Relatório - APDES 2017

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2017

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CONTEÚDOS

05 apdes 06 mensagem da direção 07 indicadores 08 Momentos marcantes 2017 10 Confiamos nos nossos beneficiários 14 Confiamos nos nossos técnicos 19 Confiamos nos nossos parceiros 21 Contas

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APDES

A APDES - Agência Piaget para o Desenvolvimento é uma ONG portuguesa que promove o desenvolvimento integrado das comunidades. Fundada em 2004, tem como propósito o acesso universal à saúde, ao emprego e à educação sobretudo de comunidades e públicos em situação de vulnerabilidade. Trabalha a capacitação das pessoas e das instituições, em diversos territórios nacionais, europeus e africanos. Desde 2011, a APDES é reconhecida como Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) pelo Camões, I.P., beneficiando desde então do estatuto de utilidade pública.

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mensagem da direção 2017. Este foi o ano (supostamente) das boas noticias para o país. Um ano em que o PIB cresceu, em que o deficit orçamental atingiu um valor mínimo, record da nossa democracia, e em que foram repostas algumas das regalias sociais dos trabalhadores (em particular, no sector público). Mas nem todos podem dizer o mesmo. De facto, os efeitos positivos da economia não chegaram ao 3º Sector. Do Estado, os financiamentos continuam lentos e mitigados, diferidos ao longo do tempo e com uma aposta centrada (quase exclusivamente) nas empresas e na figura maior do empreendedor empresarial. Do Privado, constatamos a fragilidade do nosso mecenato e do quanto os doadores privados ainda se entusiasmam com as organizações que fazem apelo à Caridade. Por fim, o desconhecimento da missão destas organizações da sociedade civil, leva a que no exijam também um perfil empresarial. Daí a pergunta recorrente: porque não vendem os vossos serviços? A questão é que já o fazemos, mas se tivermos que aumentar a sua escala, então, aí, perderemos a nossa identidade. Seremos empresa. Viveremos do lucro e para o lucro. Será que a sociedade do futuro mais não será do que uma grande Empresa? Será este o nosso legado para a História? Pelo que apetece perguntar: porque não gerem melhor os nossos impostos? Porque não apostam na competência, na evidência científica, na ação qualificada, em vez da centralidade da “emoção caritativa”? Conseguem nos dizer, o que acontecerá a quem não for produtivo, dito de outra forma, a quem não “fizer” dinheiro? Claro que não. Por isso, compete-nos a nós contestar, rasgar esta visão para a sociedade presente e futura. Trazer o “Excluído”, o “Repelido” para o centro da vida. Dar-lhe voz. Empoderá-lo. Só assim cumpriremos o nosso destino... E nós, cara comunidade “apdesiana”? Nós, APDES, fizemos o nosso caminho. Difícil, mais uma vez. Apesar de todos os constrangimentos, encerrámos com sucesso o primeiro triénio da unidade de investigação RECI. Erguemos a nossa voz política como no caso do financiamento Redução de Riscos. Consolidámos a metodologia de projetos (nunca desenháramos tantas e tão sólidas candidaturas). E, sobretudo, mantivemos os nossos serviços de proximidade. Nunca abandonámos as “nossas” comunidades à sua sorte. Estivemos lá, juntos deles, construindo relação, cumprindo com o contrato social estabelecido. Confiando nas pessoas. Continuamos cá. E tudo isto só foi possível graças à resiliência e incansável compromisso de toda a nossa equipa. 6


indicadores •••••••••• •••••••••• •••••••••• ••••••

36 Ações de formação / sensibilização

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26 Presença nos media

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20 Comunicações técnicas e científicas

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16 Manuais e publicações (autoria e coautoria)

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16 Projetos nacionais

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13 Projetos Internacionais

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10 Projetos com Investigação

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momentos marcantes 2017 Janeiro

Fevereiro

Março

• III Fórum Consultivo do projeto AllCool

• Visita de Augusto Santos Silva, Ministro dos Negócios Estrangeiros, à centralidade de Lossambo (Angola)

• Porto G participa no programa “Prós e Contras” sobre a legalização do trabalho sexual

• Reunião transnacional em Dublin do projeto SCOPE - Sharing and Collaboration Offering Practice Exchange

• Apresentação da “Escola da Palankinha” no Habitar Portugal 12-14

• 11º aniversário do Check-In • II Conferência de Educação em Cabinda (Angola), no âmbito do projeto Sikola

Julho

Agosto

Setembro

• Encontro de peritos no âmbito do projeto Hands Up

• GIRUBarcelos vencedor do concurso internacional “Street Art Challenge”

• APDES entre as 10 melhores entidades na Fase “ISweb” da Comunidade Impacto Social 2017

• Conclusão do projeto Educação para a Cidadania e para os Direitos Humanos, com a última Assembleia Geral de Alunos

• Investigadora da APDES (Maria João Oliveira) publica artigo na revista “Sociologia & Antropologia” da Universidade Federal do Rio de Janeiro

