PEREGRINAÇÃO

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Ano LXVI | Mensal | Março 2020 Assinatura Anual | Nacional 7,00€ | Estrangeiro 9,50€

PEREGRINAÇÃO CONSOLATA RECORDA FUNDADOR E CONVIDA AO FERVOR MISSIONÁRIO DESTAQUE

Organização denuncia super-fortunas

Oxfam quer melhor redistribuição do trabalho entre homens e mulheres

MISSÃO HOJE

Bispo de Tete pede ajuda à Igreja portuguesa Diamantino Antunes pretende reforçar trabalho pastoral em Moçambique

DOSSIER

República Centro-Africana elogia militares portugueses Enviado do secretário-geral da ONU acredita no sucesso do acordo de paz


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SUMÁRIO

Nº 03 Ano LXVI Março I 2020 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 redacao@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt

FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial Eugénio Butti Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Im­pres­são Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 20.100 exemplares Diretor Albino Brás Diretor Executivo Francisco Pedro Redação Albino Brás, Francisco Pedro, Juliana Batista Colabora­ção Aventino Oliveira, Carlos Camponez, Cláudia Feijão, Darci Vilarinho, Elísio Assunção, Gonçalo Cardoso, Leonídio P. Ferreira, Luís Tomás, Osório Afonso, Simão Pedro, Teresa Carvalho, Tobias Oliveira (Roma) Fotografia Arquivo, Lusa, Elísio As­sunção Capa Ana Paula Contracapa DR Ilustração David Oliveira Design BAR Ad­mi­nis­tração Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00€ Estrangeiro 9,50€; Apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€; Avulso 0,90€ Pagamento da Assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) transferência bancária IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal (inclui o IVA à taxa legal)

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portugueses fazem “ Militares a diferença na República Centro-Africana

04 | EDITORIAl Precisamos de mais sentido de comunidade 05 | PONTO DE VISTA Vidas que dão vida à vida 06 | HORIZONTES Não há tempo a perder 07 | DESTAQUE Oxfam denuncia super-fortunas 08 | MUNDO MISSIONÁRIO . Chade Hortas favorecem a promoção da mulher . Argentina Imperioso escutar grito dos indígenas . Senegal Crise alimentar afeta mais de seis milhões . Índia Governo de Orissa apoia minorias religiosas 10 | A MISSÃO HOJE Economia, crise e discernimento

11 | ARTE COM HISTÓRIA Candelabro das trevas 12 | A MISSÃO HOJE “A Igreja portuguesa não me pode deixar sozinho” 13 | FÁTIMA INFORMA Caminhada pela paz assume dimensão ecológica 14 | ATUALIDADE Festa da missão, da partilha e do encontro 22 | MÃOS À OBRA Campo desportivo ajuda a afastar jovens dos grupos armados 23 | OBJETIVA 24 | GENTE NOVA EM MISSÃO Luz de Jesus 26 | TEMPO JOVEM Eutanásia 28 | SEMENTES DO REINO Escutar Jesus 30 | LEITORES ATENTOS

TAREFAS PARA HOJE: ATUALIZAR A ASSINATURA DA FÁTIMA MISSIONÁRIA

31 | GESTOS DE PARTILHa 32 | VIDA COM VIDA ‘Dama de companhia’ 33 | O QUE SE ESCREVE 34 | MEGAFONE

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editorial

Precisamos de mais sentido de comunidade Caríssimos leitores, é a primeira vez que me dirijo a vós. Uma palavra especial de carinho à equipa da FÁTIMA MISSIONÁRIA e aos nossos amigos e colaboradores. Agradeço a todos por fazerem parte desta comunidade de leitores e espero que seja uma comunidade verdadeira e com ‘outra visão do mundo’. Que seja uma comunidade que promove os autênticos valores humanos e cristãos, onde se vive a caridade e a fraternidade, onde se difunde a solidariedade e onde há sede e fome de justiça. Estamos numa sociedade em constante mudança, uma sociedade com muitas características, e é assim também o conceito de comunidade, que, cada vez mais, deixa de ser espaço de comunhão. Em muitas ocasiões, as comunidades são os lugares da acomodação de pessoas, onde cada um atinge os seus interesses egoístas, e não um espaço de comunhão e de relação, que nos caracteriza como pessoas. José Cristo Paredes, autor do livro «É Possível outra Comunidade», escreveu: “Muitos dos espaços em que nos movemos só têm a ver com indivíduos: são lugares para

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Fátima Missionária

clientes, passageiros, usuários, ouvintes; mas aquilo que os caracteriza não é serem lugares onde alguém adquire identidade pessoal ou social.” A nossa sociedade é cada vez mais caracterizada pelo aumento do individualismo e pela redução do sentido de comunidade. O resultado de tudo isto é a diminuição dos valores da fraternidade e da solidariedade entre as pessoas. Precisamos de mais sentido de comunidade e menos individualismo. Existem muitas comunidades virtuais, algumas com objetivos de solidariedade, ou para promover alguma causa, outras para aprendizagem e outras ainda que são fontes de relações. Algumas dessas comunidades são construtivas e formativas, enquanto outras são destrutivas. “Uma comunidade é tanto mais forte quanto mais for coesa e solidária, animada por sentimentos de confiança e empenhada em objetivos compartilháveis”, recordou-nos o Papa Francisco na sua 53a mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Bernard Obiero

“Uma comunidade é tanto mais forte quanto mais for coesa e solidária, animada por sentimentos de confiança e empenhada em objetivos compartilháveis”


PONTO DE VISTA

ISABEL FIGUEIREDO . DIRETORA DO SECRETARIADO NACIONAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS .

VIDAS QUE DÃO VIDA À VIDA Habitualmente acordam mais cedo. Conseguem estender uma máquina de roupa, arrumar a loiça da véspera, dar uma volta à sala onde ficaram mantas amarrotadas e tabuleiros esquecidos… enquanto a família acorda, tratam dos pequenos-almoços ou preparam as marmitas dos mais novos. Quando percebem que já não está ninguém na casa de banho, entram com os minutos contados e saem outras, frescas e perfumadas. Comem de pé, enquanto chamam os filhos, atentas ao frio ou à chuva, lembrando o trabalho de casa ou a consulta do dentista ao fim da tarde. Por vezes, é o pai que leva os filhos à escola ou os deixa na estação mais próxima. Por vezes, não há pai que o faça, porque a vida as deixou sozinhas. Vão de carro para o trabalho e no caminho, pensam no que devem fazer ao jantar, na reunião onde têm que estar atentas, na prenda de anos por comprar. Ou vão de comboio, em carruagens cheias. Ou vão de autocarro, sem espaço para estender as pernas. Ou vão de barco, suportando enjoos que não passam. E parecem formiguinhas a correr, para outro comboio, outro autocarro, outra fila de gente desconhecida. Quando

chegam a casa, recomeça a roda a girar e os filhos pedem colo, ou choram por causa de uma avaliação, ou estão fechados em quartos desarrumados, onde ninguém pode entrar. É preciso fazer o jantar, pôr a mesa, dar o banho. Muitas vezes, já todos dormem, quando o pai chega. Muitas vezes, não há pai que chegue, porque a vida as deixou sozinhas. Esta normalidade dos dias é estilhaçada em tantas vidas. Com gritos de prepotências esmagadoras. Com a falta da carne e do peixe, porque só se conseguem comprar ovos e salsichas. Com a roupa que se recebe de uma vizinha, de uma prima, de uma loja solidária. Com medos escondidos, com doenças traiçoeiras. Com infidelidades assumidas e dolorosas. E o mundo à sua volta espera que continuem sempre cuidadas, atentas, capazes de trazer dinheiro para casa, capazes de fazer autênticos milagres com o pouco que conseguem. Estão nas fábricas que ainda não fecharam, nas universidades, nos tribunais, nas escolas, nos hospitais. A cuidar ou a servir; a ensinar ou a limpar. E são mães. E amam. Só assim é possível entender os dias das vidas que dão vida à vida.

