Revista março 2021

Grande Entrevista Transformação Digital e Circularidade Segurança e Saúde no Trabalho publicação trimestral | nº 296 | março 2021

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EDITORIAL

5 JAF: Um Exemplo de Associativismo. Uma Despedida Sentida 6

GRANDE ENTREVISTA

Responsável pela Empresa de Fundição Delabie em Portugal, Frederico Coelho

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

10 Economia + Circular 11 Emprego + Digital 12 Capacitação do Setor de Fundição: A Transição para uma Economia Circular e Digital 16

Novas Regras Incoterms® 2020

CONTRIBUIÇÕES TÉCNICAS

20 Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria de Fundição - Reflexões em 2020 25

Indústria 4.0 na Fundição: Transformação Digital

30 O Uso do Vácuo no Processo de Fundição Injetada, para a Produção de Caixas de Bateria para Veículos Elétricos

BOAS PRÁTICAS

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A.R.T.E.: da Essência ao Conteúdo

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NOTÍCIAS

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FEIRAS E EVENTOS

Ficha Técnica Fundição - Revista da APF - Associação Portuguesa de Fundição Diretora

Laura Ribeiro

Corpo Redatorial Alexandra Ferreira

António Aguiar

Cláudia Pedro

Helena Oliveira

Mariana Canelas

Pedro Lacerda

Rui Félix

Redação e Assinaturas APF - Associação Portuguesa de Fundição

Rua Eng. Ezequiel de Campos, nº 525 - 1º

4100-233 Porto

Telf. 22 609 06 75 / Fax. 22 600 07 64

info@apf.com.pt www.apf.com.pt Edição

APF - Associação Portuguesa de Fundição

Impressão e Acabamento

Cromotema Artes Gráficas | www.cromotema.pt

Capa

Rui Parada

Design e Paginação

Rui Parada

Isenta de Registo na ERC, ao abrigo do Dec. Reg. 8/99 de 9/6, artº 12º, nº1, a.

EDITORIAL Escrevia, no editorial desta revista em março de 2020, que sabíamos como estávamos naquele momento, com empresas e particulares a caminho de uma derrocada que só poderia ser amortecida com planos de ajuda económica massiva por parte dos Governos, mas que não saberíamos como estaríamos no final do segundo trimestre. Passou um ano e podemos afirmar que o setor, não tendo saído ileso, acomodou o embate e espera que o 2021 não confirme as surpresas desagradáveis que se perfilam no horizonte, como é o caso do preço das matérias-primas, da quebra de cadeias de fornecimento de componentes críticos ou previsões de queda de encomendas.

Neste contexto de incerteza, elegeria quatro temas, três dos quais a abordar mais detalhadamente nesta revista, e a que daria os seguintes títulos: deceção, desafios e oportunidade.

Deceção: referia, igualmente, no já citado editorial, que a evolução dramática da situação, não só no país, mas globalmente, determinava o adiamento, para outubro, do XIX Congresso Nacional de Fundição. Na devida altura, foi adiado para este ano, no entanto, em face do contexto atual, ninguém se surpreenderá que a decisão do seu cancelamento definitivo ocorra e se estabeleça que o próximo Congresso tenha lugar no esperado mês de maio de 2022. É uma deceção assumir que o ano 2020 não nos permitiu realizar um Congresso que tinha já o seu programa fechado.

Desafio 1: a APF participará no projeto Economia + Circular, promovido pela CIP, que visa fazer um levantamento do estado da arte da Economia Circular em Portugal, identificando as boas práticas já adotadas e estimulando a adoção de uma metodologia de medição da circularidade nas empresas portuguesas já testada a nível internacional. A APF tudo fará para influenciar o CAEF para que promova, no âmbito de uma candidatura ao Horizon Europe, um projeto que tenha como objetivo desenvolver uma ferramenta de avaliação do índice de circularidade das empresas do setor de fundição a nível europeu. Este é um desafio com que as empresas, a curto prazo, se verão confrontadas, seja por força de imposições legais, seja por requisito dos clientes.

Desafio 2: a APF participará, através do CINFU, no projeto Emprego + Digital que visa incrementar a formação profissional dos ativos na área digital, assente na realização de ações na área digital que respondam a necessidades transversais das empresas.

Todas as empresas associadas terão possibilidade de formar os seus trabalhadores de forma gratuita. A decorrer ao longo do corrente ano, esta formação será fundamental na aquisição de novas competências para o desafio de transição para a economia digital.

Oportunidade: a APF viu aprovado o projeto Capacitação do Setor de Fundição: a transição para uma economia circular e digital, no âmbito da sua candidatura ao Sistema de Apoio às Ações Coletivas do NORTE 2020. Iniciando em abril próximo e com término em setembro de 2022, é uma oportunidade que o setor não deve perder.

HELENA OLIVEIRA ASSESSORA DA DIREÇÃO DA APF

Contribuições técnicas

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JAF: UM EXEMPLO DE ASSOCIATIVISMO. UMA DESPEDIDA SENTIDA MANUEL BOTELHO CHAVES EX-SECRETÁRIO GERAL DA APF

Neste início de ano - 2021 - fomos confrontados com notícias que muito se dispensavam, pela desagradável e dolorosa situação que nos provocaram.

Para além da pandemia que infelizmente vivemos, a perda/partida de uma pessoa que muito admirávamos e respeitávamos, veio criar um vazio nas inúmeras memórias profissionais que recordamos com enorme saudade. Despedimo-nos esta semana, de Jorge Adolfo Quintela de Almeida Ferreirinha - o JAF, para os mais chegados, com quem tive o gosto e honra de trabalhar durante várias décadas, primeiro como Adjunto do Secretário-Geral da Associação Portuguesa de Fundição e mais tarde como Secretário-Geral.

JAF, para além de industrial de nome confirmado na indústria de fundição, foi o principal impulsionador e criador da APF (Associação Portuguesa de Fundição), fundada em 25 de fevereiro de 1964, com a finalidade primeira de apoio técnico à indústria.

A localização da sua sede no Norte do País, teve origem na defesa de uma tese desenvolvida por JAF e apoiada num mapa do País onde com alfinetes se localizavam as empresas fundidoras – maioritariamente a Norte. E assim venceu esta tese, tendo sido os seus serviços de secretariado, instalados na sede do Grémio dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos do Norte, que provisoriamente cederam parte das suas instalações.

Mais tarde, e aquando da criação – igualmente por intervenção de JAF – de um laboratório de análises técnicas, a sede foi reinstalada na CIMNOR – Cooperativa dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos do Norte.

Anos depois, a APF instalou os seus serviços de secretariado na rua do Campo Alegre, tendo os serviços técnicos, de formação profissional e apoio à indústria, passado para uma outra instituição criada igualmente com o impulso e empenho do JAF - o CINFU - Centro de Formação Profissional da Indústria de Fundição.

Jorge A. Ferreirinha foi Presidente da APF, em dois períodos iniciais, 64/69 e 76/78, tendo acompanhado sempre muito de perto e com grande entusiasmo, as intervenções e realizações da APF, no apoio à indústria de fundição.

Com efeito, foi Presidente do CAEF – Comité da Associações Europeias de Fundição (a UEFA da fundição) e igualmente do CIATF – Comité Internacional das Associações Técnicas de Fundição (a FIFA da fundição). Aliás, o seu empenho nestas organizações internacionais, projetou decisivamente a indústria de fundição portuguesa, no plano internacional. Na verdade, a organização do Congresso Mundial de Fundição, em Lisboa e em 1984, foi talvez o culminar dessa internacionalização. O Congresso, presidido por um fundidor russo Prof. Alexandrov (Presidente do CIATF), teve na sua sessão inaugural, a presença do Presidente da República Portuguesa, na altura o General Ramalho Eanes, o que conferiu ainda maior visibilidade e importância a esta manifestação.

Toda a equipa portuguesa que levantou e pôs em marcha este congresso – teve como “chefe executivo”, o incansável JAF. Para além deste congresso internacional, foram também organizados congressos nacionais, alguns deles ainda com a orientação e empenho do JAF, manifestações que necessariamente ajudaram a catapultar a indústria de fundição como uma das indústrias chave da economia portuguesa.

Igualmente de realçar o lançamento de um boletim informativo, o qual mais tarde deu origem à atual revista FUNDIÇÃO, que foi também uma criação deste inesquecível fundidor nacional, publicação que ao longo de já 56 anos, procura informar a indústria fundidora de tudo quanto a nível técnico e profissional nos seus vários aspetos se passa, tanto a nível nacional como internacional.

Com estas curtas, mas sentidas linhas, não quis deixar de assinalar com muita mágoa, a partida deste grande fundidor e amigo, que marcou durante quase seis dezenas de anos a indústria portuguesa de fundição, mas também a união e o associativismo alcançado em torno desta indústria nacional.

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

RESPONSÁVEL PELA EMPRESA DE FUNDIÇÃO DELABIE EM PORTUGAL, FREDERICO COELHO “EM DEZ ANOS, ESTA FUNDIÇÃO EVOLUIU DE FORMA TREMENDA”

Cristiana Maia, Alexandra Ferreira

DELABIE PORTUGAL EM NÚMEROS Volume de faturação: 1.900.000 € anual % exportação: 100% Nr. colaboradores: 14

GRANDE ENTREVISTA

Chegou há dez anos ao mundo da fundição e deixou-se apaixonar. É responsável por uma das unidades nacionais do grupo Delabie que, a partir de Braga, fornece produtos fundidos ao líder mundial do mercado não doméstico de sanitários, sedeado em França. À conversa com a Revista Fundição, Frederico Coelho assinala a passagem da primeira década de atividade em Portugal com perspetivas para o futuro: crescer sempre, vender mais e manter no auge o índice da qualidade.

Em que altura e em que circunstâncias se dá a entrada do Grupo Delabie em Portugal?

A Delabie é uma multinacional francesa fundada em 1863, mas que iniciou atividade em França em 1928, com a aquisição de uma empresa de fundição em Friville-Escarbotin, e que esteve em funcionamento durante cerca de 40 anos. Depois, decidiu suspender a fundição e, em 2012, retomar essa atividade através da implementação desta unidade em Celeirós, Braga. Foi nessa altura que eu ingressei na Delabie. Primeiro, em França, durante 4 meses, para ter formação porque, tendo desenvolvido a minha atividade profissional até então no ramo automóvel, na realidade eu não conhecia o setor da fundição. Hoje posso dizer que a fundição é um “bichinho que nos entra no sangue”, e que aqui fica. Tem sido um caminho interessante. Há um ano arrancámos com a área do polimento e há cerca de três meses com a maquinação. Em junho deste ano entraremos no 10.º ano de funcionamento em Portugal.

Mas esta unidade não é a única do grupo em Portugal…

Sim, em 2013 o grupo adquiriu também a empresa SENDA, sedeada em Aveiro, fabricante de equipamentos sanitários em aço inoxidável.

Essa empresa fornecia a empresa alemã KUHFUSS SANITAR, Nº 2, que foi também comprada pela Delabie em 2012. Foi um bom negócio, porque se trata de um nicho de mercado importante para a empresa.

Como é que Frederico Coelho, engenheiro mecânico de formação, se adaptou ao mundo da fundição?

No início foi, de facto, um choque, porque eu não conhecia o setor da fundição. O Sr. Patrick Delabie, responsável pelo projeto, escolheu-me porque pretendia especificamente recrutar uma pessoa que não soubesse da área. Ele queria uma pessoa completamente livre de ideias feitas e disposta a aprender como se se tratasse de uma escola. Na altura arrancámos logo com uma centena de referências, para pequenas encomendas de 500 a 1000 peças de cada vez, o que exigia muitas mudanças de ferramentas. Foi uma fase complicada, em que, juntamente com um colega francês que me acompanhou no início, tivemos que desenvolver todos os procedimentos e regras de raiz em termos de produto e processo. Para isso, visitámos muitas empresas de fundição em França, especialmente da área de torneiras, com as quais pudemos aprender muito. No início, devido à falta de conhecimento, cometemos muitos erros, e mais tarde percebemos que alguns caminhos que nos foram indicados não se adequavam à nossa empresa. Principalmente o modelo da China, que viria a perceber que não traduzia a nossa realidade. Ao fim de algum tempo, com os conhecimentos adquiridos e com a confiança depositada em mim pela família Delabie, e juntamente com a minha equipa, a empresa começou a evoluir em termos da qualidade do produto e aumento de produtividade.

Porque o que realmente nos interessava era fazer as peças bem à primeira, mesmo que para isso tivéssemos que alterar a forma das coquilhas e das caixas de machos, e também evoluir ao nível do fator humano e do equipamento. Pouco a pouco, fomos também desenvolvendo ferramentas para permitir aumentar a produtividade. Quando anteriormente produzíamos apenas uma referência por vazamento, passámos a produzir duas ou até quatro. Posso admitir que o ramo automóvel é, sem dúvida, uma grande escola de trabalho. A maneira de pensar que aí adquirimos é comum a muitas áreas. E esta não é exceção.

Que principais marcos, áreas estratégicas e certificações destaca na história da organização?

O grupo Delabie tem atualmente uma importante aposta no continente asiático com filiais perto do Dubai e em Hong Kong, para além das europeias, que são o seu principal foco. A aquisição da portuguesa SENDA foi também muito importante para nós, e foi uma tentativa de atacar um nicho de mercado na área do aço inoxidável, porque a venda de produtos em aço inoxidável (por exemplo bancadas) potencia a venda conjunta de torneiras. Recentemente também adquirimos uma empresa francesa da área de filtros terminais para torneiras hospitalares que, do ponto de vista estratégico, também foi muito importante. Isto porque a Delabie não comercializa apenas torneiras, mas uma panóplia de produtos relacionados com os equipamentos sanitários. No que diz respeito a certificações, uma vez que 100% da produção da fundição Delabie é destinada à casa-mãe, não vemos necessidade de certificar esta empresa, por enquanto. A casa-mãe, essa sim, é certificada, porque trabalha para o mercado exterior.

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

Em que áreas houve maior evolução na empresa?

A fundição evoluiu muito desde que arrancámos com a empresa em Portugal. Apesar de termos cometido alguns erros no início, a evolução foi tremenda em termos de qualidade e de quantidades produzidas. No mesmo período de tempo, e com menos pessoas, hoje produzimos muito mais peças. Atualmente temos 4 vazadores na equipa, quando no início começámos com 6. Na área do polimento ainda pretendemos evoluir, porque é uma área muito recente para nós, sobretudo na parte robótica, assim como a da maquinação. Sendo uma equipa pequena, dou muito ênfase à polivalência dos meus colaboradores.

