Especial APEOESP - Dia Internacional da Mulher 2022

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Boletim Especial • 08 de março de 2013

8M será a largada para a mudança

Editorial

Professora Maria Izabel Azevedo Noronha Presidenta da APEOESP

VEJA AINDA NESTA EDIÇÃO: A vida nunca mais será a mesma Violência obstétrica Elza nas escolas Pedagogia amorosa de bell hooks Elas e as Ciências Mais que amigas e outros livros

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Jesus Carlos

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última edição do Boletim Especial da APEOESP para o Dia Internacional das Mulheres chegou ao site em 2020, poucos dias antes da longa quarentena imposta pela pandemia do coronavírus. Quase dois anos depois, o Sindicato volta a levar às escolas a temática feminista, ainda mais necessária diante do aprofundamento do abismo social no País, que expõe as mulheres a novos desafios, como a luta contra a pandemia e os efeitos da crise climática. Uma pesquisa inédita, “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, revela o que a vida em quarentena significou para a maioria da população feminina brasileira. O combate à violência obstétrica e à cultura do estupro são alguns dos outras temas abordados nesta edição. Sempre inspirado em valores como a criatividade, o talento e sobretudo o respeito às diversidades, o Boletim das Mulheres é muito especial também por enaltecer o legado de mulheres icônicas, como a cantora Elza Soares e a escritora bell hooks, falecidas recentemente. A APEOESP relembra aqui uma entrevista de Sueli Carneiro, uma das mais relevantes intelectuais do País: “Nós somos sobreviventes e somos testemunhas, porta-vozes dos que foram mortos e silenciados.”. E é em memória a todas as vítimas da pandemia, que o Sindicato celebra este Dia Internacional das Mulheres em 2022. Boa leitura!

Carta Aberta

Além da Marcha Internacional, as mulheres mobilizaram-se em outra iniciativa, que resultou em um ‘documento oficial’ com as pautas femininas para as eleições de 2022. A Carta Aberta Brasil Mulheres foi elaborada por mulheres influentes em diferentes áreas, que reuniram-se no dia 28 de janeiro; entre elas, a ex-senadora Marta Suplicy, anfitriã do evento, a líder do Movimento dos Sem Teto do Centro de São Paulo, Carmen Silva, e a diretora do Instituto Marielle Franco, Anielle Franco. Entre as reivindicações da Carta, que lista 19 pontos, estão temas como o direito reprodutivo, o combate à pobreza menstrual e a garantia de recursos para políticas públicas destinadas a mulheres e meninas nas leis orçamentárias, inclusive para as que estão no sistema prisional. A Carta Aberta Brasil Mulheres pode ser lida na íntegra e assinada no site www. brasilmulheres.com.br

Em 08 de março de 2020, as mulheres foram às ruas na última Marcha Internacional pré-pandemia.

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Marcha Internacional das Mulheres volta às ruas, em 2022, após a interrupção provocada pela pandemia, sob o trágico e inimaginável saldo de mais de 640 mil mortos pela covid-19. Ainda com atos mais restritos, devido ao avanço de variantes potencialmente contagiosas do coronavírus, este 8M pro-

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mete ser histórico em função da urgência das pautas e da necessidade de mudança, que as eleições podem trazer. Dezenas de entidades da sociedade civil estarão nas ruas, com o lema “Pela vida das mulheres: Bolsonaro e Doria nunca mais! Por um Brasil sem Machismo, Racismo, LGBTTQIA+fobia e sem FOME!”.

Sem parar: o incessante trabalho feminino

Portal Gênero e Número e a SOF Sempreviva Organização Feminista - realizaram uma pesquisa essencial sobre os impactos desta, que já é maior crise sanitária, econômica e social da História do País. “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia” revela como a sobrecarga de tarefas, o aumento da violência doméstica, as dificuldades de acesso aos serviços médicos e o desemprego afetaram a vida financeira e a saúde mental das brasileiras. Os resultados da pesquisa realizada em 2021 mostram como as desigualdades raciais e de renda foram determinantes na pandemia; 40% das mulheres afirmaram que enfrentaram dificuldades para conseguir pagar contas básicas, como o aluguel; entre as entrevistadas negras, o índice sobe para 55%.

Dados avassaladores

Principais responsáveis financeiras de grande parte dos lares, mesmo recebendo salários inferiores aos dos homens, as mulheres tiveram ainda uma sobrecarga de um trabalho frequentemente invisibilizado e não remunerado, o cuidado de idosos, crianças ou pessoas com deficiência, a ponto de 72% das entrevistadas nesta condição afirmarem que a necessidade de monitoramento aumentou durante o isolamento social. A percepção da violência doméstica neste período também é chocante. Embora 8,4% das mulheres tenham admitido ter sido vítima de alguma agressão durante o isolamento, a sensação de que a violência doméstica aumentou durante este período é avassaladora e foi mencionada por 91% das entrevistadas, em declarações como

“Eu não sofri violência doméstica, mas duas vizinhas, sim.” ou “Em outras unidades do prédio, ouvimos muitas brigas conjugais.”. Uma outra pesquisa confirma o recrudescimento da violência doméstica na pandemia. Estima-se que no primeiro ano do isolamento, entre março de 2020 e março de 2021, 17 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência fisica ou psicológica. Os dados são da pesquisa “Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil”, realizada pelo Datafolha em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança, e estão no 14° Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A pesquisa “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia” está no site da SempreViva Organização Feminista e o relatório de “Visível e Invisível” pode ser acessado através do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.


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