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horizontes

Não há tempo a perder Texto | Teresa Carvalho Ilustração | DAVID OLIVEIRA

O momento era cheio de emoção. Gabriela, a enfermeira chefe risonha, brincalhona, atenta, sempre disponível, despedia-se dos colegas e dos doentes. Iniciava agora o seu tempo de descansar, depois de 45 anos dedicada a uma causa em que acreditava: curar dores. Era ótima a curar dores: dores de corpo e dores de alma! Gabriela fechou a porta, levando consigo um obrigado gigante. Ali, foi acarinhada por pessoas que foram importantes para si e que lhe permitiram perceber quanto ela tinha para dar, e para receber. Percebeu que era tão importante saber receber como saber dar. E nessa troca, encontrou afetos e sentimento de realização. No dia seguinte, pela manhã, aquela mulher pequenina que distribuía acolhimento e generosidade, seria substituída naquele serviço e naquele hospital por um sentimento de vazio triste. Do outro lado da sua vida, tinha já pessoas à sua espera. Havia doentes no sítio onde vivia, que costumavam usar a sua casa como socorro nos momentos de aflição, ou que esperavam a sua visita em casa... que lhes levava algum tipo de alento e de apaziguamento da dor, ainda que tivesse o nome de solidão. O grupo de voluntários na ajuda às famílias com menos recursos, já estava a contar com ela como reforço. Com aquele seu dom de compreensão sem criticar, que lhe permitia admirar e respeitar quem encontrava na vida, Gabriela conseguia entrar na vida daqueles que guardavam as dores só para si, por não confiarem em ninguém. Mas, com Gabriela ao lado, não havia razão para esses medos. E tinha os netos! Netos que corriam a dependurar-se nos braços da avó, ou a jogar com ela às escondidas para

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poderem ouvir as suas gargalhadas quando a descobriam atrás da cortina, que era o sítio sempre usado: o sítio da avó. Gabriela era assim: havia tanto a fazer que não havia tempo para não rir, para não ajudar, para não cuidar, para não respeitar, para não estar atenta, para não encontrar soluções, para não ir ao encontro de quem tem dor. Ela tornou-se uma especialista da transformação do tempo: tempo de dor, em tempo de rir. E foi isto que foi fazendo, e que melhor sabia fazer Gabriela guardava um segredo que alimentava esta sua paixão pelos outros e paixão pela vida: fazia da sua vida uma oração. Era uma oração feita de conversa com um Deus em quem acreditava e que sentia presente, ao seu lado, a impulsioná-la e orientá-la, e que se prolongava e envolvia a ação de todos os dias. Este seu segredo tornava-a arrojada. Por isso, passou a ser vista em diversos serviços, sentada, à espera de falar com alguém que pudesse resolver os problemas daqueles que ela ia encontrando ou que a procuravam, a precisar de esperança e de soluções. E quando Gabriela não tinha soluções para apresentar, nunca faltou a sua canção de esperança e o apaziguamento da dor de que era especialista. Quanto mais fazia, mais Gabriela via por fazer. Por isso, concentrou os seus esforços em alargar o grupo daqueles que sabiam apaziguar dores. Envolveu-os no grupo de voluntários. Hoje, o seu grupo percorre toda a sua freguesia, distribuindo uma esperança que leva o sol aos espaços mais escuros. Agora, quanto mais querem ver, querem saber, nem Gabriela nem os restantes voluntários, ninguém tem tempo a perder.


destaque Cuidados domésticos e familiares também são trabalho

Oxfam denuncia super-fortunas

Texto | CARLOS CAMPONEZ Foto | DR

os 22 homens mais ricos do mundo detêm mais riqueza do que todas as mulheres que vivem em África A baixa tributação das maiores fortunas mundiais e a evasão fiscal são a grande causa da concentração da riqueza num número reduzido de pessoas e do aprofundamento das desigualdades no mundo. Segundo a Oxfam, uma confederação mundial de organizações que lutam contra a injustiça e a pobreza, apenas quatro por cento das receitas fiscais dos Estados provêm dos impostos sobre as grandes fortunas. O relatório refere ainda que, se por um lado, cerca de 30 por cento das fortunas dos super-ricos do mundo passa à margem de toda e qualquer taxação fiscal, por outro lado, o trabalho também não tem sido uma boa forma de redistribuição da riqueza. Assim, segundo a Oxfam, se, entre 2011 e 2017, os salários médios dos países mais ricos do mundo aumentaram três por cento, os dividendos dos acionistas das grandes empresas nesses mesmos países aumentaram 31 por cento. Para além disso, sublinha a Oxfam, estas super-riquezas não são necessariamente o resultado do esforço de quem as possui.

Desigualdades entre ricos e pobres

O relatório da Oxfam, que foi divulgado na última cimeira dos G7, em Davos, na Suíça, onde habitualmente se reúnem os países mais ricos do mundo, baseia-se em estudos da Global Wealth (Bem Estar Global), do banco Crédit Suisse e em dados do Banco Mundial. De acordo com o documento, uma pequena elite inimaginavelmente rica consegue fazer com que a sua riqueza cresça “exponencialmente ao longo do tempo, sem muito esforço e independentemente de qualquer agregação de valor” social. Um dos casos citados é o caso de Bill Gates. Apesar de ser conhecido pelas suas doações

humanitárias, desde 2008, altura em que deixou de liderar a Microsoft, Bill Gates quase que duplicou a sua fortuna, avaliada na altura em 58 mil milhões de dólares, e considerada, então, a terceira maior do mundo. Segundo a Oxfam, 2.153 dos indivíduos mais ricos do mundo, detêm mais riqueza do que 4,6 mil milhões de pessoas mais pobres do mundo. Nesta mesma escala comparativa, os 22 homens mais ricos do mundo detêm mais riqueza do que todas as mulheres que vivem em África.

… desigualdades entre homens e mulheres

A desigualdade entre homens e mulheres é outro fator sublinhado no relatório deste ano. Em todo o mundo, “os homens detêm 50 por cento a mais de riqueza do que as mulheres”, e são eles que ocupam um maior número de posições de poder político e económico. Apenas 18 por cento de todos os ministros do mundo são mulheres e, nos parlamentos, ocupam somente 24 por cento dos lugares. Para além disso, as mulheres asseguram a maior parte dos trabalhos não remunerados, a começar pelos relacionados com os cuidados familiares. Num contexto mundial em que o número de crianças e de idosos está a aumentar, os investimentos nos serviços sociais diminuem e em que os impactes do clima se estão a agravar, a assistência familiar e os cuidados domésticos vão ser cada vez mais necessários. Por isso, medidas económicas que garantam a remuneração destas atividades, assim como políticas que contribuam para uma melhor redistribuição do trabalho entre homens e mulheres são algumas das propostas da Oxfam.

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mundo missionário

por ELÍSIO assunção

El Salvador proclama “Ano Jubilar dos Mártires” Passados

40 anos do assassinato de Óscar Romero, El Salvador prepara-se para celebrar os seus mártires. Nesta ocasião os prelados pedem a promulgação de uma verdadeira “Lei da Reconciliação Nacional”, que faça justiça às vítimas, dê a conhecer a verdade e estabeleça uma indemnização.

Goa contra a lei da cidadania O arcebispo de Goa, Filipe Ferrão, pede ao governo federal indiano que revogue imediata e incondicionalmente a lei da cidadania, denominada “Citizenship Amendment Act” (CCA). Filipe Ferrão, que está à frente da diocese de Goa e Damão, critica a CAA aprovada pelo Parlamento em dezembro passado. Itália acusada de exportar lixo tóxico A organização

Greenpeace acusa o governo italiano de fechar os olhos ao tráfico ilícito de resíduos nocivos ao ambiente e à saúde para países pobres do Oriente e do norte de África. Para lá partem, de portos italianos, contentores carregados de plásticos, vernizes, borrachas e resíduos eletrónicos; de lá regressam com produtos acabados de baixa qualidade. Nigéria atirada para o abismo pela miséria O Presidente da

Nigéria, Muhammadu Buhari, continua a desiludir o povo que o elegeu em 2015. “Tem mostrado o máximo grau de insensibilidade na gestão da rica diversidade do nosso país”, afirmou publicamente Matthew Kukah, bispo de Sokoto. “Apesar de Buhari gerir o governo mais nepotista e narcisista da história, o norte – de onde é originário – regista os piores índices de pobreza, insegurança, indigência e miséria”.

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Chade

Hortas favorecem a promoção da mulher

Na sociedade tradicional chadiana, as mulheres têm como tarefa principal prover às refeições diárias da família, ao passo que compete aos maridos cultivar o milho e dedicar-se à caça. Quando estes não trazem nada para casa, as mulheres recorrem às raízes e folhas dos bosques. A progressiva destruição da floresta e a falta de chuvas tornou a tarefa ainda mais difícil. “Para encontrar água e lenha, as mulheres têm de fazer longas caminhadas”, explica Franco Martellozzo, missionário no Chade há mais de 50 anos. Em Bagwa, as mulheres começaram a cultivar verduras e legumes, num vale junto da escola da aldeia. Deixaram de correr para as montanhas à procura de raízes, ervas e tubérculos comestíveis. Com o apoio dos missionários, construíram um poço e cercaram as hortas com uma rede metálica. Ultimamente “as hortas tornaram-se um projeto importante da Cáritas local”, explica o missionário. Várias organizações estão interessadas em espalhar pelas aldeias da região “o programa das hortas geridas por mulheres, onde cultivam verduras e legumes tradicionais que usam na cozinha e vendem no mercado”. Franco Martellozzo conclui: “A horta é mais que um simples campo cultivado. É um lugar de reflexão e de troca que necessariamente abre a uma nova visão da vida. É uma maneira de aprender a tomar decisões em conjunto. É uma nova forma de democracia, vinda da base e, sobretudo, no feminino”.

Argentina

Imperioso escutar grito dos indígenas

“A realidade angustiante em que vivem os povos e as comunidades indígenas e crioulas do Chaco argentino, devido à desnutrição e morte de crianças, à falta de água potável e a outros flagelos”, é trazida para primeiro plano pela Comissão Pastoral dos Bispos da Argentina. Os prelados condenam o “sensacionalismo mediático” que impede a solidariedade “com os sofrimentos dos mais esquecidos”. E socorrem-se das palavras do Papa Francisco: “Uma sociedade que não é capaz de cuidar das crianças e dos grupos mais vulneráveis corre sérios riscos de implosão e de morte”.