“Não é pelo facto de trabalharmos quase em exclusivo para a casa-mãe que não temos que ser rigorosos” Como se enquadra a atividade da empresa no âmbito da estratégia e dos objetivos do grupo empresarial?

O nosso maior objetivo é continuar a entregar a tempo e horas o produto de fundição à Delabie França, com qualidade e a bom preço. Não é pelo facto de trabalharmos quase em exclusivo para a casa-mãe que não temos que ser rigorosos.

Quais os principais fatores de competitividade da Delabie?

A competitividade verifica-se realmente na peça acabada. Não nos podemos esquecer que produzimos um tipo de produto específico para um setor exigente: o dos estabelecimentos que recebem público. O ciclo dos cartuchos interiores destas torneiras exige muita repetibilidade quando comparado com o das torneiras domésticas.

Por isso, temos que ser competitivos relativamente às torneiras concorrentes, e daí a importância de baixar o custo de produção, mantendo o nível de qualidade sempre elevado. No ramo automóvel aprendi que todos os colaboradores de uma empresa devem trabalhar para baixar o custo do produto, no sentido de sermos mais competitivos. Por esse motivo, valorizamos muito as propostas de melhoria que recebemos, sempre com o objetivo de baixar os preços.

Quais as principais prioridades da empresa no atual contexto económico mundial?

Apesar da atual situação de pandemia, o setor da construção civil nunca parou. Essa foi a nossa sorte, porque vendemos muito para esse setor. No ano passado, em termos de vendas, o grupo manteve-se sempre em valores positivos, mas, em termos de fundição, tivemos uma ligeira quebra de 5% na produção devido à paragem de um mês e meio que fomos forçados a fazer. É evidente que há áreas que compensam mais do que outras. O setor do aço inoxidável, por exemplo, nunca parou efetivamente. No que diz respeito à empresa de fundição, a principal prioridade é crescer de forma sustentada, continuando com as fases seguintes do processo de fabricação de uma torneira: as áreas de maquinação e de polimento.

GRANDE ENTREVISTA

Onde se encontram as principais oportunidades de crescimento?

O objetivo do grupo é sempre o de crescer e vender mais. Em termos de fundição não sei se iremos crescer muito mais, porque acredito que a tendência será o inverso, com o futuro a apontar mais para a produção de torneiras e acessórios a partir de cavilha e de tubos. Atualmente estamos a crescer mais nas áreas do polimento e da maquinação, porque quanto mais pudermos fazer internamente sem necessidade de subcontratação, melhor para nós. No passado, quando recorríamos à subcontratação nestes setores, lidávamos com bastantes problemas de qualidade. E percebemos que teríamos que conseguir controlar o processo de início ao fim, para conseguir garantir a qualidade e consequentemente os custos. O que acontecia até então era que a Delabie comprava a peça e não sabíamos, em rigor, quanto é que ela iria custar. Atualmente o nosso índice de não conformidade de peças fundidas e enviadas é inferior a 1% após maquinação em França.

Isto é algo que nunca acontecia anteriormente. Desta forma temos os custos muito mais controlados.

E quais as maiores dificuldades?

A maior dificuldade é a falta de tempo que eu tenho para pensar e planear. Somos uma pequena equipa, e eu desempenho um pouco todas as funções: recursos humanos, manutenção, contabilidade, produção, manutenção etc. É bom saber um pouco de tudo, mas às vezes resta-me pouco tempo para analisar a situação geral da empresa. Isso exige de mim muita flexibilidade e esforço de tempo.

Que importância atribui à qualificação dos colaboradores?

Como já referi, somos uma estrutura muito pequena. Os colaboradores conhecem-me bem e sabem perfeitamente qual é a orientação que eu pretendo para a empresa, assim como a orientação do senhor Patrick Delabie, que nos visita pelo menos uma vez por mês. A Delabie também permitiu a todos os colaboradores, já por duas vezes (uma delas pela festa dos 90 anos do grupo) a oportunidade de conhecer a unidade de França, em Friville, em que aproveitámos o fim-de-semana para visitar Paris e as suas atrações. Foi muito importante para a equipa, e para unidade do grupo. A Delabie é uma empresa familiar. Somos muito próximos dos patrões, sendo que se valoriza muito a confiança nas pessoas. É importante que as pessoas se sintam bem aqui, o que acaba por tornar mais difícil a sua saída. Por outro lado, sendo algumas das funções caracterizadas por um importante trabalho manual e especializado, cada vez há menos mão de obra disponível. É de facto difícil encontrar pessoas que desempenhem funções de fundidor com qualidade e know-how. Temos que formar colaboradores e encontrar quem pretenda trabalhar nesta área e goste de “sujar as mãos”.

Dos quatro vazadores que temos na empresa, três tiveram que ser totalmente formados por nós. Também valorizamos muito a polivalência dos nossos colaboradores.

Quais são os projetos mais importantes que destaca na vida da Delabie?

Neste momento estamos a verificar um boom de crescimento de torneiras automáticas, fruto da atual situação pandémica, assim como os secadores de mãos, dada a necessidade de evitar cada vez mais o contacto com as superfícies. A Delabie há pouco tempo criou também uma torneira automática de cor preta e design muito interessante, e que merece destaque.

Até hoje, qual foi o momento mais difícil para a empresa?

O momento mais difícil foi, de facto, o início de funcionamento desta fundição, em que tivemos muitas surpresas. Não existiam procedimentos e métodos, e esse momento constituiu uma aprendizagem para toda equipa.

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

ECONOMIA + CIRCULAR Projeto de incremento da circularidade no âmbito do Plano de Ação para a Economia Circular O projeto E+C (Economia mais Circular) centrar- se-

Helena Oliveira Assessora da Direção da APF helena.oliveira@apf.com.pt

Apresentam-se como objetivos do projeto:

á na realização de um diagnóstico atualizado sobre as barreiras ao aprofundamento da Economia Cir-

• Fazer o levantamento do estado da arte da Eco-

cular na empresas e na aplicação da ferramenta Cir-

nomia Circular em Portugal, identificando as boas

culytics (da Fundação Ellen MacArthur) a um grupo

práticas adotadas, os projetos em curso e as bar-

restrito de empresas, visando demonstrar a nível

reiras existentes;

nacional a capacidade da ferramenta na identificação de oportunidades de progressão em matéria de

• Propor soluções para eliminar as barreiras à transição para a EC e promover a sua implementação; •C ontribuir e influenciar a definição dos indicadores

circularidade.

O projeto pretende apoiar na identificação de mais

de medição da circularidade a aplicar em Portugal;

ações e medidas que beneficiem as empresas e o

• Sensibilizar as empresas para a necessidade de

país e propor soluções para eliminar as barreiras à

monitorizar, quantificar e comunicar as suas ações

transição para a Economia Circular e estimular a sua

e contribuição para a Economia Circular; • Dar a conhecer as metodologias de medição/indi-

implementação.

Nesse sentido, promover a adoção de métricas de circularidade e respetiva monitorização é essencial para se conseguir identificar oportunidades de melhoria e desenvolvimento, devendo, os aspetos da circularidade, fazer parte do sistema de gestão de

cadores existentes e explicar a opção pela metodologia Circulytics; • Promover a capacitação das empresas na aplicação da metodologia Circulytics; • Promover a replicação das boas práticas.

qualquer organização. É crucial, para a consecução dos objetivos do pro-

Para apoiar a ativação e implementação do projeto,

jeto, capacitar as empresas e organizações e disse-

foi estabelecida uma parceria com a EY, procurando

minar, através da sensibilização e demonstração a

com isso capitalizar o seu forte know how na temá-

nível setorial, regional e nacional, boas práticas e

tica da Economia Circular, o forte capital relacional

metodologias proficientes na identificação de opor-

que possui na economia e no tecido empresarial.

tunidades de progressão neste domínio.

E+C - Economia mais Circular

Contribuições INFORMAÇÕES Técnicas técnicas

EMPREGO + DIGITAL Programa de formação para aquisição de competências na área digital

Helena Oliveira Assessora da Direção da APF helena.oliveira@apf.com.pt

O Plano de Ação para a Transição Digital, aprovado

• a necessidade de incrementar a capacidade de

pelo Governo através da Resolução do Conselho de

resposta dos trabalhadores aos grandes desafios

Ministros nº 30/2020 de 21 de abril, enquanto do-

tecnológicos e, deste modo, minimizar o seu im-

cumento estratégico de apoio à implementação de

pacto, garantir a inclusão digital, reter o emprego

medidas que visam a transição digital das pessoas,

e fomentar a empregabilidade.

das empresas e do Estado assenta em três pilares de atuação, dois dos quais orientados para as pes-

O projeto visa incrementar a formação profissional

soas e para as empresas, como é o caso do Pilar I

dos ativos na área digital e será dinamizado pelas

- Capacitação e Inclusão Digital das Pessoas e o Pilar

associações empresariais associadas da CIP.

II - Transformação Digital do Tecido Empresarial.

A APF, como associada da CIP, participará no projeto através do CINFU que levará a cabo a formação, as-

Se antes era consensual, a necessidade de capaci-

sente na realização de ações na área digital que res-

tar as pessoas, enquanto trabalhadoras e enquanto

pondam a necessidades transversais das empresas.

cidadãs, para a literacia digital, neste momento de

A decorrer ao longo do ano 2021, esta formação

pandemia tornou-se ainda mais premente. Está em

será fundamental para a aquisição de novas com-

causa a realização de um conjunto das mais diver-

petências para o processo de transição para a eco-

sificadas tarefas que podem ser realizadas à distân-

nomia digital. O plano de formação disponível, sem

cia através de plataformas informáticas de acesso

prejuízo do seu alargamento a outras unidades do

a serviços do Estado, teletrabalho, agendamentos,

Catálogo Nacional de Qualificações ou mesmo de

lazer, cultura, conhecimento, compras e mesmo as

formação à medida das necessidades específicas

recentemente disponibilizadas teleconsultas.

das empresas, é o seguinte:

O recém-criado projeto Emprego + Digital resulta

UFCD - Unidades de Formação de Curta Duração

Duração

de uma parceria entre o Instituto do Emprego e da

Folha de cálculo - funcionalidades avançadas

25

Formação Profissional (IEFP), a Estrutura de Missão

Segurança informática

25

Portugal Digital (EMPD) e a CIP - Confederação Em-

Literacia digital - iniciação

25

presarial de Portugal, tendo em conta:

Database marketing

25

Interface Homem - máquina (HMI)

25

Gestão informatizada de documentos

50

assumir nos mercados globalizados e a oportunidade

Aplicação informática - gestão de projetos

50

de reposicionamento do país nas cadeias de valor;

Formação à medida solicitada pelas empresas - área digital

• o peso crescente que a economia digital tenderá a

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

CAPACITAÇÃO DO SETOR DE FUNDIÇÃO: A TRANSIÇÃO PARA UMA ECONOMIA CIRCULAR E DIGITAL Projeto aprovado pelo NORTE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio às Ações Coletivas

Helena Oliveira Assessora da Direção da APF helena.oliveira@apf.com.pt

A APF viu aprovado o projeto Capacitação do Setor de

Assim, a APF procederá, durante o mês de abril, ao

Fundição: a transição para uma economia circular e digi-

convite à participação das empresas para integra-

tal, no âmbito da sua candidatura ao Sistema de Apoio

rem o desenvolvimento dos diferentes pilares, ex-

às Ações Coletivas do NORTE 2020. O projeto terá iní-

plicitando aqui os objetivos de cada um deles para

cio em abril próximo e término em setembro de 2022.

que melhor se entenda o seu enquadramento

Este projeto visa o aumento da competitividade do setor através do reforço da capacitação empresarial

Pilar 1 - Capacitação - Boas Práticas e

das empresas e da qualificação dos seus ativos em

Qualidade de Gestão

domínios considerados prioritários, tais como qualidade de gestão, indústria 4.0, transição energética

Este pilar visa dotar os quadros das empresas de

e simbiose industrial. Na prática, o projeto materia-

competências de gestão, tendo por base exemplos

liza-se pela disponibilização de estudos e manuais

do setor de fundição e/ou fora deste, que apresen-

de boas práticas no âmbito industrial e sustentável,

tem níveis de competitividade e de organização dos

assim como pelo desenvolvimento de workshops

seus processos que possam servir de referência. Há

que potenciem a difusão de conhecimento tecno-

empresas cujos métodos e processos ombreiam

lógico e partilha de conhecimentos e experiências,

com o que de melhor se faz, podendo constituir-

com o objetivo comum de desenvolver e dinamizar

-se exemplo e referência. Ao mesmo tempo, outras

a indústria de fundição portuguesa, baseado em 4

há que têm espaço para melhorar, em particular as

pilares principais:

PME. Acredita-se que ver para crer funciona, nomeada-

1 - Capacitação - Boas Práticas e Qualidade de Ges-

mente quando tal é feito num processo especifi-

tão, com intervenção da Universidade Católica,

camente direcionado para a melhoria das práticas

no seguimento da elaboração do Plano Estraté-

empresariais. Para que tal seja possível, é necessá-

gico do setor;

rio que quem é melhor, em termos de tecnologia,

2 - Promoção de Estratégias de Economia Circular

processos, métodos e práticas, esteja disponível

na Indústria da Fundição através de simbioses in-

para partilhar as suas experiências. Não restam,

dustriais intersetoriais com produtos cerâmicos

hoje, dúvidas que as ações de demonstração po-

de construção, a ser desenvolvido em parceria

dem ser centrais nesse propósito, contando com as

com o CTCV - Centro Tecnológico da Cerâmica e

empresas que, rompendo com a ideia enraizada de

do Vidro;

que o segredo é a alma do negócio, abrem portas

3 - Análise Energética - Plano de Racionalização de

para mostrarem as várias vertentes da sua opera-

Energia - Setor de Fundição, a desenvolver com

ção. As empresas aprendem com as melhores, na-

a ccenergia;

cionais ou estrangeiras, do mesmo setor, de setores

4-D esafios tecnológicos (indústria 4.0) e acesso a fi-

afins ou de setores com os quais, à primeira vista,

nanciamento, com intervenção da Magellan que

não há uma relação óbvia.

também será responsável pelas tarefas de comu-

Neste sentido, a APF, em parceria com a Universi-

nicação, acompanhamento e gestão do projeto.

dade Católica, pretende desenvolver esta atividade com o principal intuito de colmatar as falhas en-

Todo o projeto se destina à participação das em-

contradas no mercado ao nível das competências

presas associadas, sem a qual ele não teria sentido.

de gestão, dotando os quadros das empresas, com

Contribuições INFORMAÇÕES Técnicas técnicas

base em exemplos do setor de fundição e/ou fora

consumo de recursos naturais e impactos associados

deste que apresentem níveis de competitividade e

à atividade extrativa (como os consumos de energia,

de organização dos seus processos que possam ser-

recursos, poluição atmosférica, ruído, entre outros)

vir de referência.

usados na indústria cerâmica.

