Boletim informativo o alforge dez 2016

O mais importante nesta época de Natal, é o espírito da alegria, da amizade e da bondade, que brilha todo o ano.

A consideração e a generosidade; a esperança renascida para a paz, para o entendimento e para a benevolência dos homens.

Natal quer dizer espírito de amor... um tempo quando o amor de Deus e o amor dos seres humanos deveriam prevalecer acima de todo o ódio e amargura... um tempo em que os nossos pensamentos, ações e o espírito das nossas vidas manifestam a presença de Deus.

A Equipa de O Alforge deseja a todos um Santo e Feliz Natal.

E que o ano de 2017 seja repleto de sucessos e conquistas.

Editorial 02 | O Alforge | dezembro 2016

Ousar sonhar mais alto!

Mais um ano está a terminar! Chegamos a dezembro, um mês de celebração por excelência: primeiro a Imaculada Conceição, depois o Nascimento do Salvador, no intermédio a Sagrada Família de Nazaré e por fim, a passagem de ano, com o seu consequente Dia Mundial da Paz! Neste ano que termina, mantemos o mesmo foco e procuramos fazer de O Alforge um espaço de encontro, uma tribuna de leitura e um recanto onde

podemos e devemos desenvolver a nossa fé.

Ousar sonhar é uma missão que todos devem agarrar. Ousar sonhar mais alto, porque vamos caminhando subindo em direção ao extremo da nossa vida, que é o Céu. E neste percurso podemos e devemos buscar novas sendas, abrir portas, construir emoções, e metermo–nos a caminho, na construção de alternativas para um mundo melhor e mais fraterno, à nossa dimensão.

O Alforge procurou durante este ano, ser um projeto onde se cruzaram vidas, onde se colocaram em diálogo várias opiniões, divulgaram culturas, onde se deu espaço à formação e informação, à cultura e à cidadania. Procuramos que a vida fosse mais útil, com mais sentido e especialmente passasse mais devagar, por forma a saboreamos os pedaços que nos são dados a viver!

Neste Alforge reforçamos a mensagem de que a Boa Notícia vem ao nosso encontro, que precisa que se instale no nosso quotidiano e nas nossas rotinas: a Alegria do Nascimento de Jesus!

E aí estamos nós no Natal. Época por excelência de amor e paz. Época onde o percurso da nossa vida parece prolongar-se no horizonte. É um percurso de vida que se traduz num caminho único, vivido na primeira pessoa, ao som de palavras e imagens; um pensar o mundo de forma peculiar e que salta para as linhas deste Alforge, com a ideia de transformar a realidade numa coisa mais interessante, com mais sensações, sentimentos e afetos.

Nesta quadra dirijamos um olhar a Maria, que está

inteiramente ao nosso lado.

E a Jesus, Aquele que é fonte de Vida e que inunda de alegria a maternidade de Maria. O Segredo de Maria – que também deve ser o nosso, está em deixar-se habitar por Aquele que é a própria Vida. A alegria da nossa vida nasce desta intimidade, que não só é profunda, mas também existencial.

O horizonte delimita o mundo tangível, aquilo que podemos alcançar, mas à medida que caminhamos ao seu encontro, para vermos o que está por detrás e que desperta a nossa curiosidade, ele transformase, mantendo os sonhos vivos, essa esperança de fazermos mais e melhor.

Por outro lado, atingir os nossos sonhos e desejos não depende só de nós! No contacto com os outros e com o mundo, quase sempre os nossos horizontes crescem e quando temos a sorte de caminhar ao lado de pessoas que sentem como nós, engrandecem-nos e valorizam a partilha. Por tudo isto, agradecemos a todos quantos de uma forma direta ou indireta fizeram parte e engrandeceram O Alforge durante 2016. Um Santo e Feliz Natal. E um ano de 2017 pleno de realizações.

Ficha Técnica Propriedade e Administração: Arciprestado de Seia / Zona Oeste Equipa Responsável: António Carlos (Pe.), João Barroso (Pe.), Nuno Maria (Pe.), Paulo Caetano (Dr.), Rafael Neves (Pe.) Colaboradores nesta Edição: Alcides Henriques (Dr.), Alexandre Coutinho Palma (Pe.), Anselmo da Silva Borges (Pe.), António de Deus (Eng.), Bento Domingues (Frei), Joaquim Cardoso Pinheiro (Pe.), José Carlos Lucas (Frei), Luis da Silva Pereira, Maria Carolina Ferreira (Aluna do 10º A), Mário Bizarro da Nave (Pe.), Paula Teixeira (Eng.), Paulo Caetano (Dr.), Sara Sousa (Aluna do 10º A), Vitor Arantes (Frei), Vitor Gonçalves (Pe.).