MUNDO MISSIONÁRIO

SENEGAL

CRISE ALIMENTAR AFETA MAIS DE SEIS MILHÕES

Na região do Sahel, mais de seis milhões de pessoas sofrem as consequências de uma grave crise alimentar, denuncia a Cáritas do Senegal. A situação no país tem vindo a degradar-se, mas com maior gravidade no Sahel. “A crise alimentar na região situa-se no quadro de uma complexa vulnerabilidade que expõe as comunidades a outros riscos ligados à difusão da epidemia do coronavírus e ao regresso da epidemia do vírus ébola na região dos Grandes Lagos”, explica o presidente da Cáritas, Jean Pierre Bassene, bispo de Kolda.

ÍNDIA

GOVERNO DE ORISSA APOIA MINORIAS RELIGIOSAS

As instituições sociais e religiosas de Orissa foram contempladas com um subsídio do governo que ultrapassa os 200 mil euros. Trata-se de um contributo especial para apoiar as minorias cristãs e muçulmanas presentes no Estado, destinado a criar estruturas de acolhimento aos peregrinos das comunidades religiosas. Mais de meia centena de representantes da comunidade cristã e muçulmana encontraram-se com o primeiro-ministro, Naveen Patnaik, para agradecer “o apoio financeiro para o desenvolvimento das minorias”. Irão beneficiar do apoio vários organismos muçulmanos e cristãos, entre os quais as Irmãs Missionárias da Caridade, da Madre Teresa de Calcutá.

TOBIAS OLIVEIRA MISSIONÁRIO DA CONSOLATA PORTUGUÊS EM ROMA

PEDRO ESTÁ AQUI Depois de quase oito anos em Roma, tive nestes dias a oportunidade de visitar um dos seus tesouros escondidos, o túmulo de São Pedro. São muitos milhares os peregrinos e turistas que diariamente entram na Basílica Vaticana, mas poucos deles sabem que a dita Basílica está construída sobre uma antiga necrópole, um cemitério no qual foi sepultado o apóstolo Pedro. Na década de 1950 foram feitas escavações nessa necrópole e foram encontrados alguns fragmentos de ossos humanos num lóculo junto ao qual também foi identificada a escrita “Petrus est hic” (Pedro jaz aqui). São resíduos de há 2.000 anos, e pobremente preservados, que no entanto chamam à memória os gloriosos inícios da fé cristã e o martírio do príncipe dos apóstolos. Não atribuo grande valor a essas relíquias – somos terra e à terra voltamos – mas comoveu-me a proximidade, o encontro visual com um passado que deu vida e sentido ao meu e ao vosso presente. O nosso corpo acaba por se reduzir a escassos fragmentos, mas também nós, como Pedro, podemos deixar uma herança espiritual que o tempo e a terra não vão consumir. Honra seja dada ao humilde pescador que um dia deixou as redes para seguir Jesus.

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a missão hoje

ECONOMIA, CRISE E DISCERNIMENTO Texto António Bagão Félix Foto LUSA

O Papa Francisco tem vindo a denunciar, de uma maneira frontal, directa e corajosa, os problemas que advêm do que apelidou de tristeza individualista, individualismo pós-moderno e globalização da indiferença. Entre muitas considerações, salientou: “Hoje devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o facto de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social”. No plano da vida económica e social, o princípio fundamental da Doutrina Social da Igreja é o princípio da centralidade e dignidade da pessoa humana enquanto sujeito e fim de todas as instituições. Associado a este princípio está o direito à propriedade privada mediante o trabalho, mas que não sendo absoluto e intocável, está subordinado ao direito ao uso comum. Logo, a propriedade privada é um meio, não um fim em si mesmo. Nas suas reflexões, Francisco assinala que a crise financeira global, apesar de esforços positivos, não se afirmou plenamente como uma oportunidade para “desenvolver uma nova economia mais atenta aos princípios éticos e uma nova regulamentação da actividade financeira, neutralizando os aspectos predatórios e especulativos e valorizando o serviço à economia real”. Os mercados não são capazes de se auto-regular, pois que lhes falta a perspectiva mais social e até personalista (coesão social, honestidade, confiança, segurança) e a capacidade de corrigir ou prevenir “as desigualdades, assimetrias, degradação ambiental, insegurança social, fraudes...”. Hoje, mais de 50 por cento do comércio mundial é efectuado por grandes grupos que reduzem a carga tributária deslocando os lucros de uma sede para outra, segundo as suas conveniências, transferindo os ganhos para os paraísos fiscais e os custos para os países de elevada imposição tributária. “Tudo isto subtrai recursos decisivos para a economia real e contribuiu para gerar sistemas económicos fundados na desigualdade”. 10

Fátima Missionária

Recordo aqui uma estimativa conservadora da organização não governamental Oxfam de 2013: o dinheiro em paraísos fiscais terá atingido um valor superior a 14.000.000.000.000 euros, o que equivale a 19,5 por cento do total mundial de depósitos e a 70 vezes o Produto Interno Bruto (PIB) actual de Portugal. Estima-se, igualmente, que a perda de receitas fiscais directas que resultaram desta evasão tenha chegado a 160.000.000.000 euros. Em suma, ética e solidariedade devem fazer parte da economia, enquanto expressão humana e solidária das pessoas e dos povos. O desafio moral de qualquer economia está no modo mais justo como trata os mais pobres e os mais sós. (por vontade expressa do autor este texto não segue o chamado acordo ortográfico) Texto conjunto MissãoPress


ARTE COM HISTÓRIA

“HOJE DEVEMOS DIZER NÃO A UMA ECONOMIA DA EXCLUSÃO E DA DESIGUALDADE SOCIAL. ESTA ECONOMIA MATA. NÃO É POSSÍVEL QUE A MORTE POR ENREGELAMENTO DUM IDOSO SEM ABRIGO NÃO SEJA NOTÍCIA, ENQUANTO O É A DESCIDA DE DOIS PONTOS NA BOLSA. ISTO É EXCLUSÃO”

CANDELABRO DAS TREVAS

Texto | GONÇALO CARDOSO

Este objeto era utilizado nas igrejas durante as vigílias noturnas de Quinta-feira Santa. Habitualmente situado no presbitério, é composto CANDELABRO DAS TREVAS, por 15 orifícios paraMADEIRA, serem colocadas as velas, de SÉCULO XVIII,dispostas COLEÇÃO dois lados, formandoDO umCONSOLATA triângulo. MUSEU De forma quase teatralizada, um acólito apagava gradualmente as velas no fim da leitura de cada salmo. Quando se iniciava o “Benedictus”, apenas a vela do vértice estava acesa e ao ser entoada pela segunda vez a antífona do “Benedictus”, o acólito retirava-a, indo com ela para o altar. O coro cantava depois o “Christus factus est” e o acólito escondia a vela atrás do altar. Na penumbra, os membros do coro batiam com o livro nos bancos. Finalmente, o acólito retirava a vela do esconderijo e voltava a colocá-la no vértice do triângulo, simbolizando a sepultura e a ressurreição de Cristo. A designação Candelabro das Trevas vem, portanto, da hora, do anoitecer, numa ação litúrgica cheia de dramatismo e piedade, usando a luminária para representar a ideia teológica que o cristão terá de mergulhar na água batismal para ressurgir em Cristo, em memória pascal.

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a missão hoje

“A Igreja portuguesa não me pode deixar sozinho” A princípio, encarou a nomeação para bispo de Tete com algum receio, por ser português e pelas marcas deixadas pela repressão colonialista naquela região moçambicana. Agora, e depois de ter sido acolhido calorosamente em toda a diocese, encara o desafio como uma nova oportunidade para reforçar as relações entre as Igrejas dos dois países Texto | FRANCISCO PEDRO Foto | ANA PAULA

Diamantino Antunes, 52 anos, foi o primeiro missionário da Consolata português a ser nomeado bispo. O Papa Francisco escolheu-o para a diocese de Tete, em Moçambique, e a primeira reação, além da surpresa pela nomeação, foi o receio do que pudesse acontecer por ter sido destinado a uma diocese profundamente marcada pela guerra colonial. “Havia a ideia, não sei se fundada ou não, que o tempo dos bispos portugueses tinha terminado com a independência. Mas penso que a minha nomeação e o modo como fui recebido ultrapassaram um pouco este preconceito”, confessou o prelado à FÁTIMA MISSIONÁRIA, na sua recente passagem por Portugal. Há nove meses no cargo, o novo bispo já arregaçou as mangas e empreendeu uma viagem por todas as paróquias da sua nova diocese, um território maior que Portugal e onde as comunidades mais periféricas ficam a dois dias de distância. Com esta empreitada, Diamantino Antunes, que está em missão pastoral em território moçambicano desde 1992, quis mostrar-se próximo dos fiéis, e indicar o caminho ao clero de Tete: “Eu digo aos padres que devem ir a casa das pessoas, mas dou o exemplo, ao dedicar parte do meu tempo a visitar as famílias e a rezar com elas”. Numa diocese com “grandes assimetrias”, vias de comunicação deficientes e falta de pastores, este desejo de uma “pastoral da visitação” levanta algumas dificuldades. Por isso, o prelado aproveitou a deslocação à Europa para bater à porta das congregações e dioceses, pedindo o envio de missionários e missionárias para Tete, e apoio para acolhimento e formação de seminaristas moçambicanos.