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• “A RR salva vidas!” – crónica de Ximene Rêgo no P3


Abril

Maio

Junho

• Evento “A Economia Social e Solidária e a Formação Profissional Inicial”, no âmbito do projeto SSEE+IVET

• Seminário do projeto AllCool

• Participação no Dia de Ação Global da Campanha “Support. Don’t Punish”

• Atribuição da bolsa “Gilead Génese” ao projeto GIRUGaia

• “HR17 – 25th Harm Reduction International Conference” – Departamento de Investigação apresenta posters sobre o trabalho do GIRUGaia e do Porto G

• Departamento de Advocacy participa no “The Good Lobby Advocacy School 2017”, em Bruxelas

• 11º aniversário do GIS

Outubro

Novembro

Dezembro

• Participação da APDES no “Lisbon Addictions 2017”, com a apresentação de vários posters e comunicações

• Fórum Consultivo sobre a formação de professores do ensino primário em Luanda

• Início do projeto Comunidade+, financiado pelo Fundo Soberano de Angola

• Visita de deputados e elementos da sociedade civil da Geórgia à Assembleia da República Portuguesa

• Manual de Educação para a Cidadania e para os Direitos Humanos

• Organização do seminário “Prisão Participada” na Guarda

• Participação do Porto G na “Semana Europeia do Teste VIH/Hepatite”

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Confiamos nos nossos beneficiários

Humberto Alves, Educador de Pares

Conheci a APDES em 2006/2007, altura em que recorria ao programa de troca de seringas promovido pelo GIRUGaia.

A minha integração na APDES foi muito positiva, nunca me senti tratado como diferente pelos colegas, muito pelo contrário: sinto um enorme espírito de equipa.

Fiquei a conhecer melhor a organização após ser convidado a trabalhar como educador de pares pela minha antiga gestora de caso, a assistente social Joana Vilares.

Passados 20 anos de consumo e de sofrimento, encontrei na APDES um ambiente familiar e de amizade que teve um grande impacto na minha vida, pois permite-me experienciar novos sentimentos e uma maneira de viver que desconhecia até 2013, altura que comecei a trabalhar.

Estive envolvido em várias ações de sensibilização para o consumo seguro, bem como no raid fotográfico em Barcelos, Gaia e Setúbal (“O corpo da cidade”) e na campanha Apoie. Não Puna; também dei workshops sobre pares na prisão da Guarda, na FPCEUP, etc.

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Confiamos nos nossos beneficiários

Hamilton Sulo, Técnico do projeto Sikola

O meu primeiro contacto com a APDES foi em fevereiro de 2015, após uma conversa com o Sr. Sense - Secretário Provincial do SINPROF em Cabinda sobre o projeto Sikola.

A APDES teve e continuará a ter um impacto muito grande na minha vida, pois foi a minha primeira experiência com organizações internacionais e uma oportunidade para conhecer e interagir com pessoas de diferentes estratos sociais. Permitiu-me conhecer os problemas que a educação enfrenta em Angola e ter uma visão externa de outras realidades.

Fiz algumas pesquisas online sobre a APDES e as suas ações em Angola e fui tendo alguma noção do seu trabalho. Em março do mesmo ano, o Professor Eugênio Morais deslocou-se a Cabinda para reunir comigo e outros colegas para apresentar o projeto e voltou a mencionar a APDES.

Tem sido uma experiência que não queria ver terminada, apesar de todas as dificuldades. Hoje sou uma pessoa diferente e já com algum reconhecimento nacional graças a esta organização.

Estive envolvido em diversas ações no âmbito do projeto Sikola: formação de professores e OSC; participação em programas de rádio; conferências; fórum; encontros com as autoridades locais; produção de materiais e elaboração de propostas de formação de professores.

Agradeço a forma como mudou a minha vida, sobretudo a nível financeiro, permitindo-me ultrapassar muitas dificuldades.

Contribuí também para diplomas em discussão no âmbito da cooperação Sikola – SINPROF – REDE-EPT. 11


Confiamos nos nossos beneficiários

42488 Beneficiários

TIPO DE BENEFICIÁRIOS

(POR NÚMERO DE CONTACTOS)

Pessoas que usam drogas 49%

Partygoers 20%

outros 15% Crianças e jovens 10% Profissionais/Técnicos 3% Trabalhadores do sexo 2% Reclusos 1% 12


Confiamos nos nossos beneficiários LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA (POR NÚMERO DE CONTACTOS)

• VILA NOVA DE GAIA e PORTO 43% • setúbal 15% • angola 14% • lisboa 11% • barcelos 10%

• viseu 6%

• guarda 1%

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Confiamos nos nossos técnicos

Francisco Azevedo, Tradutor

O meu percurso na APDES teve início em 2014, momento em que iniciei um estágio profissional para desempenhar a função de tradutor. Acabei por integrar o agora denominado Departamento de Comunicação e Sustentabilidade e, no ano seguinte, assinei um contrato de trabalho.