Morada para Correspondência: Rua de Baixo, n. 2, 6270-213 Santiago Contatos: contacto@oalforge.pt | www.oalforge.pt | 238 085 048

Natal, Caminho para Deus 03 | O Alforge | dezembro 2016

Natal, um tempo para pensar Todo o tempo é já de Deus, porque Deus é o criador de tudo quanto existe. E afirmar que não precisamos da hipótese de Deus para explicar a existência dos seres, é hoje uma posição intelectual quase ingénua. No entanto, apesar de o tempo ser já de Deus, aprovou-Lhe ainda introduzir o tempo no âmbito da eternidade que Lhe é própria. Segundo uma tradição do norte de África, este é o sentido cósmico da Encarnação, que o calendário litúrgico situa a 25 de março, o dia da criação do mundo, pois a luz torna-se maior do que a escuridão. E assim, é esta a razão mais plausível da fixação do Nascimento de Jesus a 25 de dezembro e não como contraposição ao mito de Mitra ou como reação cristã ao culto do sol invicto, promovido pelos

imperadores romanos no séc. III. Em virtude desta dimensão cósmica da Encarnação, a celebração do Natal transborda do religioso, o afã humano de saída da imanência. Eis talvez uma explicação para o facto de o Natal ser celebrado por crentes e não crentes e, por vezes, por pessoas de culturas supostamente alheias à tradição cristã. E não por mero efeito de contágio, mas por uma inadvertida astúcia da razão. Na verdade, as culturas sempre comunicaram entre si, com um maior ou menor grau de intensidade. A ideia de culturas herméticas é uma posição teórica pouco sustentável. No pano de fundo das culturas, é possível encontrar materiais comuns, ocultos ao olhar comum, porque revestidos de elementos adicionais. Um

pouco à semelhança das imagens artísticas, onde o acesso à pintura original exige do especialista um trabalho minucioso de remoção dos elementos espúrios.

Sobre Natal existe um trabalho imenso de remoção por realizar, que terá de ombrear com muita informação tóxica, veiculada por gente de retórica persuasiva com visto fácil nos media, e com as poderosas forças do mercado anestesiadoras do pensamento. As pessoas dotadas de maior sentido crítico são hoje razoavelmente sabedoras de que os media têm comando remoto, cuja senha é detida pelos complexos mecanismos do mercado; e sabem também que o marketing, enfeudado ao mercado, é portador de poderosas mensagens subliminares. Naturalmente

que os jovens são o alvo preferido destas forças que operam na sociedade, pois são mais sentimentais do que cerebrais. Incumbe aos adultos ensiná-los a pensar, para não ficarem mentalmente anulados na engrenagem da produção e do consumo. Um sinal preclaro disto é a incapacidade de perceberem o caráter supérfluo de muitas coisas de uso corrente. O Natal consiste na celebração do Nascimento de Jesus, o Filho de Deus. Para muitos, dizer isto tem hoje em dia um caráter de novidade e nada tem, portanto, de supérfluo.

Pe. Joaquim Cardoso Pinheiro Pároco de Seia

A Virgem Maria no Advento Tempo de expectativa da vinda do Senhor, tanto na própria celebração do Natal, como na sua última vinda no fim dos tempos, o Advento encarna todos os desejos da humanidade, sempre à procura de onde lhe virá a salvação. Assim tem acontecido em todos os tempos e lugares. Mas, o tempo é lento no seu fluir, e nem todos os momentos encarnam o mesmo significado.

O povo descendente de Abraão por Isaac, o povo judeu é apresentado na sagrada escritura como povo especialmente chamado por Deus e por ele educado,

para em si trazer uma grande promessa e alimentar a esperança que lhe devia corresponder. Foi acidentada, através dos tempos, a transmissão dessa promessa e o crescimento daquela esperança.

Houve momentos em que se chegou a falar de um "Rosto de Israel" um pequeno grupo que sabia esperar. E quantas lutas não tiveram de travar os que se quiseram manter fiéis à fé de Abraão, às promessas de Deus, à esperança de seus pais. Mas a semente é sempre pequena, mesmo a que se destina a dar grandes árvores.

O Messias prometido como Salvador do povo, em que as promessas de Deus se iriam realizar, é também comparado a um "Gérmen", a um " rebento", saído da linhagem, ou da casa de David, pastor, rei e profeta, figuras do futuro Messias.

Uma Virgem de Israel entroncada na casa de David, a Virgem Maria, é fina flor dessa Raiz de Jessé (o pai de David), a frescura mais Viçosa daquele rosto que sempre esperou, mulher forte que não sucumbiu aos ataques da idolatria e do paganismo que tantas vezes assaltou o povo e finalmente Aquela que sobre o espírito

de Deus desceu e d'Ela fez a Mãe de Deus feito homem.

Ela é por isso, o exemplo mais perfeito para quem celebra o Advento.

E celebrando antecipadamente n'Ela o fruto da redenção, que seu Filho nos alcançou e que a Ela salvou desde que foi concebida, mais esperançadamente avançamos no Advento, aguardando a santa vinda do Senhor, Seu Filho e Salvador.

J.F.

Natal, Caminho para Deus 04 | O Alforge | dezembro 2016

O que fica do que passa...

“O que fica do que passa” é uma expressão de que gosto muito e, afinal, não tão extraordinária como pensava. Bastou uma rápida pesquisa no Google para descobri-la em muitos textos, título de crónicas e várias reflexões, e até de um espetáculo.

