O inferno do moleque burro

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Vulnerável

Pego no F as tonteantes substâncias

E numa expressão de blefe, são constantes as ganâncias.

Tudo por minutos vivos.

De 5, chutada

O pé torto me fornece

- Amanhã eu te pago.

- Se não pagar eu te pego, você me conhece.

Eu tinha um real

3 cigarros na Dona Jura.

Vi uns carros à procura de algum marginal.

Me escondo nos passos discretos como quem volta da igreja.

Um negro não anda 10 metros sem que o mal o veja.

O vício me torna vulnerável transforma a forma que enxergo tudo Degusto da fraqueza, do instável, do medo.

Eu quero, mas não me ajudo

Para sobreviver ao homizio da alma

Na lateral de casa, tem um corredor que é só cinza concreto Vou plantar uma flor Uma em cada metro.

É preciso amigos e coragem e um beijo de uma mulher o carinho de uma mulher é preciso sobreviver à solidão.

Na frente de casa, nada chama a atenção ninguém me visita Comprarei tinta.

"Eu te amo" em tom de pichação.

É preciso família para vencer a guerrilha pois sozinho eu levo tiro e não levanto lavo o sal do pranto é preciso um retiro.

No fundo de casa

só tem bagunça

aqui dentro tem louça mas, aqui dentro mesmo não tem raça, nem moça nem reza. Só lixo.

É preciso plantar uma flor.

SUJO

Se não arrumas o quarto, jamais verás o teu coração de bem com a mente. Organize os livros e leia com atenção o que não está escrito.

Não permita que ratos adorem o queijo que há em teus sapatos. Lave os sapatos. Eu sou você que me tratou como a pessoa mais importante do mundo.

Não dê ouvidos aos cotonetes usados. Lavar as nádegas com a água que lavaste os testículos é como enxugar-se na poeira. Enquanto não arrumares teu quarto, os pés limpos que tanto sonha em beijar só pisarão em tua mente poluída.

Bagona

É de queimar a garganta

Assim nem a Gal canta.

É de queimar o dedo. Segurar é o segredo.

É de queimar o pulmão

Eu fiz mal pro irmão.

É de queimar marujo É de quem o mar sujo?

É de cremar sentidos

É de salvar caídos.

É de enganar quem previu

É de curar o febril.

Hediondos vícios dados Edifícios ondulados.

As Pipas Conhecem a Verdade

Temido e requisitado pelos pobres

Amado e odiado pelos ricos

Um ancião que escondia as riquezas nos chinelos gastos

Eu me apaixonei por Deus

Quem nunca quis ser criança para toda a vida?

Depender é bom

Tão bom quanto defender

Deus defendia aquele que dele dependia

O que me contaram

O Homem que custeou guerras

Argumentou com os errantes

Desapontou os derrotados

Organizou as estações

Pelo pequeno homem foi criado nas breves citações.

E eu, ímpio sem pico

Morro na ratoeira

ou me domestico no Olimpo?

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