Jornal Intervalo – NS Cianorte (edição nº 4)

Jornal Ano I - Nº 04

Intervalo SETEMBRO DE 2019

Jornal do Núcleo Sindical de Cianorte da APP-Sindicato

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Intervalo

Intervalo Setembro/2019

MÔNICA CHAGAS

O QUE CONQUISTAMOS COM A GREVE? A greve unificada dos servidores públicos estaduais começou no dia 25 de junho, convocada pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES), que reúne sindicatos das áreas da educação, segurança pública, saúde, meio ambiente, agricultura e outros.

A principal motivação foi a falta de compromisso do governo com o pagamento da data-sabe. A primeira manifestação pública deste ano realizada pelos(as) servidores(as) para cobrar o reajuste aconteceu no dia 29 abril e reuniu mais de 10 mil pessoas em Curitiba.

Oito reuniões foram realizadas entre representantes dos(as) servidores(as) e técnicos do governo, o prazo acabou e o governador Ratinho Junior manteve o discurso de congelamento da data-base e ainda anunciou planos para retirar direitos, como as licenças especiais.

Diante do impasse, mais de 30 entidades ligadas ao FES iniciaram a greve. O governo tentou desmobilizar a paralisação anunciando o registro de falta e demissões. Dias depois, sem diálogo com os sindicatos, convocou a imprensa para comunicar o envio de um projeto de lei à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) prevendo apenas 0,5% de reposição em 2019 e o fim das licenças especiais como requisito para o reajuste.

A reação de indignação foi imediata, fez aumentar a adesão à greve, e os(as) servidores(as) iniciaram um acampamento em frente à sede do governo. Dois atos foram realizados em Curitiba, um com 15 mil e o outro com 30 mil participantes. Os(as) servidores(as) também ocuparam as galerias da Alep e passaram a noite no local para exigir do governo uma nova proposta.

Três dias depois, o FES recebeu uma nova proposta que contemplava o pagamento da reposição salarial e outras reivindicações. No dia 13 de julho, os(as) servidores(as) da educação se reuniram em assembleia e decidiram suspender a greve. O movimento só foi encerrado no dia 10 de agosto, também em assembleia.

Mas, afinal, o que conquistamos?

O sindicato conseguiu que o governo mantenha os atuais critérios para contratação de professores(as) temporários para 2020. Ou seja, não haverá aplicação de prova e banca de avaliação, como a Seed havia sinalizado anteriormente.

Setembro/2019

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O PLC 04/2019 foi definitivamente retirado de tramitação na Assembleia Legislativa. O projeto previa o congelamento da data-base, das progressões e promoções por mais de 20 anos, além do fim de outros direitos do funcionalismo estadual.

A luta da categoria possibilitou a manutenção de direitos. O governo queria condicionar o pagamento de 0,5% de data-base ao fim desses e das liçencas especiais. Agora, a Seed autorizou 3,5 mil licenças para o último período deste ano.

A luta também garantiu: *Descongelamento da reposição salarial. O índice de 4,94%, referente à data-base de 2019, será parcelado e seu pagamento não ficará mais condicionado ao crescimento da receita corrente líquida; *Reajuste do auxílio-alimentação e do vale-transporte para funcionários e complementação do mínimo regional para os(as) funcionários(as) da educação; *Anúncio de novo concurso público para professores(as); *Viabilização de oito polos de perícia médica no interior do estado; *Manutenção das regras de eleição da direção das escolas, assegurando o processo de escolha democrática.

A APP-Sindicato continua em negociação com o governo em relação a diversas pautas, principalmente da área pedagógica.

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Jornal

Intervalo Setembro/2019 ACERVO APP-SINDICATO

Re�lexões sobre lutas sociais e aqueles que permanecem Começo esse texto usando as palavras de Petra Costa, diretora do documentário “Democracia em Vertigem”: “Será que nossa democracia não foi apenas um sonho efêmero?” E parafraseio dizendo: Será que nossa educação pública, gratuita e de qualidade não foi também um sonho efêmero? Ou aquilo que Clarice Lispector descreve na obra “Amores”, uma “epifania”? Bom, é um misto que não é possível descrever em textos acadêmicos nem mesmo em publicações de redes sociais, é como um órgão adoecido e ligeiramente destrutivo que se espalha pelo corpo educacional. É óbvio que grande parte de nós não imaginaríamos viver e contemplar desmanches tão intensos, e por isso mesmo comparo esses desmanches a uma doença física, pois de certo modo esse sucateamento desfalece nossas expectativas mais simples e psicossomatiza, afetando nossa saúde.

Há escancaradamente uma política higienista, muito bem articulada, que tem injeções de reduzir sonhos e expectativas de nós, alunos e professores, nós, primeira geração que nos curamos da doutrina do pessimismo que estigmatizaram sobre nós - acreditando piamente que seguiríamos empregos mais subalternos e que repetiríamos o ciclo dos trabalhos mais informais.

O desejo vital dos atuais governos estadual e federal é desvitalizar nossas fontes de viver e sair de uma condição de inexistência, querem que sejamos aquele personagem da música “Construção” de Chico Buarque, “QUE MORRAMOS NA CONTRA MÃO ATRAPALHANDO O TRÁFEGO”. E assim vemos como uma grande retroescavadeira vem prensando e destruindo nossas expectativas, de ascender, de progredir, de viver.

Escrevo esse texto em nome de todas meus amigos(as) e professores, que vêm adoecendo psíquica e fisicamente pelo excesso do excesso e a falta de uma falta. Esse misto de dor é de todos nós, porém no mais intenso de uma inconformidade e dor eu terei orgulho de viver e contar que vivi ao lado daqueles que permaneceram como remadores em uma grande tempestade... que não sabemos se terá fim.

Nosso tecido social educacional está frágil, mas nós nos vestiremos de coragem, por todos(as) vocês!

Leonardo Thomaz Pina é acadêmico do curso de Pedagogia no Câmpus Regional de Cianorte da UEM, presidente do Centro Acadêmico Paulo Freire, e membro do Programa Universidade Sem Fronteiras com a temática Saúde Mental.

31 anos do 30 de agosto – Em 1988, centenas de professores(as) e funcionários(as) de escola ocuparam a Praça N. Sra. da Salete, em protesto pelo reconhecimento da carreira. A data ficou marcada pela truculência do governo Álvaro Dias, que lançou cavalos e bombas nos(as) trabalhadores(as), deixando muitos feridos. O dia 30 de agosto entrou para a história como um dia de luto e de luta e é lembrado todos os anos pela APP-Sindicato.

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