Padre Vítor Manuel Fernandes Gonçalves, nasceu a 18 de Novembro de 1965. Foi ordenado em 7 de julho de 1991. É Pároco de Santa Justa e Rufina, em São Domingos, Lisboa.

Pronto lá se perdeu o efeito “surpresa”, mas continuo a gostar dela!

Como a peneira do pesquisador de ouro que o ajuda a retirar pequenas pepitas da corrente arenosa de algum rio, assim é o ato de pensar sobre o importante e o essencial, por entre a corrida da vida.

Como num velho conto sobre dois amigos, em que um escrevia na areia as ofensas, mas gravava em pedra os gestos de verdadeira amizade do outro!

Devia ser admirável a beleza do Templo de Jerusalém ao tempo de Jesus. Só faltavam lá os turistas a fotografar cada pormenor e a tirar “selfies”

para pôr no “Facebook”!

Jesus lançou um balde de água fria sobre os piedosos comentários, relativizando a beleza e aparente solidez daquelas pedras com uma frase: “tudo será destruído”!

Não foi profeta da desgraça, mas advertia para o essencial: tudo passa, tudo se transforma, só Deus permanece, e a vida com Ele que se chama amor.

Assim, as perseguições serão ocasião de dar testemunho, as perdas ocasião para valorizar o essencial, os “anéis” que se vão, como diz o provérbio, oportunidade para redescobrir os dedos. Não se trata de consolo barato nem elogio do sofrimento, pois a grande promessa de Jesus é a sua presença nas palavras e na sabedoria, para enfrentar juízes e perseguidores, e até faz uma promessa bem estranha: “nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá”!

A virtude da perseverança evoca a permanência no essencial, a coragem de escolher o que é mais importante, e dar a vida por isso.

Todo o fim pressupõe uma espera. De alegria antecipada, de medo, de compromisso ou de demissão, muitas podem ser as atitudes de quem espera.

S. Paulo aos Tessalonicenses indica que a espera do Senhor se faz trabalhando. É trabalho pelo alimento e pela construção do mundo, levando ao máximo as capacidades e dons de todos. Pobres de nós quando nos limitamos ou limitamos outros nas

extraordinárias possibilidades de fazer mais e melhor. Como fazemos de cada dia uma pequena pérola ou pedra preciosa por onde passa o fio invisível do amor? É preciso não temer o fim nem nos demitirmos da esperança, mas aprender a relativizar tudo aquilo que é para passar.

No meio do turbilhão de conflitos e guerras, de injustiças e perseguições, a pequena luz do amor de Deus não deixará de brilhar.

“Pequenina luz” como diz Jorge de Sena num belíssimo poema: “[...] Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.

Tudo é terror, vaidade, orgulho teimosia: brilha.

Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.

Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.

Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não: brilha.

Uma pequenina luz bruxuleante e muda como a exatidão como a firmeza como a justiça.

Apenas como elas.

Mas brilha.

Não na distância.

Aqui no meio de nós.

Brilha.”

A luz que é Deus connosco, o que fica do que passa!

Pe. Vítor Gonçalves

Natal, Caminho para Deus 05 | O Alforge | dezembro 2016

Família, lugar de Festa Aproxima-se o tempo do Natal, singular festa de família, a festa de todas as famílias. No mundo ocidental, e até noutros continentes, é rara a família que não se deixa cativar pela sedução do Natal. Crentes ou não crentes, poucos ficam indiferentes à sua magia, expressa na bem conhecida frase: “Oxalá todos os dias fossem Natal.”

Não será, então, descabido, tecer algumas considerações sobre a dimensão festiva na família.

1. Festa, necessidade para o ser humano. Existe, efetivamente, a utopia da festa, tão importante para a saúde espiritual dos indivíduos e para a respiração sadia da família.

Ninguém permanece insensível à alegria da festa que revela o valor e o apreço pela vida. Tanto a sociedade civil como a religiosa sentem necessidade de marcar os momentos mais significativos da sua história, através de celebrações de modo intenso a afetividade, a inteligência e a vontade do ser humano, que dela sente necessidade como do pão de que se alimenta e do ar que respira.

2. Festa, necessidade para a família. Não é possível “rir numa sociedade onde ainda falta limpar muitas lágrimas, nem divertir-se num mundo onde morrem, cada dia, milhares de pessoas com fome” (Jurgen Moltman).

Por isso, a família precisa de celebrações festivas, que são um antídoto natural ao pessimismo e à rotina que ameaçam a sua estabilidade.

Ao dar espaço à festa, ela não só impede a monotonia do quotidiano, mas consegue manifestar a

alegria de viver e um estilo de gratuidade, em que o SER prevalece sobre o ter.

Com a festa, a família: - Dá um lugar à esperança.

Havei Cox escreveu que a “festa e a fantasia” constituem elementos essenciais da vida humana, porque acentuam a bondade da vida e o sonho de um futuro diferente. Quer dizer que, cultivar a alegria da festa equivale a manter acesa a esperança de um futuro melhor.

- Reforça a coesão familiar.

Deus ama a alegria do ser humano e criou tudo “para nosso usufruto” (Amoris Laetitia, 149). Aliás, a festa nunca se celebra solidariamente; traduz o que de mais comunicativo possui o amor e a comunhão familiar e abre caminho à experiência daquela “totalidade feliz”, que é uma das aspirações mais profundas de cada ser humano.

