mundos paralelos
Uma das coisas que sempre me inquietou na fotografia é o fato de que, após a consolidação de uma foto, ‘essa realidade’, não tinha mais como ser mudada. Bem, mas essa história já é antiga e vem sendo enormemente mudada ao longo do tempo desde o início do desenvolvimento do photoshop e agora muito mais, nos últimos anos, com os avanços imparáveis da inteligência artificial.
A fotografia me fascina por quase incontáveis razões e a possiblidade de produzir dípticos com minhas fotografias é um caso muito especial e é uma frente de minha produção fotográfica que sempre ganhou lugar de destaque. Isto porque a criação de dípticos permite, por assim dizer, expandir os limites da fotografia.
Os dípticos desde o início de sua longa história têm, como objetivo central, pode-se dizer, contar histórias. Os meus, do projeto que culminou neste fotozine, não são distintos por esta caraterística. Mas, os são por outros motivos.
Sempre tive a sensação que duas imagens justapostas, quer vertical ou horizontalmente, como num díptico, revelava uma nova camada ou uma nova realidade que complementava ou que contrastava as duas imagens comparadas. A montagem de dípticos tem, portanto, grande significado para mim na fotografia pois permite que sejam construídas novas realidades, como num jogo de ilusões, de fantasias.
É como se, de repente, o significado do tempo e do espaço fossem alterados. Ou como se os limites físicos e imaginários da fotografia fossem expandidos. Como se os diversos elementos da fotografia sofressem um processo de ressignificação, expandindo assim os limites (ou os alcances) das fotografias originais que se comparam no díptico.
Em meus dípticos ressignifico minha fotografia e, tenho a nítida sensação, que também ressignifico a mim mesmo; meus sonhos; meus acertos e desacertos; a minha vida.
Especificamente neste projeto busco, no sentido mais amplo, integrar a percepção estética, a reflexão filosófica e a sensibilidade ecológica, mostrando que a relação do homem com a natureza não é meramente utilitária, mas também espiritual e existencial. As imagens apresentadas não são meros cenários estáticos, mas sim expressões visuais de uma realidade interligada, em que a contemplação estética e a consciência ambiental se fundem, convidando-nos a repensar nosso papel no mundo. As imagens geradas na forma de dípticos consideram não apenas os elementos visíveis, mas também as complexas interações entre o ambiente, a sociedade e a subjetividade humana. Essa abordagem pode revelar como estamos conectados com o mundo natural e como nossas ações impactam o equilíbrio ecológico e social.
“Excelente reflexão e busca de uma percepção, da qual o mundo perigosamente se afasta. Talvez a busca por uma necessária utopia. Um objetivo utópico tem se mostrado muito necessário. Não ouso dizer que nunca foi tão necessário. Mas é muito necessário”
(Pedro S. Fadini - Indaiatuba, SP)












Rua Direita, Tiradentes, MG (março de 2017)
Agradeço as ‘leituras’ inspiradas feitas por vários(as) amigos(as) nas mídias sociais a vários desses dípticos publicados.
Em especial agradeço ao amigo e mentor Roberto Cecato (Studio Imaginar, São Paulo (SP) por grandes ‘insights’ dados na apresentação desse projeto em uma das reuinões semanais do FotoWeb Academy (fotoclube) e ao Prof. Guilherme Ghisoni, meu professor de filosofia da fotografia, fundador e pesquisador do Laboratório de Pesquisa de Filosofia da Fotografia da Universidade Federal de Goiás pelos ensinamentos e muitos incentivos a este projeto.
@2025 antonio mozeto impresso em maio/2025 pela Editora Scienza/São Carlos, SP fonte: Bahnschrift/papéis: alta alvura 120g/m2 (miolo); fotográfico 230g/m2 (capa)
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