Diamantino Antunes, natural de Albergaria dos Doze, Pombal, quer dinamizar a diocese de Tete, em Moçambique

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Fátima Missionária

“A Igreja é uma família e devemos ajudar-nos uns aos outros. Vejo o caso dos bispos de outras nacionalidades, em que as suas dioceses e Igrejas de origem se esforçam para os ajudar. Por isso, penso que a Igreja portuguesa não me pode deixar sozinho. Até porque é mais uma oportunidade para reforçar a relação entre a Igreja portuguesa e a Igreja de Moçambique”, concluiu Diamantino Antunes.


FÁTIMA INFORMA

Caminhada pela paz assume dimensão ecológica

A iniciativa que se destaca pelo momento de oração pela paz na Capelinha das Aparições é agora divulgada num carro elétrico e em suportes publicitários reutilizáveis Texto | JULIANA BATISTA Foto | FERNANDO PEREIRA

As ruas de Fátima acolhem a 9.ª edição da “Caminhada pela paz” dia 22 de março. A iniciativa terá início junto ao Posto de Turismo, pelas 10h00. “Esperamos cerca de 4.000 participantes, desde crianças, em carrinhos de bebé, até aos avós ou bisavós, que levam os seus netos pela mão, proporcionando-nos imagens tão belas”, realça Luís Pereira, diretor-geral da prova. Além de “estimular a prática desportiva”, a iniciativa distingue-se pela cerimónia de evocação pela paz no mundo, na Capelinha das Aparições, considerado o “momento alto do evento”. “Vivem-se momentos difíceis e nunca são demais as manifestações de apelo à paz.

Turismo religioso

Os oitavos “Workshops internacionais de turismo religioso” vão decorrer de 5 a 7 de março, nas cidades de Fátima e Guarda. O encontro vai abordar o turismo católico em Fátima, e deverá reunir “cerca de 800 participantes”, ligados ao setor do turismo, apontam os organizadores do evento.

Retiro espiritual

Álvaro Pacheco, sacerdote missionário da Consolata que esteve 17 anos em missão na Coreia do Sul, vai dinamizar em Fátima um retiro dedicado à

Esperamos que os participantes saiam da caminhada com a satisfação plena de uma manhã repleta de movimento, espiritualidade, e, acima de tudo, atitude positiva partilhada em uníssono por milhares de pessoas”, refere o responsável. Este ano, a iniciativa decorre sob “preocupação ecológica”. A viatura promocional do evento é um “carro totalmente elétrico”, os suportes publicitários são “na sua grande maioria reutilizáveis”, e os lanches no final do evento serão “entregues em sacos de papel”. A “Caminhada pela paz” é organizada pelo Grupo de Atletismo de Fátima (GAF), com o apoio de uma empresa local.

Quaresma. Com o tema “Vem e segue-me!”, o encontro terá lugar nas instalações dos Missionários da Consolata, dias 7 e 8 de março.

Palestra dedicada a Jacinta

Os elementos do Coro Autêntico vão atuar na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, dia 8 de março. Antes do recital, Ana Luísa Castro, religiosa da Aliança de Santa Maria, vai dinamizar uma palestra dedicada a Santa Jacinta. Os dois momentos dão forma a mais uma sessão da iniciativa «Encontros na basílica», que vai decorrer das 15h30 às 16h30.

Agenda

MARÇO

Dia 21 Um dia com o Francisco e a Jacinta, às 10h00, no Santuário de Fátima Dia 21 Evocação das aparições do anjo, às 21h30, na Capelinha das Aparições Dia 29 Recital de órgão, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, às 15h30 ‹ Março 2020 ›

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Peregrinação

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ATUALIDADE

Festa da missão, da partilha e do encontro

Família Missionária da Consolata prestou homenagem ao fundador, saudou a presença do primeiro missionário português da congregação a ser nomeado bispo, e aproveitou para reavivar o espírito de fé Texto | FRANCISCO PEDRO/Juliana Batista Fotos | ANA PAULA

Uma peregrinação é sempre motivo de festa. Festa pelo encontro, pela partilha e pela celebração. A 30ª Peregrinação Anual da Família Missionária da Consolata a Fátima, que se realizou no passado dia 15 de fevereiro, foi tudo isso e muito mais. Assinalou o 30º aniversário do fundador dos missionários e missionárias da Consolata, o beato José Allamano, teve a presidir às celebrações o primeiro missionário da Consolata português a ser nomeado bispo, Diamantino Antunes, e contou com a participação do primeiro Superior Provincial da recém-criada Região Europa, o padre Gianni Treglia. No regresso a casa,

os milhares de peregrinos que se deslocaram à Cova da Iria levaram incentivos mais do que suficientes para viver um novo ‘fulgor’ missionário. O pontapé de saída para a jornada celebrativa foi dado na sexta-feira à noite, dia 14, com uma vigília, participada por cerca de 300 jovens de vários pontos do país. Aos momentos de animação musical, de oração e reflexão, juntou-se o primeiro apelo do bispo de Tete. “Apelamos a que os jovens se mantenham firmes na fé, com forte espírito missionário porque a fé só cresce na medida em que

se vive e se testemunha”, disse Diamantino Antunes, num desafio ao renovamento do espírito missionário, que viria a vincar, no dia seguinte, na Eucaristia principal da peregrinação. Perante uma assembleia que quase lotou a Basílica da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, o prelado recordou o exemplo de santidade do beato Allamano para convidar os peregrinos a reacenderem o espírito missionário “com fidelidade e criatividade”. Na homilia, polvilhada com elementos históricos e auto-biográficos, ilustrativos da sua longa experiência

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Para os peregrinos, participar nesta festa da fé, foi mais uma vez revigorante do ponto de vista espiritual. “Vêm de coração aberto e regressam de coração cheio”

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em Moçambique e da relação deste país com os 75 anos de presença da Consolata em Portugal, Diamantino Antunes aproveitou também para pedir o apoio de “recursos humanos e meios”, para a sua nova diocese. Gianni Treglia, que na saudação aos peregrinos os havia desafiado a fazerem como Allamano, procurando “outras terras” de evangelização e novos dons para responder às carências dos mais necessitados, prometeu acompanhar e apoiar o trabalho do bispo de Tete. Um dos pontos altos da peregrinação viveu-se, como habitualmente, nos Valinhos, com a realização da Via-Sacra, um momento pleno de interioridade e espiritualidade, que

culminou com uma dramatização no Calvário Húngaro, inspirada no projeto anual da Consolata em Portugal “Nós somos Amazónia”. Os jovens atores recordaram as tribos indígenas, as ameaças aos seus direitos e a destruição da floresta, pedindo a quem assistia para que não fechasse “os olhos” a esta realidade. Para os peregrinos, participar nesta festa da fé, foi mais uma vez revigorante do ponto de vista espiritual. “Vêm de coração aberto e regressam de coração cheio”, sintetizou uma voluntária do Solidários Missionários da Consolata (SMC), referindo-se, em concreto ao grupo de 50 sem-abrigo, que se deslocaram de Águas Santas, na Maia, e foram os convidados especiais da peregrinação.


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Fรกtima Missionรกria


DOSSIER

“Militares portugueses fazem a diferença na República Centro-Africana” Entrevista a Mankeur Ndiaye, enviado do secretário-geral das Nações Unidas na República Centro-Africana, que esteve em Lisboa para encontro com ministro da Defesa português e está confiante de que o processo de paz vai no bom caminho Texto | LEONÍDIO PAULO FERREIRA* Foto | LUSA

Qual é exatamente a situação político-militar na República Centro-Africana neste momento e até que ponto existem ameaças à realização das eleições previstas para o final do ano? A situação política na República Centro-Africana tem vindo a melhorar. Isso é evidente desde a assinatura do acordo de paz de fevereiro de 2019. Existe hoje uma forte vida política na República Centro-Africana, muito ativa, muito dinâmica, sobretudo na perspetiva das eleições de dezembro de 2020. E isso comprova-se até pelo regresso de dois antigos presidentes da República, François Bozizé, que dirigiu o país durante uma década, e Michel Djotodia, que acaba também de voltar. Esperemos agora que tanto um como o outro possam contribuir para consolidar os progressos alcançados no último ano no âmbito

do acordo de paz e não, pelo contrário, levarem a cabo ações de destabilização da República Centro-Africana. Isso não seria aceitável.

As forças internacionais presentes, nomeadamente as das Nações Unidas, estão em condições de assegurar a tranquilidade do processo eleitoral em todo o território? Absolutamente. Temos este mandato eleitoral, que nos foi dado pelo Conselho de Segurança, no qual trabalhamos, com um projeto de securização das eleições, mas continuamos a fazer um apelo para o financiamento das eleições. Esse financiamento está por chegar, a União Europeia prometeu 15 milhões de dólares, mas existe um vazio de uns 30 milhões, valor que é preciso conseguir para o sucesso das eleições. E trabalhamos na securização

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das eleições porque o Conselho de Segurança nos conferiu esse mandato reforçado para dar apoio logístico e operacional. E sobretudo assegurar que todos podem votar.

