centers, cujo consumo de energia é intensivo, assim como o utilizado em projetos de inteligência artificial (IA) e de criptomoedas, que podem dobrar até 2026.

Notas

Gás natural - A Eneva assinou os primeiros acordos com clientes industriais e geradores termelétricos conectados à malha da transportadora TAG para fornecer gás natural. O combustível será ofertado a partir do hub Sergipe, primeiro terminal privado de GNL conectado a malha de transporte de gás nacional. Segundo a empresa, o lançamento da Mesa de Gás da Eneva amplia seu portfólio de soluções ao mercado, ofertando aos clientes gerenciamento de volumes e preços e alternativas de fornecimento. Os acordos firmados preveem a possibilidade de fornecer até 1.100.000 m³/dia. O contrato com o cliente industrial começará no segundo semestre deste ano, enquanto o fornecimento com o gerador termelétrico vai ser iniciado no segundo semestre de 2026, com duração de 15 anos.

Startup de inteligência artificial - O fundo de corporate venture capital da EDP, o EDP Ventures, anunciou aporte de US$ 2 milhões na Splight, uma startup chilena que desenvolve inteligência artificial e ciência de dados voltadas para eficiência em geração de energia renovável. Primeiro investimento da EDP Ventures em uma startup latino-americana, a decisão, segundo comunicado, tem como base o ali-

nhamento do modelo de negócio à estratégia da EDP de otimizar a operação de seus parques renováveis, com integração de dados, otimização de custos de operação e manutenção (O&M), uso de dados para melhorias no processo de construção e para a tomada de decisões na operação. A plataforma da Splight visa melhorar a gestão de redes e ativos, como usinas solares e eólicas. A tecnologia dispensa hardware adicional e coleta dados de diferentes fontes (APIs, Scadas), implementando algoritmos de IA e machine learning para otimizar decisões operacionais em tempo real. O modelo de negócios é o de Software as a Service (SaaS).

Autoprodutora em complexo eólico - A Ypê, fabricante de produtos de higiene e limpeza, fechou parceria com a Casa dos Ventos para entrar como sócia-autoprodutora de energia no complexo eólico Rio do Vento, no Rio Grande do Norte, com previsão de atingir capacidade instalada de 1.038 MW. O contrato, com valor de aproximadamente R$ 250 milhões e duração até 2039, faz a indústria se tornar autoprodutora de energia remota, modelo pelo qual geração e consumo de energia ocorrem em locais diferentes. A modalidade tem como principal vantagem a isenção de encargos de consumo. A energia contratada pelo PPA vai suprir 40% do consumo da empresa.

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EM Sintonia

Resíduos

A destinação correta dos resíduos é fator essencial para que o Brasil possa diminuir emissões de gases de efeito estufa, advoga a Abren - Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos. Ainda de acordo com a entidade, a trajetória para reduzir as emissões de gases de efeito estufa alinha-se às metas globais de combate às mudanças climáticas. A União Europeia, por exemplo, projeta reduzir em 90% suas emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040 em comparação com os níveis de 1990. O Brasil é o sexto maior emissor mundial desses gases e deve adotar práticas sustentáveis rapidamente. Até 2025, precisa diminuir em 48% suas emissões e, até 2030, em 53%. Sua neutralidade, assim, ocorreria em 2050.

Ao Brasil cabe implementar uma gestão eficiente de resíduos, adotando a hierarquia da Política Nacional de Resíduos Sólidos, incluindo práticas de reciclagem, compostagem, tratamento térmico e biológico de resíduos, além da produção de biogás e biometano.

José Tadeu Arantes, da Fapesp, relata que apenas a cidade de São Paulo produz cerca de 20 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) todos os dias, ou um quilo por habitante por dia, sendo 12 mil domiciliares e 8 mil de limpeza urbana.

O padrão nacional, informa Arantes, de composição dos RSU é de 50% de matéria orgânica, 35% de recicláveis e 15% de rejeitos. Disso o País poderia produzir fertilizantes e energia, evitando emissões químicas indesejáveis, além de angariar riquezas.

Energia solar

Daniel Lima, ativista em prol da energia solar a partir do Nordeste do Brasil, celebrou em março de 2024 a ultrapassagem nacional da marca de 40 GW de potência instalada por fonte solar no País. São mais de 18 mil usinas geradoras centralizadas, que somam 12,6 GW, e 2,5 milhões de pequenas e microusinas por fonte distribuída, que totalizam 27,7 GW. Por ora, ele estima que a solar evitou 50 milhões de toneladas de emissão de CO2, debaixo de investimentos de R$ 190 bilhões, gerando 1,2 milhão de empregos.

Despacháveis

No País que aumenta sua geração elétrica sobre modos intermitentes (usinas eólicas e solares), há urgência na implantação de robustos sistemas de armazenagem sobre baterias de grande porte. O combinado de ambos, intermitentes e baterias, torna as plantas despacháveis. Vale dizer que, desta forma, o Operador Nacional do Sistema não ficará à mercê dos ventos ou da insolação nos sítios geradores, mas poderá escolher quando integrar sua produção ao sistema. Conjugadas com as usinas solares, o armazenamento aumenta seu fator de utilização.

Um desafio, entre tantos, é o custo desta energia. Também é crucial o aprimoramento profissional para atuação nessas rotas vitais. A complexidade avança quando se considera a ESG (meio ambiente, inclusão social e melhor governança) em pauta demandada pelo mundo.

19 EM | Março / Abril | 2024

Dispositivos de proteção contra surtos

Da Redação de EM Empresa,

– (11) 91919-0007 andre.mattioli@beny.com

– (11) 2402-3030 chintbr@chintglobal.com

– (31) 3689-9500 atendimento@clamper.com.br

– (11) 99381-5131 vendas@connectwell.com.br

A norma ABNT NBR 5410 determina que os DPSs são de uso obrigatório em instalações alimentadas por linha total ou parcialmente aérea e que se localizem em regiões onde ocorram mais de 25 dias de trovoadas/ano. Este guia resume a oferta de 26 empresas atuantes no mercado nacional, informando classes de aplicação dos dispositivos e com detalhamento de características básicas e meios de contato.

20 EM | Março / Abril | 2024
Guia – 1
Telefone e-mail Fabricante / País de origem Norma ABNT / IEC Classe Número de polos Tensão nominal (Un) (V) Tensão máxima de regime permanente (Uc) (V) Nível de proteção (Up) (kV) Corrente de impulso (Iimp) (kA) Corrente nominal de descarga (In) (kA) Grau de proteção IP Contato de sinalização Seção nominal dos terminais (mm²) Altronic –
NBR5410, IEC – 144 II 1 24 a 440 275 1,4 a 1,8 10 a 40 5 a 20 20 • 1,5 a 25 Beny
61643-11 I+II, II, II+III, III 1 a 4 12 a 1.500 1.500 1 a 4 5 a 100 5 a 100 20 • 1 a 25 Chint
IEC 61643-11 I, I+II 1 175 a 440 175 a 440 1,5 a 2,0 12,5 10 a 30 20 • 1 a 16 Clamper
ABNT, IEC 61643-11 I, I/II e II 1, 2, 3 e 4 127 a 680 75 a 680 0,4 a 3,0 12,5 a 60 5 a 60 20 • 4 a 25 Connectwell
NBR 5410, IEC 61643-1 I, II, III 1, 2, 3 440 150 a 485 < 0,7 a < 1,6 12,5 a 40 30 a 100 20 • 0,5 a 25 EC Components – (11) 97063-3151 ecirelli@eccomponents.com.br nVent Erico / EUA ABNT, IEC 61643-1 I e II 1 a 3 120 a 600 170 a 1.100 600 a 2.600 25 a 50 20 a 200 65 • 5,26 Eletromar – (81) 99278-7518 contato@mectronic-eletromar. com.br ABNT, IEC 61643-1 II 1 230 275 1,2 a 2,3 15 a 65 5 a 35 20 • 2,5 a 16 Embrastec – (16) 98242-0301 embrastec@embrastec.com.br IEC 61643-11 I+II e III 1 a 4 12 a 1.500 150 a 1.500 0,2 a 5,2 12,5 a 60 5 a 100 66 • 0,5 a 25 Enerbras – (41) 99853-2145 contato@enerbras.com.br China IEC 61643-11 II 1 127 a 220 275 1,2 a 1,5 15 a 80 5 a 40 20 1,5 a 35 Exatron – 0800 541 3310 contato@exatron.com.br IEC 60529, IEC 61643-11 2 e 3 1 127 a 220 275 a 320 1,2 a 1,8 12 a 60 5 a 30 20 e 67 • Finder – (11) 4223-1551 finder.br@findernet.com IEC 61643-11 I, I+II, II e III 1 a 4 6 a 1.500 8,5 a 750 0,018 a 3,2 12,5 a 100 12,5 a 50 20 • 1,5 a 35 Intral – (54) 98136-0102 anderson@intral.com.br IEC 61643 -11 II 2 127 a 220 275 a 250 1,1 12 5 67 1,5 Mersen – (11) 98158-5740 vendas.ep.brasil@mersen.com IEC 61643-11 I, II, I+II, III, II+III até 4 48 a 1.500 150 a 2.000 10 a 350 10 a 40 20 10 a 35 Metaltex – (11) 5683-5700 vds@metaltex.com.br IEC 61643-1 I, II e III 1, 2 e 3 175 a 415 175 a 375 0,8 a 2,2 10 a 80 10 a 40 20 4 a 35 MTEC Energia – (61) 99942-4362 renato.leite@mtecenergia.com.br Sine Tamer / EUA IEC 61643-1 I+II, I+II+III, A1, B3/C1 e C3 3 a 5 110 a 690 150 a 800 0,02 a 20 10 a 60 20 a 400 20 a 67 • 6 a 10 MTM – (11) 4125-3933 vendas@mtm.ind.br IEC 61643-11 I, II 1 175 a 750 127 680 0,8 a 2,8 12,5 a 25 5 a 50 20 • 1 a 25
(81) 2121-9600 contato@tron-ce.com.br

Guia – 1

Empresa, Telefone e-mail Fabricante / País de origem

OBO Bettermann – (15) 3335-1382 mkt.info@obo.com.br

Phoenix – (11) 3871-6400 vendas@phoenixcontact.com.br

Sidrasul – (47) 99683-1777 lucas.magalhaes@sidrasul.com.br

– 08000 11 9484 atendimento.br@siemens.com

Norma ABNT / IEC Classe Número de polos

IEC

Sine Tamer

Tensão nominal (Un) (V) Tensão máxima de regime permanente (Uc) (V) Nível de proteção (Up) (kV) Corrente de impulso (Iimp) (kA)

Corrente nominal de descarga (In) (kA) Grau de proteção IP Contato de sinalização Seção nominal dos terminais (mm²)

Obs.: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 44 empresas pesquisadas.

Fonte: Revista Eletricidade Moderna, Março / Abril de 2024. Este e muitos outros guias estão disponíveis on-line, para consulta. Acesse www.arandanet.com.br/revista/em e confira. Também é possível incluir a sua empresa na versão on-line de todos estes guias.

22 EM | Março / Abril | 2024
I+II, I, II, III 1 a 4 24 a 1.500 24
1.500 0,18
3,0 1
50 1
100
IEC 61643-11
a
a
a
a
20 a 67
0,2 a 50
61643-11 I, I+II, II, III 1 a 4 24 a 1.500 24 a 1.500 0,2 a 6 1 a 100 1 a 100 20 e 67 •
50
0,2 a
/ EUA IEEE / ANSI C62.41, C62.45; IEC 61643-1, NBR5419:2015 e NBR5410 I+II, I+II+III, A1, B3/C1 e C3 3 a 5 110 a 690 150 a 800 0,02 a 20 10 a 60 20 a 400 20 a 67 • 6 a 10 Siemens
IEC 61643-11 I, I/II, I+II, II, III 1, 2, 3 e 3P+N 24 a 690 275 a 800 0,2 a 5 12,5 a 100 1 a 100 20 • 1,5 a 50 Soprano – (54) 2101-7070 eletrica@soprano.com.br EN50539-11 II 3 500 a 1.000 500 a 1.000 3,4 45 20 20 1,5 a 50 SPK – (11) 99585-5588 comerciodigital@spkcomponentes. com.br IEC 61643-11 I, II 1 275 275 0,9 30 60 20 4 a 25 Termotécnica – (11)
comercial@tel.com.br Dehn/ Alemanha IEC 61643-11 I + II + III, I + II, II, III 1 a 4 230 a 690 150 a 1.500 0,8 a 4,5 12,5 a 100 12,5 a 100 20 • 1,5 a 50 THS Componentes – (15)
comercial@thscomponentes.com.br NBR 5410 I, II e I/II 1 175 a 440 175 a 440 0,7 a 1,2 10 a 90 5 a 50 20 • 2,5 a 25 Tramontina –
tramontina.elt@tramontina.com IEC 61643-11 I+II e II 1 220 275, 350 1 a 1,5 12,5 a 20 5 a 50 20 • 1.5 a 25 WEG –
automacao@weg.net IEC 61643 I e II 1 275 0 a 275 1 a 1,5 12,5 10 a 60 20 • 1,5 a 25
5197-4000
3225-2354
(54) 3461-8200
(47) 3276-4000

Acidentes fatais

O custo oculto das redes de distribuição baratas

Estellito Rangel Junior Engenheiro eletricista em sistemas de potência e segurança em eletricidade

Aprimeira cidade brasileira a ter uma rede de distribuição de energia elétrica foi Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. A inauguração ocorreu em 7 de dezembro de 1883, pela Companhia de Eletricidade Fluminense, fundada pelo empresário Mário de Gusmão.

Como o País era essencialmente agrícola, a tecnologia empregada foi importada. Inicialmente, foi adotada a distribuição por redes aéreas, uma

Em fevereiro de 2024, um cabo de alta tensão da Copel caiu sobre um parque aquático matando três pessoas e ferindo nove [1]. Isto engrossa as estatísticas de acidentes com redes aéreas de distribuição de energia elétrica [2], o que enseja a defesa das redes subterrâneas. Mas estas têm seu histórico de fogo e explosões, com queimaduras e mortes [3]. Este artigo discute a arquitetura das redes no Brasil e sugere melhorias.

vez que os consumidores eram poucos e os custos de execução eram menores.

Anos depois, com o crescimento da população nas grandes cidades, a instalação em postes ficou inviável para suportar os transformadores maiores, então estes passaram a ser alocados em câmaras abaixo do nível das ruas, formando as redes de distribuição subterrâneas, também segundo tecnologia importada.

Características das redes de MT aéreas

Construção

As redes urbanas aéreas de distribuição de energia elétrica em MT (13,2 kV) são majoritariamente construídas com cabos nus. Em alguns locais é adotada a rede compacta mostrada na figura 1, utilizando cabos protegidos por uma capa polimérica que, no entanto, não se destina a oferecer proteção às pessoas. A capa visa apenas a proteger os condutores de contatos eventuais com galhos de árvores, uma das causas mais comuns de interrupções no fornecimento [4].