Assim, num primeiro momento, organizar-se-á, com

Para esta aplicação prática do conceito de simbiose

base em documentação e evidências adequadas,

industrial, importa avaliar o comportamento de um

uma primeira ação de partilha de informação e de

conjunto de produtos cerâmicos produzidos con-

sensibilização sobre a vantagem, ou necessidade,

tendo os resíduos de fundição, enquanto caso de

de adoção de determinadas práticas de gestão. De

estudo que poderá auxiliar no processo de classifi-

seguida, serão realizadas três ações de demonstra-

cação como subproduto, valorizando-o e criando o

ção, em que serão visitadas empresas que, pelo seu

necessário mercado.

trajeto e pelo que conseguiram alcançar, sejam con-

Este trabalho contempla, ainda, uma avaliação da

sideradas casos de referência. Essas empresas po-

sustentabilidade da solução de incorporação de

dem, ou não, ser do setor, assim como poderão ser

resíduos de areias da fundição nos materiais cerâ-

nacionais ou estrangeiras. A ação concluir-se-á com

micos, de forma a garantir que não existe transfe-

sessões de discussão orientada (debriefing).

rência de poluição de um meio para os outros. Final-

Deste pilar resultará um Manual de Capacitação e

mente, prevê-se ainda uma abordagem ao ciclo de

de Boas Práticas e Qualidade de Gestão.

vida destes materiais, comparando algumas categorias de impacte com esta estratégia de economia

Pilar 2 - Promoção de Estratégias de

circular, aferindo a sua sustentabilidade.

Economia Circular na Indústria da

A natureza inovadora desta abordagem está no uso

Fundição através de simbioses industriais

de resíduos das areias e a fração fina na produção

intersetoriais com produtos cerâmicos de

deste tipo de produtos, substituindo matérias-pri-

construção

mas naturais, promovendo estratégias de economia circular ao longo do ciclo de vida dos materiais. As-

As atividades de promoção da economia circular, en-

sim, contribui para a implementação das metas es-

quanto medidas de minimização de resíduos, conce-

tabelecidas na Diretiva Europeia de Resíduos, para

ção ecológica, reutilização e outras ações “circulares”

os objetivos e metas do Roteiro para uma Europa

poderão gerar poupanças líquidas de grande rele-

eficiente na utilização de recursos, bem como para

vância, em particular na indústria, com impacto quer

o novo Plano de ação da União Europeia para a Eco-

no seu volume de negócios, quer na criação de em-

nomia Circular.

pregos diretos na gestão destes resíduos e, ao mes-

Em síntese, o objetivo maior será dotar o setor da

mo tempo, viabilizando uma redução das emissões

fundição de um guia estratégico onde se possam en-

totais anuais de gases de efeito de estufa.

contrar fluxos de utilização viável para este subpro-

Assim, nesta atividade, a APF, em parceria com o

duto, bem como uma base metodológica para uma

CTCV, pretende identificar e sensibilizar o setor para

efetiva desclassificação enquanto resíduo, através de

a viabilidade de implementação de estratégias inova-

um estudo de valorização de areias que incluirá:

doras de economia circular, em sinergia com o setor dos materiais cerâmicos de construção, em concreto

•E nsaios de incorporação de areias e da fração fina

na gestão e valorização de resíduos do processo de

resultante da indústria de fundição (a realizar num

fundição, como são as areias de moldação.

grupo de empresas piloto representativas do se-

Esta atividade visa, assim, dotar o setor de ferra-

tor) em composições industriais da indústria cerâ-

mentas que possam conduzir à melhoria da eficiên-

mica, na perspetiva de solucionar os problemas da

cia do setor através da extensão do ciclo de vida das

deposição em aterro, proporcionando, assim, as

areias de fundição via simbioses industriais, com

simbioses industriais e a valorização de recursos.

a sua incorporação em processos cerâmicos. Tem

Estes ensaios demonstrarão a aptidão tecnológica

como objetivos ilustrar a viabilidade técnica e eco-

do produto resultante para o seu uso no mercado

nómica deste processo no setor com a recuperação

da construção;

ambiental da fração fina e das areias da fundição de ferro na produção de produtos cerâmicos como subs-

• Abordagem ao ciclo de vida, comparando com a

titutos de matérias-primas e, ainda, a minimização do

solução tradicional (sem incorporação de resíduos).

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

Assim, e de acordo com a avaliação realizada, nesta

final e energia primária; balanço de energia/mas-

atividade será elaborado um guia prático a dispo-

sa aos principais equipamentos consumidores

nibilizar ao setor com alternativas de gestão dos

de energia e cálculo de respetivos rendimentos;

resíduos de areias de fundição. Esta atividade con-

obtenção dos diagramas de carga elétricos dos

tribui, por outro lado, para minimizar o consumo de

sistemas considerados grandes consumidores

recursos naturais e impactes associados à atividade

de eletricidade; e análise, valorização e eventual

extrativa (como os consumos de energia, recursos,

enquadramento operacional de medidas de eco-

poluição atmosférica, ruído, entre outros) para for-

nomia e racionalização de energia, com previsão

necer recursos virgens para o setor dos materiais de

de respetivos retornos de investimento.

construção cerâmicos.

4. Elaboração de relatório de caracterização Pilar 3 - Análise Energética - Plano de

energética e Plano de racionalização de ener-

Racionalização de Energia - Setor de

gia - com base no tratamento de dados será ela-

Fundição

borado o relatório final de levantamento energético global, com apresentação dos resultados do

Este pilar, a desenvolver em parceria com a ccener-

levantamento energético do setor, caraterização

gia, tem como principal objetivo o desenvolvimento

das instalações e divulgação das principais me-

de um Relatório de Caracterização Energética e um

didas a tomar, PREn (Plano de Racionalização de

Plano de Racionalização de Energia, que vise otimi-

Energia), para o aumento da eficiência e sustenta-

zar os métodos de gestão de energia auxiliando as

bilidade deste setor, tendo em vista a orientação

empresas a perceber o potencial de poupança e

dada pelas políticas em vigor, nomeadamente o

adotar as soluções mais adequadas para as tornar

PNEC 2030.

efetivas em prol da adequação dos modelos aos princípios de ecoeficiência e utilização sustentável

Pilar 4 - Desafios tecnológicos (indústria

de recursos. Esta intervenção resulta num plano de

4.0) e acesso a financiamento

diagnóstico e otimização de comportamentos e infraestruturas até à identificação e planeamento de

Neste pilar, a desenvolver em parceria com a Mage-

implementação de soluções tecnológicas em estado

llan, serão realizadas sessões de grupo de trabalho

de arte.

da indústria, reforçando a cooperação entre o setor

Neste sentido, a presente atividade contempla qua-

empresarial e a comunidade académica, no âmbito

tro ações, nomeadamente:

da indústria 4.0, assim como um Manual de Boas Práticas que prepare e divulgue às entidades do se-

1. R ecolha Energética do setor - recolha e análise

tor os principais desafios e oportunidades futuras,

de informação, tratamento e apresentação dos

identificando os principais eixos estratégicos e fato-

indicadores energéticos dos setores da fundição,

res críticos de sucesso para as empresas.

nacional e internacional.

A crescente volatilidade dos mercados, impõe às organizações alterações estruturais cada vez mais

2. Levantamento no terreno - prevê-se a recolha

profundas de forma a assegurarem uma posição

de dados e realização de medidas elétricas e tér-

competitiva, exigindo por um isso um elevado nível

micas que permitam caraterizar a situação da ins-

de dinamismo e flexibilidade. O desenvolvimen-

talação, sob o ponto de vista energético, sendo

to de estratégias direcionadas para a indústria 4.0

utilizados meios técnicos e metodologia adequa-

apresenta-se como uma ferramenta de diferencia-

dos a uma ação com estas características.

ção e inovação, premiando a utilização de tecnologias não tradicionais que reflitam a melhoria de

3. Análise e tratamento dos elementos recolhi-

processos produtivos, desenvolvimento sustentado

dos - serão compilados e tratados os dados reco-

e criação de novos modelos de negócio.

lhidos, de acordo com a apresentação e carateri-

Para tal, será elaborado um Manual de Boas Prá-

zação da instalação; análise e interpretação das

ticas direcionado às empresas do setor, tendo em

faturas de energia; caraterização da instalação e

vista explorar e identificar exemplos concretos a ní-

dos consumos de energia, com base nos dados

vel nacional e internacional e reunir os contributos

recolhidos no trabalho de campo; determinação

diretos das instituições e centros de investigação de

dos valores de consumos de energia para os me-

referência neste domínio.

ses de referência, em termos de custos, energia

INFORMAÇÕES Técnicas

No sentido da discussão e análise das tendências e

esta falha de mercado, através de ações que fomen-

práticas identificadas, serão, igualmente, realizadas

tem o interesse dos mais jovens para este setor.

sessões de grupo de trabalho indústria - academia.

Adicionalmente, com o atual quadro comunitário de

A participação ativa das entidades do setor permi-

financiamento quase a terminar, mais do que um

tirá obter e explorar exemplos concretos a nível

balanço é preciso começar a preparar as empresas

nacional e internacional, analisando a realidade vi-

e entidades para o Portugal 2030. Com o objetivo

venciada no quotidiano das empresas do setor e,

de tornar a economia portuguesa mais atrativa,

ainda, reunir os contributos diretos das instituições

que aposte cada vez mais na internacionalização e

e centros de investigação referência neste domínio.

exportação, é fundamental apostar em fatores de

Assim, a integração das experiências de entidades

competitividade do tecido empresarial português,

do setor e outros que se relacionem e possam tra-

como por exemplo a transferência de conhecimento

balhar em cooperação, permitirá alargar o âmbito e

e tecnologia, aposta na inovação e sustentabilidade.

plano de atuação deste manual, promovendo a ado-

Finalmente, serão dadas a conhecer as oportunida-

ção de boas práticas em todo o tecido empresarial

des de financiamento no âmbito do Portugal 2030 e

e, também, o desenvolvimento de possíveis redes

dos programas diretamente geridos pela União Eu-

colaborativas entre setores distintos da cadeia de

ropeia, tais como o Horizonte Europa e o programa

produção. Estas sessões visam também promover,

LIFE, especialmente direcionados para a transição

de forma ativa e contínua, a aproximação e cola-

para novos paradigmas tecnológicos e ambientais.

boração entre o setor de fundição e a comunidade

Assim, a análise das oportunidades e desafios deste

académica, fundamental à transição para este novo

novo quadro comunitário e a reflexão das lacunas e

paradigma tecnológico.

falhas decorrentes do anterior, permitirá às empre-

A dificuldade encontrada pelas entidades do setor

sas do setor compreender o que podem melhorar

em captar o público mais jovem é o mote para o

e preparar estratégias mais coesas e competitivas.

desenvolvimento de atividades que visem colmatar

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

NOVAS REGRAS INCOTERMS® 2020 O que os compradores e vendedores de metais e ferro-ligas devem saber Este artigo destaca as principais diferenças entre os

Autoria: Metalshub*

Artigo traduzido por:

www.metals-hub.com/pt

Helena Oliveira, APF

1. DAT (Entregue no Terminal) foi alterado

INCOTERMS® (INternational COmmercial TERMS)

para DPU (Descarregado no local de destino

2010 e os INCOTERMS® 2020, com foco na indústria

acordado)

metalúrgica.

Para profissionais das áreas das compras e vendas

A sigla foi alterada, no entanto, as obrigações e as

de metais envolvidos no comércio internacional de

funções permaneceram as mesmas. A palavra “Ter-

ferro-ligas e outras matérias-primas, é essencial ter

minal” foi removida para evitar confusão e substituí-

uma compreensão clara das responsabilidades e

da pela palavra “Local” para nomear qualquer local,

riscos específicos dentro das regras INCOTERMS®.

quer esteja ou não abrangido pelos termos. DPU

Para auxiliar a um melhor entendimento das novas

significa que as mercadorias não podem ser descar-

regras que entraram em vigor em janeiro de 2020,

regadas apenas num terminal ou infraestrutura de

este artigo fornecerá uma visão geral das alterações

transporte (porto, aeroporto, doca ou outros), mas

mais importantes.

podem ser descarregadas do meio de transporte em qualquer outro local do país de destino que tenha instalações para descarga de mercadorias (por exemplo, uma fábrica ou um armazém).

2. Diferenças na cobertura do seguro entre CIF (Custo, Seguro e Frete) e CIP (Porte pago, seguro incluído, até) Nos termos do CIF e do CIP, o vendedor tem a obrigação de contratar um seguro de transporte para o comprador. O transporte CIP exige um seguro que cumpra a cláusula A do ICC (Institute Cargo Clauses), enquanto o CIF exige um seguro nos termos da cláusula C. No CIP, segundo as regras dos INCOTERMS® 2020, o vendedor tem a obrigação de subscre-

As 7 principais diferenças entre os INCOTERMS®

ver um seguro de transporte sob contrato a favor

2010 e os INCOTERMS® 2020:

do comprador com cobertura extensiva, correspondente à cláusula A do ICC. No entanto, as partes

1. O termo ‘DAT - Delivered at Terminal’ foi substituído por ‘DPU - Delivery at Place Unloaded’.

podem concordar em subscrever um seguro que ofereça uma cobertura reduzida (cláusula C do ICC).

2.

Diferenças na cobertura do seguro entre CIF -

Pode perguntar-se, porque é que é assim. Isto acon-

Cost, Insurance, Freight e CIP - Carriage and Insu-

tece porque a cláusula A cobre um nível de seguro

rance Paid.

mais abrangente e mais elevado (por exemplo, para

3. FCA - Free CArrier e Conhecimento de Embarque Marítimo (BL - Bill of Lading).

4.

