Jornal de Missões - Edição 32

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Jornal de Missões Março/Abril • 2010

“E eu também sou fruto daquelas preciosas ofertas, embora pequenas e sacrificiais, que os irmãos brasileiros fizeram na segunda década dos anos de 1900”

Artigo

Os dividendos das ofertas para Missões

Pr. João Virgílio Ramos André*

para começar o preparo para o pastorado e, em 1961, já estava no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB), em Recife. Este intróito não teria valor algum se não fosse para exaltar o valor de Missões Mundiais. É que aquela igreja foi fundada em 1908 como trabalho missionário do Brasil. Esse foi um trabalho sustentado por um grupo de irmãos do Rio de Janeiro, posteriormente assumido pela Junta de Missões Mundiais, então chamada Junta de Missões Estrangeiras – JME. A pequenina semente foi cuidadosamente tratada por João Jorge de Oliveira e continua produzindo muitos frutos. João Jorge veio para o Brasil com 12 anos e aos 16, no Rio de Janeiro, converteuArquivo JMM

Tabernáculo Batista do Porto

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m junho de 1949 conheci o Evangelho no Tabernáculo Batista, primeira igreja batista do Porto, e também a primeira de Portugal. Dois meses depois fiz a minha decisão e, em novembro, fui batizado. Num trabalho de evangelização senti a chamada para o Ministério. Deixei os estudos no Instituto Comercial do Porto

se. Vocacionado, entregou-se à colportagem (venda de livros, especialmente religiosos, de porta em porta). Amigo de Jephte Hamilton, acompanhou a sua viúva aos Estados Unidos e, em 1905, matriculouse na Baylor University. Concluído o curso, cinco anos depois, foi consagrado no Tabernacle Baptist Church, de Waco. Ele regressou ao Brasil e ofereceu-se à JME como missionário para Portugal. Passou por Recife onde casou-se com Prelediana Frias, filha do pioneiro do trabalho batista em Garanhuns, Inocêncio Frias. Ela foi a primeira missionária brasileira a ser enviada ao exterior, em 1911. João Jorge foi um obreiro de grande visão, vastos conhecimentos e grande pregador. Deu grande impulso ao trabalho batista em Portugal. Fundou igrejas, mandou jovens aos seminários do Brasil, como Antônio Maurício e Antônio Simões. E, com ajuda do Brasil, onde veio fazer campanhas, construiu o Tabernáculo Batista do Porto, ainda hoje o mais belo templo dos batistas portugueses, modelo do Taberná-

culo Batista de Londres. O Tabernáculo tornou-se numa grande agência missionária. De lá saíram, entre outros obreiros, Avelino Ferreira que, depois de passar por Angola, dedicou sua vida ao trabalho no Paraná, honrado recentemente com o Título de Cidadão de Curitiba. Lá se converteu e preparou Luiz Rodrigues de Almeida que, juntamente com sua esposa, Dra. Maria José Pato, foram os pioneiros do trabalho batista em Moçambique. E eu também sou fruto daquelas preciosas ofertas, embora pequenas e sacrificiais, que os irmãos brasileiros fizeram na segunda década dos anos de 1900, para sustentar o seu missionário e construir o templo. É a lição das migalhas. Naquele tempo o Brasil pouco podia fazer. Só migalhas, que na economia divina podem e se tornaram de um valor incalculável. Deus multiplicou os “pães”. * Ex-membro da JMM, professor do STBNB por 27 anos, membro da IB Capunga e Cidadão de Recife/PE.

Vale do Javari clama por saúde Pr. Valdir Soares da Silva, coordenador do trabalho indígena da JMN

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dia 31 de janeiro de 2010 foi marcado por um encontro histórico na aldeia Tikuna Filadélfia, no município amazonense de Benjamim Constant, com líderes indígenas do Vale do Javari-Amazonas, idealizado pelo missionário Eli Tikuna, vicepresidente do Conplei (Conselho de Pastores e Líderes Indígenas). O objetivo do encontro, que contou com representantes de organizações missionárias da Colômbia, Equador, Estados Unidos e Brasil, foi ouvir o clamor dos povos indígenas do Vale no campo da educação e especialmente na área da saúde. O Vale do Javari é composto pelas etnias Matis, Mayoruna, Kanamari, Korubo, Kulina e Marubo, com uma população estimada em 10 mil índios. Nesta reunião, os caciques presentes clamaram por apoio aos líderes das agências missionárias no envio de voluntários médicos, dentistas e enfermeiros para atender os povos destas etnias, pois, segundo os indígenas, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) sempre informa que há uma grande carência de profissionais de saúde para atender a região. Como fruto do encontro, um documento foi elaborado e assinado pelos caciques das

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respectivas etnias, para ser entregue às autoridades governamentais em Brasília, pedindo autorização para uma ação não-governamental naquela região do Vale do Javari. Atalaia do Norte, no Amazonas, é a cidade onde moram vários indígenas. É o local, também, da base da Funai e onde organizações não-governamentais se instalaram. Nós somos impedidos por órgãos governamentais de desenvolver uma ação integral com estes povos. Mas há muitos órgãos não-governamentais com livre acesso ao Vale do Javari. Há dois casais de missionários de uma agência missionária trabalhando com os Matis (morando da cidade de Atalaia e Marubo). Mas o grito deles é por missionários com formação na área da saúde e educação. Como seria maravilhoso se os batistas brasileiros enviassem dois casais de missionários que pudessem se juntar aos missionários já existentes para desenvolver um grande projeto para alcançar aqueles povos. Visitei a casa de apoio da etnia Matis, em Atalaia do Norte, na companhia do casal de missionários da MNTB e o seu presidente, pastor Edward Luz. Foi também uma tarde histórica. Ali foi possível tirarmos fotos com a

Pr. Valdir recebe presente de indígenas

permissão do Cacique. Nesta visita, um deles nos falou com auxílio de um intérprete: “Quem de vocês irá ensinar a Bíblia para nós?”. Neste momento eu comecei a orar: “Senhor, envia mais obreiros para esta seara... com urgência”. Lanço aos batistas brasileiros o seguinte desafio: O Vale do Javari clama por saúde, educação, esportes, cursos profissionalizantes e tantos outros, mas sua grande necessidade é espiritual. Coloque-se à disposição para fechar estas brechas da obra missionária em nosso

Brasil, no trabalho Indígena. Faz-se necessário desenvolvermos, em todo o Brasil, uma grande rede de oração em prol destes povos e das suas necessidades. E que nosso Deus, Deus cheio de graça e de misericórdia, possa conduzir estes indígenas com o evangelho da graça do Senhor. Nosso Deus está nos proporcionando uma grande oportunidade para termos acesso a estes povos. Não devemos perder tempo. Vamos avançar na evangelização destes grupos isolados.

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