A medida de proteção aplicada às redes aéreas de MT é a “parcial por colocação fora de alcance” [5], um conceito precário pois se baseia unicamente no distanciamento entre as partes vivas e as pessoas que se encontram ao nível do solo. Não considera, por exemplo, movimentações de andaimes ou elevações de cargas nas proximidades, que causam elevado número de acidentes [2]. Confiantes em tal medida de proteção, as concessionárias constroem suas linhas

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KVenus/Shutetrstock

de MT com cabos nus a cerca de 10 m do solo.

Há normas ABNT sobre construção de redes aéreas de distribuição, porém elas apenas padronizam os detalhes de montagem, não abordando requisitos de segurança às pessoas nas proximidades [6].

Ocorrências

Eletrocussão – Dentre os vários eventos publicados na mídia, destacamos o ocorrido em São Paulo em 26/9/2013, quando dois homens morreram ao empurrar um andaime e este ter encostado na rede de MT [7]. A rua onde aconteceu o acidente é bastante estreita e a rede de MT fica muito próxima das casas.

Este tipo de acidente tem sido noticiado com certa regularidade, em várias cidades, na maioria das vezes causando vítimas fatais.

Rompimento de condutores – A queda de cabos sobre veículos tem ocorrido com alguma frequência em vários estados do Brasil, sendo um acidente dos mais perigosos, como mostrado na figura 2, sobre uma ocorrência em São Gonçalo, RJ [8].

As recomendações ora divulgadas nas redes sociais, em vídeos estrangeiros e replicados por concessionárias brasileiras, orientam passageiros dos veículos nesta situação a: ficarem no carro (mas sem tocar em partes metálicas); e, caso se inicie um incêndio, pular do veículo, com os dois pés juntos, e afastar-se do carro arrastando os pés, sem levantá-los do chão, no mínimo, até 15 m de distância [9].

Tais “recomendações”, apesar de parecerem de fácil execução, são falhas, pois, além de não avaliarem que os passageiros estarão sob impacto emocional, não consideram outros riscos intrínsecos, como: parte do cabo energizado pode estar em contato com o chão, produzindo tensões de passo perigosas ao redor do carro; o piso pode ser irregular e/ou estar molhado, com risco de tropeços e quedas; os passageiros podem ter dificuldades motoras, etc.

A primeira pergunta que surge nessas ocorrências é sobre a razão de o cabo permanecer energizado, uma vez que o esperado é que houvesse uma proteção que atuasse e desenergizasse o trecho. Considerando que a proteção típica empregada nas redes aéreas de MT [4] é composta pelo disjuntor do ramal (na

subestação), os religadores automáticos e os elosfusíveis (no primário dos transformadores), temos que tal configuração não “enxerga” a falta à terra, cuja característica é de alta impedância (envolvendo o piso de asfalto), resultando em corrente muito menor que a necessária para a atuação de um dispositivo de proteção contra sobrecorrente. Também não há sensores que identifiquem que a linha tenha sido rompida.

Melhorias possíveis

Rede aérea isolada – Em virtude do crescimento industrial, da existência de clientes mais exigentes quanto à qualidade de entrega de energia, das multas por degradação ambiental (cortes e podas de árvores) e por transgressão dos índices DEC e FEC (indicadores de “qualidade” da Aneel), já há concessionária testando a rede de distribuição aérea isolada de MT, com cabos pré-reunidos [10].

Devido à isolação do cabo, acidentes com terceiros deverão reduzir-se significativamente, pois nos casos de toques acidentais não deverá ocorrer choque. O cabo isolado de MT, mostrado na figura 4, confina o campo elétrico, permitindo

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Fig. 1 – Rede aérea compacta Fig. 3 – Rede aérea de MT isolada Fig. 2 – Queda de cabo energizado na via causou quatro mortes

Acidentes fatais

que na sua camada externa o potencial seja zero.

Uso de relés sensíveis à alta impedância –

A tecnologia tem avançado bastante no desenvolvimento de relés sensíveis às faltas de alta impedância, e os três métodos mais empregados [11] são:

a) Monitoramento da corrente de terceira harmônica, comparando vetorialmente o último valor lido com a média;

b) Utilização de um algoritmo que identifica se o surgimento do arco elétrico foi motivado por um condutor caído ao solo; e

c) Análise de eventual desbalanço nas tensões, pois na ocorrência do rompimento de um condutor de fase, aparecerão tensões de sequências negativa e zero.

O IEEE tem um programa piloto de implantação desta proteção na Índia [12], um país com elevados índices de acidentes por eletricidade, e com realidade similar à encontrada aqui [13].

No Brasil, a concessionária Equatorial Energia já realizou um teste com esta proteção em uma instalação piloto, envolvendo 19 ramais [14].

Uso de relés sensíveis ao rompimento de cabos – O mais recente lançamento em proteção de linhas de alta tensão é um esquema especial de proteção contra queda de condutores que utiliza dados sincronizados transmitidos de todos os dispositivos instalados no sistema de distribuição, incluindo os relés de proteção, os religadores e os medidores. Algoritmos patenteados no Controlador de Automação em Tempo Real (RTAC, na sigla em inglês) analisam continuamente os dados do sincrofasor em busca de anormalidades na tensão. Quando um condutor de energia rompido é detectado, o RTAC envia um comando de disparo aos dispositivos mais próximos da ruptura para isolar e desenergizar aquela seção do circuito. Tudo isso

acontece em algumas centenas de milissegundos, enquanto o condutor em queda ainda está no ar. [15]

As figuras 5 e 6 ilustram o conceito.

Características das redes de MT subterrâneas

Construção

As redes subterrâneas são empregadas em locais com maior concentração de carga, quando são exigidos transformadores de maior tamanho e a utilização de uma estrutura com postes passa a ser inviável, pois eles precisariam suportar não só os pesos dos transformadores

como também as trações impostas pelos cabos de maior seção transversal. Além deste requisito técnico, as redes subterrâneas contam com a simpatia da sociedade pelo melhor aspecto visual nos logradouros e pelo menor número de interrupções no fornecimento de energia.

Na rede subterrânea há diferentes configurações possíveis, tanto na rede pri-

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Fig. 5 – Rompimento de cabo, estimativa de atingir o solo em 1,37 s Fig. 6 – O desligamento é realizado em 0,392 s, antes de o cabo atingir o solo Fig. 4 – Cabo isolado de MT, em corte

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Tab. I – Índices de acidentes nas redes

mária (MT) quanto na rede secundária (BT). No projeto, são definidos os critérios de suportabilidade da rede às “contingências”, como são chamadas as faltas no sistema. Dependendo das características da localidade, a rede pode ser dimensionada para suportar uma (N-1) ou mais contingências, segundo as concessionárias, “sem comprometer a continuidade do fornecimento” [4]. No caso da rede subterrânea com secundário em anel (network), as consequências quando um determinado trecho sai de operação é que os demais passam a assumir uma parcela da carga do trecho faltoso, com possibilidade de entrarem em sobrecarga, até o retorno à normalidade.

Outra característica do tipo network adotado aqui é a ausência de proteção para os cabos secundários (BT), filosofia conhecida como “queima-livre” [16].

Ocorrências

As ocorrências de incêndios e explosões nas redes subterrâneas ficaram na berlinda no século XX, em especial nos EUA. No Brasil, temos tido ocorrências não só Rio de Janeiro e São Paulo mas também em outras cidades, desde 1930 [17].

Das vítimas dos acidentes no Rio de Janeiro, a americana Sarah Lowry, ficou internada por 67 dias com 80% do corpo queimado após ela e o marido terem sido atingidos pela explosão de

Tab. II – Mortes por choque elétrico em redes de distribuição aéreas

um “bueiro” (no caso, uma caixa transformadora (CT), que abriga os transformadores e o protetor network) quando atravessavam, na faixa de pedestres, a rua República do Peru em 29/6/2010. Sarah foi arremessada a oito metros de distância e seu corpo caiu já em chamas na calçada [18].

Melhorias possíveis

As ocorrências de explosões de “bueiros” não são exclusividade brasileira. Quando se começou a construir redes subterrâneas no Brasil, nos EUA estas já eram conhecidas. E como foi adotada aqui a mesma tecnologia de lá, os mesmos eventos ocorreram.

A configuração “queima-livre”, sem proteções aos componentes da instalação BT, é inaceitável perante as normas técnicas [19].

No mercado americano já foram desenvolvidas melhorias para as redes subterrâneas, como a monitoração das

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2017 2018 2019 2020 2021 NMOFUPR 9 6 0 15 9 NMOFUTE 37 18 28 34 33 NACTER 893 865 816 776 813 NMOTER 254 275 281 260 265 NMOFUPR –
do trabalho (funcionários
Número de mortes decorrentes de acidentes
próprios)
NMOFUTE – Número de mortes decorrentes de acidentes do trabalho (funcionários terceirizados)
NACTER – Número de acidentes com terceiros envolvendo a rede elétrica
NMOTER - Número de mortes com terceiros envolvendo a rede elétrica
Ano Mortes 2015 213 2016 218 2017 181 2018 171 2019 206 2020 237 2021 297

correntes e tensões, a instalação de indicadores de defeitos e o acompanhamento da temperatura dos cabos, tudo com comunicação remota com a central de controle e supervisão [20].

Dados, normas e legislação

Os dados

A Aneel tem divulgado os números relativos a acidentes nas redes elétricas [21], mostrados aqui na tabela I.

A manutenção dos patamares de acidentes e de mortes com terceiros (NACTER e NMOTER) ao longo dos anos indica não só que a sociedade vem sendo continuamente vitimada, mas também que não se investe em medidas corretivas.

O histórico de mortes nos acidentes nas redes aéreas é mostrado na tabela II [2]. Destes números, podemos constatar, por exemplo, que as 297 mortes ocorridas em 2021 correspondem a 44% do total de mortes naquele ano decorrentes de acidentes com eletricidade, mostrando que as redes aéreas em cabos nus são extremamente perigosas.

Utilizando uma matriz de risco, ao correlacionarmos os fatores de “severidade” (morte –> alta) com “frequência” (por ocorrer todos os anos com mais de 200 mortes –> alta), resulta em risco “muito alto”, inaceitável portanto (vide figura 7).

Uma apreciação superficial dos acidentes pode induzir que “árvores derru-

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Fig. 7 – Matriz de riscos

Acidentes fatais

badas em tempestades, que rompem os cabos e estes caem na rua, energizados, podendo atingir carros e pedestres” seja um exemplo de “imprevisto” [22]. Porém, se cabos partidos são recorrentes, o evento deve ser classificado como “previsto”. E se a rede aérea está sendo mantida há mais de um século sem proteção contra um evento previsto, sinaliza uma grave omissão, confirmada pelas centenas de mortes de cidadãos e animais.

As normas

A ABNT possui normas sobre a construção de redes de distribuição aéreas, em que são especificadas as ferragens e mostrados alguns detalhes de montagem [23]. Porém não há documentos técnicos que estabeleçam os dispositivos mínimos de proteção que as redes, aéreas e subterrâneas, devam conter.

flamáveis, responsáveis pelos eventos de fumaça, fogo e explosões na rede. A mídia tem atribuído, como “causas”, ou vazamentos de gás encanado, ou vapor d’água originado pela chuva. Como o gás apenas será da distribuidora de gás se for confirmada a presença de mercaptana, e a temperatura dos equipamentos fica abaixo de 100 ºC, tais “causas” são improváveis. Temos então que o gás inflamável liberado pela decomposição do isolamento do cabo é ignitado pelo próprio curto-circuito resultante, o que já causou centenas de vítimas, inclusive fatais [26].

A legislação

A norma que rege o projeto de instalações elétricas em MT [4] (assim como a de BT [19]) não se aplica “às instalações elétricas de concessionários dos serviços de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica”. Cria-se, assim, uma situação inusitada, em que as distribuidoras de energia elétrica exigem dos consumidores o atendimento às normas para que possam ser ligados, porém elas podem operar sem que suas instalações sigam as mesmas regras. Dessa forma, todo o capítulo 5 da NBR 14039, que aborda as proteções contra choques elétricos, efeitos térmicos, sobrecorrentes, sobretensões, inversão de fases, fuga de líquido isolante, perigos resultantes de faltas por arco, e por último, porém mais importante, proteção das pessoas que trabalham nas instalações elétricas de MT, pode ser solenemente ignorado pelas concessionárias.

Pelo fato de as normas ABNT não serem aplicáveis às concessionárias, isto permite, por exemplo, que elas adotem a configuração “queima-livre” para os cabos de BT nas redes subterrâneas, bem como apenas isolar as faltas ocorridas nos cabos de MT utilizando o protetor network, como mostrado na figura 8.

Ressalte-se que a configuração da rede subterrânea não possui dispositivos que garantam que a operação em sobrecarga dos cabos de potência (caso das “contingências”) não supere 100 h durante 12 meses consecutivos ou 500 h durante toda a vida do cabo – requisitos de norma [24, 25]. E, em curto-circuito, a norma estabelece que, para cabos da classe 90 oC, a falta deve parar em 5 s e a temperatura no condutor não deve ultrapassar 250 oC [24, 25], o que também não é contemplado na configuração “queima-livre”.

Quando esses limites são ultrapassados, ocorre o envelhecimento térmico do isolamento do cabo, levando à sua deterioração e à emissão de gases in-

Sobre segurança – O artigo 132 do Decreto 41 019/1957, que regulamentava os serviços de energia elétrica, já estabelecia: “A operação e a conservação deverão ser aparelhadas e organizadas de modo a assegurar a continuidade e a eficiência dos fornecimentos, além da segurança das pessoas e a conservação dos bens e instalações nelas empregados”. Como esta menção a “pessoas” está no capítulo das instalações da concessionária, entende-se que se refira aos funcionários desta.

Sobre normas – Nos contratos de concessão celebrados com a Aneel [27], encontramos: “A Concessionária obriga-se a adotar, na prestação dos serviços, tecnologia adequada e a empregar equipamentos, instalações e métodos operativos que garantam níveis de qualidade, continuidade e confiabilidade estabelecidos pelo Poder Concedente para os serviços de energia elétrica.”

Portanto, o requisito contratual prioriza os níveis de produtividade, não sendo citada a segurança da população. E, para atingir os níveis de produtividade,

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Fig. 8 – Atuação dos protetores network na rede subterrânea

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Acidentes fatais

a concessionária está liberada a adotar “tecnologia adequada”, mas não está contratualmente obrigada a seguir as normas brasileiras.

Sobre índices – Por não estarem referenciados contratualmente, os índices NMOFUPR, NMOTER e NMOFUT (vide tabela I) não interferem na remuneração das concessionárias, e nem se exige que elas tomem medidas para diminuí-los. Os índices utilizados pela Aneel para avaliar a qualidade do serviço prestado pelas concessionárias baseiam-se na continuidade do fornecimento de energia [28]:

• FEC - frequência equivalente de interrupção por consumidor;

• DEC - duração equivalente de interrupção por consumidor;

• DIC - duração de interrupção individual por consumidor; e

• FIC - frequência de interrupção individual por consumidor.

Conclusões

Como os acidentes envolvendo pessoas e bens não impactam negativamente na

avaliação/remuneração das concessionárias, eles não recebem atenção prioritária, sendo tratados como “eventos imprevistos”, que não podem ser controlados ou evitados. A não aplicação de sanções às concessionárias pelos registros de acidentes denota a ausência da implantação de medidas eficazes para redução dos casos de choques e mortes, que assim mantêm-se recorrentes.