Mais ênfase nos requisitos de segurança do transporte.

5. Disposições para os vendedores de bricolage organizarem seu próprio transporte.

6. A atribuição de custos é mais claramente definida.

7. Melhor definição do tratamento das formalidades aduaneiras e do desalfandegamento.

os produtos industriais), enquanto um nível mais baixo de cobertura da cláusula C se aplicaria muito provavelmente no âmbito das mercadorias. Portanto, o CIF é geralmente utilizado com mercadorias a granel (apenas vias navegáveis) e o CIP (multimodal) é frequentemente utilizado para bens industriais.

INFORMAÇÕES Técnicas

3. O pção FCA (Franco transportador) e Conhecimento de Embarque Marítimo

5. Disposições para que os “vendedores de bricolage” providenciem o seu próprio transporte

O FCA foi alterado para permitir que as partes concordem que o comprador instrua o transportador

As regras INCOTERMS® 2010 assumiram que, no

para emitir o conhecimento de embarque marítimo

caso das mercadorias transportadas do vendedor

ao vendedor. De acordo com o FCA, “O comprador

para o comprador, o transporte era feito através de

deve contratar ou organizar, a expensas suas, o trans-

um terceiro. As regras INCOTERMS® 2020 reconhe-

porte das mercadorias”.

cem os chamados “vendedores de bricolage” que

O termo FCA tem agora uma disposição extra que

podem utilizar o seu próprio transporte para en-

estabelece que, se as partes assim o acordarem,

tregar as mercadorias, em vez de dependerem do

o comprador deve instruir o transportador (com-

transporte de terceiros.

panhia de navegação ou o seu agente) a emitir ao

Sob este termo é agora claramente afirmado que os

vendedor, a expensas e risco do comprador, um

vendedores podem fazer um contrato de transpor-

documento de transporte declarando que as mer-

te ou simplesmente providenciar o transporte ne-

cadorias foram carregadas (B/L - Conhecimento de

cessário por sua própria iniciativa.

Embarque com uma notação de bordo).

O vendedor é obrigado a apresentar o conhecimento de embarque ao comprador. Quando esta opção

6. A atribuição dos custos é definida mais claramente

é utilizada, o vendedor não assume a obrigação para com o comprador de respeitar os termos do

Os custos eram uma questão significativa nos INCO-

contrato de transporte.

TERMS® 2010. Como os transportadores alteravam frequentemente a sua estrutura de preços para lidar

4. M ais ênfase nos requisitos de segurança do transporte

com acréscimos de custo, os vendedores ficavam muitas vezes surpreendidos com cobranças extra de manuseamento no terminal. Para reduzir ainda

Os INCOTERMS® 2020 colocam mais ênfase nas

mais as fontes de conflito, todos os custos estão

responsabilidades que dizem respeito às obriga-

agora listados nas secções “Alocação de Custos” para

ções relacionadas com a segurança (por exemplo,

cada termo, com o objetivo de indicar claramente os

rastreio obrigatório dos contentores). A segurança

custos a cada parte. O princípio orientador é que o

da carga é abordada mais precisamente em duas

vendedor é responsável pelos custos até ao ponto de

circunstâncias: transporte do país de origem para

entrega e o comprador pelos custos para além deste.

o país de destino e formalidades e procedimentos de desalfandegamento (exportação, trânsito e im-

7. Melhor definição do tratamento

portação).

das formalidades aduaneiras e do

Durante todo o transporte das mercadorias, a respon-

desalfandegamento

sabilidade pela segurança é assumida pela parte que executa o contrato de transporte de mercadorias:

Os INCOTERMS® 2020 definem mais claramente que parte (vendedor ou comprador) é responsável pelo tra-

• Vendedor (CPT - Carriage Paid To / Porte pago até,

tamento das formalidades aduaneiras e do desalfan-

CFR - Cost and Freight / Custo e frete, CIP, CIF, DAP

degamento. Também se inclui aqui, pela primeira vez,

- Delivered at Place / Entrega no local, DPU e DDP -

uma referência à liberação de mercadorias em trânsito.

Delivered Duty Paid / Entrega com direitos pagos)

A regra aplicável é a de que a responsabilidade é

ou

atribuída a quem assume o risco de transporte até

• Comprador (EXW - EX Works, FCA, FAS - Free Along-

ao local de entrega. Portanto, nos termos, EXW,

Side ship / Franco ao longo do navio e FOB - Free On

FCA, FAS, FOB, CPT, CFR, CIP e CIP em que o risco de

Board / Franco a bordo).

transporte é transferido na origem (país do vendedor), a responsabilidade pelo desalfandegamento é

No que diz respeito ao desalfandegamento, a res-

assumida pelo comprador. Enquanto que, pelo con-

ponsabilidade pela segurança recai sobre a parte

trário, nos termos DAP, DPU e DDP, o risco é trans-

que deve proceder ao desalfandegamento.

ferido no destino (país do comprador) e o vendedor assume a responsabilidade.

Esta alteração pode ser importante nos casos em que as mercadorias têm de passar por países com procedimentos complexos de tratamento aduaneiro antes de chegarem à alfândega do país de importação.

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

Implicações para os utilizadores que negoceiam acordos no Metalshub Os compradores e vendedores de ferro-ligas estão em boa posição para tirar partido da clareza adicional proporcionada pelas regras atualizadas e da facilidade de transações através da plataforma digital B2B (Business to Business). Os utilizadores do Metalshub devem prestar atenção extra às novas definições, consultar todo o material de referência disponível para entender completamente os riscos e obrigações associados à sua atividade comercial, segundo as regras INCOTERMS®.

Como aplicar os INCOTERMS® ao comprar e vender no Metalshub: 1. Escolher os INCOTERMS® que melhor se aplicam ao negócio; 2. Prestar atenção à especificação precisa do local ou porto; 3. Estabelecer claramente os INCOTERMS® no contrato, bem como na Carta de Crédito (LC), e em todas as faturas das transações comerciais relacionadas. É importante notar que, apesar da data “efetiva” de 1 de janeiro de 2020, os INCOTERMS® 2010 ainda podem ser aplicados. Não existe, ainda, a obrigação de cumprir apenas os INCOTERMS® 2020. As partes comerciais que não esclareceram a que versão INCOTERMS® se referem os seus contratos, podem ter as regras de 2010 aplicáveis às suas circunstâncias. Estima-se que as regras de 2020 poderão demorar 1 a 2 anos a serem plenamente adotadas a nível mundial.

Os INCOTERMS® 2020 consideraram o rápido crescimento das economias em todo o mundo e colocaram maior atenção na segurança do transporte de mercadorias, flexibilidade na cobertura de seguros e na implementação mais fácil das novas regras.

Os fundamentos dos INCOTERMS® permaneceram em grande parte inalterados, com apenas ligeiras modificações nas regras de 2020. Estas oferecem importantes melhorias para compradores e vendedores, mas o impacto real só será conhecido quando forem amplamente incorporadas nas transações de importação e exportação.

As regras dos INCOTERMS® são atualizadas a cada 10 anos pela Câmara de Comércio Internacional (ICC), definindo as responsabilidades individuais de compradores e vendedores no que diz respeito à entrega de mercadorias ao abrigo de contratos de venda comuns. Constituem o conjunto de regras autorizadas para definir a forma como os custos e riscos são atribuídos a cada parte nas transações comerciais internacionais.

Aviso: Este artigo apenas fornece um esboço da interpretação das alterações nas regras INCOTERMS® 2020. Os leitores são aconselhados a consultar o esboço oficial das principais alterações nos INCOTERMS® 2020 no site da Câmara Internacional de Comércio (ICC). Para uma compreensão completa das regras INCOTERMS®, os leitores devem entrar em contacto com seu representante regional da Câmara Internacional de Comércio (ICC). A Metalshub não se responsabiliza pela exatidão das declarações deste artigo e não se responsabiliza por quaisquer riscos legais, danos ou perdas financeiras decorrentes das suas atividades comerciais ou uso de informações neste artigo, ou informações publicadas pelo ICC. A aplicação dos INCOTERMS® apropriados para as suas atividades comerciais e o uso de informações neste artigo é da responsabilidade dos leitores. * A Metalshub disponibiliza uma plataforma digital B2B (business to business), oferecendo às fundições, siderurgias e outras empresas em mais de 60 países, uma solução eficiente para a compra e venda de metais e ferroligas. A Metalshub tem como missão principal trazer a transformação digital para a indústria metalúrgica.

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO - REFLEXÕES EM 2020 João Carlos Costa Gestor de Projeto, Elemento Ligação ONS-ISQ JCCosta@isq.pt

RESUMO

Sistemas de gestão da SST (SGSST)

O artigo caracteriza alguns temas do domínio da

O tema dos SGSST foi objeto de uma alteração subs-

Segurança e saúde no trabalho considerados estru-

tantiva em 2018, de dimensão verdadeiramente

turantes para a Indústria de Fundição através de

internacional. De facto, o referencial internacional-

instrumentos associados que registam evoluções sig-

mente aceite para a definição e implementação de

nificativas no aspeto técnico, recentes ou em curso,

SGSST, o referencial OHSAS 18001, foi substituído

materializando-se em elementos correspondentes

pela norma internacional ISO 45001:2018. De facto,

da legislação e, sobretudo, de normalização especí-

a OHSAS 18001, embora tenha registado um sucesso

ficos da Segurança e saúde no trabalho.

a nível mundial nunca recolheu uma aceitação real-

Os temas abordados desdobram-se desde os Siste-

mente generalizada, dado não ser tecnicamente uma

mas de Gestão da Segurança e saúde no trabalho,

norma, nem ter o caráter, de facto, internacional no

a Segurança dos produtos até à Higiene industrial/

sentido das normas ISO. Com fundamentação muito

Higiene ocupacional, deste modo abrangendo quer

vasta (e discutível) mas em 1996 e 2000 a ISO, com

aspetos de gestão quer aspetos técnicos, evidencian-

base em análises dos seus membros constituintes

do a complementaridade bem como a relação com

tomou a decisão de não produzir uma norma ISO re-

aspetos da legislação específica da SST.

lativa a SGSST, ao contrário das já existentes para os

Todos os assuntos são contextualizados nas dimen-

domínios da Qualidade e do Ambiente.

sões temporais e técnicas, embora não sejam aborda-

Foi necessário assistir ao sucesso internacional da

dos os aspetos técnicos específicos dos instrumentos.

OHSAS 18001 para finalmente em 2012 a ISO aprovar um projeto para o desenvolvimento de uma norma daquele tipo. O projeto, aprovado para conclusão

Introdução

em 2016, contou com a (incompreensível) oposição inicial absoluta da Organização Internacional do Tra-

A Indústria de Fundição (IF) manifesta uma contínua

balho, foi na realidade concluído em 2018, na forma

preocupação com o domínio da Segurança e saúde

da ISO 45001:2018, tendo aquela organização partici-

no trabalho (SST) como materializado em diversos

pado nos trabalhos.

projetos desenvolvidos desde 2000, através da APF,

Os aspetos globais mais salientes da ISO 45001 são

envolvendo sempre a interessada participação de

identificados a seguir. A ISO 45001 é uma norma ali-

muitas fundições e contando com o apoio da admi-

nhada com as congéneres relativas aos Sistemas de

nistração pública que tutela a SST.

gestão ambiental (ISO 14001) e Sistemas de gestão

O contexto empresarial no domínio da SST, como ou-

da Qualidade (ISO 9001). Para além deste alinhamen-

tros, evolui permanentemente, justificando que em

to, a ISO 45001 segue a “estrutura de alto nível” defi-

certos momentos se proceda a uma reflexão sobre a

nida pela ISO para todas as normas de SG, o que se

situação à data e, sobretudo, sobre evoluções possí-

manifesta por subseções ou trechos de texto simila-

veis nos contextos previsíveis. Mais uma vez a IF pro-

res entre normas deste tipo. Estas opções permitem

cedeu a uma ação desse tipo na forma do “Plano Es-

um melhor entendimento global dos SG e sobretudo

tratégico para a Indústria Portuguesa de Fundição”.

permitem uma mais fácil integração dos SG para as

O presente artigo poderá ser uma base de reflexão

empresas que decidirem implementar mais do que

de algum modo complementar daquele Plano, refle-

um SG. A estrutura da ISO 45001 também difere da

xão esta orientada para o domínio da SST.

estrutura da OHSAS 18001 pois contém os requisitos do SG no corpo da norma e em anexo as linhas de

Contribuições técnicas

orientação para a respetiva implementação (estas

complexos são enquadráveis na definição de má-

constavam da OHSAS 18002 no sistema OHSAS, por-

quinas e, portanto, incluem-se no âmbito de apli-

tanto um documento diferente).

cação da diretiva máquinas, Diretiva 2006/42/CE,

Uma questão sem consequências técnicas, mas que

na sua atual redação. A diretiva máquinas, como

origina, por vezes, alguma confusão na comunidade

diretiva “nova abordagem” não contém os requisi-

da SST (e outras) reside no facto da ISO 45001 não es-

tos técnicos dos produtos, encontrando-se estes

tar adotada como norma europeia pelo que não exis-

em normas dedicadas, designadas normas har-

te uma “EN ISO 45001”. Sendo um facto dissonante

monizadas. No domínio da fundição estas normas

da situação das correspondentes normas nos domí-

são elaboradas pela Comissão técnica CEN/TC 202

nios da Qualidade e do Ambiente, não representa

“Foundry machinery” (CT 202). A CT 202 produziu,

qualquer limitação técnica para a definição ou imple-

desde 1997, 5 normas sendo 4 dedicadas a equipa-

mentação de um SGSST nem constitui qualquer tipo

mentos utilizados em diversas fases da produção

de óbice para a certificação de sistema para as orga-

e uma dedicada à emissão sonora desses equipa-

nizações que a pretendam obter. Relativamente ao

mentos. A CT 202 atualizou aquelas normas até

aspeto de certificação que consideramos de interes-

2010, tendo aparentemente cessado de o fazer,

se secundário no contexto dos SGSST, embora tendo

não se registando alterações subsequentes.

sempre presente que pode ser relevante, mesmo

Face à relevância destas normas foi proposta uma

condicionante, para alguns mercados, é importante

iniciativa de elaboração da versão portuguesa des-

referir que está prevista a validade das certificações

tas normas. Este projeto de iniciativa do ISQ e com

segundo a OHSAS 18001 durante 3 anos bem como

a total colaboração da APF permitiu produzir a ver-

a possibilidade tecnicamente natural, de migração de

são portuguesa de 4 das 5 normas, estando a 5ª

um SG existente de acordo com a OHSAS 18001 para

e última norma na fase final para publicação. As

um novo SG, de acordo com a ISO 45001.

normas base e as correspondentes versões portu-

Relevante para a SST é referir ainda que a ISO 45001

guesas estão identificadas no Quadro 2.

segue a terminologia da normalização internacional no domínio da gestão do risco, na forma da ISO 31000 e da

Quadro 2 – Normas publicadas - CEN/TC 202

respetiva terminologia contida no ISO Guide 73:2009.