- Fortalece a autoestima e a realização pessoal. Quem não recorda, com emoção, momentos festivos que marcaram a sua experiência familiar? Na festa há oportunidade para valorizar aquilo que cada pessoa da família tem de “mais belo e sagrado” (AL, 127), sobretudo o reconhecimento e a aceitação da sua identidade única.

- Revela o que de melhor existe em todos. A família atual, marcada pelo individualismo, também se encontra numa sociedade de “seres anónimos”.

Valorizando a dimensão festiva, ela manifesta o que de melhor e mais positivo existe em cada um dos seus

membros. Talvez por isso, apesar de tão agradecida, a família continua a ser fortaleza indestrutível, onde nos sentimos bem protegidos.

3. Acontecimentos familiares festivos. Pertence a cada família elaborar um calendário de acontecimentos festivos mais marcantes. Mas, há datas e acontecimentos que, pelo seu significado pessoal e familiar, nunca deviam ser esquecidos: os aniversários de nascimento, casamento e batismo, e outros acontecimentos religiosos ou civis significativos para todos. Os mais simples gestos podem contribuir para criar na família um ambiente descontraído e alegre.

Vem a propósito, o número 226 da “Amoris Laetitia”: “É bom dar-se sempre um beijo pela manhã, benzer-se todas as noites, esperar pelo outro e recebê-lo à chegada, ter algumas saídas juntos, compartilhar as tarefas domésticas. Mas, ao mesmo tempo, é bom vencer a rotina com a festa, não perder a capacidade de celebrar em família, alegrar -se e festejar as experiências belas. É preciso compartilhar a surpresa dos dons de Deus e alimentar juntos o entusiasmo pela vida. Quando se sabe celebrar, esta capacidade renova a energia do amor, liberta-o da monotonia e enche de cor e esperança os hábitos diários.”

4. Atenção às festas litúrgicas. Não se vive juntos para ser cada vez menos feliz, mas sempre para aprender a ser feliz de um modo novo” (AL, 232). por isso nunca se deveriam

subestimar, na família, festas como o Natal, a Páscoa e a Eucaristia dominical, que, sendo a ossatura do ano litúrgico, também suportam a dimensão festiva familiar. a) O Natal contém significado familiar único.

Em relação à Páscoa e à Eucaristia dominical, celebrações essenciais do ritmo litúrgico do Povo de Deus, apenas umas breves observações: b) A Páscoa devia ser cada vez mais cristã, como acontecia com as famílias judias, a celebração inspiradora de toda a dimensão festiva familiar.

Primeiro, pela sua expressão comunitária; segundo, pelo sentido de alegria comunitária, que contagia e entusiasma. A Páscoa, pela afirmação da presença libertadora de Cristo ressuscitado, proporciona à família aquela reserva de otimismo que renova a esperança dum futuro melhor. c) Quanto à Eucaristia de cada domingo, a “pascoa semanal”, é de lamentar que tantas famílias de “crentes” se limitem a frequentá-la ocasionalmente. Assim, o clima festivo que se respira na refeição dominical, em que a família se junta, deveria ser preparado ou completado com igual participação festiva no banquete do Ressuscitado.

Sem a participação semanal na Eucaristia do domingo, as festas familiares ficam privadas daquela transcendência indispensável para as iluminar e lhes oferecer plenitude.

Frei Vítor Arantes

Natal, Caminho para Deus 06 | O Alforge | dezembro 2016 Alegrias de Nossa Senhora, Nascimento do Menino O nascimento de Jesus Cristo, juntamente com a paixão e morte na cruz, é o mistério cristão que mais abundante criação artística suscitou, apesar de apenas S. Lucas (2,1-20) narrar com algum pormenor o acontecimento transcendental para a Humanidade. S. Mateus (2,2) também o refere, embora laconicamente: “Tendo nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes”. Imediatamente passa a contar a chegada dos Magos.

Provavelmente, a maioria das pessoas que frequenta a igreja dos Congregados nunca reparou no presépio que lá existe, permanentemente montado, todo o ano. Está na porta do sacrário do altar da Senhora das Dores, o último do lado direito de quem entra. A presença de um presépio em porta de sacrário é, quanto sei, raríssima. É mesmo o único caso que conheço. Quem foi o artista que o moldou, ninguém sabe. Podemos colocar a hipótese de ter sido o próprio André Soares,

o autor do retábulo. Mas não há documentos que o confirmem.

Enquadrado numa moldura oval, as figuras finamente esculpidas em cera, de tamanho muito reduzido, quase miniatural, apresentam as personagens comuns a quase todos os presépios. Dentro de um edifício em ruínas, elemento que começa a parecer em finais do séc. XV, e significará o mundo destruído pelo pecado, o Menino, envolto em panos, deitado sobre palhas, ocupa o lugar central. À sua direita e no lugar mais próximo dele – o lado direito é o lado de maior dignidade – encontrase Nossa Senhora. S. José está logo atrás. Do lado esquerdo, quatro pastores, de diferentes idades, o burro e a vaca. No chão, vê-se uma cesta de ovos. Os artistas, sobretudo na época barroca – lembremos só Machado de Castro – gostam de povoar os presépios de figuras populares trazendo ao Menino toda a espécie de oferendas.