Deve haver a mobilização da sociedade civil no sentido de que os registros de acidentes não sirvam apenas para preencher papel com tabelas e estatísticas; seu objetivo principal é orientar a tomada de decisões para solucionar os problemas. É inaceitável que situações em que o nível de risco é “muito alto” não recebam medidas corretivas com prioridade.

A modernização das redes, acompanhada de revisões nos critérios contratuais para avaliação de desempenho das concessionárias, e com a implantação de um esquema de proteção no qual a segurança para pessoas e animais seja priorizada, é imprescindível para estancar a perda de vidas, que é o custo

oculto das redes de distribuição baratas, concebidas há mais de 100 anos e que se mantêm favorecidas pelo atavismo e pela impunidade.

REFERÊNCIAS

[1] Chácara onde mãe e filhos morreram eletrocutados em piscina anuncia fechamento G1 - Paraná, 4 fev. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/pr/ parana/noticia/2024/02/08/chacara-onde-mae-efilhos-morreram-eletrocutados-em-piscinaanuncia-fechamento-nao-ha-mais-condicoespsicologicas.ghtml. Acesso em 10 fev. 2024.

[2] Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica Abracopel, v. 1, 30 mar. 2022. Salto, SP. Anual.

[3] Rangel Jr., Estellito (org.): Cabum! Explosões na rede subterrânea . 2010. Registro de notícias. Disponível em: https://bit.ly/32Rftd3. Acesso em 15 jun. 2023.

[4] Guimarães, Rafaela Filomena Alves: Sistemas de distribuição . São Paulo: Know How, 2016. 344 p.

[5] Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 14039: Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 65 p.

[6] Feitoza, Sérgio: ABNT NBR 15688 - Riscos de vida por proximidade de transformadores que podem explodir a janelas de residências . Rio de Janeiro, 18 dez. 2023. LinkedIn. Disponível em: https://www.linkedin. com/posts/sergiofeitozacosta_nbr15688-nbr13231transformadores-activity-7142540615401062400o9ck. Acesso em 10 jan. 2023.

[7] Dois morrem em SP após andaime encostar na rede elétrica . G1 - São Paulo, 26 set. 2013. Disponível em: https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/ 09/dois-morrem-em-sp-apos-andaime-encostarna-rede-eletrica.html. Acesso em 20 jun. 2023.

[8] Rangel Jr., Estellito: Mais quatro mortos devido à rede aérea de média tensão em cabos nus! Rio de Janeiro, 4 jan. 2016. LinkedIn: @Estellito. Disponível em https://bit.ly/2AK49RL. Acesso em 20 jun. 2023.

[9] O que fazer se bater o carro em poste de energia? Puget Sound Energy, Washington: PSE, 2016. (5

32 EM | Março / Abril | 2024

min.), son., color. Legendado. Disponível em https:// www.youtube.com/watch?v=5r1BTKPAmm0. Acesso em 10 jun. 2023.

[10] Souza, William Alves de: Interferências eletromagnéticas por descargas atmosféricas em redes de distribuição blindadas (rdi) que utilizam equipamentos não blindados . 2012. 44 f. Monografia (Especialização) - Curso de Sistemas Elétricos de Potência, UFMG, Belo Horizonte, 2012.

[11] Paradelo Jr., Romildo de Campos: Proteção de sobrecorrente em sistemas de distribuição de energia elétrica através de abordagem probabilística . 2016. 247 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia, Engenharia de Energia e Automação Elétricas, USP, São Paulo, 2016.

[12] Overhead powerline safety awareness project India Institute of Electrical and Electronics Engineers, IEEE, Special Interest Group on Humanitarian Technology- SIGHT. Disponível em https://sight.ieee. org/project-highlights/overhead-powerline-safetyawarenss-project-india/. Acesso em 20 jun.2023.

[13] Conscientização para os acidentes com eletricidade e sua prevenção . IEEE India. Hyderabad: Wings And Oars Media Comm, 2019. (15 min.), mp4, son., color. Legendado pelo eng. Estellito Jr. Disponível em https://bit.ly/2Z1r2xh

[14] Santos, Marcelo Costa et al.: Detecção de faltas de alta impedância em redes de distribuição: um estudo de caso . In: Electrical Safety Workshop Brasil, 10 ed., 2021, Virtual. São Paulo: IEEE, 2021. p. 25-30.

[15] SEL : New wildfire mitigation solution cuts power to broken electric lines before they hit the ground Pullman, EUA. 21 mar. 2023. Disponível em: https:// selinc.com/company/news/138105/. Acessado em 10 fev. 2024.

[16] Mello, João Canellas P.: Distribuição de Energia Elétrica . Rio de Janeiro: UFRJ, 1976. 98 p.

[17] CABUM!: Normas e tecnologias Ex . 1997. Histórico de explosões. Disponível em: http://www.cabumex.net.br/historico_explosoes.htm. Acesso em: 15 jun. 2023.

[18] Millazo, Daniel: Mais de dois meses após acidente, turista atingida por explosão de bueiro no Rio recebe alta . 2010. UOL. Disponível em https:// noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimasnoticias/2010/09/06/mais-de-dois-meses-aposacidente-turista-atingida-por-bueiro-no-riorecebe-alta.htm. Acesso em 10 jun. 2023.

[19] Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão . Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 209 p.

[20] Cunha, Antonio Paulo da; Vaz, Luiz Eduardo Pereira (org.): Redes de distribuição subterrâneas de energia elétrica . Rio de Janeiro: Synergia, 2014. 228 p.

[21] Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica: Indicadores de segurança do trabalho e das instalações . Ministério de Minas e Energia, Brasil, 2021. Disponível em <http://www2.aneel.gov.br/ aplicacoes/IndicadoresSegurancaTrabalho/ pesquisaGeral.cfm>. Acesso em 26 jun. 2023.

[22] Abr acopel: Os riscos próximos à rede aérea . https:// abracopel.org/blog/noticias/os-riscos-proximosrede-aerea/ acessado em 20/6/23.

[23] Rangel Jr., Estellito: Explosões em redes subterrâneas de distribuição: parte 1 – histórico e pseudocausas Eletricidade Moderna , São Paulo, v. 47, n. 543, p. 34-39, 10 jun. 2019. Mensal. Disponível em https://bit.ly/43V0c8d. Acesso em 9 jun. 2023.

[24] Rangel Jr., Estellito: Explosões em redes subterrâneas de distribuição: parte 2 ­ c ausa real,

equívocos e soluções Eletricidade Moderna , São Paulo, v. 47, n. 544, p. 50-55, 10 jul. 2019. Mensal. Disponível em https://bit.ly/43V0c8d. Acesso em 9 jun. 2023.

[25] Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 15688: Redes de distribuição aérea de energia elétrica com condutores nus . 2 ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. 158 p.

[26] Rangel Jr., Estellito: Explosion Risk in Underground Networks: measures for preventing manhole explosion events . IEEE Industry Applications Magazine, New York, v. 20, n. 5, p. 58-63, 10 set. 2014. Bimensal.

[27] Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica. Ministério de Minas e Energia: CONTRATO DE CONCESSÃO 001/96 : para geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, que celebram a união e a Light Serviços de Eletricidade S .A. Brasília, DF: MME, 1996. 32 p. Disponível em https://antigo.aneel.gov.br/web/guest/contratosde-distribuicao. Acesso em 18 jun. 2023.

[28] Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica: Resolução Normativa 956, 7 dez. 2021: Estabelece os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – Prodist. Brasília, DF: DOU, 15 dez. 2021. v. 235, Seção 1, p. 125-280.

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• 220 a 690 50 a 60 50 a 500 2 a 50 20 a 50 • 42 • • • • • • • • • Grid Energy
• 200 a 1.000 50 a 60 0 a 2.000 3 a 23 0 a 50 • 54 4,16 a 135 50 a 60 1 a 50 • • • • • • • • • • • • Lambda
• 220 a 690 50 a 60 25 a 800 2 a 51 -10 a +40 • 65 • • • • • • • • • • Metrum –
• 220 a 690 50 a 60 15 a 300 2 a 50 -10 a +45 • • • • • • • • • • MTEC
36 a 690 50 a 60 50 a 150 3 a 49 0 a 50 • • • • • • RTA
220 a 690 45 a 70 50 a 800 2 a 50 0 a 40 • 66 • • • • • • • • Sidrasul
• 230 a 480 50 a 60 600 a 2.400 2 a 61 -10 a +40
54 a 65 • • • • • •
trifásico
condutores
– (51)
Electric
– (11)
(31) 3492-6944 comercial@memt.com.br
– (11)
45
65 25 a 600 2 a 50 -10 a +40
200 a 690
a
20
Polêmica

dos

captores ESEs na proteção contra descargas atmosféricas

Gabriel Luiz Silva Almeida, Normando Alves e João Marcos Belisário Dantas da Termotécnica Para-raios

Odefensores dos chamados captores Early Streamer Emission (ESE) alegam que tais equipamentos possuem uma tecnologia diferenciada, capaz de proporcionar um raio de proteção ampliado em comparação com os captores convencionais. Eles defendem que o captor ESE seria capaz de emitir o líder ascendente com antecipação, se comparado aos captores tradicionais, proporcionando um aumento no raio de proteção do captor. No entanto, a eficácia dos dispositivos ESE é vista com desconfiança pela comunidade científica [1–3]. Além disso, é importante destacar que os ESEs não estão incluídos nas principais referências normativas, como a norma brasileira ABNT NBR 5419-3 [4], a norma internacional IEC 62305-3 [5] e a norma norte-americana NFPA 780 [6].

Como dito, os ESEs não são abordados pela norma internacional de proteção contra descargas atmosféricas IEC 62305-3 [5]. No entanto, eles são contemplados em normas de alcance restrito, como é o caso, por exemplo, de [7], na França, e [8], na Espanha. Por meio da

Defensores dos captores Early Streamer Emission (ESE) destacam avanços na proteção contra descargas atmosféricas proporcionados pelo uso de tais dispositivos, mas a comunidade científica permanece cética em relação à eficácia desses equipamentos. Este artigo aborda aspectos técnicos dos ESEs, que fomentam o debate entre engenheiros e cientistas.

análise do conteúdo da norma francesa NF C 17-102 [7], este artigo busca compreender e examinar as propostas desse documento acerca do ESE.

Nota-se que, desde a primeira versão da norma francesa NF C 17-102, de 1995 [9], há um ponto falho na consideração da velocidade do canal ascendente, que se estende do captor em direção à nuvem. A

velocidade empregada de 1 m/µs nos cálculos que determinam o raio de proteção proporcionado por um ESE implica vantagens substanciais desses equipamentos em comparação com sistemas convencionais. Supostamente, um único captor poderia garantir a proteção de uma edificação de grandes dimensões. No entanto, verifica-se que essa velocidade pode estar superdimensionada de 10 a 100 vezes, de acordo com várias medições reais realizadas em todo o mundo [10–13], incluindo o Brasil [14–16]. A correção deste aspecto faz com que a suposta vantagem do ESE seja reduzida a valores insignificantes e seu comportamento assuma o de um captor convencional.

Um argumento frequentemente apresentado pelos entusiastas dos dispositivos ESE é que há medições de velocidade de propagação do canal ascendente que coincidem com o valor estabelecido pela norma francesa. De fato, há uma certa dispersão nos valores de velocidade relatados na literatura. No entanto, quando se trata da integridade de estruturas, equipamentos e

36 EM | Março / Abril | 2024 SPDA
Fig. 1 – Arranjo de teste do captor Early Streamer Emission em laboratório [7]

pessoas, a melhor escolha não pode ser baseada na sorte e em registros otimistas que resultam em um sistema de proteção menos robusto e potencialmente falho. O fundamento teórico apresentado pela norma francesa baseia-se principalmente em testes de laboratório que analisaram a antecipação do líder ascendente, comparando-a com uma ponta captora convencional [7]. Entretanto, é importante destacar a discrepância de escala entre o arranjo representado na figura 1 e uma instalação real. No arranjo, a distância H é da ordem de 2 metros, e a distância h, de 1 metro, o que dificulta a extrapolação dos resultados obtidos em laboratório para cenários reais.

Registros de descargas atmosféricas utilizando câmeras ultrarrápidas permitem

uma compreensão mais aprofundada do comportamento desses fenômenos.

Recentemente, um vídeo capturado no Brasil pela equipe do Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que ganhou repercussão mundial [17], mostrou que o primeiro líder ascendente a surgir no campo de visão da câmera não correspondeu ao ramo que se conectou ao líder descendente. Essa observação é de extrema importância, pois evidencia que a emissão antecipada do líder ascendente não constitui uma garantia de proteção. Portanto, mesmo que um captor ESE fosse capaz de emitir um líder ascendente antecipado, ainda assim não haveria certeza de que ele seria conectado ao líder descendente.

Levando em conta as deficiências dos sistemas de emissão antecipada do líder

ascendente (ESEs), é necessário refletir sobre as implicações da utilização indiscriminada dessa abordagem. Uma apresentação realizada em um relevante congresso internacional [18] mostra a discrepância entre o raio de proteção proposto pelo ESE, instalado de acordo com os padrões estabelecidos pela norma NF C 17-102, e o raio de proteção efetivamente alcançado quando se ajusta a velocidade de propagação do canal ascendente para valores mais realistas. Observa-se redução de até 74% no raio de proteção corrigido em comparação com o raio de proteção estabelecido, segundo as definições da norma, conforme ilustrado na figura 2.

Tradicionalmente, os ESEs são amplamente utilizados em países da Europa Ocidental, como França, Espanha e Portugal. Tais regiões têm baixa incidência de descargas atmosféricas, o que dificulta a ocorrência de incidentes mesmo em sistemas sabidamente subdimensionados. Por outro lado, existem relatos de sucessivos incidentes envolvendo ESEs em regiões com alta incidência de raios, como a Malásia [19, 20], como mostram as figuras 3 e 4. A incidência de raios no território brasileiro é mais próxima do padrão asiático do que do padrão europeu [21]. Portanto, é importante refletir sobre as consequências da ampla utilização desses dispositivos no Brasil.

37 EM | Março / Abril | 2024
Fig. 2– Esquema ilustrativo do raio de proteção em uma edificação equipada com ESE. À esquerda, o raio de proteção de acordo com as diretrizes da norma NF C 17-102; à direita, o raio de proteção após a correção na velocidade de propagação do canal ascendente Fig. 3 – Incidentes observados em edificação equipada com ESE na Malásia [20] Fig. 4 – Incidente observado em edificação de grande porte equipada com ESE na Malásia [19]

SPDA

Antes de considerar a adoção de um dispositivo não amparado pelas normas técnicas vigentes no Brasil, o profissional deve refletir sobre as consequências da desobediência à legislação. A Norma Regulamentadora no 10 (NR-10), do Ministério do Trabalho e Emprego, estabelece requisitos mínimos e obrigatórios para garantir a segurança dos trabalhadores que direta ou indiretamente interajam em instalações elétricas [22]. De acordo com a NR-10, quaisquer trabalhos envolvendo eletricidade devem observar as normas técnicas nacionais e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis. Além disso, a NR-10 menciona diretamente a NBR-5410 [23], que por sua vez cita unicamente a NBR-5419 quando aborda assuntos relacionados à proteção contra descargas atmosféricas.