Uma nota final é relevante para confirmar que todos os instrumentos normativos mencionados existem em versão portuguesa, produzidas por Comissões Técnicas (CT) do Sistema Português da Qualidade.

Norma base e versão portuguesa EN 1247:2004+A1:2010

Foundry machinery - Safety requirements for ladles, pouring equipment, centrifugal casting machines, continuous and semi continuous casting machines

NP EN 1247:2004+A1:2016

Máquinas de fundição - Requisitos de segurança para colheres, equipamento de vazamento, máquinas de fundição centrífuga, máquinas de fundição contínua e semi-contínua

EN 1248:2001+A1:2009

Foundry machinery - Safety requirements for abrasive blasting equipment

NP EN 1248:2001+A1:2012

Máquinas de fundição - Requisitos de segurança para equipamentos de granalhagem

EN 710:1997+A1:20101)

Safety requirements for foundry moulding and coremaking machinery and plant associated equipment

A ISO 45001 está no âmbito da CT 42 “Segurança e saúde no trabalho” e a ISO 31000 e o ISO Guide 73, no âmbito da CT 180 “Gestão do risco”. A situação referida é evidenciada no Quadro 1.

Quadro 1 – Normas publicadas

Documento normativo de base e versão portuguesa

Título

Título

ISO 45001:2018

Occupational health and safety management systems - Requirements with guidance for use

NP EN 710:1997+A1:2019

Segurança de máquinas - Requisitos de segurança de máquinas e instalações de moldação e de fabrico de machos para fundição e equipamento associado

NP ISO 45001:2019 (ISO 45001:2018)

Sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho - Requisitos e orientação para a sua utilização

EN 869:2006+A1:20092)

Safety of machinery - Safety requirements for pressure metal diecasting units

ISO 31000:2018

Risk management - Guidelines

NP EN 869:2006+A1:2013

Segurança de máquinas -Requisitos de segurança das máquinas de fundição injetada

NP ISO 31000:2018 (ISO 31000:2018)

Gestão do risco - Linhas de orientação

EN 1265:1999+A1:2008

Safety of machinery - Noise test code for foundry machines and equipment

ISO Guide 73:2009

Risk management - Vocabulary

DNP ISO Guia 73:2011

Gestão do risco - Vocabulário

NP EN 1265:1999+A1:20203)

Segurança de máquinas - Código de ensaio de ruído para máquinas e equipamentos de fundição

Segurança dos produtos Diretiva máquinas e normas harmonizadas (CEN) Os equipamentos utilizados pela indústria de fundição são muito diversos, mas um número apreciável, sobretudos os equipamentos mais pesados/

Notas: 1) Será substituída pela EN ISO 23062 “Foundry machinery - Safety requirements for molding and coremaking machinery and associated equipment” 2) Será substituída pela EN ISO 23063 “Foundry machinery - Safety requirements for high pressure die casting machines 3) Em publicação

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

Estas normas são muito relevantes, desde logo para

dos trabalhadores. Esta temática encontra em termos

servir de referencial nos processos de aquisição de

legislativos uma notável, por simples, referência des-

equipamentos em termos da definição técnica dos

de a Diretiva Quadro (DQ) da SST de 1989. De facto,

mesmos, incluindo os requisitos de marcação e cer-

segundo a DQ cabe ao empregador no contexto das

tificação. Especificamente para a SST estas normas

suas obrigações gerais o consignado no artigo 8º nº

são de elevado interesse pois contêm uma secção re-

2 c) ou seja “assegurar que as exposições aos agentes

lativa aos perigos identificados, cujos riscos associa-

químicos, físicos e biológicos não constituam risco para

dos são considerados significativos e que requerem

a saúde dos trabalhadores”.

ação para eliminar ou reduzir o risco. A significância

Embora não abordado no presente artigo, mas den-

dos riscos resulta da aplicação da atividade da apre-

tro do seu espírito, julgamos relevante fazer duas re-

ciação do risco. Relativamente aqueles perigos a nor-

ferências a evoluções significativas: a primeira relati-

ma identifica as medidas de proteção consideradas

va a agentes físicos - campos eletromagnéticos, para

adequadas. Considera-se ainda que para os riscos

a evolução substantiva da respetiva normalização, no

considerados não significativos a máquina deve estar

âmbito da comissão técnica CENELEC TC 106X e no

de acordo com a EN 12100.

quadro da respetiva Diretiva especial da DQ, a direti-

Decorre do exposto que o conhecimento aprofunda-

va 2013/35/EU; a segunda no que respeita aos agen-

do destas normas de produto, são muito relevantes

tes biológicos e face à atual pandemia de COVID-19 a

para as atividades do processo da gestão do risco,

especificação ISO/PAS 45005:2020, produzida como

designadamente da apreciação do risco. Este aspeto

ferramenta de gestão da SST para gerir os riscos de-

constitui um requisito das atividades da SST numa

correntes da pandemia nas atividades profissionais.

fundição, como estabelecido desde 1989 na Diretiva-Quadro da SST e correspondentes transposições

Agentes químicos e exposição ocupacional

para a ordem jurídica interna.

Qualquer análise ainda que breve do requisito da DQ Normas harmonizadas (CEN) e a ISO (TC 306)

conduz à realidade de que é necessário dispor de um estimador do risco adequado, ou seja e leia-se, desde

Como referido, as normas harmonizadas não foram

já, representativo da exposição do(s) trabalhador(es).

objeto de atualização desde 2010 (salvo uma peque-

A realidade da exposição a agentes químicos é que

na correção da EN 710 em 2012). Em 2018 verificou-

o estimador existe: é a “exposição ocupacional” (EO),

-se a constituição da CT 306 “Foundry Machinery” da

expressa (no caso mais geral, mas não único, em uni-

ISO. Não cabe no artigo abordar as razões e o contex-

dades de concentração, seja em mg/m3 ou em partes

to da criação da CT 306, sendo eventualmente sufi-

por milhão - ppm).

ciente referir que a sua coordenação pertence à SAC

Portanto, no caso de conhecer o risco na forma da

- “Standardization Administration of China”. Na data de

“EO” só necessitamos de uma referência com que o

publicação deste artigo a CT 306 tem 1 norma publi-

comparar e poder decidir sobre a aceitabilidade ou

cada, a ISO 23472-1:2020 “Foundry machinery - Voca-

não da situação em presença. Esta referência existe

bulary - General” e 7 normas em elaboração.

sob a forma dos “VLE” ou valores-limite de exposição

Relativamente às normas em elaboração prevê-se

ocupacional (NP 1796 e outras referências, desig-

que 2 virão a ser adotadas como normas europeias

nadamente diretivas especiais da diretiva agentes

harmonizadas, assim substituindo as atuais “EN 710”

químicos ou de instituições nacionais, por exemplo

e “EN 869” (ver Quadro 2).

OSHA ou ACGIH, nos Estados Unidos da América, INST em Espanha entre outros).

Esta simples e breve descrição é particularmente en-

Higiene ocupacional e a SST

ganadora pois durante dezenas de anos e ainda hoje prevalecente a legislação nacional aplicável nunca

Generalidades

definiu a EO com as características subjacentes da simples redação do parágrafo anterior. De facto, e

A Higiene ocupacional, ou tradicionalmente a Higie-

não obstante existirem vários conjuntos credíveis

ne industrial, aborda essencialmente a questão dos

de VLE, o problema é que os requisitos legais nun-

agentes químicos, físicos e biológicos presentes nos

ca obrigaram a que o valor da EO que é compara-

locais de trabalho, na medida em que se possam

do com o VLE seja adequado, leia-se representativo

constituir como risco para a segurança e/ou saúde

da EO em estudo. Esta representatividade tem por

Contribuições técnicas

si duas componentes – ser referida a trabalhador(es)

A norma “EN 689”

identificados, com condições de exposição bem definidas e reportadas e ser estatisticamente válida o que

Entre as normas da CEN/TC 137 ressalta a mais

permite caracterizar a distribuição a que pertence e,

relevante para a determinação da EO a “EN 689”.

portanto, realizar inferências estatísticas.

A versão atual é de 2018 incluindo uma correção de 2019, na forma da EN 689:2018+AC:2019.

O (novo) enquadramento legal da EO

Esta norma tem versão portuguesa preparada em 2019 e publicada em 2021 como NP EN

A transposição da DQ e da Diretiva especial da ex-

689:2018+AC:2021 (ver Figura 2). Esta norma é

posição aos agentes químicos (Dir 98/24/CE) nunca

uma 2ª edição, sendo a 1ª de 1995, com edição

expressaram a questão da EO nos moldes tecnica-

portuguesa em 2008.

mente adequados. Julgamos incontornável reconhecer que só o Decreto-Lei 35/2020, ou seja 30 anos após a publicação da DQ, estabelece em texto inequívoco que nas atividades suscetíveis de exposição ao agente, o empregador deve avaliar o risco para a segurança e saúde dos trabalhadores, mas determinando (segundo o Artigo 4º, 1 b)) a concentração do agente na atmosfera do local de trabalho, considerando contudo os seguintes aspetos que são da maior importância: “devem ser seguidas as normas e especificações técnicas da área da SST relativas a metodologias, procedimentos e critérios de amostragem no âmbito do sistema português da qualidade. Finalmente é indicado o “caminho” técnico a seguir neste domínio.

Não podemos ignorar que este DL se refere aos agentes cancerígenos e mutagénicos, ou seja à transposição da respetiva diretiva especial (Dir 2004/37/ CE). Contudo, a natureza dos requisitos identificados no parágrafo anterior, julgamos que nunca poderão técnica e (julgamos também) juridicamente deixar de ser aplicados à exposição aos agentes químicos, independentemente da sua natureza.

O enquadramento normativo – CEN/TC 137 As principais normas relativas ao domínio da EO (a agentes químicos) são desenvolvidas no âmbito da Comissão Técnica 137 “Assessment of worplace exposure to chemical and biological agents”. Esta comissão é seguida pela sub-comissão 2 (SC 2 “Exposição ocupacional”) da CT 42 “Segurança e saúde do trabalhador”.

Atualmente a CEN/TC 137 tem 45 documentos normativos em vigor, sendo de registar nos últimos anos a produção de normas no domínio das Nanotecnologias bem como a produção conjunta e/ou a adoção de normas ISO, publicadas como normas EN ISO.

Figura 2 – Capa da “NP EN 689” (parcial)

Âmbito e aplicação – breve referência A EN 689 trata da medição da exposição a agentes químicos em atmosferas no local de trabalho e, em particular, apresenta uma estratégia da medição para comparar a exposição dos trabalhadores, por inalação, com os valores-limite de exposição ocupacional (VLE). É determinante considerar quem em muitas situações de exposição ocupacional só estratégias do tipo proposto permitem uma determinação efetiva da exposição ocupacional e assim poder cumprir o requisito legal expresso desde a diretiva-quadro da Segurança e Saúde no Trabalho que a exposição a agentes químicos (físicos e biológicos) não constitua risco para os trabalhadores.

A EN 689 desenvolve-se baseada na realidade da medição representativa da exposição ocupacional a agentes químicos ser difícil, devido à significativa variabilidade da exposição por um significativo número de fatores, designadamente por processos e produtos que afetam a exposição.

Composição da “EN 689” A EN 689 desenvolve-se em 7 secções e 9 anexos, todos estes de caráter informativo.

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

A Figura 3 identifica as 7 secções que constituem a

De um modo muito sucinto, podemos considerar o

EN 689

contexto como o conjunto de requisitos legislativos e normativos associados à empresa e respetivas Secção

Designação

atividades profissionais, bem como os critérios do

1

Âmbito

risco – neste caso os VLE aplicáveis; a identificação

2

Referências normativas

do risco como a identificação dos agentes químicos

3

Termos, definições e abreviaturas

utilizados, dos grupos de exposição similar e das

4

Generalidades

condições da exposição; a análise do risco como a

5

Avaliação da exposição ocupacional

aplicação dos métodos de colheita, e subsequente

6

Relatório

análise, resultando num valor da EO (distribuição

7

Avaliação periódica

estatística, no caso mais geral); a avaliação do risco

Figura 3 – Seções da EN 689

A Figura 4 identifica os 9 anexos que apoiam tecnicamente o desenvolvimento de atividades identificadas nas secções estruturantes, as Secções 4 e 5.

Secção

Designação

como a comparação do valor da EO calculado com o VLE aplicável para o agente em estudo que constitui o critério do risco. O conjunto destas últimas três atividades constitui o âmago da resposta ao requisito legal de assegurar que a exposição não representa risco para a segurança e saúde do trabalhador, ou seja a apreciação do risco (“risk assessment” nas diretivas da SST e sistematicamente mal traduzido como

A

Avaliação da exposição

B

Valores-limite de exposição ocupacional para verificação da conformidade

C

Exposição simultânea a vários agentes químicos no local de trabalho

D

Perfil da exposição e duração da amostragem

E

Verificação da distribuição das medições de exposição e identificação da exposição excecional no GES

F

Verificação da conformidade com os VLE

CONCLUSÕES

G

Cálculo da exposição para um tempo de trabalho superior a 8 h

O desenvolvimento das atividades da SST na atuali-

H

Exposição inferior ao limite de quantificação

I

Intervalo para as medições periódicas Figura 4 – Anexos da EN 689

avaliação do risco).

