Anuário Relógios & Canetas - 2019 (versão digital da revista em papel)

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JORGE PINHEIRO RELÓGIOS PERSONALIZADOS ENTREVISTA

JORGE PINHEIRO É “PILÃO”. DOS TEMPOS LIGADOS À VENDA DE ARTESANATO, FICARAM-LHE AS LIGAÇÕES À RÚSSIA E À SUA INDÚSTRIA RELOJOEIRA. DOS TEMPOS DE ALUNO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO, FICARAM-LHE LIGAÇÕES AO MUNDO DAS FORÇAS ARMADAS. AS MARCAS DA SRI TÊM FEITO EDIÇÕES ESPECIAIS PARA OS VÁRIOS RAMOS, COM INICIATIVAS QUE VÃO SURPREENDENDO A CONCORRÊNCIA. POR FERNANDO CORREIA DE OLIVEIRA FOTOGRAFIA RAMON DE MELO

DE JUNKERS A FORTIS, passando por Sturmanski, Vostok Europe, Zeppelin, Rosenthal, Iron Annie ou Aviator. Tudo marcas de nicho, a maior parte delas com modelos mecânicos com uma relação qualidade / preço interessante. Este é o mundo da Sociedade de Relojoaria Independente (SRI), do seu fundador, Jorge Pinheiro, e da família. Nos últimos anos, a SRI criou modelos especiais para a Esquadrilha de Helicópteros da Marinha; o relógio comemorativo dos 20 anos dos aviões F-16 em Portugal; um modelo especial para os Fuzileiros; o cronógrafo automático para os pilotos da Esquadra 101 "Roncos"; o relógio de alta resistência que os Mergulhadores da Armada utilizam no pulso; e o relógio que assinala os 75 anos da Base Aérea n.º 2, na Ota — entre muitos outros. Além disso, registo para os relógios de antepara que a SRI criou propositadamente e ofereceu à Marinha para os submarinos Tridente e Arpão. Mas o meio militar não esgota a iniciativa desta empresa familiar. A SRI tem vindo a desenvolver, ao longo dos anos, edições especiais para o Museu do Relógio. Entre os projetos mais originais encontra-se o modelo "Inverso" (cujos ponteiros se movimentam no sentido contrário ao habitual sobre uma escala horária igualmente invertida. A SRI é capaz de criar pequenas e grandes séries com projetos de raiz ou através da personalização de modelos já existentes entre as marcas com que trabalha. Esta agilidade tem-lhe permitido resistir à concorrência dos grandes grupos. Uma conversa com Jorge Pinheiro, sobre a empresa que fundou em 2003. 22

Compare o setor entre quando começou a trabalhar nele e hoje em dia. Quando comecei, a indústria relojoeira, especialmente a mecânica, estava a renascer, cheia de glamour, devido ao aparecimento de novos relojoeiros, como Franck Muller, Martin Braun, Pierre Kunz, Parmigiani, entre outros. A imprensa dedicada ao setor também estava em alta, em Portugal tínhamos duas revistas, a Relógios e Jóias e a Internacional Horas, além de alguns suplementos que saíam regularmente em jornais como o Público e o Expresso. A história riquíssima da indústria, era amplamente comunicada, assim como artigos técnicos, alguns assinados por Américo Henriques, professor da Casa Pia. O Anuário dos Relógios, o título com maior destaque no setor, encontrava-se nas principais bancas e era lido avidamente pelos apaixonados pela arte relojoeira. Em Serpa, António Tavares de Almeida decidiu expor a sua vasta coleção, abrindo o Museu do Relógio, mais tarde ampliado com um polo em Évora. Todas as lojas tinham e disputavam a aquisição de mais marcas de relojoaria mecânica, a qual ocupava uma boa parte das montras. Os ventos corriam de feição. Hoje, a indústria relojoeira encontra-se dividida e sem uma estratégia de setor definida. Não estava preparada para o aparecimento de novas tecnologias e novas formas de comunicação e comercialização. Vai recuperar e saber qual o caminho a seguir, mas até lá vamos assistir a alguma dispersão.

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