Cabe ressaltar que, quando a NR-10 cita a possibilidade de adoção de normas internacionais na ausência ou omissão de normas técnicas locais, não há precedentes para a adoção arbitrária de uma norma estrangeira que padronize sistemas ESEs para proteção contra descargas atmosféricas. Primeiramente, isso se deve ao fato de que não há ausência ou omissão, uma vez que o Brasil con-

ta com uma norma técnica específica para o assunto: a NBR-5419 [4]. Caso fosse necessário recorrer a uma norma internacional, esta deveria ser buscada no acervo de organizações suportadas por um conjunto de países, como a Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC) ou a Organização Internacional de Normalização (ISO). Nessa hipótese, a referência mais próxima ao escopo seria a norma IEC-62305 [5].

Deve-se considerar que normas técnicas estrangeiras, como a francesa NF C 17-102 [7] e a espanhola UNE 21186 [8], possuem abrangência limitada aos seus países e não são consideradas normas internacionais, ao passo que as normas ABNT possuem abrangência limitada ao Brasil.

O engenheiro que opta por projetar ou instalar um sistema em desacordo com as legislações e normas técnicas vigentes incorre diretamente no artigo 10, item V do Código de Ética Profissional [24], o qual cita “V) ante o meio: a) prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato profissional que possa resultar em dano ao ambiente natural, à saúde humana ou ao patrimônio

cultural.” Vale lembrar que o profissional está sujeito a responder por suas escolhas.

Até mesmo na França, onde os sistemas ESEs são amplamente utilizados, existem restrições legais [25–29] que estabelecem situações nas quais o projeto do SPDA deve estar em conformidade com a norma internacional IEC 62305. Algumas restrições abrangem as instalações nucleares, áreas classificadas e instalações de navegação aérea, por exemplo.

A comunidade científica mantém um ceticismo fundamentado em bases teóricas e observações práticas em relação aos dispositivos ESEs. A discrepância na velocidade do canal ascendente e a ausência de inclusão em normas internacionais amplamente reconhecidas e incidentes em regiões propensas a receber uma maior quantidade de raios denotam preocupações significativas em relação ao uso do ESE. Além disso, as implicações éticas e legais para engenheiros que optam por sistemas ESEs em desacordo com as normas locais e internacionais são claramente delineadas. Portanto, é crucial que os profissionais da engenharia primem pela segurança e conformidade regulatória em seus projetos de proteção contra des-

38 EM | Março / Abril | 2024

cargas atmosféricas, haja vista também as penalidades previstas pela ocorrência de acidentes causados pela não observância da regulação.

REFERÊNCIAS

[1] M. A. Uman e V. A. Rakov, “A critical review of nonconventional approaches to lightning protection”, Bull. Am. Meteorol. Soc., vol. 83, no 12, p. 1809–1820, 2002.

[2] L. Pecastaing et al., “Discussion on ‘Experimental demonstration of the effectiveness of an early streamer emission air terminal versus a Franklin Rod’ [and Reply]”, IEEE Trans. Dielectr. Electr. Insul., vol. 23, no 1, p. 605–608, fev. 2016, doi: 10.1109/TDEI.2015.005764.

[3] V. Cooray, “The Similarity of the Action of Franklin and ESE Lightning Rods under Natural Conditions”, Atmosphere, vol. 9, no 6, p. 225, jun. 2018, doi: 10.3390/ atmos9060225.

[4] ABNT, “NBR5419-3: Proteção contra descargas atmosféricas - Parte 3: Danos físicos a estruturas e perigos à vida.” 2015.

[5] IEC, Protection against lightning. Part 3, Physical damage to structures and life hazard, Ed. 2.0. Geneva: International Electrotechnical Commission, 2010.

[6] NFPA, “Standard for the Installation of Lightning Protection Systems”. 2023.

[7] AFNOR, “NF C17-102: Protection contre la foudreSystèmes de protection contre la foudre à dispositif d’amorçage”. 2011.

[8] UNE, “UNE 21186:2011: Protección contra el rayo: Pararrayos con dispositivo de cebado”. 2011.

[9] AFNOR, “NF C17-102: Protection contre la foudre: protection des structures et des zones ouvertes contre la foudre par paratonnerre à dispositif d’amorçage”. 1995.

[10] K. Berger e E. Vogelsanger, “Photographische Blitzuntersuchungen der Jahre 1955...1965 auf dem Monte San Salvatore”, Bull. Schweiz. Elektrotechnischen, vol. 57, 1966.

[11] Y. Gao et al., “Three-dimensional propagation characteristics of the upward connecting leaders in six negative tall-object flashes in Guangzhou”, Atmospheric Res., vol. 149, p. 193–203, nov. 2014, doi: 10.1016/j.atmosres.2014.06.008.

[12] K. B. McEachron, “Lightning to the empire state building”, J. Frankl. Inst., vol. 227, no 2, p. 149–217, fev. 1939, doi: 10.1016/S0016-0032(39)90397-2.

[13] S. Yokoyama, K. Miyake, T. Suzuki, e S. Kanao, “Winter lightning on Japan Sea coast-development of measuring system on progressing feature of lightning discharge”, IEEE Trans. Power Deliv., vol. 5, no 3, p. 1418–1425, jul. 1990, doi: 10.1109/61.57984.

[14] M. M. F. Saba et al., “Lightning attachment process to common buildings”, Geophys. Res. Lett., vol. 44, no 9, p. 4368–4375, maio 2017, doi: 10.1002/2017GL072796.

[15] S. Visacro, M. Arcanjo, M. H. Murta Vale, e M. Guimaraes, “On therecords of current, electric field and high-speed vídeo of a recent negative downward lightning measured at Morro do Cachimbo Station”, em GROUND 2018 & 8th LPE, 2018.

[16] S. Visacro, M. Guimaraes, e M. H. Murta Vale, “Features of Upward Positive Leaders Initiated From Towers in Natural Cloud‐to‐Ground Lightning Based on Simultaneous High‐Speed Videos, Measured Currents, and Electric Fields”, J. Geophys. Res. Atmospheres, vol. 122, no 23, dez. 2017, doi: 10.1002/2017JD027016.

[17] M. M. F. Saba, D. R. R. Da Silva, J. G. Pantuso, e C. L. Da Silva, “Close View of the Lightning Attachment Process Unveils the Streamer Zone Fine Structure”, Geophys. Res. Lett., vol. 49, no 24, p. e2022GL101482, dez. 2022, doi: 10.1029/2022GL101482.

[18] G. L. S. Almeida, N. Alves, e J. M. B. Dantas, “Are there advantages in using Early Streamer Emission air terminals instead of a Franklin rod considering the upward positive leader propagation speed?”, apresentado em International Conference on Grounding & Lightning Physics and Effects, Belo Horizonte, 2023.

[19] Z. A. Hartono, “Clear Evidence of Lightning Strikes to a Building Installed with Multiple ESE Air Terminals”, em 2021 35th International Conference on Lightning Protection (ICLP) and XVI International Symposium on Lightning Protection (SIPDA), Colombo, Sri Lanka: IEEE, set. 2021, p. 1–6. doi: 10.1109/ICLPandSIPDA54065.2021.9627488.

[20] Z. A. Hartono e I. Robiah, “The ESE and CVM Air Terminals: A 25 Year Photographic Record of Chronic Failures”, em 10th Asia Pacific Lightning Conference, Krabi, Thailand, 2017.

[21] D. J. Cecil, D. E. Buechler, e R. J. Blakeslee, “Gridded lightning climatology from TRMM-LIS and OTD: Dataset description”, Atmospheric Res., vol. 135–136, p. 404–414, jan. 2014, doi: 10.1016/j.atmosres.2012.06.028.

[22] Ministério do Trabalho e Emprego, NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade. 2004.

[23] ABNT, “NBR5410: Instalações elétricas de baixa tensão”. 2004.

[24] CONFEA, RESOLUÇÃO No 1.002 , DE 26 DE NOVEMBRO DE 2002. 2002.

[25] République Française, Arrêté du 1 octobre 2007 définissant les modalités relatives à la protection contre la foudre des installations nucléaires de base secrètes et des installations de mise en oeuvre et de maintenance associées aux systèmes nucléaires militaires. 2007.

[26] République Française, Circulaire du 24 avril 2008 relative à l’arrêté du 15 janvier 2008 relatif à la protection contre la foudre de certaines installations classées (Texte non paru au Journal Officiel). 2008.

[27] République Française, Arrêté du 11 décembre 2009 portant approbation de diverses dispositions complétant et modifiant le règlement de sécurité contre les risques d’incendie et de panique dans les établissements recevant du public (ERP). 2009.

[28] République Française, Installation de la navigation aérienne Guide d’aide à la protection contre la foudre. 2009.

[29] République Française, Arrêté du 4 octobre 2010 relatif à la prévention des risques accidentels au sein des installations classées pour la protection de l’environnement soumises à autorisation. 2010.

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Proteção de tensão diferencial da rede de distribuição

Mauro Sergio Silveira, Alexandre Vieira de Oliveira, Eliana Roratto de Andrade, Heliton de Oliveira Vilibor, Odair José Schirmer e Leonardo Nascimento Pereira, do Grupo CPFL

Uma das situações mais desafiadoras para a proteção da rede é a detecção de faltas à terra de alta impedância (FAI). Quando causada por um condutor rompido no sistema de distribuição aéreo, a FAI está frequentemente associada a situações perigosas para a segurança pública e requer uma resposta rápida da operadora da rede.

A utilização de chaves-fusíveis que têm operação monopolar – na proteção do ramal do alimentador, bem como a padronização da CPFL de transformadores de média tensão monofásicos e bifásicos, e a flexibilidade de manobras entre alimentadores com diferentes níveis de desequilíbrio de corrente na rede, impossibilitam a aplicação de proteções baseadas em componentes de sequência negativa para detectar condutores rompidos.

O recurso mais utilizado para detectar essas faltas de alta impedância à terra é a ativação de um elemento adicional de sobrecorrente que monitora magnitudes mais baixas de corrente para a terra, como a função de relé sensibilidade a faltas à terra (SEF, de sensitive earth fault).

Em sistemas aéreos, faltas de alta impedância, caso de condutor rompido ao solo, constitui um risco à segurança do público pois o cabo permanece energizado

A detecção de condutor rompido em linhas aéreas de média tensão é feita principalmente pelo monitoramento da corrente elétrica, mas os dispositivos de proteção de sobrecorrente têm limitações quando se trata de faltas de alta impedância, principalmente envolvendo condutor rompido, casos em que o cabo pode permanecer energizado até que os clientes avisem a distribuidora. Aqui se descreve uma solução de detecção e localização por variação de tensão utilizando ferramentas ADMS.

Contudo, a função SEF tem suas limitações. A primeira é que, no caso da CPFL, a rede possui cargas monofásicas no sistema de média tensão (presença de transformadores monofásicos). Portanto, o ajuste deve ser superior ao fluxo de carga para a terra, o que diminui a sensibilidade dessa proteção contra faltas de alta impedância.

Além disso, a aplicação de SEF acarreta problemas de seletividade. Como essa função é configurada para baixas correntes à terra e com dial time definido, ela geralmente cruza a curva tempo vs.

corrente do fusível, resultando em problemas de seletividade com proteções de ramais.

A inspeção feita pelo eletricista de rede para localização de falta à terra em sistemas sem SEF limita-se à linha principal protegida, chamada “zona 1” na figura 1.

A situação é diferente quando se ajusta a função SEF. Apesar de trazer melhor detecção de falta à terra do que apenas a função ANSI 51N, a SEF requer maior área de inspeção (comparada à situação

40 EM | Março / Abril | 2024 Distribuição
Epri

sem SEF), pois não garante seletividade com os fusíveis instalados nos ramais. Isto ocorre especialmente em faltas de alta impedância.

O eletricista deve inspecionar também a rede nos ramais, mesmo que não haja fusível queimado, pois a causa raiz da interrupção pode ser uma falta à terra de alta impedância detectada pelo relé do disjuntor mas localizada depois do fusível.

Assim, a função SEF: (i) tem configuração de detecção limitada para faltas

à terra de alta impedância nas redes da CPFL, devido à presença de cargas para a terra na MT (transformadores monofásicos); e (ii) não garante seletividade com elos fusíveis instalados na proteção de ramais, o que resulta em aumento do indicador DEC, pois requer maior tempo de localização de faltas e inspeções de zonas.

Em 2020, a CPFL registrou um número crescente de acidentes elétricos envolvendo condutores rompidos, o que levou a empresa a pesquisar novas soluções para melhorar a segurança e

reduzir os acidentes. Com base no artigo em referência [1], sobre detecção de condutores rompidos, a equipe da CPFL desenvolveu uma solução adequando aquela ideia à realidade da empresa com a utilização das ferramentas disponíveis.

A proteção da rede por tensão diferencial elaborada pela empresa não utiliza um medidor dedicado instalado na baixa tensão, como na ideia original apresentada em [1], mas sim todos os medidores de tensão disponíveis, espalhados pela rede de média e baixa tensão, alimentando o SCADA / ADMS - advanced distribution management system. Ao monitorizar a tensão elétrica da rede de distribuição, o ADMS processa através de uma lógica interna as situações de perda de fase a jusante de um determinado medidor, com base na variação de tensão. Assim, é gerado um alarme na tela do operador para avisar sobre essa interrupção e sua localização na rede, com base na árvore elétrica.

Conceito de proteção de tensão diferencial da rede

A proteção tradicional contra faltas à terra em um sistema solidamente aterrado é baseada em um circuito fechado em um contato fase-terra, que deve gerar uma sobrecorrente acima de um determinado valor de ajuste calculado.

Porém, este valor de impedância de contato é crítico, pois se for muito alto e a

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Fig. 1 – Zona 1 a ser inspecionada em disparo de disjuntor por 51N Fig. 2 – Curva tempo vs. corrente para a figura 1 Fig. 4 – Curva tempo vs. corrente para a figura 3 Fig. 5 – Detecção confiável de condutores caídos e rompidos [1] Fig. 3 – Zona 2 a ser inspecionada para disparo de disjuntor por SEF

Distribuição

Religador 1

Religador 1

Operação normal

Religador 2

Interrupção de fase

Religador 1

sobrecorrente resultante estiver abaixo do ajuste calculado, haverá uma FAI e o sistema continuará energizado. Esta é uma das situações mais perigosas para a segurança do público quando se trata de sistemas aéreos. A situação piora quando a FAI é estabelecida por um condutor rompido porque o cabo energizado fica próximo da população, o que é um passo para um acidente.

Assim, o conceito de proteção de tensão diferencial da rede é não depender da magnitude da corrente elétrica, mas monitorar a tensão entre cada par de dispositivos de medição de tensão instalados em série em um circuito. Se o dispositivo a montante mostrar tensão normal em todas as três fases, o dispositivo a jusante também deverá mostrar. Porém, se o dispositivo a jusante apresentar queda de tensão constante, em qualquer fase, abaixo de um determinado limite, e manter a tensão normal nas demais fases, significa que há uma interrupção na linha.

Consideremos dois religadores de um determinado alimentador. Caso a tensão de ambos os equipamen-

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Lado fonte Lado fonte Lado carga Lado carga
Fig. 6 - Interrupção de fase entre religadores Fig. 7 – Configuração normal do alimentado

tos seja monitorada pelo ADMS que possui a configuração online da árvore elétrica do alimentador, no caso de condutor rompido entre os religadores o ADMS terá todas as informações necessárias para processar e indicar que há interrupção de fase (figura 6).