A aplicação do processo da gestão do risco proposta na ISO 31000 é assim uma excelente ferramenta para evidenciar o cumprimento do requisito do “risk assessment” associada à exposição a agentes químicos por parte do empregador.

dade dispõe de um importante número de referenciais técnicos que apresentam atualizações ou novas perspetivas que podem contribuir muito significativamente para a melhoria das condições de trabalho, da segurança e saúde dos trabalhadores, diminuição

A “EN 689” representa assim um referencial essencial e atualizado na determinação da EO a agentes químicos (independentemente da classificação).

De referir que a norma é mencionada no Guia de aplicação da Diretiva Agentes químicos, o que não ocorre em recente publicação nacional sobre a ques-

de custos associados aos riscos ocupacionais e consequentemente melhoria da competitividade das empresas.

O cumprimento dos requisitos legais e a eficácia daquelas atividades requerem uma permanente atualização e utilização tecnicamente orientada dos con-

tão da EO a agentes cancerígenos.

ceitos subjacentes aqueles referenciais na realidade

A EO e a gestão do risco

desempenho empresarial no contexto dos valores

A determinação da EO será porventura uma das ativi-

nente humana dos recursos utilizados.

dades da SST em que mais facilmente se pode analisar o interesse e valia da aplicação do processo da gestão do risco proposto na ISO 31000:2018, já mencionada.

que a SST é uma função de relevante importância no societais em clara evolução relativamente à compo-

Contribuições técnicas

INDÚSTRIA 4.0 NA FUNDIÇÃO: TRANSFORMAÇÃO DIGITAL Manuel António Valente

Joaquim Mendes

Emmanuel Florindo

Schmidt Ligth Metal - Departamento

Schmidt Ligth Metal - Departamento

Schmidt Ligth Metal - Departamento

de Indústria 4.0, Diretor

de Indústria 4.0, Técnico Sénior

de Indústria 4.0, Gestor de Projeto

m.valente@performing.solutions

j.mendes@slm.performing.solutions

e.florindo@slm.performing.solutions

Breve referência ao Schmidt Light Metal Group A Schmidt Ligth Metal (SLM), é uma empresa de fun-

dos computadores, as telecomunicações com o apa-

dição injetada, pertencente ao Schmidt Light Metal

recimento da Internet vieram alterar a natureza dos

Group que opera na indústria automóvel desde a sua

dados a transmitir e a forma de o fazer), encurtando

criação, em 1989.

assim o tempo e a distância, permitindo uma cone-

O grupo destaca-se por integrar diferentes proces-

xão entre todos e em muitos casos, a descentraliza-

sos, oferecendo assim soluções inovadoras para os

ção de alguns processos industriais. É nesta altura,

seus clientes, tendo-se tornado não apenas um for-

e pelas mesmas razões, que na sociedade começa a

necedor de peças mas um parceiro estratégico ao

surgir a denominada “Era da Informação”.

longo de toda a cadeia de abastecimento da indús-

Neste momento, a Quarta Revolução Industrial, tam-

tria automóvel.

bém denominada Indústria 4.0, está em curso, sendo que a mesma se carateriza pela simbiose entre a

Conceitos i4.0

tecnologia e o homem, tendo como principais pilares estratégicos a transformação digital, o desenvolvi-

Tal como em qualquer outro aspeto da vida humana

mento e a inovação. O seu objetivo em última ins-

e social, a indústria tem sofrido bastantes alterações

tância, é o de tornar qualquer organização industrial,

ao longo do tempo, sendo estas em grande medida

uma smart factory, em que todos os sistemas e inter-

alavancadas pelas inovações tecnológicas e pelas so-

venientes se encontram conectados, criando assim

luções que estas apresentam.

um ecossistema em rede, em constante partilha de

No séc. XVIII, com o aparecimento da máquina a va-

dados e de informação, de forma automática e em

por e a possibilidade de mecanizar algumas tarefas,

tempo real.

deu-se a Primeira Revolução Industrial.

De forma a perceber melhor este caminho, é essen-

Perto de um século mais tarde, com a utilização de

cial uma integração de diferentes sistemas, tecnolo-

energia elétrica na indústria e o conceito de produ-

gias e metodologias que são de forma breve aborda-

ção em massa na indústria automóvel, sob comando

dos de seguida:

de Henry Ford, nasce a Segunda Revolução Industrial. Esta teve como principais pilares uma maior

Big Data e Business Intelligence – consiste num grande

velocidade de produção, otimizando os recursos

volume de dados estruturados e não estruturados,

disponíveis e baixando o custo de produção unitário,

com possibilidade de cruzamento entre eles, tendo

permitindo uma maior eficácia, gestão e volume de

por objetivo obter informação fidedigna e que mais

produção em igual período de tempo.

reflita a realidade. Enquanto Business Intelligence, tem

Já em meados do séc. XX, alavancada pelos avanços

por base, geralmente, softwares que recolhem, inter-

nas áreas da eletrónica e da automação, com recur-

pretam e processam grandes quantidades de dados

so a computadores programáveis com memória in-

não estruturados de diferentes sistemas.

terna, sensores e robôs, surge a Terceira Revolução Industrial, que começa a integrar o homem com a

Cloud Computing – consiste na utilização de recur-

máquina, a também chamada revolução dos com-

sos web e não apenas locais, ganhando assim uma

putadores. Para além das alterações profundas no

maior capacidade computacional de armazenamen-

chão de fábrica, a Terceira Revolução Industrial é ca-

to consoante a necessidade e dados disponíveis

raterizada por uma produção flexível com apoio em

para os interessados, em qualquer lugar, com liga-

sistemas de informação e comunicação (para além

ção à internet.

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Internet of Things – pode ser visto como a interliga-

Em vez de uma abordagem sequencial tradicional,

ção, via web de uma variada lista de equipamentos

seguindo esta metodologia, as soluções são progres-

que conseguem comunicar. Segundo a Internet So-

sivamente desenvolvidas, de forma iterativa e incre-

ciety, pode ser descrita como “a extensão da cone-

mental, estando assim constantemente adaptadas e

tividade de rede e capacidade de computação para

preparadas para o objetivo a que se propõem.

objetos, dispositivos, sensores e outros artefactos

É baseado nos princípios e fundamentos da metodo-

que normalmente não são considerados computa-

logia Agile que, por sua vez se baseia no conjunto de

dores”. É o que permite que simples dispositivos e

valores e princípios do manifesto Agile, que teve a sua

sensores possam comunicar (enviar e/ou receber)

primeira publicação em 2001.

dados de outros.

Como surgiu no Schimdt Light Metal Group Artificial Intelligence – a definição não é tão consensual como as restantes, mas pode ser interpretada

Depois de uma abordagem rápida aos conceitos

como uma combinação de algoritmos com o objetivo

inerentes à i4.0, compreendendo as mais valias

de dotar máquinas de realizar tarefas que, quando

que acrescenta a uma área industrial e sendo o

desempenhadas por humanos, necessitam do uso

Schmidt Light Metal Group caracterizado pela sua

da inteligência. Um sistema de artificial intelligence

constante procura por inovação e desenvolvimen-

para além de armazenar e processar dados, conse-

to, decidiu criar um novo Departamento dedicado

gue adquirir conhecimento de forma semelhante a

à industria 4.0. Este foi criado tendo uma ligação

um humano, ou seja, a experiência e o volume de da-

muito estreita ao Departamento de Tecnologias de

dos vai tendo cada vez maior impacto num sistema

Informação (conforme demonstrado no Organigra-

desta natureza.

ma da figura 1) com os propósitos de automatização, digitalização e otimização.

Artifical Vision – solução que consiste na colocação de câmaras industriais com pequenas unidades de processamento que recolhem e processam dados visuais (geralmente fotografias) e que, através de um software, fazem a interpretação desses dados.

Augmented Reality – tecnologia que permite a interação entre objetos do mundo real e digital (através, geralmente, de um dispositivo com câmara) com a colocação de camadas geradas por software em diferentes objetos/superfícies do mundo real.

Digital Twin – pode ser interpretado como uma réplica digital do mundo real, contemplando equipamentos, locais, processos, produtos, entre outros.

Definidas as tecnologias principais associadas ao conceito de Indústria 4.0, apresenta-se, também, o conceito de Scrum que consiste não numa tecnologia mas sim numa abordagem flexível à gestão de projetos. Esta define-se como sendo criativa e empírica, baseada em evidências e aceitando que o problema por vezes pode não ser totalmente compreendido. A filosofia consiste em maximizar os recursos para a capacidade de entregar rapidamente, respondendo assim às necessidades (muitas vezes mutáveis ao longo de curtos intervalos de tempo) sem perda de qualidade.

Figura 1: Parte do Organigrama do Schmidt Light Metal Group

Contribuições Técnicas

i4.0 na Fundição - Caso de estudo SLM De seguida, serão apresentados alguns dos objetivos definidos para o Departamento, assim como as tecnologias utilizadas no âmbito da indústria 4.0.

Um dos primeiros grandes objetivos foi acabar com o papel no Departamento de Produção (registo de ordens de fabrico (OF), registo de defeitos, registo de parâmetros, etc), tornando todos estes dados digitais, mais fiáveis, robustos e sem perda de informação.

Para que fosse possível esta digitalização e consequentemente eliminar o consumo de papel, foi

Figura 2: Documento de registo digital - atual

necessário criar infraestruturas, principalmente de rede e hardware, que permitissem e garantissem o registo, processamento e segurança dos dados.

Foram instaladas dezenas de computadores tácteis (como mostra a figura 2), disponíveis em cada um dos postos de trabalho, com ligação à rede local, com o principal propósito de registo de informação de produção.

São notórias as diferenças no registo dos dados, quando se compara a figura 2 com a figura 3, e com esta solução: - deixou de ser necessário despender recursos para impressão das OF, recolha das mesmas e registo digital da informação;

Figura 3: Documento de registo manual (papel) - antigo

- a informação é mais segura e não pode ser manipulada; - poupa-se mensalmente cerca de 5000 folhas de papel; - dados digitais e disponíveis em tempo real.

Como? O operador faz o registo numa aplicação desenvolvida internamente (como mostra a figura 2).

Um sistema de informação, também desenvolvido internamente, recolhe essa informação via web e guarda numa base de dados, enquanto outra função processa esses dados e através do Portal da Intranet disponibiliza os correspondentes relatórios de Key Performance Indicators às chefias em qualquer momento, como exemplificado na figura 4.

Da mesma forma, através da recolha de sinais PLC e da instalação de dispositivos ioT, tornou-se possível recolher dados de forma automática de vários equipamentos que se vão integrar com as aplicações descritas anteriormente.

Figura 4: Exemplo de Relatório digital

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Exemplo de sinais PLC: cada célula de injeção possui

Há soluções disponíveis no mercado, algumas ape-

um dispositivo que envia sinais PLC para uma apli-

nas de software ou hardware, outras que combinam

cação de Gestão de Produção. No Portal já referido,

ambos, que podem ser integradas neste ecossiste-

o responsável do Departamento consegue em tem-

ma, destacando-se duas:

po real saber o estado da sua célula, qual o molde em utilização, quantidades produzidas, entre outros, como mostra a figura 5:

- software de Gestão de Pedidos de Manutenção Industrial - recebe pedidos via web e depois de feita a gestão dos mesmos, avisa os técnicos via SMS. Integrando esta solução com os sistemas descritos anteriormente, torna-se possível para o Departamento de Manutenção Industrial ter acesso a vários dados do estado e disponibilidade dos equipamentos (figura do PLC e do ioT).

- software de Comunicação CNC – através de protocolos de comunicação máquina-máquina e com as máquinas CNC ligadas à rede interna, são enviados dados que são recolhidos e processados por esta aplicação, mostrando em tempo real informações como: programas e tempos de ciclo, estado das máquinas, entre outros, como exemplificado na figura 7.

Figura 5: Sistema de Controlo de Produção – via web em tempo real. Fundição

Com a integração de todos estes sistemas, o operador, ao fazer o registo dos dados da produção na figura 2, também consegue consultar os dados relevantes para a operação.

De forma semelhante a este, dispositivos ioT ligados à rede comunicam constantemente enviando sinais que são posteriormente interpretados e processados.

Dispositivo ioT ligado à rede. Sempre que uma peça passa no local para o qual o sensor está direcionado, é contada mais uma peça, como mostra a figura 6.

Esses dados são enviados para um servidor através de protocolos standard de comunicação de dados ioT e posteriormente processados.

Essa informação pode ser disponibilizada na Ordem da Fabrico da figura 2, ou para alimentar relatórios como o mostrado na figura 4.

Figura 7: Sistema de Controlo de Produção – disponível via web em tempo real. Maquinação.

Estes são apenas alguns exemplos de soluções geridas pelo Departamento, não sendo possível demonstrar todas elas. Como verificado, a integração destes diversos sistemas permite compreender com exatidão todos os processos industriais assim como tomar decisões atempadas e sustentadas em informação fidedigna. Através de diversos sensores, aplicações, diferentes protocolos, hardware e software instalado, toda a informação é cruzada e disponibilizada através do Portal Interno do Schmidt Light Metal Group, assim como do seu ERP - Enterprise Resource Planning, garantida toda a segurança e confiFigura 6: Exemplo de saída de uma linha de produção

dencialidade em todas as comunicações efetuadas.

Contribuições Técnicas

Presente e Futuro: Como já referido anteriormente, as soluções apre-

Com base nestes desenvolvimentos assentes nos

sentadas representam apenas uma fração de todos

Pilares Tecnológicos indicados, de forma integrada,

os sistemas digitais do Schmidt Light Metal Group.

será registada em base de dados toda a informação

Em relação a futuras aplicações em desenvolvimen-

gerada por estes sistemas. Tendo em conta que es-

to e/ou em fases de teste vale a pena destacar as

tes são sistemas dinâmicos, quanto maior for o volu-

seguintes:

me de dados fidedignos gerados ao longo do tempo, mais se aproxima da possibilidade de usar vários

• Disponibilizar digitalmente toda a documentação

algoritmos integrados que por exemplo: encontrem

necessária no posto de trabalho (Instruções de Fa-

padrões, façam estudos estatísticos, análises predi-

bricação Standard, Plano de Inspeção, Planos de

tivas, entre outras possibilidades não humanamen-

Manutenção) para execução das tarefas através

te possíveis, criando assim soluções disruptivas no

de um software de Gestão Documental integrado

apoio à tomada de decisão.

com a aplicação desenvolvida internamente. Esta

Só desta forma, tendo conhecimento das tecnologias,

melhoria vai permitir ter toda a documentação

acompanhando o constante avanço das mesmas,

acessível e sempre na sua última versão.

uma forte capacidade de comunicar e usando uma

• Monitorizar a movimentação de stocks internos en-

metodologia ágil que permita constante adaptação

tre operações através de picking – utilizando Perso-

ao meio envolvente, é possível criar sistemas auto-

nal Digital Assistants, enviando informação via web,

máticos e autónomos, digitalizar o que não é digital,

que será disponibilizada no ERP;

integrar o que antes não era possível, obter dados

• Consumos de energia em tempo real – através da

que em primeira análise não pareciam relevantes

colocação dispositivos ioT, comunicando via web.

e otimizar todos os processos industriais, seguindo

• No âmbito do Portugal AutoCluster for the Future

uma filosofia de melhoria constante, alicerçada na

(PAC), do qual a SLM faz parte como parceiro e que

Missão e Valores do Schmidt Light Metal Group.

se define como um programa mobilizador para o desenvolvimento, teste e demonstração de nova geração de tecnologias, processos e produtos, alinhado com o plano de ação da MOBINOV - Cluster Automóvel de Portugal, estão a ser desenvolvidas soluções no contexto da indústria 4.0 de acordo com os seguintes pilares tecnológicos.