Trabalhar em interdisciplinaridade - com equipas e profissionais de diversas áreas que intervêm junto de diferentes públicos - é um desafio interessante, mas por vezes complicado, especialmente no que diz respeito ao papel do tradutor. No entanto, testemunhar o empenho e a dedicação de todas as pessoas que aqui trabalham, unidas por princípios e valores comuns e um forte desejo de ajudar o próximo, faz com que me sinta continuamente motivado e decidido a dar o melhor de mim, na esperança de poder contribuir para que a APDES cumpra os seus principais objetivos.

Quando soube da vaga para um tradutor, não hesitei em candidatar-me. Sabia que não iria trabalhar diretamente com nenhum dos grupos-alvo e que a função a desempenhar seria mais de apoio às equipas, mas senti que poderia contribuir (ainda que indiretamente) para o trabalho desenvolvido pela organização.

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Confiamos nos nossos técnicos

Francisca Pimentel, Técnica do Gabinete de Intervenção em Saúde

Quando comecei a trabalhar na APDES, tinha pouca experiência profissional e a minha entrada tinha como propósito a criação do GIS, orientado para a intervenção com crianças em escolas.

técnicos e instituições e é com orgulho que reconheço o impacto do trabalho do GIS. Progressivamente foram-se estabelecendo metodologias e criando modelos de intervenção.

A APDES foi prestando apoio e atribuindo autonomia de forma equilibrada, permitindo que as intervenções fossem desenhadas de acordo com as nossas motivações pessoais, facilitando o processo criativo.

Considero-me privilegiada por ser apaixonada pelo meu trabalho, por trabalhar com pessoas incríveis e pela oportunidade de aprender e viver tantas experiências junto destas populações. Nos últimos anos têm surgido outros desafios, nomeadamente ao nível da participação e coordenação de projetos internacionais. Fugir da zona de conforto tem-me feito crescer e paralelamente dar força à intervenção do GIS, permitindo abranger cada vez mais públicos.

O gabinete começou a crescer e a diversidade de experiências também. Trabalhar com crianças constituiu desde sempre uma motivação para mim, mas o grande ponto de viragem foi quando orientámos a intervenção para crianças em situação de vulnerabilidade, nomeadamente para casas de acolhimento.

A possibilidade que a APDES nos oferece de realizar projetos novos, aliada à autonomia que nos é atribuída, cria dinamismo e motivação, bem como a sensação de crescimento profissional.

Retrospetivamente, sinto que foi um longo caminho de conquistas em termos de relações de confiança com crianças, 15


Confiamos nos nossos técnicos

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trabalhadores (média anual)

34

9

mulheres

homens

3

educadores de pares

GRAU DE QUALIFICAÇÃO

19

licenciados

13

5

MESTRES

DOUTORADOS

16

6

outros


Confiamos nos nossos técnicos área de Formação PSICOLOGIA

37%

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ECONOMIA E GESTÃO

14%

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sociologia

9%

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educação de pares

7%

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serviço social

5%

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outras

28%

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Confiamos nos nossos técnicos EQUIPA DA APDES

39 CONTRATADOS

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34 voluntários

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22 prestadores de serviços

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4 estágios profissionais

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3 Técnicos Pertencentes aos Órgãos Sociais

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2 ESTÁGIOS CURRICULARES

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Confiamos nos nossos parceiros

Péter Sarosi, DrugReporter

Trabalhamos com a APDES há 10 anos e a nossa parceria tem sido mutuamente benéfica, marcada pelo lançamento e publicação de vários vídeos e artigos, pelo trabalho de advocacy em conjunto e pela organização de campanhas a nível Europeu para a promoção da importância da redução de riscos.

O trabalho de pares promovido pela APDES é altamente eficiente e também um dos melhores exemplos de como as organizações podem transcender a definição de redução de riscos nas suas intervenções, privilegiando a defesa da dignidade humana. Outras organizações e países podem aprender muito com o trabalho desenvolvido pela APDES.

Por exemplo, coproduzimos um vídeo sobre as principais mudanças que ocorreram 10 anos após a implementação do modelo de descriminalização do uso de drogas - que já foi visualizado por mais de 11,000 pessoas no YouTube, sendo considerado uma ferramenta educacional.

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Confiamos nos nossos parceiros

20 11 52 731

REDES NACIONAIS

REDES INTERNACIONAIS

PRODUTOS TRADUZIDOS (PT/EN) NUM TOTAL DE 100074 PALAVRAS

HORAS DE FORMAÇÃO DADAS

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contas orçamento global

2017

1 808 019,99 €

2016

1 449 944,28 €

2015

1 486 536,37 €

financiamento público 69 %

privado 31%

nacional 55 %

internacional 45%

despesas

60 % 30 %

2% 7%

1% 21


Interessado? Quer saber mais? Escreva-nos para: info@apdes.pt

Alameda Jean Piaget nยบ 100 Apartado 1523 4411-801 Arcozelo Vila Nova de Gaia Portugal Tlf: +351 227 531 106/7 Tlm.: +351 912 443 655/9 Fax: +351 227 533 046 www.apdes.pt

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