Durante o monitoramento da rede, o sinal enviado ao ADMS pode ser a magnitude da tensão em cada fase do equipamento de campo, e assim o próprio ADMS pode detectar a interrupção. Porém, se o equipamento de campo tiver capacidade de processamento e apenas enviar a informa-

ção de saída digital “perda de fase”, o ADMS poderá executar apenas o segundo processo, que é localizar a falta com base na árvore elétrica.

O mesmo raciocínio pode ser considerado em um sistema maior com mais dispositivos monitorando a tensão, incluindo todas as medições remotas de média e baixa tensão, bem como a telemedição do cliente. Como o ADMS monitora o sistema online, mesmo o chaveamento não afetará a lógica de tensão diferencial, pois o sistema conhece a direção do fluxo da corrente. Assim, quando há uma interrupção de fase, o algoritmo do ADMS processa e fornece ao operador apenas o alarme de

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Fig. 8 – Interrupção de fase a jusante do religador 2 Fig. 9 – Dispositivos de medição de tensão em um circuito

qual equipamento a jusante apresenta o problema.

A CPFL trabalha com alarmes e procedimentos para lidar com esse tipo de interrupção, mas não há problema se alguma outra empresa que possa aplicar proteção de tensão diferencial decidir disparar equipamentos de proteção a montante, desligando seu sistema. Isto deve ser considerado de acordo com as particularidades de cada concessionária.

As figuras 7 [pág. 42] e 8 [pág. 43] ilustram como os sinais vêm do campo quando de uma interrupção de fase.

Lógica de tensão diferencial

Para entender a lógica por trás da proteção de rede por tensão diferencial implementada no sistema CPFL, vamos considerar dois dispositivos como na figura 9, o dispositivo 1 (a montante) e o dispositivo 2 (a jusante).

Se nenhum desses dispositivos tiver a capacidade de processar internamente “perda de fase” (com base na tensão de sequência negativa, por exemplo) e apenas enviar ao SCADA um sinal binário em caso de interrupção de fase, o ADMS receberá a informação da tensão trifásica medida a cada minuto e terá a

44 EM | Março / Abril | 2024 Distribuição
Fig. 10 – Lógica baseada na magnitude da tensão Fig. 12 – Simulação de perda de fase – circuito afetado Fig. 11 – Lógica baseada no sinal de interrupção de fase Fig. 13 – Perda de fase registrada em um circuito de BT

Distribuição

tarefa de analisar as magnitudes das tensões recebidas.

A figura 10 [pág. 44] mostra o processo lógico. Primeiramente, o ADMS verifica se pelo menos uma fase do dispositivo 2 está com tensão 70% abaixo da nominal e se ao menos uma fase apresenta tensão normal, ou seja, acima de 70%. Quando esta condição é atendida, o sistema aciona um temporizador que irá validar se esta situação é estável ou não. Terminado este período, caso a queda de tensão permaneça, o último passo consiste em verificar se o dispositivo 1 está com tensão normal, executando a mesma validação (o que ocorre em paralelo).

A referência de 70% da tensão foi baseada em simulações de interrupção de fase no ATP Draw e também segue regulamentação da Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica, que considera esse valor como referência para uma interrupção [3].

Por outro lado, se os dispositivos de campo tiverem capacidade de processar “perda de fase” caso de religadores modernos, dispositivos de medição remota e outros , a primeira parte da lógica será processada pelo equipamento de campo. Portanto, o ADMS apenas comparará se a tensão está “ok” ou “não ok” nos dispositivos a montante e jusante. Então, toda a lógica pode ser substituída pela da figura 11.

O sinal de saída da lógica poderia ser um trip para o dispositivo de proteção a montante, mas a CPFL decidiu trabalhar com alarme e procedimentos na tela do operador do ADMS.

Adicionalmente, existe um botão na tela do operador para desabilitar a função de tensão diferencial do alimentador, para evitar o alarme em chaveamentos monofásicos.

Assim, a lógica de tensão diferencial surge como uma ferramenta adicional

de informação que possibilita antecipar a ação da concessionária em relação ao cenário anterior sem esta ferramenta, no qual muitos casos de condutores rompidos eram localizados e informados pela comunidade à empresa depois de algum tempo do rompimento, o que atrasava as ações necessárias.

Teste de campo

No final de 2021, a CPFL realizou um teste de campo da função de proteção de tensão diferencial. A lógica foi instalada em um alimentador no município de Barretos, interior de São Paulo. O teste consistiu em uma equipe abrir um polo de uma chave monofásica (ID: 33622) localizada entre dois religadores (Ids: 33608 e 118955), simulando um condutor rompido em uma falta de alta impedância (infinita), conforme mostra a figura 12.

Um registrador de tensão foi instalado em um circuito de BT alimentado por meio de um transformador trifásico delta-estrela aterrada, conectado à linha, para verificar as tensões recebidas pelos clientes. A figura 13 mostra o comportamento da tensão durante o teste.

Como esperado, o ADMS processou a tensão proveniente dos religadores e indicou corretamente na tela do operador o alarme: “Interrupção de fase a jusante do religador 33608”, conforme a figura 14.

Após este bem-sucedido teste de campo, desenvolvido e realizado pela equipe da CPFL, a empresa iniciou tratativas com o fornecedor do ADMS para expandir a solução para o sistema completo, abrangendo todos os dispositivos de média e baixa tensão.

Conclusões

A técnica de proteção de rede por tensão diferencial é uma importante ferramen-

46 EM | Março / Abril | 2024

ta adicional para detectar condutores rompidos em faltas à terra de alta impedância. Funciona em paralelo com a proteção tradicional de sobrecorrente e antecipa as ações da concessionária em situações perigosas para a segurança pública, relacionadas a condutores rompidos, que de outra forma só seriam realizadas após chamadas da comunidade.

Diferentemente da proteção de sobrecorrente, este método pode de -

tectar resistências de falta infinitas (condutor rompido e sem contato com outro potencial) porque não depende da corrente mas, sim, da comparação da tensão entre equipamentos.

Também não afeta a seletividade, como acontece com a função de sobrecorrente SEF, e mostra ao operador da rede o trecho exato entre equipamentos para a localização da falta.

A CPFL testou com sucesso a técnica em um alimentador no estado de São Paulo e iniciou um movimento para ampliar essa solução. Com a melhoria da infraestrutura de comunicação, telemedição e mais equipamentos de controle remoto no sistema (religadores, reguladores de tensão e outros), esta proteção pode ser ampliada para monitorar todo o sistema e dar mais confiabilidade à operação.

REFERÊNCIAS

[1] E. Bjerkan, H. K. HØidalen, J. G. Hernes, 2007: Reliable detection of downed and broken conductors 19th Cired conference, paper 0571.

[2] CPFL, 2022, GED 2912 – Proteção de redes aéreas de distribuição – Sobrecorrente , V. 2.2., Brasil.

[3] Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), 2021: PRODIST - Módulo 8 – Qualidade do Fornecimento de Energia Elétrica , Brasil.

Trabalho apresentado na Cired 2023 - 27th International Conference on Electricity Distribution, Roma, junho de 2023. Publicado por EM sob autorização dos autores e da coordenação da conferência.

47 EM | Março / Abril | 2024
Fig. 14 – Alarme “perda de fase” na tela do ADMS

Empresa – Telefone e-mail

Produtos para proteção contra descargas atmosféricas

País com elevada incidência de descargas atmosféricas e registros de danos materiais e pessoais, incluindo mortes, decorrentes de raios, o Brasil é campo de aplicação por excelência dos sistemas de proteção. Este guia lista a oferta de 27 empresas, relativa aos itens constituintes dos subsistemas do SPDA (captação, descida e aterramento), além de elementos de conexão, grampos e terminais, com as informações para contato. Da Redação de EM

Subsistema de captação

Subsistema de descida

Subsistema de aterramento

Conectores, grampos e terminais

Captores Franklin Minicaptores Mastros c/ bases e estais Mastros telescópicos

Captores c/ isolação de alta tensão

Sinalizadores noturnos

Aerial – (11) 99315-6549 contato@aerialcabos.com.br

AKP Metalúrgica – (11) 97188-0230 vendas@akpmetalurgica.com.br

Belgo Bekaert – (31) 98749-9214 sidnei.martins@belgobekaert.com.br

Cabelauto – (35) 3629-2500 comercial@cabelauto.com.br

EC Components (11) 98486-2929 stela@eccomponents.com.br

Eurometall – (19) 3546-2219 vendas@eurometall.com.br

Fastweld – (11) 2423-2430 rinaldo@fastweld.com.br

Global Cabos (19) 3441-1245 vendas@globalcabos.com.br

Indel – (11) 97389-6213 indelbauru@indelbauru.com.br

Indelec – (15) 3327-3919 contato@indelec.com

SPDA estruturalVergalhões rebar e insertos p/ rebar

Sinalizadores c/ sensor fotoelétrico Barras chatas de alumínio Barras chatas de cobre Cabos de cobre nu Cabos de cobre isolado Cabos de alumínio nu Cabos de aço cobreado Cabos de alumínio cobreado Cabos de aço galvanizado a quente Cabos de aço inoxidável Cordoalhas Fitas de cobre Fitas metálicas Abraçadeiras e fixadores Suportes-guia Hastes cobreadas de alta camada Hastes cobreadas de alta camada, prolongáveis Barramentos BEP/BEL Caixas de inspeção no solo Caixas de inspeção suspensas Barras chatas, cabos, cordoalhas e fitas Solda exotérmica e componentes Gel para tratamento de solo Pressão Compressão Parafuso fendido (split-bolt) Em bronze Estanhados Bimetálicos Para medição Pasta anti-óxido

Contador de descargas atmosféricas

48 EM | Março / Abril | 2024 Guia – 3
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Curso de Aterramento e Equipotencialização em BT e Curso de Aterramento e Equipotencialização em BT e

Curso de Instalações Elétricas em MT Curso de Instalações Elétricas em MT

Minicurso de Instalações Elétricas em Canteiros de Obras

Minicurso de Instalações Elétricas em Canteiros de Obras

Minicurso Como Aprovar seu estudo de Curto-Circuito e

Minicurso Como Aprovar seu estudo de Curto-Circuito e Seletividade na Concessionária Seletividade na Concessionária

Curso de Curto-circuito em Instalações Elétricas de BT

Curso de Curto-circuito em Instalações Elétricas de BT

Curso de Instalações Elétricas Prediais Curso de Instalações Elétricas Prediais

(12)99229-5845

(12)99229-5845

NOVIDADE

Guia – 3

Empresa – Telefone e-mail

Intelli – (16) 3820-1652 vendas@grupointelli.com.br

JCL Cabos – (11) 97515-6354 vendas7@jclcabos.com.br

Kerax – (11) 4092-3535 eliana.farias@kerax.com.br

LPM – (11) 99654-5884 hebe@lpmmil.com.br

Magnet – (11) 4176-7878 vendas@mmmagnet.com.br

Maxxweld – (41) 99981-2083 cheyenne@maxxweld.com.br

Montal – (31) 99238-0190 comercial@montal.com.br

Paraeng – (31) 98634-3210 contato@paraeng.com.br

Paragam – (11) 3948-0042 paragam@paragam.com.br

Paratec – (11) 3641-9063 vendas@paratec.com.br

Proauto – (15) 99837-3594 mkt@proauto-electric.com

Raycon – (11) 3994-1906 miltonfabrica@raycon.com.br

Speedy Weld – (11) 94550-9914 vendas@speedyweld.com.br

Tecnobarras – (41) 3245-2820 vendas@tecnobarras.com.br

Termotécnica – (31) 3308-7000 assistente.vendas@tel.com.br

Unisolda – (11) 3623-1220 rebeca@unisoldaconexoes.com.br

Wirex Cable – (12) 3972-6000 vendas.cabos@wirex.com.br

Subsistema de captação

Subsistema de descida

Subsistema de aterramento

Conectores, grampos e terminais

Captores Franklin Minicaptores Mastros c/ bases e estais Mastros telescópicos Captores c/ isolação de alta tensão Sinalizadores noturnos Sinalizadores c/ sensor fotoelétrico Barras chatas de alumínio Barras chatas de cobre Cabos de cobre nu Cabos de cobre isolado Cabos de alumínio nu Cabos de aço cobreado Cabos de alumínio cobreado Cabos de aço galvanizado a quente Cabos de aço inoxidável Cordoalhas Fitas de cobre Fitas metálicas Abraçadeiras e fixadores Suportes-guia Hastes cobreadas de alta camada Hastes cobreadas de alta camada, prolongáveis Barramentos BEP/BEL Caixas de inspeção no solo Caixas de inspeção suspensas Barras chatas, cabos, cordoalhas e fitas Solda exotérmica e componentes Gel para tratamento de solo Pressão Compressão Parafuso fendido (split-bolt) Em bronze Estanhados Bimetálicos Para medição Pasta anti-óxido

Obs.: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 136 empresas pesquisadas. Fonte: Revista Eletricidade Moderna, Março / Abril de 2024. Este e muitos outros guias estão disponíveis on-line, para consulta. Acesse www.arandanet.com.br/revista/em e confira. Também é possível incluir a sua empresa na versão on-line de todos estes guias.

SPDA estruturalVergalhões rebar e insertos p/ rebar

Contador de descargas atmosféricas

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A utilização de captores em módulos fotovoltaicos

A energia gerada por um sistema fotovoltaico (SFV) é diretamente proporcional à área ocupada pelos seus módulos, necessariamente instalados em locais abertos, podendo esta área chegar a alguns quilômetros, caso eles pertençam a uma usina fotovoltaica (UFV). Tal fato corresponde a uma significativa vulnerabilidade dos SFV às descargas atmosféricas diretas e indiretas, comprovada pelas estatísticas que indicam que até 25% das falhas nesses sistemas são causadas por descargas atmosféricas.

Embora SFVs instalados no alto de edifícios não aumentem a probabilidade da incidência das descargas atmosféricas nesses prédios, o posicionamento dos captores deve colocar os módulos fotovoltaicos dentro do volume de proteção conhecido como Zona de Proteção contra Raios (ZPR) 0B, que corresponde à região protegida contra o impacto direto das descargas atmosféricas. Caso isto não seja feito, os módulos atuarão como captores, sem que tenham sido preparados para isso, podendo ser danificados ou, como veremos com mais detalhes a seguir, deteriorarem-se prematuramente.

No caso de UFVs, embora o principal risco associado às descargas atmosféricas, o risco de perda de vidas humanas (R1), seja muito baixo, dispensando a obrigatoriedade da instalação de captores na área dos painéis, critérios econômicos (R4) indicam a necessidade de proteger os módulos, para evitar que eles falhem, sejam destruídos ou degradem-se precocemente.

Apesar de um módulo fotovoltaico poder continuar gerando eletricidade após receber o impacto direto de uma descarga atmosférica, os danos causados por esta

podem comprometer-lhe a estrutura, iniciando ou potencializando sua degradação. Seja provocando trincas no vidro, deformações nas molduras metálicas ou comprometimento das vedações, descargas atmosféricas podem reduzir a vida útil das células e módulos, acelerando a degradação desses componentes. Embora tal vulnerabilidade não seja negada por muitos profissionais, eles defendem a não utilização de captores para evitar o impacto direto das descargas nos módulos fotovoltaicos, o que não é técnica ou economicamente o mais recomendado.