Pilares Tecnológicos Sistemas Robóticos e Perceção 3D Ferramentas de apoio à decisão, IA e simulação Factory Automation e ioT

Propósitos

Sistemas Robóticos Visão Artificial 2D/3D e IA Ferramentas de apoio à decisão e Digital Twin

Desenvolvimento de um sistema de visão artificial para a deteção de defeitos

Tabela 1: Pilares Tecnológicos e Propósitos

Desenvolvimento de um sistema de perceção 2D/3 para validação de posicionamento de peças

Desenvolvimento de ferramentas de suporte para o operador

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O USO DO VÁCUO NO PROCESSO DE FUNDIÇÃO INJETADA, PARA A PRODUÇÃO DE CAIXAS DE BATERIA PARA VEÍCULOS ELÉTRICOS Jan Emmenegger Engenheiro de Aplicações de Vácuo, FONDAREX SA

Artigo publicado na Revista ALUCAST Tradução realizada por António Aguiar, Diretor Técnico e Comercial - Processos de Fundição, CONIEX - Produtos Químicos e Máquinas, SA

jan.emmenegger@fondarex.com

Introdução Os packs de bateria para veículos elétricos (também chamados de caixas, estruturas, ou invólucros de bateria) têm um propósito bastante simples: alojar e proteger os módulos de bateria. Estão disponíveis em vários formatos e tamanhos, e podem ser facilmente adaptados às diferentes particularidades dos referidos módulos.

A extrusão e a fundição injetada são os processos normalmente usados na produção de caixas de bateria em ligas de alumínio. Estas podem ser produzidas em duas peças (base e tampa superior),

Quanto mais complexas forem as caixas, maior será a necessidade de injetar sob vácuo. Existem mais possibilidades recorrendo à conjugação de diferentes formas de produção. Para produzir tal tipo de caixas, são normalmente usadas máquinas de fundição injetada entre 1600 t e 4400 t. Devido às limitações de tamanho, as caixas maiores podem ser soldadas à medida, para compensar o facto do tamanho ser muito grande. Na figura 1 podemos visualizar a aplicação de uma caixa de bateria num veículo elétrico.

ou eventualmente mais. A planeza e a precisão são em grande medida afetadas, especialmente se a interface de instalação tiver requisitos de vedação.

Figura 1: Estudo da Kirchhoff Automotive

Contribuições técnicas

Aplicação A aplicação de ligas de alumínio em caixas de ba-

- Resistência ao fogo

teria, pode ser feita pelo processo de fundição de

- Proteção contra curto-circuito

baixa pressão ou fundição injetada de alta pressão

- Proteção contra temperatura elevada

com o recurso a vácuo. Dependendo dos diferentes

- Proteção contra sobrecargas e descargas elevadas

requisitos da tecnologia dos automóveis, a função

- Diferentes normas: baterias UL 2580 para uso em

de refrigeração pode estar integrada na carroceria,

veículos elétricos, baterias UL 2271 para uso em

eliminando a necessidade da placa de refrigeração

aplicações de veículos elétricos ligeiros (LEV), ISO

individual. Essa opção pode ser uma das tendências

26262 veículos rodoviários, UN ECE R100 e UN ECE

no futuro.

R136 para acesso ao mercado europeu.

A caixa da bateria é considerada uma estrutura de

Finalmente, para se conseguir injetar tais peças sob

carroceria de baixo peso. Este é um dos objetivos

pressão, deve ser usada uma liga com elevada flui-

e o sentido dos esforços atuais. Especialmente nas

dez, otimizada para alta condutividade térmica ou

baterias de veículos elétricos puros, a procura de

elétrica em comparação com outras ligas de fundi-

alta autonomia, na premissa do atual nível de de-

ção injetada de base AlSi. Além disso, o alongamen-

senvolvimento das baterias de Li-Ion, exigirá inevi-

to pode ser importante e deve permitir a cravação,

tavelmente que o peso total da caixa da bateria seja

para além de ser resistente à corrosão ambiente. A

reduzido tanto quanto possível, garantindo simulta-

título de exemplo, o Castasil 21 é uma dessas ligas.

neamente uma alta resistência estrutural.

Como na fundição injetada a liga reaje com o ar em diferentes etapas do processo, o produtor deve fa-

O peso da bateria pode ser reduzido em cerca de

zer tudo o que esteja ao seu alcance para evitar a

10 a 28%, recorrendo a uma liga de alumínio ade-

oxidação e a incorporação de gás na microestrutura

quada, em vez de um aço. No final, isso irá reduzir

do componente. Esta é a razão pela qual se usa o

o peso geral da bateria, bem como o peso do auto-

vácuo durante o ciclo de injeção (na fase lenta e na

móvel. Podemos ver abaixo, na figura 2, um pack de

fase de enchimento).

bateria Renault.

A fundição injetada sob vácuo, ou assistida por vácuo, pode ser descrita como um método de fundição de alta qualidade. As ligas fundidas a vácuo apresentam uma microestrutura com menos defeitos, propriedades mecânicas mais elevadas, melhor acabamento superficial e dão origem a produtos com maior qualidade e estabilidade geral. Além disso, todos os trabalhos posteriores ao processo de injeção (maquinação, tratamentos térmicos e revestimentos de superfície), apresentarão melhores resultados.

Para fazer com que a tecnologia de vácuo alcance melhores benefícios, os seguintes fatores devem também ser tidos em consideração no processo de fundição injetada:

Figura 2: Pack de bateria Renault

- Layout/desenho geral do molde Para que o fabricante consiga a aplicação adequa-

- Precisão do molde

da, nos componentes das caixas de bateria ou no

- Controlo térmico do molde e da liga

seu entorno, deve ter em consideração:

- Manuseamento e tratamento do metal - Controlo do processo e ajuste dos parâmetros

- Choque mecânico e integridade

- Lubrificação do molde e do pistão

- Robustez da bateria à vibração

- Tolerância do pistão – camisa

- Choque térmico cíclico

- Canais e conexões de vácuo e seus parâmetros

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

Durante a injeção da liga, controla-se o nível de vácuo dentro da tolerância definida. Este será um critério para garantir que apenas caixas de bateria conformes avancem para a maquinação e processos de fabricação posteriores.

Nas figuras 5 e 6, podemos ver dois exemplos de caixas de baterias produzidas para OEM Europeias.

Figura 3: Função do sistema de vácuo na fundição injetada 1. Válvula de vácuo no molde 2. Chill-block no molde (em alternativa à válvula) 3. Pneumática do vácuo 4. Automação do vácuo 5. Bomba de vácuo 6. Tanque de vácuo 7. Sistema básico de fundição injetada sob vácuo

Na figura 3 encontra-se representado um sistema fundição injetada sob vácuo. Quando o êmbolo ultrapassa o furo de vazamento do metal, na camisa,

Figura 5: Exemplo de caixa de bateria

o vácuo é iniciado. O ar no molde (1) fluirá para o tanque de vácuo (6). Entre 0,3 e 0,8 segundos, o nível de vácuo deve cair abaixo de 150 mbar, dentro da cavidade.

A peça (caixa da bateria), é conectada por um canal de vácuo à válvula de vácuo (1), ou ao Chill-Block (2).

Se o estudo de aplicação for corretamente elaborado, o material excedente necessário (overflow), será menor do que o tradicional, resultando num processo de fundição mais económico.

O vácuo é controlado pelo software da unidade, que mede o respetivo valor durante toda a injeção, re-

Figura 6: Exemplo de caixa de bateria

sultando uma curva semelhante à que a seguir se apresenta, na figura 4.

Conclusões Produzir caixas de bateria em fundição injetada é um desafio. O fundidor deve estar preparado para utilizar as tecnologias mais recentes, garantir o manuseamento perfeito do metal, moldes precisos e um bom controlo de processo. Há ainda muitas pesquisas a serem feitas no campo da produção de células de bateria, e só o tempo mostrará quais os diferentes tipos que encontraremos na indústria dos veículos elétricos do futuro.

Referências Bibliográficas

Figura 4: Curva de vácuo típica em fundição injetada

https://cleantechnica.com/2020/01/02/the-volkswagen-id-3s-battery/ https://aluminiuminsider.com/aluminium-extrusions-are-winning-the-race-for-battery-enclosure-in-evs/

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

A.R.T.E.: DA ESSÊNCIA AO CONTEÚDO PATRÍCIA VILLAS-BOAS Diretora de Pessoas e Comunicação do Schmidt Light Metal Group p.villas-boas@performing.solutions

Quando em 2018 demos início ao processo de re-

Mas saber o que somos e para onde queremos ir

novação da Cultura no Schmidt Light Metal Group,

são apenas os pontos cardeais que orientam, é ne-

sabíamos que esta era uma “viagem” para muitos

cessário ir mais longe. Se “todos os caminhos vão

anos, que nunca verdadeiramente chega ao destino,

dar a Roma”, não é correto dizer que todos servem

mas que se reinventa e transforma numa sucessão

o nosso propósito.

de manter aquilo que é único, intrínseco e diferen-

Por esse motivo pegamos nos nossos valores, no

ciador em nós e aquilo que é imperativo renovar.

nosso saber ser, na nossa essência e demos-lhe

Fazer parte da indústria automóvel exige perma-

conteúdo, nascendo assim o A.R.T.E., o nosso saber

nente inovação e renovação: de métodos, de pro-

fazer, o nosso modelo de desempenho e desenvol-

cessos, de políticas, de “compliance” com normas

vimento baseado nas competências singulares e

certificadoras e outras. A margem de erro mede-

únicas que nos distinguem.

-se em mícrons e a exigência em centésimas desta

Agilidade, Rigor, Tenacidade e Espírito de equipa,

unidade.

ao qual acrescentamos para algumas funções a Li-

Com base no nosso “statement”, Performing Solu-

derança, são as competências que, transformadas

tions e na crença absoluta de “People First” defini-

em comportamentos esperados, garantem o alinha-

mos o nosso propósito, sabendo que o mesmo tem

mento de todos com a Cultura, estratégia e objeti-

de servir a Organização e não o oposto. Descons-

vos do Schmidt Light Metal Group.

truímos o que existia para voltarmos a construir,

Ao contrário dos tradicionais modelos de avaliação

numa base mais sólida, num programa que envol-

de desempenho, este não possui escala, não tem

veu todos os colaboradores, durante um debate de

ordem crescente nem decrescente de importância

mais de 6 meses.

nos fatores. É um modelo qualitativo, que parte de

Com tudo isto foi possível definir a nossa essência,

um princípio de boa fé e do desenvolvimento das

o nosso saber ser, os nossos valores, numa quase

forças de cada um.

perfeita tricotomia entre o que sempre fomos, o

Ele passa também a desempenhar um importante

que queremos continuar a ser e o que desejamos

papel nos processos de tomada de decisão internos,

alcançar. É uma essência simples mas não simplis-

desde o recrutamento, polivalência, liderança, de-

ta, que nos guia e que se traduz na forma como re-

senvolvimento de equipas e progressão na carreira.

crutamos, como trabalhamos todos os dias, como aspiramos a mais.

BOAS PRÁTICAS

Na prática, para cada competência é definido um

Definir competências não basta, é necessário trans-

conjunto de comportamentos esperados, que tra-

formá-las em comportamentos esperados e traba-

duzem e operacionalizam os valores do Grupo, por

lhar esses comportamentos com exemplos e com

um lado e a competência em si, por outro.

exemplo dado, com treino, coaching ou mentoring. É trabalhar com as pessoas, desafiando-as a poten-

Cada ciclo deste modelo tem a duração de 6 meses

ciar as suas capacidades, a assumirem a sua parte

e começa com um balanço do último período feito

num projeto que envolve todos.

pelo colaborador e pela sua chefia, separadamente.

Pensar em modelos de desenvolvimento de compe-

Neste balanço pretende-se definir quais os compor-

tências, pô-los em prática, é um desafio para as or-

tamentos mais e menos demonstrados nos últimos

ganizações e para aqueles que as lideram. Exige pre-

meses, com exemplos práticos e concretos.

paração, reflexão, presença e disponibilidade, exige

Depois de realizado este exercício separadamente,

“o que posso fazer por ti hoje”, mas sobretudo exi-

o colaborador e a sua chefia juntam-se para aque-

ge não classificar, mas dar oportunidades para que

la que é a peça essencial neste modelo: a conversa

cada um invista no seu próprio desenvolvimento.

com sentido. Esta conversa, franca e aberta, que

Arte é definida como o reflexo do ser pensante, a

não é mais do que feedback estruturado e poten-

transmissão da noção de valor e importância. Assim

ciador de crescimento, tem como grande objetivo a

é o nosso modelo de competências: a aposta no va-

construção de um plano de desenvolvimento indi-

lor intrínseco de cada um, no desenvolvimento con-

vidual para o próximo período que incide num ou

junto e estruturado de competências, que juntas

dois temas prioritários.

se transformam em capacidade, que dão origem a

Com estas conversas queremos gerar compromis-

crescimento e a valor. Para a Organização sim, mas

so, transformado num plano individual objetivo e

sobretudo para cada uma das suas Pessoas. Haverá

realista, com metas claras a atingir, com responsabi-

A.R.T.E. com maior valor que esta?

lidades bem definidas e métodos para medição do sucesso definidos. É uma utopia pensar que desenvolvimento não exige esforço e empenho. Ao avançarmos com este modelo estamos a capacitar todos aqueles que o quiserem fazer, alinhados com os valores do Grupo, sendo Responsabilidade um deles.