Na zona superior, três anjos esvoaçam entre

A humildade de Maria!

nuvens. Dois deles, já de braços mutilados, desenrolam um a filactera onde se pode ler ainda “Gloria in”, que é o começo do cântico com que anunciaram aos pastores o nascimento de Cristo (Gloria in excelsis Deo). Todos estes elementos são convencionais, combinandose de infinitas maneiras, segundo a inspiração dos artistas e as escolas a que pertencem, desde os tempos mais antigos.

O elemento iconograficamente surpreendente, porém, é aquela massa esbranquiçada que, do meio dos anjos, se despenha das nuvens em direção ao Menino. Como poderemos interpretá-la?

Julgo que representará a chuva, uma chuva abundante, torrencial, caindo sobre a Terra. A que propósito se encontrará ali representada? Se está correta a nossa interpretação, será uma ilustração, será uma ilustração escultórica da antífona própria do Advento “Rorate coeli desuper et nubes pluant jutum”, texto

(Ignotus)

Ensina-nos Maria, como se prepara o Natal: Como se está em silêncio para que Deus fale. Como se abre o coração para que Deus, entre. Como se fala par que Deus ouça.

Ensina-nos, Maria, a receber Jesus em nós: Como desocupamos a nossa casa dos nossos interesses e deixamos que Jesus ocupe o lugar que reservamos para Ele. Como aprendemos a humildade de deixar que Deus tenha o protagonismo. Como rezamos a vida perguntando a Deus "Que queres de mim?"...

Explica-nos, Maria, como se é grande sendo pequeno: Como se faz para sentir tudo com humildade. Como nos sentimos quando ajudamos. Como trabalhamos pela paz, que nos enche, abandonando triunfos pessoais, que nos deixam vazios.

Explica-nos, Maria, Como nasce Jesus no meio de nós, sendo Deus e frágil… É nessa fragilidade que O adoramos! Fazendo dela a nossa força! E então… Sentimos uma paz é uma felicidade profundas.

retirado do profeta Isaías, cap. 45,8, que podemos traduzir assim: “Ó céus, orvalhai lá do alto e que as nuvens chovam o justo”. É uma antífona que, muito poeticamente, implora a vinda do Salvador.

Estaremos, portanto, diante de um presépio especialíssimo que poderíamos classificar de tipo “Rorate Coeli” . É, como já disse, uma iconografia muito original e rara, uma verdadeira preciosidade que a cidade de Braga possuiu e que devia ser muito mais conhecida.

Entretanto, que relação haverá entre o nascimento do Menino e a reserva Eucarística guardada atrás dessa porta? A escultura pretende, em nossa opinião, ensinar-nos o que ali está guardado, no sacrário, é Cristo vivo, encarnado, é o seu corpo e sangue, a sua inteira humanidade, tal como nasceu da Virgem Maria e se deitou, envolta em panos, nas palhas do estábulo. É o espantoso mistério da encarnação.

Luís da Silva Pereira

Natal, Caminho para Deus 07 | O Alforge | dezembro 2016

Natal: a revolução 1- Jesus Cristo é figura "decisiva, determinante" da História da Humanidade.

Quem o disse foi um dos grandes filósofos do século XX, Karl Jaspers. A pergunta é: porquê?

Crentes ou não, cristãos ou não, têm de reconhecer a Wirkungsgeschichte de Jesus, isto é, a história dos efeitos ou das repercussões, assombrosamente humana e positiva, de Jesus na História. Por exemplo, o próprio conceito de "pessoa" veio ao mundo por influência do cristianismo, por causa dos debates à volta da tentativa de compreender a pessoa de Jesus. Foi em solo de base cristã que, embora tenham tido de impor-se contra a Igreja oficial, se deram as grandes Declarações dos Direitos Humanos.

Isso é reconhecido por grandes pensadores, inclusive não crentes. Hegel afirmou que foi pelo cristianismo que se tomou consciência de que todos são livres. Ernst Bloch, marxista heterodoxo e ateu, escreveu que é ao cristianismo que se deve a exigência de que nenhum ser humano pode ser tratado como "gado". Jürgen Habermas, agnóstico, afirma que a democracia, com "um homem um voto", é a transposição para a política da afirmação cristã de que Deus se relaciona pessoalmente com cada homem e mulher. Frederico Lourenço - para citar um português -, que se confessa ex-católico, agnóstico, escreve: "Não tenho nenhum problema em afirmar que, pessoalmente, considero Jesus de Nazaré a

figura mais admirável de toda a história da Humanidade", Jesus foi "o homem mais extraordinário que alguma vez viveu".

2- Evidentemente, a Wirkungsgeschichte, a história dos efeitos de Jesus na História, tem a sua base na história real de Jesus, no que ele disse e fez, na revolução que operou.