Qual é a importância no processo de paz da força militar portuguesa estacionada na República Centro-Africana? Portugal está presente desde 2017 através de uma força de reação rápida de 180 elementos, incluindo mulheres, e faz toda a diferença no terreno. Os grupos armados já conhecem bem com quem estão a lidar, marcados pelo profissionalismo destes militares portugueses. A forma rápida e decisiva como atuam. É importante que outros países saibam como Portugal é importante na MINUSCA. Tenho agradecido esse papel, agradeci agora aqui em Lisboa aos ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, e tudo tenho feito para esse esforço ser conhecido.

Como explicar, enquanto alto funcionário da ONU, à população portuguesa o porquê do envolvimento dos nossos militares na República Centro-Africana? Os portugueses têm de saber que o mundo lhes está agradecido pelo seu contributo para a paz na República Centro-Africana e para a segurança em geral. Portugal está a contribuir para a paz no continente africano, um continente com o qual tem fortes laços históricos. Está a contribuir para a paz num país que fica no coração de África.

É simplista explicar o conflito na República Centro-Africana como um choque entre as comunidades muçulmana e cristã sob as designações de Seleka e de Anti-Balaka? Convém nunca exagerar na importância da dimensão étnica ou 20

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Portugal está a contribuir para a paz no continente africano, um continente com o qual tem fortes laços históricos. Está a contribuir para a paz num país que fica no coração de África

religiosa dos conflitos. Na República Centro-Africana trata-se de grupos armados que se formaram para explorar ilegalmente os recursos naturais e que violavam os direitos humanos, mas que chegaram à conclusão de que teriam de ceder a aceitar a paz. E assim, 14 grupos armados aceitaram o acordo de paz com o governo, um acordo obtido em condições que não foram fáceis. Temos registado melhorias, mas aqui e ali há violência, violações dos direitos humanos. No geral, a situação melhorou. O acordo tem um mecanismo de acompanhamento da sua aplicação, que existe até a nível local. E sobretudo temos um governo que é inclusivo, no qual se sentam membros dos grupos armados, uns como ministros, outros como conselheiros. E temos de fazer tudo para que o acordo funcione, a solução tem de ser política, não há solução


NO CORAÇÃO DE ÁFRICA

militar na República Centro-Africana. E insistimos para que todos os envolvidos percebam e aceitem isso.

ONU, União Europeia, mas também forças russas, que estão na República Centro-Africana no âmbito de um acordo bilateral participam no esforço de segurança. Como se coordenam todas estas componentes no sentido de pacificar o país? Fazemos o máximo por trabalhar com todas as forças presentes. Com todos os atores. A Rússia está presente no quadro da cooperação bilateral e contribui para a formação das forças armadas nacionais e para a securização da República Centro-Africana. A MINUSCA trabalha com todos, exige, sim, que todos ajam com transparência e no quadro do acordo de paz.

Qual a importância da paz na República Centro-Africana para a paz nas imediações, sobretudo no Sahel, onde grupos jihadistas, separatistas e criminosos comuns se multiplicam e desafiam os governos? A dinâmica regional é muito importante para a paz na República Centro-Africana como para outros países. A República Centro-Africana é fronteiriça com o Chade, os Camarões, o Sudão, o Sudão do Sul, a República Democrática do Congo, o outro Congo. Por isso todos estes países são facilitadores do acordo de paz. E se a dinâmica regional no sentido da pacificação começa a funcionar, também se deve às várias comissões mistas criadas pela República Centro-Africana com os países da região.

Colonizada pelos franceses a partir de finais do século XIX, a República Centro-Africana tornou-se independente em agosto de 1960. Como o nome indica, o país está no coração do continente e faz fronteira com meia dúzia de Estados, tão diferentes como o Sudão ou a República Democrática do Congo. Com um longo historial de golpes militares, entre 1965 e 1981 foi liderada por Jean-Bedel Bokassa, um coronel que começou por se proclamar Presidente vitalício e a partir de 1984 imperador. O país chegou assim a chamar-se Império Centro-Africano. A atual crise começou em 2013, quando o movimento Seleka, muçulmano, derrubou o Presidente François Bozizé. De seguida, milícias cristãs chamadas Anti-Balaka pegaram em armas e as Nações Unidas tiveram de intervir logo em 2014 para evitar massacres de civis. Um complexo processo negocial, e pelo meio uma visita do Papa Francisco em 2015 apelando ao diálogo entre comunidades religiosas, permitiu eleições em 2016, com Faustin Archange Touadera a ser eleito, mas como vários grupos armados continuam violentos e dedicados a atividades criminais, as forças estrangeiras mantêm-se no país. Portugal, com 180 militares ao serviço da ONU, tem tido um papel de destaque na pacificação, com situações de combate intenso em defesa das populações envolvidas num conflito que começou por ser religioso, mas hoje é mero banditismo. Diamantes, ouro e petróleo são algumas das riquezas naturais que alimentam cobiças várias.

* jornalista do Diário de Notícias

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mãos à obra

Campo desportivo ajuda a afastar jovens dos grupos armados

Missionários construíram complexo para a prática do desporto na diocese de Lichinga, em Moçambique, para promover a atividade física, reforçar os laços comunitários e afastar os adolescentes da criminalidade Texto | Francisco Pedro Foto | dr

Assim sendo, os missionários da Consolata presentes na região decidiram avançar com um projeto para construção de um complexo desportivo, que permitisse não só incentivar a população à prática de atividade física, mas também usar o desporto como um meio de encontro, de formação, de amizade e de promoção dos valores humanos.

cursos de dança, música, teatro, pintura, escultura, literatura, rádio, para ajudar a integrar a juventude estudantil e não estudantil, por forma a usufruírem de programas atrativos, como caminhada saudável, ginástica e musculação para todos, amigos em movimento, rua de lazer ou lazer itinerante”, explica o padre José Amorocho, vigário das duas paróquias e um dos responsáveis pelo projeto. A nova infraestrutura, construída numa zona economicamente muito pobre, onde a maioria das comunidades vivem da agricultura de subsistência, está dotada com dois campos para a prática de futebol de cinco, um campo de andebol, um recinto de basquetebol e um para o voleibol. Custou cerca de 23 mil euros, financiados por um doador privado italiano.

“A nossa motivação foi ter à disposição uma estrutura adequada, onde os cidadãos pudessem realizar as suas práticas desportivas com qualidade e fortalecer o tecido sócio-cultural e ético-religioso. Ao projetarmos este campo desportivo comunitário planeámos também oferecer

Com este projeto, os missionários acreditam que podem contribuir também para afastar os jovens do caminho da delinquência, sobretudo os que se sentem tentados a ingressar nas fileiras dos grupos armados “que têm vindo a semear o terror em algumas aldeias próximas da fronteira com a província de Cabo Delgado”.

O futebol é uma modalidade que desperta paixões em todo o mundo. Não só nas zonas mais desenvolvidas, como nas mais pobres e isoladas. Nas paróquias de São Lucas e São Francisco Xavier, no distrito moçambicano de Maúa, diocese de Lichinga, a modalidade sempre se destacou como uma das mais importantes ações de participação comunitária.

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Fátima Missionária

Com este projeto, os missionários acreditam que podem contribuir também para afastar os jovens do caminho da delinquência, sobretudo os que se sentem tentados a ingressar nas fileiras dos grupos armados


OBJETIVA

Um dos muitos doentes infetados com o coronavírus a ser assistido num hospital improvisado, em Wuhan, na China, o epicentro do surto que está a deixar o mundo em sobressalto

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# gente nova em missão ATITUDE

LUZ DE JESUS Texto | Cláudia FEIJÃO Ilustração | DAVID OLIVEIRA

Olá amiguinhos! Caminhamos para a grande Festa da Vida: a Páscoa. Já estamos a viver o tempo litúrgico da Quaresma, tempo de reflexão, tempo de conversão, tempo de transformar a nossa vida e de a fazer cada vez mais parecida com a de Jesus. É tempo de pensar, de refletir como vivemos a nossa vida. Há tempos, e a propósito deste tempo que vivemos, um amigo enviou-me uma pequena história (tanto ele como eu desconhecemos a respetiva autoria) que me parece apropriado partilhar convosco: um dia perguntaram a um professor qual o significado da vida? Perante pergunta tão filosófica e existencial, ele tirou um pedaço de um espelho do bolso e disse aos alunos: “Quando era pequeno encontrei um espelho partido, fiquei com um pedaço e comecei a brincar com ele. Era maravilhoso, podia iluminar buracos profundos e fendas escuras. Eu podia refletir a luz nesses lugares inacessíveis e isso transformou-se numa brincadeira fascinante para mim. Quando cresci e me tornei homem, entendi que já não era tão só uma brincadeira de infância mas um símbolo do que eu poderia fazer com a minha vida. Eu entendi que não sou a luz nem a fonte da luz. Mas eu sabia que a luz existe e só brilhará no escuro se eu a refletir. Sou um pedaço de espelho e, embora não possua o espelho inteiro, com o pedaço que tenho posso refletir a luz no coração dos homens e mudar algumas coisas nas suas vidas. Esse sou eu. Esse é o significado da minha vida”. Como aquele pedaço de espelho que levava luz onde esta era inacessível, cada um de vós, pequenos missionários, pode ser esse pedaço de espelho refletor de luz, da Luz de Jesus; cada um de vós pode e deve ser luz junto daqueles que diariamente convosco se cruzam ... bastam atitudes gentis, bondosas, justas, estar pronto para acolher, para 24

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consolar e para ajudar. Jesus é a Luz que ilumina cada parte, mesmo a mais recôndita, do nosso coração. Se viverem como Jesus nos ensinou, cada pessoa verá em vós refletida a verdadeira Luz e, decerto, ao sentir-se penetrada por essa linda luz sentir-se-á impelida a transformar a sua vida e encontrará a verdadeira felicidade. Pequenos missionários, sede, pois, Luz, a Luz de Jesus para os outros.