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NOTÍCIAS HOMENAGEM A REMBERTO PENA,

HOMENAGEM A FERNANDO SANTOS,

por Rui de Carvalho

por Carlos Silva Ribeiro

Recentemente fomos confrontados com a dolorosa notícia da perda do Dr. Remberto Pena, um dos mais ilustres e respeitados membros da comunidade dos Fundidores portugueses, a que esteve ligado por mais de 30 anos.

O Dr. Remberto Pena foi quadro superior na Oliva, onde exerceu funções como Diretor da Qualidade e desenvolveu desde o início o Sistema da Qualidade, além de ter participado em vários outros projetos relevantes para o desenvolvimento da empresa.

Em 1993 foi convidado para assumir o cargo de Diretor da Qualidade da Oliveira e Ferreirinhas, desafio que aceitou.

Foi nessa altura que tive a honra de trabalhar diretamente com ele e que, como muitos outros colegas da equipe da Oliveira e Ferreirinhas, tomei consciência das suas Qualidades Humanas além de confirmar a superior competência técnica já referida.

Reservado e circunspecto, era ouvido e respeitado por todos, pela forma rigorosa e ponderada com que abordava os assuntos que lhe eram propostos.

O Dr. Remberto Pena também se distinguiu na sua ação como formador internamente e em colaboração com instituições como a APQ e a APF. A sua partida é certamente uma grande perda para todos nós.

Descanse em paz Senhor Doutor.

Homenagem ao colega e amigo António Fernando da Silva Santos, Fernando Santos, entre amigos. É sempre com mágoa, e dor, que damos conta a perda de alguém de quem gostamos e apreciamos. É o sentimento de perda profundo, sem que nada possamos fazer.

O Fernando Santos nasceu a 28 de março de 1958, na rua de S. Catarina, na cidade do Porto, onde veio a falecer no passado dia 19 de fevereiro.

Homem culto, alegre e jovial, educado e cordato, teve uma vida sediada fundamentalmente na Cidade Invicta, que bem retratou no seu livro “Crónica da Vida De Um Gajo da Cidade do Porto” (2018) onde viveu e estudou, com uma passagem por Cascais.

Figura bem conhecida no setor de fundição, onde começou algures no início de 1981, na então OLIVA, ainda antes de terminar a licenciatura em Engenharia Metalúrgica (FEUP), em julho de 1981. Aí foi envolvido em várias atividades nas áreas diversas de engenharia, que abandonou em finais de 1986. A partir de janeiro de 1987 fez parte dos quadros da então EUROFER, onde chegou a ser Diretor de Qualidade, onde privou com uma série de nomes relevantes para o setor, desde logo o Sr. Jorge Ferreirinha, recentemente falecido, e de quem tinha o maior apreço e respeito. Passou pela Direção da APQ, onde tinha a sua paixão técnica. Trabalhou igualmente, entre outras, na ainda existente RECOR e na fábrica de produtos longos da extinta Siderurgia Nacional do Seixal.

Há aqui que referir uma forte paixão cultural do Fernando: as antiguidades e os leilões ao qual esteve ligado, de algum modo, entre 1973 e 1986, donde lhe veio um profundo conhecimento sobre a cultura e arte portuguesa e a quem se recorria, quando se desejava uma opinião fundamentada sobre o tema, especialmente em porcelana e pintura.

Durante a sua vida profissional, pelo menos no Norte, partilhou a sua vida com muitos dos ícones do setor.

Não estarei a exagerar se disser que ficamos todos com um forte sentimento de perda.

DÉCIMO ANO DA FUNDIÇÃO DELABIE EM PORTUGAL A DELABIE é uma reconhecida marca internacional com mais de 90 anos e líder no mercado europeu de torneiras e equipamentos sanitários, não domésticos, para os estabelecimentos que recebem público.

Pertencente ao Grupo com o mesmo nome, a fundição DELABIE, instalada em Braga, está já no seu 10º ano de atividade em Portugal.

Neste momento de celebração, a revista Fundição presta homenagem a esta empresa, que nesta edição entrevista o seu líder Frederico Coelho, desejando que cumpra muitos mais anos com a qualidade que a carateriza.

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SCHMIDT LIGHT METAL GROUP NA ÁUSTRIA O Schmidt Light Metal Group, sediado em Portugal, criou uma unidade avançada na Áustria que tem por denominação Schmidt Light Metal Vertriebsgesellschaft, Mbh. Esta unidade destina-se a maquinar componentes para automóveis, cujos fundidos serão produzidos em Portugal na SLM - Schmidt Light Metal - Fundição Injetada, Lda. Desta forma, será possível a entrega das peças maquinadas ao cliente com uma periodicidade diária, de acordo com o caderno de encargos.

A unidade, em solo austríaco, permitirá ainda ao Schmidt Light Metal Group ter um stock avançado de produto acabado, de forma a servir os seus clientes da Europa central a partir da Áustria, ou seja, num regime de Just in Time.

A unidade irá laborar 24h/dia e terá, numa primeira fase, 4 centros de maquinagem de porte médio. Iniciará a laboração em setembro deste ano.

SVG

SCHMIDT LIGHT METAL VERTRIEBSGESELLSCHAFT MBH

OTIMISMO E PRUDÊNCIA NO SETOR AUTOMÓVEL PARA 2021 Os fornecedores da indústria automóvel e da mobilidade em geral começaram o ano 2021 com sentimentos mistos de otimismo e cautela. O otimismo, porque a procura por veículos e componentes está a aumentar mais rapidamente do que o esperado e a diversificação de novas tecnologias inovadoras está a acelerar. No entanto, as marcas deixadas pelo ano 2020 são profundas e o nível de incerteza permanece alto.

A COVID-19 atingiu particularmente a indústria de componentes e o impacto da crise continuará a ser um fator importante em 2021. Foi, no entanto, possível nos últimos meses de 2020, conseguir-se recuperar boa parte das perdas de receita anteriores, permitindo algum otimismo quanto à recuperação adicional em 2021.

Apesar disso, a incerteza permanece elevada dada a volatilidade associada à contenção da pandemia, tendo em conta possíveis interrupções na cadeia de fornecimentos, bloqueios de fábricas e fecho de fronteiras, à semelhança do que aconteceu na primeira onda pandémica.

Como consequência, o planeamento da produção contínua muito desafiador, como pode ser verificado pela atual escassez de semicondutores no setor automóvel. Uma combinação de diferentes fatores - a pandemia COVID, a guerra comercial entre China e EUA, um aumento na procura por parte da eletrónica de consumo e a aceleração da eletrificação de veículos - adicionou semanas de atraso às já longas cadeias de fornecimentos.

Estes aspetos têm fortalecido as teses da necessidade de “autonomia estratégica” da UE e da localização do fornecimento que precisam ser cuidadosamente avaliadas.

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NOTÍCIAS NOTÍCIAS DA EU - PLANOS DE RECUPERAÇÃO Os Estados-membros da UE têm até abril para elaborar os seus planos de recuperação económica e poderão receber o primeiro dinheiro até ao Verão de 2021. Os governos deverão gastar 37% dos seus fundos na transição verde e 20% na transição digital, com os primeiros 13% dos fundos atribuídos ainda em 2021.

Os 27 governos nacionais aprovaram o orçamento a longo prazo da UE (quadro financeiro plurianual 2021-2027) em dezembro último, permitindo à UE fornecer um financiamento sem precedentes para apoiar a recuperação e transformação da economia. Quarenta programas de deverão ser adotados nas próximas semanas, com oportunidades para o setor da mobilidade ou da requalificação de empregados e digitalização da indústria.

No programa de trabalho da Comissão para 2021, as revisões e iniciativas ligadas às ações climáticas do Acordo Verde Europeu (Green Deal) e, em particular, a meta de redução líquida de 55% do plano de metas climáticas são um aspeto relevante.

O Acordo Verde Europeu estabelece uma visão detalhada para fazer da Europa o primeiro continente neutro em termos climáticos até 2050, salvaguardar a biodiversidade, estabelecer uma economia circular e eliminar a poluição, ao mesmo tempo que aumenta a competitividade da indústria europeia e assegura uma transição justa para as regiões e trabalhadores afetados.

São várias as iniciativas anunciadas para o segundo trimestre de 2021: • Revisão do Sistema de Comércio de Emissões da EU; • Mecanismo de ajustamento das fronteiras de carbono; • Regulamento de Partilha de Esforços; • Revisão da diretiva relativa à tributação da energia; • Alteração da diretiva relativa às energias renováveis para implementar a ambição da nova meta climática para 2030; • Alteração da diretiva relativa à eficiência energética para implementar a ambição do novo objetivo climático para 2030; • Redução das emissões de metano no setor da energia; • Revisão da diretiva relativa à implantação de infraestruturas de combustíveis alternativos; • Revisão do Regulamento que estabelece normas de desempenho em matéria de emissões CO2 para automóveis novos de passageiros e para veículos comerciais ligeiros novos.

Ponto de situação SF BREF Ainda no âmbito do Acordo Verde, e estando o transporte rodoviário já está confrontado com metas ambiciosas em matéria de frota de CO2 para 2025 e 2030, que foram adotadas em 2019, espera-se que os novos objetivos sejam ainda mais exigentes, dando impulso à eletrificação.

Por outro lado, a política industrial e a inovação irão ocupar um lugar central, numa tentativa de acelerar a transformação Verde e Digital, estimular a resiliência industrial, bem como ajudar a economia europeia a recuperar da crise sanitária e económica.

Será dada grande ênfase à expansão e ao reforço das cadeias de valor estratégicas, entre elas o ecossistema automóvel.

O desejo de maior autonomia estratégica continuará a orientar os decisores políticos da UE também em 2021, o que se tornará visível na continuação das negociações comerciais com países e regiões de todo o mundo, bem como no esforço de inovação da UE. Através do Horizon Europe, o novo Programa-quadro de I&I da UE, a Comissão Europeia ajuda a desenvolver a mobilidade do futuro de acordo com as prioridades do Acordo Verde e da Agenda Digital da UE. A principal ferramenta é a criação ou renovação de Parcerias de I&I multi-stakeholder que facilitam a cooperação entre parceiros privados e públicos para abordar prioridades comuns, evitando ao mesmo tempo a fragmentação dos esforços de I&I e a duplicação de investimentos.

As parcerias 2Zero e Clean Hydrogen visam apoiar a oferta de tecnologias de veículos inovadores, estimulando assim a procura de veículos com emissões zero. Estes serão complementados com a Batteries Europe Partnership, que visa estabelecer até 2030 um ecossistema de inovação líder mundial na Europa para impulsionar uma cadeia de valor de baterias europeia competitiva, sustentável e circular.

A parceria CCAM (Connected, Cooperative and Automated Mobility) visa ajudar a permitir novos serviços de mobilidade, melhorando ao mesmo tempo a segurança e reduzindo o congestionamento.

Também está em curso a Parceria Europeia para as Tecnologias Digitais Chave (KDT), que define os componentes eletrónicos e o software que define o seu funcionamento como parte de um sistema, para apoiar a transformação digital de todos os setores da economia e da sociedade.

Como certamente terá acontecido em vários outros processos, a incerteza deixada pela pandemia a nível mundial acabou por atrasar o agendamento previsto inicialmente para os trabalhos de revisão do SF BREF (Smitheries and Foundries Best Available Techniques REFerence documents). Espera-se a produção do primeiro draft para o terceiro trimestre de 2021.

Para isso, foi importante lembrar as empresas que, para além da necessidade de lidarem com os novos problemas diários trazidos pela COVID-19, havia também que dar continuidade a este processo. Para piorar a situação, o vírus chegou a Portugal numa altura em que, mais do nunca, foi preciso o feedback por parte das empresas, através da resposta ao questionário para a recolha de dados.

Finalmente, foi possível terminar o processo de recolha de dados em todos os Estados-Membros, de acordo com a comunicação recebida por parte da equipa de revisores do SF BREF. A equipa recebeu 154 questionários preenchidos por fundições no conjunto dos Estados-Membros. No que diz respeito às fundições de ferrosos, a equipa de revisores do SF BREF recebeu 104 questionários e, relativamente às fundições de não ferrosos, foram recebidos 51 questionários. Houve ainda uma fundição que reportou ambas as atividades: ferrosos e não ferrosos.

Neste momento, o processo encontra-se em fase de tratamento da informação. O passo seguinte será produzir um relatório onde estará resumida toda a informação recebida. Este relatório servirá de suporte às discussões do Primeiro Workshop para Análise dos Dados que se encontra planeado para 29 e 30 de abril de 2021. Este Workshop não tem já como objetivo discutir algum valor potencial para BAT ou BAT-AE(P) L (BAT Associated Environmental Performance Levels), mas sim ajudar os membros do TWG – Technical Working Group a verificar os dados que constam no próprio documento (se estão corretamente apresentados, se foram corretamente extraídos, etc). Como o próprio nome indica, este Workshop deverá ter como principal objetivo a análise dos dados que foram compilados.

Como habitualmente, todos os associados serão informados acerca das próximas fases do processo e será dado feedback acerca do “Estado de Arte”, através de breves pontos de situação, na Revista e/ou Boletim Informativo.

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REVISTA FUNDIçÃO | Publicação trimestral | Nº 296 | MARÇO 2021

Feira/Evento

Temática

Local

Data

Contato

CASTFORGE

Feira internacional de Fundidos e Forjados, Mercados, Processos e Produtos

Feira de Estugarda, Alemanha

de 8 a 10 de junho de 2021

https://www.messe-stuttgart. de/castforge/en/

Feira na área da metalurgia, organizada pela Turkcast

Istanbul, Turquia

de 10 a 12 de junho de 2021

https://mail.zoho.com/ zm/#compose

Salão Mundial de Subcontratação Industrial

EUREXPO –Centre de Conventions et d’Expositions de Lyon, Lyon

de 7 a 10 de setembro de 2021

https://global-industrie.com/fr/ midest

Maior feira comercial do mundo para Alumínio e a sua aplicação

Dusseldorf, Alemanha

de 28 a 30 de setembro de 2021

https://www.aluminiumexhibition.com/en/

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