Esta revolução é a revolução da sua compreensão de Deus. Realmente, Jesus não veio revelar que há Deus, pois, se hoje a existência de Deus é problemática, não o era na altura. Jesus veio dizer, por palavras e obras, a sua experiência radical de Deus: Deus é amor incondicional, Abbá, Paizinho querido, que ama a todos, a começar por aqueles e aquelas que não são amados, os mais pobres, abandonados, humilhados.

Assim, uma das palavras mais revolucionárias da história das religiões é esta: "O homem não foi feito para o sábado, mas o sábado para o homem", o que significa que mesmo as leis consideradas sagradas só o são se e na medida em que estiverem ao serviço do ser humano, da sua dignidade, liberdade, felicidade. Jesus antepôs a justiça e o amor ao culto: "Ide aprender: Deus quer misericórdia e não sacrifícios."

Por isso, os primeiros a serem verberados foram os profissionais da religião, que exploravam o povo em nome de Deus. E pôs-se ao lado das crianças, que não tinham relevância: "Deixai vir a mim as criancinhas, pois dos que são como elas é o Reino de Deus" - contra

insinuações insidiosas quanto a estas palavras, acrescente-se que Jesus também disse: "Ai de quem escandalizar uma criança.

Mais valia atar-lhe uma mó de moinho ao pescoço e deitá-lo ao mar." As mulheres têm razões para estar de mal com a Igreja institucional, mas devem saber que Jesus constitui um marco histórico na história da sua emancipação: superando proibições, teve discípulos e discípulas.

Inauditas são as palavras do chamado Juízo Final. Ali se diz que o que determina o julgamento não são actos religiosos no sentido comum da palavra, mas o que se faz aos outros, mesmo não sabendo que é a Deus que se faz: "Tive fome, sede, estava nu, na cadeia, no hospital, e destes-me de comer, de beber, vestistesme, fostes ver-me..." Em ordem à salvação, nada se pergunta de confessional, tudo se centra nas respostas práticas às dificuldades das pessoas, independentemente da sua cor, etnia, sexo, de serem religiosas ou não.

Jesus não quis tomar o poder político: "Vim para servir, não para ser servido", "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Mas foi mandado crucificar como blasfemo e subversivo social e político.

Pilatos, representante do poder imperial de Roma, que o condenou, não podia imaginar que aquele desgraçado seria figura "decisiva, determinante" da História. Deus confirmou a sua vida e a sua morte para dar testemunho da verdade

Padre Anselmo da Silva Borges, nasceu em Resende, a 20 de julho de 1944. É ensaísta português. É doutor em Filosofia pela Universidade de Coimbra, sendo professor da Faculdade de Letras desta Universidade. É padre da Sociedade Missionária da Boa Nova, tendo sido ordenado em Fátima, em 15 de Agosto de 1967, após frequentar os Seminários de Tomar (convento de Cristo) , de Cernache de Bonjardim e de Cucujães. e do amor: na morte, Jesus não encontrou o nada, mas a plenitude da vida em Deus, que é amor.

3- Custa-me a entender como é que os europeus parecem menosprezar a sua herança cristã, como indicam, por exemplo, a proibição de um anúncio, porque contém o Pai Nosso, ou a política de acabar com sinais cristãos da nossa cultura, como a presença de presépios em espaços públicos.

Seja como for, é Karl Rahner, talvez o maior teólogo católico do século XX - tenho a honra de ter sido seu aluno -, que tem razão, quando escreveu: "Quando dizemos "é Natal" estamos a dizer: "Deus disse ao mundo a sua palavra última, a sua mais profunda e bela palavra numa Palavra feita carne". E esta Palavra significa: amo-vos, a ti, mundo, e a vós, seres humanos." Boas Festas!

Natal, Caminho para Deus 08 | O Alforge | dezembro 2016

As mulheres na Igreja O espantoso é que Jesus não escolheu as mulheres para discípulas. Foram elas que o escolheram, seduzidas pelo que ele era, sem qualquer miragem de poder.

Na mesma época, casos como o da Juventude de Cristo Rei – inteiramente misto e em perfeita autogestão democrática – eram raros.

1. O ciclo de tertúlias, de Janeiro a Novembro de 2016, na Biblioteca de Belém, é inteiramente dedicado às mulheres. No passado dia 29, o tema era As mulheres na Igreja, desenvolvido pela filósofa Maria Luísa Ribeiro Ferreira e moderado por Maria João Sande Lemos. Como carta fora do baralho, pediram-me uma intervenção.

Os chamados Institutos femininos de Vida Consagrada nunca precisaram de nenhuma ordem para se multiplicarem, mas também nunca eram dispensados da autorização masculina.

Lembrei-me, imediatamente, da antiga distribuição das pessoas no espaço da igreja da minha aldeia: os homens à frente, as mulheres e crianças atrás.

O padre dizia a Missa, em latim, de costas para todos.

As mulheres limpavam a igreja, enfeitavam os altares e algumas ensinavam a “doutrina” às crianças.

Dizem-me que, nas igrejas das cidades, as actividades e associações femininas eram mais abundantes e variadas.

A partir dos anos 30 do século passado, a Acção Católica teve um papel muito activo na renovação da vida da Igreja. Manteve, em todas as suas expressões, a separação entre masculina e feminina.