No Brasil, a proteção de estruturas contra os efeitos das descargas atmosféricas é normalizada pela norma técnica ABNT NBR 5419:2015 - Proteção contra descargas atmosféricas, que apresenta os métodos válidos para especificação dos captores (ângulo de proteção, esfera rolante e das malhas). O subsistema de captação é o responsável por interceptar a descarga atmosférica antes que ela atinja algum objeto (no nosso caso, os módulos) que não tenha sido projetado para absorver o impacto direto da corrente elétrica da descarga. Os captores não atraem, capturam ou inibem a ocorrência das descargas atmosféricas. Eles as interceptam porque são posicionados em pontos estratégicos de uma estrutura, da qual são emitidos os líderes ascendentes que encontram os líderes escalonados que saem das nuvens, rompendo a rigidez dielétrica do ar através de saltos (dando origem ao nome “escalonados”).

O objetivo da proteção dos módulos fotovoltaicos é evitar a perda de valor econômico (R4) da instalação devido às descargas atmosféricas, segundo os critérios da nor-

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ma técnica ABNT NBR 5419-2:2015, versão corrigida 2018 – Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 2: Gerenciamento de Risco. Por isso se deve reconhecer que os captores, neste caso, não objetivam a proteção de vidas humanas (R1), podendo portanto não ser utilizados para proteger as pessoas em uma UFV, as quais devem abrigar-se em locais seguros na iminência de descargas atmosféricas.

Os dois argumentos apresentados por quem não utiliza captores em módulos fotovoltaicos nos seus projetos de proteção contra descargas atmosféricas (PDA) são a quantidade de captores necessários para proteger uma UFV e o sombreamento causado por eles nos módulos, reduzindo a eficiência do processo de conversão. Embora tais argumentos se enquadrem no que nos Estados Unidos se chama de wishful thinking, ou viés de confirmação, vale a pena analisá-los mais detidamente.

A área ocupada por uma edificação, ou estrutura, é um critério básico para justificar a necessidade de proteção. Quanto maior a área, maior a probabilidade de que ela seja atingida por uma descarga atmosférica direta, e consequentemente maior a necessidade da sua proteção. Argumentar pela não utilização de captores, mesmo eles sendo necessários, devido à sua grande quantidade é uma inversão de todos os princípios da PDA, equivalente a dizer que em locais com níveis altos de curto-circuito não se pode utilizar dispositivos de proteção contra sobrecorrentes (disjuntores ou fusíveis) porque eles seriam muito caros.

Já o sombreamento provocado pelos captores pode ser minimizado pelo seu dimen-

sionamento e posicionamento adequados. Cabe ao projetista da PDA, trabalhando em conjunto com os demais projetistas da UFV, estabelecer a melhor relação custobenefício entre a proteção dos módulos e o sombreamento sobre eles. O problema real neste caso é a coordenação dos projetos, sendo contraproducente começar o estudo da PDA apenas quando o projeto elétrico da usina já estiver definido.

Já no caso de SFVs no alto de prédios, a opção de não utilizar captores para proteção dos módulos também não se aplica, porque neste caso teríamos objetos expostos às descargas atmosféricas acima do posicionamento dos captores (ZPR 0A). Resumidamente, em uma UFV, a PDA existe para proteger a operação da usina, enquanto em SFVs instalados em prédios a PDA deve ser projetada para proteger todos os seus elementos, para que a edificação como um todo esteja protegida.

Todas as normas de PDA para SFV apresentam as prescrições para a especificação dos captores, o que significa insofismavelmente que eles são necessários. Caso eles não sejam instalados, o SFV irá gerar energia, mas até ser danificado por uma descarga atmosférica, o que pode ser provável, mas imprevisível, confirmando o aforismo do jornalista Aparício Torelly, o Barão de Itararé: “As consequências vêm depois”.

Engenheiro eletricista da Lambda Consultoria, consultor da Embrastec e mestre em energia pelo Instituto de Energia e Ambiente da USP, SergioRobertoSantos apresenta e analisa nesta coluna aspectos de aterramento, proteção contra descargas atmosféricas e sobretensões transitórias, temas aos quais se dedica há mais de 20 anos. Os leitores podem apresentar dúvidas e sugestões ao especialista pelo e-mail: em_aterramento@ arandaeditora.com.br, mencionando “EM-Aterramento” no assunto.

53 EM | Março / Abril | 2024

O grave passivo Ex

Estellito Rangel Júnior

Nas reuniões de fechamento das auditorias realizadas em empresas que possuem áreas classificadas, perguntas sobre certificação, confiabilidade dos documentos Ex, normas e sinalização, entre outras, surgem com elevada frequência. Vamos destacar – e responder – algumas delas nesta seção.

1) Por que nossos documentos de classificação de áreas não estão confiáveis?

R: Cabe ressaltar que no Brasil não há um curso formalmente estruturado e reconhecido para classificação de áreas; o que existe são cursos livres de instalações elétricas em atmosferas explosivas, onde alguns até acrescentam no título “e classificação de áreas”. O material didático destes “cursos” limita-se a reproduzir as ilustrações artísticas encontradas em documentos como a API-RP-505, que é uma “Prática Recomendada” emitida pelo American Petroleum Institute. Isto causou um entendimento equivocado de que o estudo de classificação de áreas já estaria “pronto” ao se copiar tais figuras. Ora, se um estudo de engenharia se limitasse à cópia de figuras genéricas, então qualquer adolescente poderia fazê-lo, bastando copiar-e-colar tais figurinhas nos desenhos de arquitetura das unidades industriais.

O estudo de classificação de áreas consiste em determinar até que distância da fonte de emissão a atmosfera poderá se apresentar em concentração acima do respectivo LIE. E, para determinar esta distância, é necessário um estudo de engenharia, que considere as características específicas da planta sob estudo.

2) A certificação pessoal deve ser exigida?

R: Alguns defendem a “certificação pessoal” como a solução de todos os problemas, mas, no caso de classificação de áreas, temos um agravante, pois os exames têm sido realizados mediante questões de múltipla escolha, o que tem permitido a pessoas que nunca realizaram classificação de áreas obterem tal “certificado”, como postado nas redes sociais.

3) O uso de normas internas de grandes empresas não garante uma classificação de áreas confiável?

R: Infelizmente, não. O uso indiscriminado das figuras ilustrativas da API RP-505 já chegou às normas internas de várias grandes empresas. Até nas companhias onde há procedimentos proibindo a emissão de normas internas quando as disposições já estão disponíveis em normas externas (o que caracterizaria uma duplicidade dispensável), já notamos o uso indiscriminado das figurinhas ilustrativas.

4) A API RP-505 não é uma norma internacional?

R: A API RP-505 nem é uma norma, nem é internacional. Ela é uma “prática recomendada”, um tipo de documento que não estabelece requisitos. Suas ilustrações refletem práticas adotadas por alguma empresa, porém não são informados os produtos, as condições climáticas

Cor de fundo vermelha: Placa de Segurança (Incêncio e explosão)

Símblo de área classificada

Requisitos para uso seguro dos equipamentos elétricos e eletrônicos

Número do desenho e classificação de áreas a ser consultado

e de processo, nem os fatores de segurança utilizados. Em vários itens da RP505 há o alerta de que “as extensões, na prática, podem ser menores ou maiores que as apresentadas”, o que coloca a responsabilidade do estudo no executante, e não na RP-505. Para uma norma ser designada “internacional”, seu Grupo de Trabalho deve ser constituído por representantes de diferentes países.

5) As normas para classificar áreas de uma manufatura e de uma plataforma de petróleo são as mesmas?

R: O estudo segue as mesmas diretrizes, mas as “normas” não são as mesmas. Já encontrei uma unidade de produtos alimentícios (pós combustíveis), onde as áreas classificadas tinham sido obtidas da RP-505, demonstrando a falta de competência da empresa contratada para realizar o estudo.

Também já vi um “estudo” que o cliente especificou o uso da NBR IEC 6007910-1, e a empresa contratada entregou documentos com reproduções das figuras da RP-505, alegando que a NBR IEC 60079-10-1 permitia o uso da RP-505. Trata-se de um equívoco causado pela leitura descuidada da norma, pois, embora NBR IEC 60079-10-1 mencione que várias “normas” podem ser usadas, há a citação que se forem utilizadas, o estudo não mais poderá ser considerado como baseado na NBR IEC 60079-10-1. A norma é um documento que, além de volu-

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Ex
EM
Figura 1 – Placa correta de sinalização Ex

moso, exige considerável expertise para a correta aplicação de suas equações.

6) Onde está escrito que a área classificada tem que ser sinalizada?

R: Uma observação interessante é que as pessoas que perguntam “onde está escrito”, invariavelmente são aquelas que têm responsabilidade sobre a disciplina, e, portanto, já deveriam conhecer os requisitos. A sinalização é fundamental, pois na área industrial comumente temos gases incolores, e a avaliação de sua concentração não pode ser feita pelo cheiro, pois a sensibilidade olfativa varia de pessoa para pessoa. Desta forma, a sinalização, destacando as informações do estudo de classificação de áreas, caracteriza a informação sobre os riscos inerentes ao trabalhador naquela unidade, como exigido, por exemplo, na NR-01.

Também temos notado nas auditorias que muitas empresas “criam” suas placas de sinalização Ex, variando desde uma

simplória placa de “Não fume”, até longos textos totalmente inadequados. A placa precisa dar as informações necessárias do Grupo, zona e temperatura máxima de superfície, para que o trabalhador possa rapidamente conferir se está entrando na área classificada com os aparelhos adequados. A placa ilustrada na figura 1 segue as diretrizes da ISO e contém as informações necessárias. Deve ser ressaltado que não basta colocar placas na planta; o treinamento para trabalhadores e visitantes deve mostrar o significado delas e o que deve ser feito ao se avistar uma.

7) Qual o impacto de uma classificação de áreas inadequada na indústria de processo?

R: A classificação de áreas está fundamentalmente ligada à segurança, pois, além de alertar sobre as regiões onde apenas os equipamentos certificados podem ser instalados, também serve de base na elaboração dos procedimentos de segu-

Estellito Rangel Júnior, engenheiro eletricista, primeiro representante brasileiro de Technical Committee 31 da IEC, apresenta e discute nesta coluna temas relativos a instalações elétricas em atmosferas potencialmente explosivas, incluindo normas brasileiras e internacionais, certificação de conformidade, novos produtos e análises de casos. Os leitores podem apresentar dúvidas e sugestões ao especialista pelo e-mail em@arandaeditora.com.br, mencionando em “assunto” EM-Ex.

rança e para as liberações de trabalhos nas áreas classificadas. Uma classificação errada pode permitir a entrada de elementos que são capazes de atuar como fonte de ignição na área classificada, com consequências catastróficas.

8) Como algumas empresas anunciam serviços de “redução das áreas classificadas”?

R: Isto só é factível se o estudo existente tiver sido feito com premissas exageradas ou se os processos atuais forem modificados para que a formação de atmosferas explosivas seja limitada. E, se for possível fazer tal “redução”, ela precisará estar devidamente justificada e documentada.

Concluindo

Podemos dizer que a esmagadora maioria das empresas não possui um estudo de classificação de áreas confiável, pois apenas se preocupam em contratar o serviço pelo menor preço, e não verificam se o contratado possui a capacitação requerida, muito menos se o estudo entregue representa fielmente as características dos processos existentes na sua planta industrial. É um caldeirão perigoso, sem dúvida.

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Desafio da eletrificação dos automóveis:

custos das construções novas

Vinícius Ayrão

Continuando nosso assunto sobre eletrificação, vai aqui uma pequena análise de custos em uma edificação nova, hipotética. Muitos incorporadores têm hoje interesse de incorporar vagas para carros elétricos e seus respectivos carregadores a seus novos empreendimentos. Porém, pela falta de conhecimento técnico e das necessidades das infraestruturas, estão correndo risco de tomarem decisões erradas.

Ao projetarmos uma edificação nova, necessitamos definir a carga elétrica (potência) que solicitaremos à concessionária de energia. Com base nessa carga solicitada, a concessionária realiza os estudos para determinar os serviços necessários e as eventuais participações financeiras do cliente.

A determinação da potência requerida à concessionária vai depender do tipo de empreendimento, das cargas instaladas e dos fatores de demanda a serem utilizados. Cada concessionária possui sua norma especifica, com as regras para determinação da demanda de cada empreendimento, e por consequência dos equipamentos e dispositivos que deverão fazer parte da entrada de energia do cliente.

Quanto maior a carga, mais caros são os condutores, os equipamentos de proteção, as caixas de medição padronizadas, entre outros itens. Isso representa aumento de Capex e o objetivo da maioria dos incorporadores é determinar um valor ótimo de potência, a fim de evitar custos desnecessários.

Mas, como visto nesta coluna em edições anteriores, o uso de sistemas de alimenta-

ção de veículos elétricos (SAVE) muda, e muito, os estudos. A demanda do SAVE, como já vimos, deve ser considerada 1, a não ser que haja sistema que controle a potência absorvida pelos carregadores, a fim de que esta não ultrapasse os limites elétricos da infraestrutura existente.

Modelo de análise

Como o cálculo de demanda de prédios com múltiplas unidades consumidoras foge ao objetivo desse artigo, optei por usar um exemplo da “Regulamentação de Consumidores de Baixa Tensão” (Recon BT) da Light, em que a demanda já foi calculada passo a passo.

Caso analisado – Descrição do empreendimento (extraído do item 4.2.1.2, página 99 da Recon-BT 2023): Edificação de uso coletivo, composta por 24 unidades consu-

midoras residenciais (apartamentos), cada apartamento com área útil de 70 m², e serviço residencial (condomínio) com área de 210 m². O esquema elétrico simplificado está na figura 1.

Usando a Recon-BT para determinação das demandas, teremos:

• Dapt = 10,50 kVA (disjuntor 40 A, cabo 10 mm2, PVC, 450/750 V); e

• Dag = 50,50 kVA (disjuntor 150 A, cabo 70 mm2, PVC, 450/750 V).

Este ponto merece um esclarecimento: temos 24 apartamentos e cada apartamento possui demanda de 10,5 kVA. Caso todos os apartamentos utilizassem sua demanda máxima simultaneamente, teríamos uma demanda no alimentador geral desse agrupamento de (24 x 10,5=) 252 kVA. Como os apartamentos não têm sua demanda máxi-

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Mariana Serdynska/Shutterstock

1 – Esquema do edifício sem uso de sistemas de alimentação de veículos elétricos (SAVE)

ma no mesmo momento, esse valor estaria superdimensionado. Aplicando os métodos específicos de cálculo da Recon-BT, chegamos aos 50,5 kVA, que é praticamente 20% do valor daquela demanda máxima simultânea em todos os apartamentos.

Continuando os cálculos da entrada de energia do prédio, teremos:

• Dsv = 18,71 kVA (disjuntor 63 A, cabo 16 mm2, PVC, 450/750V);

• Dr = 62,29 kVA.