MOMENTO DE ORAÇÃO Senhor, que Te fizeste presente e és Luz no meio da escuridão, agradeço a Tua presença constante na minha vida e dos que me rodeiam. Concede-nos a graça de viver na Tua luz, e que o Teu amor ilumine a vida de todas as pessoa para que se sintam amadas e se abram ao bem, à verdade, à paz e encontrem a verdadeira felicidade que és Tu! Pai Nosso, Glória

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tempo jovem

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Eutanásia Texto | SIMÃO PEDRO Foto | DR

Caríssimo jovem vivemos um momento de debate e, certamente, já tens a tua opinião formada sobre o assunto. Se ainda não a formaste, terás certamente algumas ideias e alguns argumentos na manga.

sofrimento. Proíbe as crianças de visitar os doentes, de ir a funerais. A nossa sociedade deseja a felicidade e arranja sempre novas formas para ‘vender‘ a felicidade com coisas que não a garantem.

Os defensores da despenalização da eutanásia têm invocado bons princípios na nossa sociedade moderna, tais como a liberdade, o valor da pessoa, a reivindicação dos próprios direitos. Tudo muito bem, mas atenção para não cairmos na absolutização dos mesmos. Sabemos que o exagero rompe o equilíbrio. Na minha opinião, a sociedade de hoje exalta exageradamente o indivíduo, mergulhando no individualismo. As crianças crescem num ambiente julgando-se ser o centro do mundo e isto acontece em depreciação dos outros e do sentido da solidariedade para com os mais desfavorecidos e marginalizados. O ‘bullying’, a indisciplina na sala de aula, o desrespeito pelos professores, são efeitos secundários desta educação. Nos adultos, temos assistido a um gradual aumento de violência para com os agentes da saúde nos hospitais e centros de saúde.

A resposta de Jesus ao sofrimento humano veio dar um novo sentido ao sofrimento. Ele veio ensinar-nos que só quem sofre pelo seu próximo, ama verdadeiramente. De facto, “amo-te”, quer dizer “estou pronto a dar a minha vida para te salvar”. E foi isso que Jesus fez. Abraçou a sua cruz e morreu para trazer a salvação a cada um de nós.

A tendência dos defensores da despenalização da eutanásia é a de afirmar que “todos temos o direito de decidir como queremos terminar a vida”. Este modo de pensar até faz sentido aos jovens de hoje: “fazer o que bem me apetece”. Mas será assim? Temos mesmo o direito de fazer da nossa vida o que queremos, até mesmo pôr-lhe fim? Não fomos nós a pedir para viver. Se existe alguém que nos deu a vida, um dom que não pedimos, pois ainda não “errámos”, onde vamos buscar o direito para pôr-lhe fim? Euthanatos, do grego “eu” (boa ou bom) e “thanatos” (morte), eutanásia, é vista pelos gregos como a boa morte, a morte sem dor, sem sofrimento. Esta é uma questão em debate desde os primórdios da filosofia grega. Já Sócrates e Platão a consideravam moralmente aceitável. É mesmo da filosofia grega que nós desenvolvemos a ideia negativa do sofrimento. O sofrimento não é bom, mas é parte da vida. A nossa sociedade é especialista em esconder o

É urgente um ‘shift’ mental na nossa sociedade. É urgente percebermos que o sofrimento é parte da vida, e ainda mais, é mesmo o que nos faz crescer como pessoas verdadeiramente humanas, pessoas que não vivem centradas no seu próprio umbigo, mas que se preocupam com o bem comum, especialmente dos mais pobres e desfavorecidos. Também podemos olhar por outro prisma: o sofrimento é sempre o pedido ao mais próximo de quem sofre, um pedido para o ajudar a ultrapassar a fase mais dolorosa (pois é sempre uma fase, mesmo quando tem como desfecho a morte). Um pedido para agarrar a esperança, não para a perder. Se alguém tem uma depressão, o próximo não pode ajudar a que a depressão seja cada vez maior, mas pode ajudar a ver a vida por outro prisma. Se alguém está no fim da vida precisa de ter esperança e mantê-la no amor que recebe dos seus. E tu? Queres ser próximo ou distante? Concordo que ninguém seja obrigado a perpetuar uma condição de dor e de sofrimento, que a medicina de hoje tem grande habilidade para alongar. Chama-se obstinação terapêutica, foi o que aconteceu com o Papa João Paulo II. O tratamento, por vezes até muito agressivo, não consegue melhorar as condições do doente. Nesta questão da despenalização da eutanásia, uma nossa preocupação deveria ser cuidar melhor dos nossos doentes, darmos tempo de qualidade aos nossos familiares que vivem sós, tristes e abandonados.

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sementes do reino

Escutar Jesus Texto | OSÓRIO AFONSO Foto | DR

Na experiência da transfiguração, segundo Mateus, diz-se que uma nuvem cobre os três discípulos, enquanto uma voz proveniente dela proclama: “Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O”. Se no batismo de Jesus a voz do Pai era ressoada apenas para Jesus, no episódio da transfiguração, a revelação é também para os três discípulos. E o convite é o mesmo, decisivo para cada discípulo de Jesus: “Escutai-O“.

Leio a Palavra

Este acontecimento excecional ocorre num lugar sagrado, sobre

um monte. Com Jesus, estão três dos seus discípulos: Pedro, Tiago e João. A transfiguração é descrita com muita simplicidade: o rosto ficou resplandecente, as vestes tornaramse brancas e apareceram Moisés e Elias a falar com Jesus. Além da intervenção de Pedro, a voz de Deus que apresenta o seu Filho é muito importante: “Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O”.

Saboreio a Palavra

Ao apresentar Jesus, Deus diz que é seu filho: “Meu filho muito amado”. Essa expressão é completamente singular: é usada apenas por Deus,

Senhor, dai-me a capacidade de colocar Jesus no centro das minhas atenções e da minha vida

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e somente para Jesus, e é a única afirmação de Deus para com Jesus, que expressa de modo singular que Jesus pertence a Deus. Trata-se da filiação: o relacionamento singular que existe entre Deus e Jesus. Este é o único conteúdo que Deus comunica aos discípulos. Nada é tão importante para o relacionamento deles com Jesus quanto o conhecimento do relacionamento de Deus com Jesus. Deus comunica com a sua absoluta autoridade divina. O Filho é aquele que faz a vontade do pai, que realiza as suas obras e que lhe é semelhante em tudo. É um filho que agrada, que o faz feliz, que lhe dá alegria. Simplesmente porque faz tudo quanto o Pai manda. Por isso Deus dá uma ordem divina: “Escutai-O”. Esta escuta deve ser caracterizada por saber que Jesus é o amado Filho de Deus. A atenção, o interesse e a intensidade da escuta devem corresponder a esse facto. Em primeiro lugar, não é o conteúdo, mas a pessoa do Filho amado que os comunica. As suas palavras devem ser recebidas, clara e conscientemente, como as palavras do amado Filho de Deus. É importante o facto de Deus colocar a pessoa de seu amado Filho no centro.

Rezo a Palavra

Agora, Senhor, dai-me a capacidade de colocar Jesus no centro das minhas atenções e da minha vida. Devo escutá-Lo.

Vivo a Palavra

Procuro conhecer Jesus lendo a Palavra de Deus e sobretudo os Evangelhos.


A palavra faz-se missão

MARÇO

01 Viver da Palavra

1º Domingo da Quaresma | Gen 2, 7-9; 3, 1-7; Rom 5, 12-19; Mat 4, 1-11

“Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Vai certamente sair muita palavra da boca de Deus nesta Quaresma. Vão surgir muitos convites a mudar de vida, a procurar o essencial e a confiar decididamente no Senhor.

Que este tempo sagrado me renove e faça crescer na comunhão com Deus e os irmãos.

08 Subir ao monte

2º Domingo da Quaresma | Gen 12, 1-4; 2Tim 1, 8-10; Mat 17, 1-9

Subamos ao monte com Jesus. Com Cristo andemos pelos caminhos da Páscoa: escutando a Palavra de Deus, despojando-nos daquilo que não serve, cumprindo a vontade do Pai e entrando na nuvem da nossa comunhão com Ele. Levemos ao mundo sementes de transfiguração pela luz das boas obras e com o coração renovado.