O assistente era sempre um padre.

Nos anos 60, para os Cursos de Cristandade, a religião não era para mulheres. A versão feminina surgiu apenas para que elas pudessem entender o repentino fervor dos maridos cursilhistas.

Compreendo que as novas gerações já não saibam o que isso quer dizer e as mais velhas não gostem de o lembrar. No entanto, o tema, As mulheres na Igreja, é recorrente, mas falar do papel dos homens na Igreja parece insólito.

Porque será?

2. Para o teólogo jesuíta, J. Moingt, a propósito desta e de outras questões, é indispensável reencontrar o Evangelho. Só ele poderá salvar a Igreja [1]. É preciso, de facto, alterar os termos do debate. Segundo as quatro versões do Evangelho, Jesus nunca teve nenhum problema com as mulheres. As suas dificuldades foram sempre com os discípulos que Ele próprio escolheu. O Evangelho de S. Marcos sublinha, várias vezes, que os apóstolos não compreendiam nem as palavras e nem os actos de Jesus [2].

Vendo mais de perto os textos, a razão do desentendimento pareceme ser a seguinte: Jesus venceu as chamadas tentações messiânicas da dominação económica, política e religiosa; os

discípulos deixaram tudo para o seguirem, mas com a ideia de que faziam um bom negócio. Jesus tomaria o poder e seriam eles a ocupar os postos ministeriais. A discussão, entre eles, era sempre a mesma: Quem seriam os primeiros? A determinada altura, os filhos de Zebedeu, Tiago e João, não aguentaram a espera e foram ter directamente com o mestre: Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda. Jesus respondeu: Nem pensem!

Mas há algo mais interessante ainda: Os outros dez, tendo ouvido isto, começaram a indignarse contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam e os seus grandes as tiranizam. Não deve ser assim entre vós.

Quem quiser ser grande entre vós, faça-se servo equem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos. Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos.

Segundo os Actos dos Apóstolos [3], mesmo depois da ressurreição, os discípulos não desarmaram: Senhor, é agora que haveis de restaurar a realeza em Israel? Jesus já não aguenta mais essa ambição teimosa de poder: só o Espírito Santo será capaz de os mudar!

O espantoso é que Jesus não escolheu as mulheres para discípulas. Foram elas que o escolheram, seduzidas pelo que ele era[4], sem qualquer

Frei Bento Domingues, Op, (Basílio de Jesus Gonçalves Domingues), nasceu a 13 de Agosto de 1934, em Travassos (Vilar – Terras de Bouro). Entrou para o Noviciado na Ordem dos Pregadores (Dominicanos) em 1953. Estudou Filosofia e Teologia em Fátima, Salamanca, Roma e Toulouse.

Tomou parte em várias iniciativas de carácter cívico: no lançamento da publicação clandestina, Direito à Informação; pertenceu ao secretariado da Comissão Nacional de Socorro aos presos políticos, do Comité Português Pró-Amnistia Geral no Brasil; foi membro do Conselho Nacional de Imprensa. É membro do Fórum Abraâmico.

Natal, Caminho para Deus 09 | O Alforge | dezembro 2016 Continuação... miragem de poder. Pelo contrário, seguiram-no até à cruz e ao sepulcro, sem nunca lhe pedir nada em troca e prontas a financiar o seu projecto [5].

Destas discípulas, Jesus ressuscitado fez apóstolas do futuro do Evangelho no mundo. São elas as encarregadas de evangelizar os apóstolos, os discípulos: Eis que Jesus veio ao seu encontro e lhes disse:

Alegrai-vos. Elas, aproximando-se, abraçaram -lhe os pés, prostrando-se diante dele. Então Jesus disse: Não temais! Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá me verão [6].

3. Quando se voltar a ter em conta a força desta cena ressuscitante, as discussões sobre os ministérios das mulheres na Igreja, impôr-se -á a pergunta: teremos

autoridade para desordenar aquelas que Jesus ordenou?

Elas não procuraram ministério nenhum. A vida delas foi de puro serviço do amor. Foi Jesus ressuscitado que, espontaneamente, as encarregou de evangelizar aqueles que, toda a vida, apenas procuravam o poder.

[1] J. Moingt, L’Evangile sauvera l’Église, Paris, Salvator, 2013 [2] A Bíblia de Jerusalém acentua as seguintes passagens: Mc 4, 13; 6, 52; 7, 18; 8, 17-18.21.33; 9, 10. 32; 10, 35-45 [3] Act 1, 6-8 [4] Lc 7, 36-50; 8, 1-3 [5] Mt 28, 1-10] Mt. 28, 9-10 e

par.

Se não quisermos continuar no ridículo, teremos de voltar a este tema.

Imaculada Conceição, Um Caminho para Deus...

As maravilhas de Deus ao longo da história da salvação, revela sempre a sua misericórdia em favor dos homens. Quando o homem fazendo mau uso da liberdade que Deus lhe concedeu, introduziu o pecado no mundo, com todas as consequências e sofrimentos que dai derivaram, Deus não o abandonou à sua sorte.