Pois bem, vamos imaginar dois cenários:

a) Cinco apartamentos desejam instalar carregadores veiculares, do tipo wall box de 7 kVA, sem controle de carga, alimentados do medidor de serviço; e

b) Todos os 24 apartamentos desejam instalar carregadores veiculares, do tipo wall box de 7 kVA, sem controle de carga, alimentados do medidor de serviço.

Cenário a: cinco carregadores

No cenário que instalamos cinco carregadores wall box de 7 kW, apenas de carregadores temos uma demanda de (5 x 7 kW =) 35 kW.

Tab. I – Valores de demandas (kVA)

Por não termos controle de carga, devemos considerar a demanda entre os carregadores e a demanda do serviço de 1. Com isso, a demanda do serviço passa a ser:

• Dsvcv = Dsv + Dcv = 18,71 + 35 = 53,71 kVA.

Usaremos disjuntor geral de 150 A e condutores isolados, cobre, PVC, 450/750 V, de 70 mm2.

A demanda dos apartamentos não se altera, mas a demanda do ramal de conexão sim. A nova demanda do ramal passa a ser:

• Drcv = Dr + Dcv = 62,29 + 35 = 97,29 kVA.

Cenário b: 24 carregadores

No cenário que instalamos 24 carregadores, os números passariam a ser:

• Demanda dos carregadores veicula-

Engenheiro eletricista da Sinergia Consultoria, com grande experiência em projetos de instalações elétricas MT e BT, entradas de energia e instalações fotovoltaicas, conselheiro da ABGD - Associação Brasileira de Geração Distribuída e diretor técnico do Sindistal RJ - Sindicato da Indústria de Instalações Elétricas, Gás, Hidráulicas e Sanitárias do Rio de Janeiro, Vinícius Ayrão apresenta e discute nesta coluna aspectos ligados à atualização dos profissionais de eletricidade em relação às novas tecnologias e tendências do mercado. Os leitores podem apresentar dúvidas e sugestões pelo e-mail: em_profissisonais@ arandaeditora.com.br, mencionando em “assunto” “EM Profissionais”.

res: Dcv = 24 x 7 = 168 kVA (disjuntor de 500 A e condutores 2x185 mm2 por fase, isolado, cobre, PVC, 450/750 V);

• Demanda serviço: Dscv = Ds + Dcv = 18,71 + 168 = 186,71 kVA (disjuntor de 500 A e condutores 2x185mm2 por fase, isolado, cobre, PVC, 450/750 V);

Demanda do ramal: Drcv = Dr + Dcv = 62,29 + 168 = 230,29 kVA.

Os valores das demandas para o caso base e os cenários analisados estão na tabela I.

Conclusão

A inclusão de carregadores veiculares em empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras sem a adoção de solução de gestão de carga impactará diretamente o custo da infraestrutura das instalações de entrada de energia.

Na próxima edição, vamos analisar aqui na coluna possíveis soluções para os cenários exemplificados.

Até lá.

57 EM | Março / Abril | 2024
Fig. Fig. 2 – Esquema do edifício com sistemas de alimentação de veículos elétricos (SAVE)
Cenário Dapt Dag Dsv Dcv Dscv Dr Drcv S/ SAVE 10,5 50,5 18,71 0 - 62,295 SAVEs 10,5 50,5 18,71 35 53,71 62,29 97,29 24 SAVEs 10,5 50,5 18,71 168 186,71 62,29 230,29

No Brasil

Energia eólica – A Viex, em parceria com o Sindienergia-RS, vai organizar em 22 e 23 de maio, em Porto Alegre, RS, a 2a edição do Wind of Changes, encontro de investidores em eólicas e Hidrogênio Verde. O evento visa disseminar conhecimento, fomentar a construção dos modelos regulatórios, buscar incentivos e potencializar a atração de investimentos para o futuro energético, reunindo representantes do governo, entidades de fomento, bancos de investimentos, empreendedores do setor, grandes investidores públicos e privados, cadeia de produtos e serviços para hidrogênio verde e eólicas offshore e onshore. Os principais assuntos a serem debatidos são: estruturação de projetos, desenvolvimento e aperfeiçoamento regulatório, riscos nas fases de planejamento, construção e operação dos empreendimentos, viabilidade econômico-financeira, desafios da descarbonização, transição energética, inovações, etc. Informações: viex-americas.com.

CBENS – A próxima edição do CBENS - Congresso Brasileiro de Energia Solar, evento bienal promovido pela ABENS - Associação Brasileira de Energia Solar, será realizado de 27 a 31 de maio em Natal, RN, com organização do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER). O evento tem o objetivo de apresentar o estado da arte do desenvolvimento científico e tecnológico das aplicações da energia solar, em particular no Brasil, promovendo a troca de informações e experiências entre universidades, institutos de pesquisa, empresas, órgãos governamentais, agentes do setor energético e associações da sociedade civil. Informações em www.abens.org.br/evento.php?evento=3.

Rio Energy SumMIT – O Energy SumMIT, realizado em parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), acontecerá no Brasil pela primeira vez de 15 a 17 de junho, no Porto Maravilha, Rio de Janeiro. O evento terá como palestrantes renomados professores do MIT e pretende reunir mais de 10 mil pessoas. O foco das discussões são transição energética e sustentabilidade no mundo. Mais informações: https://rd.mittechreview.com. br/energySumMIT_webinar

Enase – O Enase – Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico acontecerá nos dias 19 e 20 de junho no Hotel Windsor Oceânico, no Rio de Janeiro, RJ. O evento pretende discutir as perspectivas para o setor elétrico nos próximos anos, visando

a atualização profissional, networking e negócios. Serão realizados painéis com a presença de especialistas e autoridades no setor. Mais informações em www.enase.com.br.

Fórum eólico – A Viex e o Cerne - Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia vão promover o Fórum Nacional Eólico em Brasília, DF, nos dias 21 e 22 de agosto. Entre os assuntos em debate estão: políticas públicas, regulação, transição energética, descarbonização da indústria, gestão socioambiental, licenciamento ambiental, descomissionamento de parques e mercado livre de energia. Mais detalhes sobre o evento podem ser obtidos em viex-americas.com.

The smarter E – O evento The smarter E South America vai acontecer de 27 a 29 de agosto em São Paulo, SP. Realizado no Expo Center Norte, congregará os eventos: Intersolar South America - A maior feira & congresso para o setor solar da América do Sul; ees South America - Feira de baterias e sistemas de armazenamento de energia; e Eletrotec+EM-Power South America - Feira de infraestrutura elétrica e gestão de energia. A organização é da Solar Promotion International GmbH e da Freiburg Management and Marketing International, com co-organização pela Aranda Eventos & Congressos. Informações: www.thesmartere.com.br.

Direito e tributação - A Viex e o Sindienergia RS vão realizar em 5 e 6 de setembro, em Gramado, RS, a Cúpula do Direito e Tributação em Energia, que deverá contar com a presença de autoridades governamentais para debater melhores práticas jurídicas no setor de energia e aprimoramentos regulatórios para o desenvolvimento energético e industrial. Os temas abrangem aprimoramentos regulatórios para o desenvolvimento do setor elétrico, pendências legislativas para a transição energética, gestão estratégica de contratos, inovações no direito ambiental, ampliação do mercado livre, reforma tributária e seus impactos para o setor elétrico. Mais informações em viex-americas.com. Intersolar Summit Sul – Em 29 e 30 de outubro acontece no Centro de Eventos FIERGS, em Porto Alegre, RS, a segunda edição do Intersolar Summit Brasil Sul, em formato congresso & feira, abordando, entre outros temas, solar FV com armazenamento, agrivoltaicos, FV off grid, etc. Realização: Solar Promotion, FMMI e Aranda Eventos. Informações: https://www.intersolar-summit-brasil. com/sul .

Ambiente – O Lase - Líderes Ambientais no Setor de Energia, marcado para 5 a 7 de novembro em

São Paulo, SP, visa debater aspectos de ESG, licenciamento, ambiente e gestão de relacionamento com intervenientes. No evento, grandes investidores do setor elétrico apresentam os aspectos sociais e ambientais de seus projetos a acionistas, governos e partes interessadas. O encontro reúne empresas de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia, produtores independentes, órgãos ambientais, reguladores e legisladores, fornecedores de produtos e serviços para a área de meio ambiente setor elétrico. Informações: viex-americas.com.

FIEE – A 32a edição da FIEE - Feira Internacional da Industria Elétrica, Eletrônica, Energia, Automação e Conectividade, organizada pela RX Brasil e a Abinee - Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, vai ser realizada de 9 a 12 de setembro de 2025, no São Paulo Expo. O evento, que apresenta equipamentos, produtos, soluções e tendências em instalações elétricas e eletrônicas para a indústria de todos os segmentos, pretende abordar a transformação digital da indústria, sustentabilidade, conectividade e tecnologia. Mais informações em https://www.fiee.com.br.

CURSOS

Indústria e energia – A Siemens promove cursos presenciais e à distância com o objetivo capacitar clientes, estudantes e interessados em temas de indústria e energia. Para processos produtivos, com linha de produção de uma indústria que possui equipamentos ou sistemas Siemens, os cursos são ministrados no Sitrain, localizado na sede da companhia, em São Paulo. Na Power Academy, que fica na planta de Jundiaí, o foco está no setor de energia, nos segmentos de geração, transmissão e distribuição com foco na digitalização de subestações. Os treinamentos e cursos disponíveis podem ser conferidos nos sites https:// www.siemens.com/br/pt/produtos/servicos/ energia/power-academy-brasil.html e https://www. siemens.com/br/pt/produtos/servicos/industria/ servicos-treinamentos/sitrain.html.

Proteção de sistemas de energia – A Universidade SEL oferece treinamentos em proteção de sistemas de energia, abrangendo tópicos que vão desde princípios fundamentais de sistemas de energia até aplicações e testes práticos de produtos SEL, em versões presenciais e on-line. O calen-

58 EM | Março / Abril | 2024
Agenda

dário completo 2024 está disponível em https:// selinc.com/pt/selu/calendario.

Proteção - A Conprove Engenharia, de Uberlândia, MG, realiza treinamentos para qualificação profissional, dirigido a engenheiros, tecnólogos e técnicos, sobre vários temas, como geradores síncronos; transformadores e reatores de potência; subestações de média e alta tensão; relés de proteção; descargas parciais; transformadores de corrente e potencial convencionais e não convencionais; harmônicos, etc. Em abril, serão realizados os seguintes cursos: Proteção de sistemas elétricos de potência (22 a 24); Filosofias e ajustes da proteção de transformadores e reatores de força (25 a 26); e Relés de proteção (IEDs) Alstom/Schneider/Areva Micom: fundamentos, parametrização e testes (prática) (29 a 30). Mais informações sobre os cursos podem ser obtidas em https://conprove.com.

Indústria – A Mitsubishi Electric promove diversos webinars gratuitos, com carga horária aproximada de uma hora. As sessões online abordam inteligência artificial em inversores de frequência, redes industriais, regeneração de energia elétrica, robôs industriais, certificação LEED, entre outras. Inscrições no site mitsubishielectric.com.br/ webinars.

Capacitação técnica - Por meio da plataforma Centro de Treinamentos, a Schneider Electric oferece capacitações e cursos nas áreas técnicas para engenheiros, eletricistas, técnicos, operadores e estudantes da área de tecnologia. Os cursos – com duração média de dois dias – podem ser realizados no formato online (com aulas ao vivo), presencial (no Centro de Distribuição Inteligente e Innovation Hub de Cajamar – SP) ou nas locações dos clientes. São oferecidos cursos sobre controladores lógicos, interfaces gráficas, sistemas de supervisão, relés de proteção, equipamentos de média e baixa tensão, sistemas de energia ininterrupta e monitoramento e ar-condicionado de precisão. Mais informações sobre os treinamentos estão disponíveis em https://loja.se.com/ software-e-servicos.

SPDA – A Termotécnica Para-raios realiza diversos cursos voltados a profissionais da área, como o curso de SPDA, que aborda, entre outros temas, estrutura e tabelas da nova norma, avaliação da necessidade de SPDA, análise do afastamento do SPDA das demais instalações e massas metálicas, dimensionamento do aterramento para dispersão da descarga atmosférica no solo, etc. Outro curso

ministrado é o de MPS, que trata de características de um raio nas instalações de energia e de sinal, efeitos e danos de um raio em equipamentos eletroeletrônicos, princípios básicos e níveis de proteção de equipamentos, características dos protetores, etc. Informações: www.tel.com.br.

No exterior

SNEC 2024 – A 17ª Conferência e Exposição Internacional de Geração de Energia Fotovoltaica e Energia Inteligente será realizada em Xangai, China, de 13 a 15 de junho, com organização da Asian Photovoltaic Industry Association e outras entidades chinesas e internacionais. Em 2023, a feira teve mais de 270 mil m² de exposição com 3100 expositores de 95 países. Acesse: https://pv.snec.org.cn/. The smarter E/Intersolar Europe – Principal evento mundial do setor de energia solar, composto por feira e congresso, a Intersolar Europe 2024 vai acontecer de 18 a 21 de junho no centro de exposições Messe München, em Munique, na Alemanha, sob a plataforma de soluções de energia The smarter E Europe. Mais informações podem ser obtidas em https://www.thesmartere.de.

RE+ – A exposição e conferência de energias limpas RE+ acontece de 9 a 12 de setembro em Anaheim, Califórnia, EUA. O evento reúne os predecessores Solar Power International, Energy Storage International e Smart Energy Week. Esperam-se mais de 40 000 profissionais e 1350 expositores. Realização da Smart Electric Power Alliance (SEPA) e Solar Energy Industries Association (SEIA). Website: www.re-plus.com.

Transição energética - O Enlit Asia, composto por conferência e exposição para o setor de energia, vai ser realizado de 8 a 10 de outubro em Kuala Lumpur, Malásia. Sob o tema “Permitindo uma transição energética multidimensional na Associação das Nações do Sudeste Asiático” (Asean, na sigla em inglês), o evento tem o objetivo de difundir conhecimento especializado, soluções inovadoras e visão de líderes da indústria para promover a transição para um futuro energético de baixo carbono no Sudeste Asiático”. Pretende reunir desde representantes políticos e reguladores a fornecedores de tecnologia e consumidores de energia, e abordar a perspectiva internacional sobre o assunto. Mais informações em www.enlit-asia.com.

59 EM | Março / Abril | 2024

Câmeras para termografia

Da Redação de EM

Utilizadas para verificação de condições anômalas de operação e detecção preditiva de defeitos em vários segmentos, as câmeras para termografia encontram nas instalações elétricas uma de suas mais profícuas aplicações, permitindo averiguar as condições de circuitos e equipamentos elétricos de alta, média e baixa tensão de todos os usos. Este guia de EM detalha a oferta de algumas empresas atuantes no mercado nacional.

Faixa espectral (nm)

Empresa – Telefone e-mail

Fabricante / País de origem

Resolução térmica (pixels)

Sensibilidade térmica (NETD) (mk)

Onda curta (SWIR)

Onda média (MWIR)

Onda longa (LWIR)

Taxa de fotogramas (fps) Faixas de temperatura (°C)

Compensação automática de temperatura Software dedicado para análise e processamento de imagens

Conectividade

Spectra – (41) 3589-2159

Obs.: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 16 empresas pesquisadas.