Que a luz da tua Palavra, Senhor, inunde a minha vida e me faça no mundo reflexo da tua claridade.

15 Fonte de água viva

3º Domingo da Quaresma | Ex 17, 3-7; Rm 5, 1-8; Jo 4, 5-42

É tempo de ir à fonte. Com o nosso cântaro vazio a precisar de uma água viva que nos mate a sede. “Se alguém tem sede, venha a Mim e beba”. Talvez andemos perdidos ou afogados noutras águas. Talvez bebamos águas sujas de cisternas rotas. Só Deus, fonte de água viva, te pode saciar. Quem é Deus? Como é Deus? Onde está Deus? Ter sede de Deus e procurar essa fonte é já encontrá-lo.

Dá-me, Senhor, da tua água que refresque toda a minha vida.

22 “O Senhor ungiu os meus olhos”

4º Domingo da Quaresma | 1 Sam 16, 1-13: Ef 5, 8-14; Jo 9, 1-41

Também nós nascemos cegos e tivemos que lavar os olhos. A luz é um dos símbolos mais belos da Sagrada Escritura. “O Senhor é minha luz e salvação, de quem hei de ter medo?” Pelo batismo, o Senhor ungiu os nossos olhos e deu-nos a graça de sermos seus discípulos, filhos da luz. Mais: entregou-nos a tarefa de rasgar as trevas do nosso mundo.

Abre, Senhor, os meus olhos, à beleza da tua vida e torna-me consciente da grandeza da fé que pelo batismo nos concedeste.

29 Libertar-se das ligaduras

intenção missionária MARÇO Rezemos para que a Igreja na China persevere na fidelidade ao Evangelho e cresça na unidade Desde a implantação do comunismo, a Igreja é perseguida na China. O partido tem medo dela. Não tolera pessoas, muito menos organizações, que cultivem um pensamento e um comportamento inspirados em princípios que não sejam os do partido. Mesmo sob esta mão pesada sobre os cristãos, o seu número não cessa de crescer. O sofrimento e as ameaças não os deitaram abaixo; até lhes deram têmpera e força. Há muito que a Santa Sé procura, em diálogo com o governo e num processo gradual, unir as duas alas da Igreja que se olham com mútua desconfiança: chegar a uma hierarquia única e unida em vez de duas paralelas, uma com o favor do partido e a outra com o reconhecimento da Santa Sé. O potencial da Igreja na China, como se vê, é enorme. Num contexto de liberdade iríamos ver um salto no crescimento. Ora é isso que o partido quer impedir. Daí as manobras de resistência ao diálogo e demora em fazer acordos.

5º Domingo da Quaresma | Ez 37, 12-14; Rom 8, 8-11: Jo 11, 1-45

“Lázaro, vem para fora”. Deixemos túmulos e ligaduras e acreditemos em Cristo, nossa vida e ressurreição. “Quem acredita em mim nunca mais morrerá”. Sigamo-lo. Ponhamos em prática a sua Palavra e levemos a sua vida a quem ainda vive em túmulos.

LUÍS TOMÁS

Liberta-nos, Senhor, de tudo o que nos impede de caminhar contigo e de viver para ti. DARCI VILARINHO

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Fátima Missionária

A Fátima Missionária publicou em novembro que o bispo de Bissau, José Camnate, lançou um apelo para a reconciliação nacional. Qual é o papel da Igreja local em relação a este apelo, tendo em conta que o ecumenismo fala mais alto no país? Luciano Carlos Jalo

Caro leitor, na notícia que publicámos em novembro, o bispo Camnate fala sobre a importância da comissão para a reconciliação nacional, lembrando a necessidade de diálogo. A Igreja da Guiné-Bissau tem desempenhado um papel relevante no processo da paz e reconciliação, apesar das condições ainda precárias em que vive o povo. Alguns padres e leigos têm liderado várias comissões e comités responsáveis pelo processo da paz. Recordamos algumas figuras, como o primeiro bispo da Guiné-Bissau, Settimio Ferrazzetta, um homem incansável na consolidação da paz, o padre Domingos da Fonseca, recentemente falecido, que era o presidente da comissão organizadora da Conferência

para a Paz, Reconciliação e Desenvolvimento, e muitos outros. A Igreja tem organizado vários encontros e formações, incentivando todos os guineenses, sem distinção de classe e religião, a cultivarem a cultura de diálogo. O padre Domingos disse numa das suas declarações à imprensa que “não há dificuldade que não possa ser superada quando existe uma boa vontade política e um amor e paixão pelo diálogo”. No apelo que lançou, o bispo de Bissau lembrou aos guineenses que os conflitos só poderão ser resolvidos através do diálogo. O ambiente favorável do ecumenismo e do diálogo inter-religioso na Guiné facilitou várias iniciativas de promoção da paz, organizadas por diferentes líderes religiosos e associações. Essas iniciativas contribuíram para a construção da paz, mas, infelizmente, muitas dessas ações foram de curta duração. Alguma coisa foi feita, mas o processo ainda é longo. Não se pode estabelecer a paz de uma vez para sempre, pois esta deve ser cultivada por todos e em todos os momentos. Bernard Obiero


gestos de partilha

Apoie os nossos projetos e ajude-nos a concretizá-los 2020 PROJETO ANUAL DOS MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA EM PORTUGAL

NÓS SOMOS AMAZÓNIA Vamos ajudar os Macuxi a cuidar da sua terra

Nós somos Amazónia Mulheres Missionárias da Consolata - Mem Martins 675€; Sofia Jorge 50€; Isabel Antunes 20€; Ana Albuquerque 25€; Cristina Coito 25€; Pedro Murteira 50€; Anónimo 50€; Maria Martins 100€; Ana Albuquerque 40€; Miguel Pereira 150€; Conceição Silva 12€; Isabel Crespo 43€; Céu Crespo 43€; Adelaide Franco 15€; M. M. (São Pedro – Alqueidão) 25€; Anónimo (Outeiro das Matas – Ourém) 25€; Daniel Piedade 6€; Conceição e Adriano Pereira 50€; Fátima Matias 10€; Adelina Antunes 50€; Manuel Brás 25€; Fátima Costa 15€; Julieta Fernandes 10€; Lucília Mota 9€; Fernanda Silva 25€; Lucrécia Praça 20€; Anónimos (Zambujal) 10€; Serafim Antunes 10€; Idalina (Zambujal) 20€; Maria Varela 20€; Ana Seabra 20€; Júlia Ferreira 8€; Joaquim Oliveira 43€; Henriette Renée 13€; Anónimo X 20€; Piedade Cristina e amigas 145€; Gracinda Santos 15€; Sandra Ferreira 13€. Total geral = 11.709,65€. Aprender em Segurança Adelaide Franco 15€; Anónimo 30€. Crianças Saudáveis – Angola Adelaide Franco 15€; Lucrécia Praça 20€. Moçambique precisa de nós! Fernanda Paninho 50€; Adelaide Franco 15€; Lucrécia Praça 20€; Fátima Sousa 10€; Lúcia Antunes 5€. Crianças de Moçambique Adelaide Franco 15€. Leprosos Adelaide Franco 15€; Lucrécia Praça 20€. Crianças Irã – Guiné-Bissau Adelaide Franco 15€. Crianças da Etiópia Adelaide Franco 15€. Bolsa de Estudos Madalena Pereira 23€; João Romão 250€; Marta Morais 25€; Lúcia Antunes 57€; Joaquina Trigo 250€; Ana Vicente 5€; Lucrécia Marques 250€; Manuel Santos 250€;Conceição Portela 150€ ; António Costa 250€; Deolinda Gonçalves 250€.

CONTACTOS Pode enviar a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA: IBAN: PT50.0033.0000.45519115214.05 SWIFT/BIC: BCOMPTPL ou para uma das seguintes moradas: Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 - 2496-908 Fátima | T: 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua D.ª Maria Faria, 138 Apartado 2009 - 4429-909 Águas Santas Maia | T: 229 732 047 | aguasantas@consolata.pt Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 - 1800-048 Lisboa | T: 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Quinta do Castelo - 2735-206 Cacém | T: 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua da Marginal, 138 - 4700-713 Palmeira Braga | T: 253 691 307 | braga@consolata.pt Rua Padre João Antunes de Carvalho, 1 - 3090-431 Alqueidão | T: 233 942 210 | alqueidao@consolata.pt Rua Estrada do Zambujal, 66 - 3º Dto - Bairro Zambujal - 2610-192 Amadora | T: 214 710 029 | zambujal@consolata.pt Alameda São Marcos, 19 – 7º A e B | 2735-010 Agualva-Cacém | T: 214 265 414 | saomarcos@consolata.pt

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vida com vida

Irmão Tiago Gaidano

‘Dama de companhia’ Texto | AVENTINO OLIVEIRA Ilustração | DAVID OLIVEIRA

Um dia, o irmão Tiago Gaidano escreveu do Quénia, onde era missionário, ao fundador do Instituto Missionário da Consolata (IMC), o beato José Allamano, uma carta em que lhe dizia: “No dia 28 de março de 1916 fiquei sozinho aqui na Missão de Gaturi. Os outros meus colegas missionários tinham ido ao batizado do chefe Karoli. Disse eu que tinha ficado sozinho, mas disse uma verdadeira asneira, porque na igreja estava o Santíssimo Sacramento, e por isso, qual sozinho qual carapuça! Fiquei com o Rei dos reis a fazer-lhe de dama de companhia! E pelo dia fora, lá andava eu a fazer uns

