Nesse sentido, como artista, criativo e construtor, Zévi tem particular interesse em salvaguardar uma série de factores tendo em conta a possibilidade de produzir “obra” de forma passiva, mas também crítica e activa. “Foi nesse sentido que, em 1991, dei início à série de esculturas intitulada ‘Colecção LuziTempo’, que ainda hoje continua em produção”. O reaproveitamento de objectos e materiais para a criação de novos elementos, é uma constante que o artista tem desenvolvido como escultor, onde a construção e a tridimensionalidade são uma constante. O “nosso Tempo” e “o Tempo das coisas” que criamos, consumimos e utilizamos é o tema base da série de trabalhos desta colecção, cujo resultado se traduz em peças escultóricas de iluminária e marcadoras do “Tempo”, onde as texturas, brilhos e sombras se desenham num universo muito próprio, onde “se os objectos falassem”, muitas histórias ou memórias seriam contadas. Neste contesto, a escultura tem um papel particularmente interventivo, interagindo com quem as observa ou contempla. A escultura ilumina o espaço circundante, a escultura marca o “tempo que passa”, tempo esse, que para estes objectos teria um fim assinalado, uma vez que o seu período de vida ou utilização terminariam com o comum processo de reciclagem industrial. “Entretanto outros projectos e outras séries temáticas têm surgido no meu percurso artístico, incluindo trabalhos isolados, encomendas para coleccionadores, publicidade e outras situações, contemplando de modo geral a prática de reaproveitamento de objectos diversos”, refere Zévi. Esta prática, designada também como conceito Upcycling, explora de modo variado a transformação ou reformulação de materiais e objectos, promovendo novas formas de leitura através de elementos já consumidos, passando para um novo estatuto, um novo interesse. Por outro lado, esta componente “promove inúmeras possibilidades criativas passivas ao meio ambiente, ou seja, na sua produção os danos ambientais são muito reduzidos ou quase nulos”, sublinha o artista.