Fonte: Revista Eletricidade Moderna, Março / Abril de 2024. Este e muitos outros guias estão disponíveis on-line, para consulta. Acesse www.arandanet.com.br/revista/em e confira. Também é possível incluir a sua empresa na versão on-line de todos estes guias.

USB Wi-Fi

Massa (kg)

Foco Modelo

Dimensões (mm)

60 EM | Março / Abril | 2024 Guia – 4
Imagens: Magnetoelectric, Bilddichte, Look Thermography, Sachu
Bluetooth Automático
Fixas Smartphone
Smartphone Android Brako
contato@grupobrako.com.br 256*192 a 640*512 40 1 a 60 -20 a 550 • • 1 a 75 122 x 122 x 112 a 655 x 515
616 • • • • • Fluke – (11)
10.800 a 307.200 40 a 75 7.500 a 14.000 9 a 60 -20 a 1.200 • • • • • 0,233 a 1,54 8,9 x 12,7 x 2,5 a 27,7 x 12,2 x 16,7 • • • • • • • Getrotech – (11) 98882-9969 engenharia@getrotech.com.br Guide Sensmart / China 10.800 a 786.432 30 a 60 7.500 a 14.000 25 a 30 -40 a 2.000 • • • • • 0,035 a 1,5 59 x 24 x 16 a 206 x 169 x 135 Hottec – (11) 98308-3226 hottec@hottec.com.br Dali Tech e Ulirvision / China 80 x 60 a 1.024 x 768 < 20 a < 70 2 a 5 5 a 7 7 a 14 9 a 60 -40 a 2.000 • • • • • 0,19 a 1,4 130 x 800 x 200 a 230 x 105 x 245 • • • • • • •
spectra@spectra.ind.br PCE / Alemanha 320 a 240 0,07 oC 8 a 10 11 a 12 14 a 14 9 -20 a 300 • • 0,372 221 x 96 x 88 • •
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– (11) 3169-8700
x
3530-8901 info@fluke.com.br

Produtos

Postes metálicos

O AçoPoste , fabricado pela SteelMast, é produzido modularmente, a partir de tubos de aço patinável ou galvanizado. Segundo a empresa, o produto oferece sistema de montagem exclusivo, podendo ser içado totalmente montado,

com cruzetas e isoladores; redução do risco do trabalho em altura e tempo da obra; rigidez estrutural, que permite atingir alturas e cargas superiores; facilidade de transporte e manuseio em obra. Estão disponíveis modelos de 20 a 80 metros de comprimento para até 20 mil daN´s de carga com tensão de até 230 kV. www.steelmast.com.br

Diagnóstico e prognóstico de ativos

A MDM fornece a tecnologia Intelligent Integrated Diagnosis, que coleta dados de sistemas de monitoração existentes nas plantas, independente do fabricante, dispensando a substituição das unidades de aquisição de dados, banco de dados, etc. O sistema permite integrar e conectar em uma única plataforma sistemas isolados, possibilitando monitoramento em tempo real e aumento da confiabilidade. O sistema

MDM realiza a coleta automática dos dados, correlaciona e analisa automaticamente as informações adquiridas e gera um único diagnóstico/prognóstico do equipamento. Também fornece relatórios, que podem ser acessados por e-mail ou smartphone www.sistemasmdm.com.br

Para-raios

A Balestro conta com uma nova geração de para-raios de distribuição de 3 kV a 42 kV, denominada Protege+. Segundo a empresa, os para-raios da linha oferecem maior proteção devido à sua capacidade de suportar correntes de curto-circuito de até 20 kA.

Possuem protetor de vida selvagem e são oferecidos acessórios como desligador automático, suporte isolante e ferragem Nema. www.balestro.com.br

Dispositivos de proteção modulares

A ABB lançou recentemente uma nova linha de dispositivos de proteção modulares, a FlexLine , cujo objetivo, segundo a empresa, é facilitar e agilizar a instalação, além de torná-la mais flexível. Voltada a edifícios residenciais e pequenos prédios comerciais, a série abrange disjun-

tores em miniatura (MCBs), dispositivos de corrente residual (RCDs) e dispositivos de detecção de falhas de arco (AFDDs), projetados com tecnologia push-in, permitindo serem combinados em um único tipo de barramento. Para instalação, em vez de parafusar, os cabos são inseridos, empurrando-os horizontalmente contra a abertura dos terminais push-in do lado da carga para dispositivos de até 20 A. A força da mola mantém a pressão no cabo em um nível constante, garante a empresa. O FlexLine permite a adição de dispositivos de automação inteligentes. www.abb.com

Luminárias LED

A Exatron lançou recentemente luminárias LED. Agora fazem parte do portfólio de produtos da empresa luminárias arandelas e uma nova linha de luminárias tubulares. As arandelas, ao todo, contam com 14 variações dos produtos, entre formato, cor e potência. Segundo a empresa, a instalação é rápida e prática através do modo de sobreposição. Os modelos, disponíveis nas potências de 8 W e 15 W, possuem uma iluminação difusa, podendo ser utilizado em corredores, salas de jantar, escadarias, quartos, banheiros, etc. Contam com grau de proteção elevado, o que permite a instalação em jardins e locais externos para iluminação decorativa, e apresentam baixo consumo de energia, afirma a Exatron. Por sua vez, as luminárias tubulares possuem alta eficiência energética e também

atendem ambientes internos e externos. Com funcionalidades ampliadas, o modelo está disponível nas potências de 18 W, 36 W e 50 W e oferece uma iluminação indireta. www.exatron.com.br

Transformadores e reatores

A TDM Service & Solutions fornece diversos serviços, como plano de manutenção assessment, análise e diagnóstico de falhas, substituição de buchas, retrofit de central de manobras, adaptação de acessórios, revisão de projetos, treinamentos de operação e manutenção, conceitos básicos e diagnósticos em transformadores. A empresa também realiza montagem de transformadores e reatores, tratamento de óleo e passivação, ensaios de comissionamen-

to, supervisão da montagem, inspeção interna, remoção de vazamento, vedação do tanque de expansão, secagem da parte ativa, remoção e transporte de transformadores e reatores.

www.tdmservicos.com

62 EM | Março / Abril | 2024

Em março, foi lançado o livro “Mulheres Nucleares - Volume 1 - Edição Poder de uma História”, da Editora Leader, que conta histórias de mulheres que trabalham com energia nuclear, as quais compartilham também aprendizados, conquistas e conselhos na obra. O livro tem o objetivo de servir como guia inspirador para as mulheres que estão moldando o futuro desta área em constante crescimento. De acordo com a CEO da Editora Leader, Andréia Roma, o livro emerge como uma obra pioneira, dedicada a enaltecer o papel fundamental das mulheres na área nuclear, e traz narrativas autênticas, com o objetivo de oferecer uma contribuição significativa, promovendo a diversidade e a igualdade de gênero. “Sob a idealização do selo editorial Série Mulheres da Editora Leader, este projeto destaca-se ao oferecer uma visão única e essencial sobre a interseção da mulher com a significativa área nuclear. Cada página deste livro é um testemunho do comprometimento da Editora Leader em ampliar o alcance das vozes femininas, agora abrangendo tam-

bém a área nuclear”, diz. O livro conta com a coordenação de Alice Cunha da Silva e Daniele de Azevedo Baêta, responsáveis pela curadoria e seleção das mulheres convidadas, e é co-escrito por Adelia Sahyun, Ana Beatriz Julião, Ana Celia Freitas Sobreira, Ana Cristina Lourenço da Silva, Andreia Pontelo, Angélica Kiepper, Beatriz Leme, Bruna Oliveira do Nascimento, Clédola Cássia O. Tello, Cristiana Altino de Almeida, Divanizia N. Souza, Inayá Lima, Juliana Pacheco Duarte, Karla Kwiatkowski Lepetitgaland, Kátia Costa, Mércia Assis, Rejane de S. H. Spiegelberg Planer. Tem 272 páginas. Mais informações em https://editoraleader.com.br.

Eficiência energética para ar-condicionado

A Abrava - Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, por meio do Departamento Nacional de Ar Condicionado - DNAC, elaborou a cartilha “Eficiência energética no ar-condicionado – tecnologias aliada às boas práticas”, que visa disseminar informações sobre a relação entre o uso do ar-condicionado e a eficiência energética para ambientes comerciais pequenos ou médios e residências que necessitam fazer uso de sistemas de climati-

Publicações

zação, considerando aspectos como conforto térmico, qualidade do ar dos ambientes internos, saúde e produtividade dos transeuntes. O conteúdo foi elaborado com uma linguagem simples, de forma a facilitar a compreensão das informações. A obra destaca aspectos como a escolha do equipamento, projeto, instalação, manutenção e contratação de profissionais habilitados, considerando legislações e normas existentes, impactos financeiros e ambientais. A cartilha busca responder diversas questões rotineiras do consumidor final e de responsáveis por locais comerciais, como: Qual o tipo de equipamento é mais adequado para um negócio ou residência? Quando fazer a manutenção ou troca dos equipamentos? Como contratar um profissional ou empresa qualificada? A iniciativa conta com o apoio financeiro das empresas Daikin, Johnson Controls, Mecalor, Midea Carrier, Trane, Traydus e Trox Technik. A publicação está disponível para download em https://materiais.abrava.com. br/cartilhas-da-abrava-faca-o-download.

65 EM | Março / Abril | 2024
Índice de anunciantes AMC ................................................................................................... 33 Clamper 11 Cobrecom ......................................................................................... 29 Dutoplast 23 EC Components .............................................................................. 14 Edentec 19 Embrastec ......................................................................................... 21 Equacional 39 Exatron .............................................................................................. 32 Galfogo 18 Gimi .................................................................................................... 13 Grupo Zilocchi 55 IHM .................................................................................................... 42 Inpol 22 Instituto HF ...................................................................................... 64 Instituto Mi Omega 49 Instrumental ................................................................................... 46 JR Painéis .......................................................................................... 52 Krona 45 Masster .................................................................................... 3ª capa Megatron 28 Merax ................................................................................................ 38 Mi Omega 27 Mitsubishi ......................................................................................... 17 Novemp 2ª capa Ônix.................................................................................................... 47 Paratec 59 Pasco Painéis ................................................................................... 46 Pextron 4ª capa Romagnole ....................................................................................... 43 Strahl 35 Termotécnica 53 Trael 15 Mulheres nucleares

O bonde está passando

O Brasil continua uma promessa aos olhos dos países industrializados hegemônicos no mundo. Mas cansa. Países do hemisfério Norte contam com nosso futuro fornecimento energético de hidrogênio verde. Por ora esperam. A zona asiática, além disso, não abdica do Brasil celeiro de alimentos e petróleo. E nós? Aparentemente seguimos deitados em berço esplêndido.

O cochilo brasileiro deriva de uma acepção de que já fizemos a transição energética. Terminado o Conselho Mundial de Energia, em Montreal, Canadá, em 2010, eu sorria. Em energia elétrica, poucos países tinham a presença de energia renovável como o nosso. Mais de dois terços de nossa geração era hidrelétrica (hoje, 14 anos depois, talvez não atinja 60%).

fim, a imprensa quase ignora que fazer energia agride a natureza inexoravelmente, sendo o consumo, pior.

Seja como for, em energia elétrica estamos ambientalmente mais bem situados do que a maioria dos países do mundo. Claro que não posso cotejar com alguns países africanos, nos quais a cocção a lenha tem provocado enfermidades por danos pulmonares nas cozinheiras a respirar fumaças malignas. Nossos congressistas não são ignorantes, tampouco são bibliotecas ambulantes. Alguns se embriagam com o país pródigo em energia renovável no mundo da eletricidade. A maioria não sabe do que se trata, menos ainda sobre hidrocarbonetos e nucleares. Não tem consciência ampla do que votam, não

“O governo brasileiro não pode achar que os grandes capitais não dispõem de outros competitivos custos de oportunidade”

O espantoso crescimento dos parques eólicos e das usinas solares fotovoltaicas em território nacional é de tirar o chapéu. Faz esquecer que o aço demandado pelas centenas de torres de cem metros ou mais de altura consomem mais do que a indústria naval no globo. Disfarça as toneladas de petróleo para fabricar os conversores de energia contínua em alternada para as fotovoltaicas. Fantasia a brutal produção de silício, cadmio, gálio e outros componentes da cadeia produtiva. En-

criam políticas públicas para cuidar da população consumidora, da economia, da futura exportação de hidrogênio, da produção de energia eólica no oceano, da promissora extração de petróleo no litoral norte amazônico, e não têm o primado de uma visão social, política, econômica; nada está acima dos seus interesses de prosseguir no poder.

Algumas políticas públicas aplicadas à energia elétrica ocultam quem de fato ganha e quem perde com sua execução. A lista é grande e não cabe aqui. Mas pagamos o paroquial

incentivo à produção de carvão no Sul do país. Os pobres pagam o incentivo às usinas solares, principalmente às distribuídas em domicílios e pequenos negócios. No programa Luz para Todos, a venda de televisores e aparelhos domésticos tornaram-se negócios sob linhas de distribuição que buscam propriedades rurais com consumo de 100 kWh mês. Casas de veraneio vazias durante o ano recebem tarifas sociais. Na Light do Rio de Janeiro, já se diz que de cada dez domicílios, seis furtam a energia elétrica, conta esta rateada entre os pagantes.

Neste contexto, os grandes investidores internacionais ainda estão dispostos a implantar parques eólicos na nossa plataforma continental de modo a levar, dessas usinas, o hidrogênio (a partir de eletrólise local da água). Aguardam arcabouço legal, ambiental, previsibilidades nos fundamentos econômicos e geopolíticas, comandos tributários, trabalhistas, a definição de fóruns para contenciosos, organização logística... Sobretudo necessitam consolidar o sentimento de confiança.

Será o nosso Congresso Nacional capaz de entregar em tempo? As discussões e os projetos fragmentados que ali se assistem aprofundam as dúvidas. Movimentos já gritam que os ventos e o sol são nossos, como poderão extrair hidrogênio de eólicas no mar e levar tudo embora? É preciso absorver pelo menos os impostos...

O governo brasileiro – os três poderes – também não pode se cegar a ponto de achar que os grandes capitais (que detectam demandas mundiais) não dispõem de outros mares e de outros competitivos custos de oportunidade a ponto de perdermos mais esse bonde na história.

Somos o sexto emissor mundial de gases de efeito estufa. Temos compromissos com o Acordo de Paris (2025, 2030 e 2050), conforme descreve uma nota da seção “Em Sintonia” nesta edição. Isso tem servido de biombo para conter ou paralisar a extração de petróleo brasileiro no litoral norte, região riquíssima em combustíveis fósseis na qual, inclusive, a Venezuela ameaça tomar terras da Guiana.

Por algumas décadas alguns fornecedores de petróleo terão de atender o planeta antes que a transição energética se complete. Renunciamos?

Momento 66 EM | Março / Abril | 2024
Paulo Ludmer é jornalista, engenheiro, professor, consultor e autor de livros como Derriça Elétrica (ArtLiber, 2007), Sertão Elétrico (ArtLiber, 2010), Hemorragias Elétricas (ArtLiber, 2015) e Tosquias Elétricas (ArtLiber, 2020). Website: www.pauloludmer.com.br.
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