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Fátima Missionária

trabalhitos de carpintaria aqui e acolá, e sentia cá por dentro umas palpitações no coração quando estava mais perto da igreja, porque estava ali mesmo à beira dele, e lá se me ia o pensamento só para ele; e mandava-lhe uns arrebates de adoração e de amores meus: e isto eu fazia também em nome dos meus confrades que tinham ido a Tuso”. O irmão Tiago foi o primeiro irmão leigo missionário da Consolata a deixar o campo do apostolado aqui na terra para o campo de glória no Céu. Nascera em 24 de março de 1889, perto de Turim, Itália. Nunca pôde ajudar muito a família nos trabalhos do campo pois tinha o problema de ser corcunda. E um dia pediu ao Allamano para o aceitar no Instituto. Pela corcunda, a resposta devia ser “não”. Mas algo de muito espiritual transpirava na sua face vindo lá do fundo do coração – e o fundador aceitou-o. “Não vai ser um grande trabalhador – disse Allamano – mas vai ser um bom exemplo para os outros”. Palavra de verdade. Logo se viu a beleza interior do Tiago, que se tornou um exemplo de vida comunitária pela sua serenidade e o seu sorriso, e uma devoção angélica ao Santíssimo Sacramento. Dele dizia um outro irmão: “O Tiago, mago dos sorrisos, é o iluminador das conversas, e sabe compor as coisas quando a controvérsia resfria a caridade; e na sua doçura cativante esvai-se todo o azedume”. Em 1912 partiu para as missões do Quénia, onde lhe foi entregue a chefia dos trabalhos na granja do café da missão. Também ali a sua doçura e a sua dignidade venciam tudo, e todos os trabalhadores da granja o respeitavam e amavam. Em 1918 rebentou a gripe espanhola e o Tiago foi uma das primeiras vítimas. Em pouco tempo, chegou a hora do adeus. E enquanto a comunidade rezava junto dele no seu quarto, ele lá foi contemplar Aquele que tanto amara na Eucaristia aqui na terra.


O QUE SE ESCREVE

Os primeiros cristãos Como encontrar Deus As histórias, os monumentos, …e porque nem é preciso procurá-l’O as figuras

O livro contém artigos sobre o início da civilização cristã, publicados no jornal L’Osservatore Romano entre 2007 e 2012. Está dividido em três capítulos (histórias, monumentos e figuras). Fabrizio Bisconti usa documentação iconográfica e fotografias para dar a conhecer as primeiras formas evolutivas da “Societas Christiana” nas suas manifestações escritas arquitetónicas e iconográficas, apresentando assim protagonistas do Antigo e do Novo Testamento, os padres da Igreja, da primeira hierarquia eclesiástica, os monumentos e lugares do culto.

Silêncio O mestre dos mestres

Autor: Fabrizio Bisconti Páginas: 400 | Preço: 24.90€ Paulus Editora

Deus revela-Se constantemente, e o ambiente mais propício para encontrá-l’O é no quotidiano. O autor dá exemplos de personagens bíblicas e as suas experiências com Deus no quotidiano. Foi Deus que desceu do Céu e alcançou o ser humano. O livro convida-nos a percorrer um caminho para encontrar Deus novamente no meio das nossas vidas e no meio do nosso dia-a-dia. “Se Deus está no meio da vida, no quotidiano e entre as pessoas, então é exatamente aí que a Igreja precisa de estar. A Igreja precisa de caminhar na direção das pessoas e estar com elas”, escreve o autor. Autor: Zacharias Heyes Páginas: 128 Preço: 10.50€ | Paulus Editora

“O silêncio é indispensável a todos os homens, para o próprio equilíbrio da pessoa humana, habitada pela presença de Deus, a quem a reverência e o silêncio sagrado são adequados. Mas no mundo em que vivemos, o silêncio foi enviado para o exílio. Podemos ainda encontrá-lo nos mosteiros, nos lugares de vida contemplativa, em que se dá o primado a Deus, pela escuta da sua Palavra e pela sua adoração. Portanto, é urgente procurá-lo e colocá-lo de volta no centro das nossas vidas”. Frei Emiliano Antenucci refere o silêncio como a presença do eterno sempre presente. Apresentando vários textos de autores espirituais antigos e contemporâneos, o autor oferece um livro que pode servir qualquer cristão que queira aprofundar a sua relação com Deus e reforçar a relação de amor com Cristo e com os irmãos.

Todos os seres humanos são pessoas espirituais, e as crianças não estão excluídas. O livro apresenta a realidade e a natureza da espiritualidade das crianças, descrevendo as diversas formas como podem ser entendidas. É destinado aos que exercem influência em situações que envolvem crianças. Além de instruir e preparar a espiritualidade das crianças, e a forma de os adultos trabalharem com elas essa realidade, também enriquece a nossa própria espiritualidade e o nosso relacionamento com Deus.

Uma obra para aprofundar o nosso conhecimento sobre a Igreja. A comunhão da Igreja manifesta-se entre nós, e concretiza-se na história, na Igreja localizada, que se faz presente nos diversos âmbitos sociais. O autor, padre Ricardo Figueiredo, usa as reflexões do magistério da Igreja, nomeadamente da Constituição Dogmática Lumen Gentium e dos três últimos Papas, São João Paulo II, Bento XVI e Francisco. O livro tem como objetivo “fazer da Igreja uma rede de relações fraternas”.

Autor: Emiliano Antenucci Páginas: 88 | Preço: 6.90€ Paulus Editora

Autor: Rebecca Nye Página: 156 | Preço: 12.00€ Paulus Editora

Autor: Padre Ricardo Figueiredo Páginas: 192 | Preço: 8.50€ Paulus Editora

A espiritualidade das crianças O que é e para que serve

A Igreja é comunhão

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MEGAFONE

por albino brás

“O missionário é aquele ou aquela que é capaz de dar testemunho da própria vida, de escutar em silêncio, sem demasiadas palavras, para partilhar a alegria, a dor, os sonhos das pessoas” Luis Antonio Tagle cardeal, Neoprefeito da Propaganda Fidei

“A felicidade não é um privilégio, é um direito” Tiziano Ferro cantor, compositor, produtor e romancista

“No ecoponto separamos vidro, plástico, papel e cartão. Nós não temos um ecoponto da vida, embora a sociedade queira impor isso. A nossa escolha é o amor, mesmo diante da dor” Jacob da Silva frade franciscano

“Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade” Papa Francisco

“Em vez de uma economia que controla a política, temos de ter uma política que controle a economia” Soromenho Marques professor universitário 34

Fátima Missionária

“Creio que o único antídoto que existe para a dor, o sofrimento, a morte, a doença, o drama, é o amor. É o único! O amor ao outro, ao companheiro, aos filhos, aos amigos, ao trabalho, aos valores e aos ideais, às recordações” Marian Rojas Estapé psiquiatra

“As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos” Fernando Pessoa (1888-1935), poeta


”ATREVE-TE A SEGUIR JESUS!” RETIROS MISSIONÁRIOS EM FÁTIMA RETIRO DA QUARESMA

“Vem e segue-me!” 7 e 8 de março de 2020 | Padre Álvaro Pacheco

RETIRO COM MARIA

“Eis aqui a serva do Senhor!” 25 e 26 de abril de 2020 | Padre Norberto Louro

RETIRO COM O BEATO JOSÉ ALLAMANO “O Senhor chama-me hoje, não sei se me chamará amanhã” 30 e 31 de maio de 2020 | Padre Aventino Oliveira

FÉRIAS COM DEUS

“Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!” 3, 4 e 5 de julho de 2020 | Padre Antony Malila

SÓ INSCRIÇÃO 15,00€ DOIS DIAS

60,00€ quarto duplo (inscrição, alojamento, refeições e materiais) 75,00€ quarto individual (inscrição, alojamento, refeições e materiais) HORÁRIO 10H00 DE SÁBADO ATÉ ALMOÇO DE DOMINGO

TRÊS DIAS

85,00€ quarto duplo (inscrição, alojamento, refeições e materiais) 115,00€ quarto individual (inscrição, alojamento, refeições e materiais) HORÁRIO 15H00 DE SEXTA FEIRA ATÉ ALMOÇO DE DOMINGO MÍNIMO DE 10 PARTICIPANTES POR CADA RETIRO

INSCRIÇÕES Cristina Henriques 249 539 460 | 913 822 301 email: assinaturas@fatimamissionaria.pt

FÁTIMA MISSIONÁRIA Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 2496-908 FÁTIMA


A primavera anuncia-se A primavera anuncia-se Com a primeira flor; O dia, com o primeiro clarão; A noite, com a primeira estrela; A torrente, com a primeira gota d´água; O fogo, com a primeira centelha; O amor com o primeiro gesto de bondade para com o irmão. Primo Mazzolari

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Fátima Missionária


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