Logo após o pecado dos nossos primeiros pais, ficou a promessa da redenção. E é justamente através da Imaculada Conceição da Virgem Maria, cuja festa celebramos que Jesus Cristo Redentor dos homens, vem ao mundo para libertar o homem do pecado da escravidão do pecado. É assim, da mesma forma que através da desobediência de Eva o pecado entrou no mundo, também agora através do "sim" da Virgem Maria aos desígnios de Deus, entra no mundo Aquele que nos veio trazer a redenção do pecado e a vitória sobre a morte: o Filho de Deus feito homem.

É por isso que Maria, segundo a saudação do Anjo é a "cheia de graça", a "Imaculada"' foi Preservada de toda a mancha e de todo o pecado. Como toda a criatura humana, também Maria poderia ter estado sujeita ao pecado. Mas Deus ao escolhê-la para Mãe do seu Filho, não podia permitir que Aquela de que Jesus iria nascer fosse manchada pelo pecado. Por isso, Deus ao iniciar na Imaculada Conceição da Virgem Maria a obra de redenção humana, lhe concedeu o privilegio único de a preservar de todo o pecado, em atenção aos méritos futuros de Jesus, redentor dos homens.

Maria beneficia assim, antecipadamente e de um modo muito especial, dos méritos que Jesus iria alcançar com a sua morte na cruz. Mas tudo isto aconteceu, tudo isto foi possível, porque ao contrário da primeira Eva, Maria soube dar o seu consentimento humilde à vontade de Deus. À semelhança de Maria, também nós somos

chamados a sermos "santos e irrepreensíveis" diante de Deus.

Todos nós somos convidados, como Maria, dizer "sim" aos desígnios amorosos de Deus.

E de facto dizemo-lo muitas vezes. Cada vez que rezamos o Pai-nosso, dizemos ao Senhor "seja feita a Vossa vontade".

Mas, não basta dizê-lo com os lábios, é preciso dizê-lo no íntimo do nosso coração, Entregarmo-nos confiada ente, como Maria, anãs suas mãos.

Peçamos à Virgem Maria que nos alcance a graça de um coração puro, um

coração capaz de renunciar a toda a espécie de pecado e onde Jesus possa vir habitar cada dia da nossa vida.

Frei José Carlos Lucas, op

Natal, Caminho para Deus 10 | O Alforge | dezembro 2016

Natal – Mistério, família e tradição

Paula Filomena Camelo Teixeira, nasceu em Seia, a 15 de dezembro de 1964. É Licenciada em Engenharia Civil e é sócia-gerente da SENAPROJECTOS - Serviços de Engenharia, Lda. Atualmente é Presidente da Direcção do Orfeão de Seia e faz parte da Direcção do Centro Paroquial de Seia.

O Natal, época de encontros, de afectos, de amizade e em família é tempo privilegiado para evidenciar e viver os valores cristãos.

O Natal comemora o nascimento de Jesus Cristo, filho de Deus vivo.

O Natal está fortemente associado à família, pois o nascimento de uma criança é sempre motivo de festa, de celebração e reunião.

Na nossa sociedade, actualmente muito marcada pelo laicismo, é difícil à família transportar para o seu seio o verdadeiro significado e o autentico Natal de Jesus.

A família cada vez mais é empurrada a viver o Natal envolta no stress e consumismo natalício, o que não favorece a interiorização deste mistério. O grande desafio é viver esta época de forma descontraída, em família, lembrando a tradição e o espírito de partilha, a entrega e o amor recíproco.

Quando nos juntamos para

comemorar o nascimento do Menino Jesus aí experienciamos o verdadeiro Natal. Reunimos gerações e renovamos laços.

O Natal é tempo de lembrar a história mais importante da humanidade, é tempo da família compartilhar os seus momentos de felicidade com todas as pessoas que são importantes na sua vida por tudo aquilo que são e representam uns para os outros.

A família vive e lembra a noite da consoada, como um dos pontos altos desta festividade reunindo-se ao redor da lareira e da mesa com iguarias tradicionais.

A consoada também designada por Ceia de Natal, mobiliza a família obrigada muitas vezes a fazer grandes distâncias para que todos os membros se possam reunir.

Segundo a tradição a refeição é composta por: bacalhau cozido com couve portuguesa, peru, cabrito e para a sobremesa arroz doce, aletria, filhós e rabanadas.

De acordo com a tradição aguarda-se o início da “missa do galo” junto ao madeiro, fogueira de grandes dimensões a arder no adro da igreja até ao início do ano novo.

“A missa do galo foi instituída no século V, após o Concílio de Éfeso (431 D.C.), começando a ser celebrada oficialmente na basílica erigida no monte Esquilino pelo o papa Sisto III, dedicada a Nossa Senhora - posteriormente denominada Basílica de Santa Maria Maior. É celebrada à meia-noite do dia 24 de Dezembro para o dia 25, tendo recebido tal nome por se acreditar que por volta deste horário, há 2015 anos atrás, um galo cantou fortemente anunciando a vinda do Messias. O galo foi escolhido como símbolo desta celebração porque, historicamente e tradicionalmente, representa vigilância, fidelidade e testemunho cristão.”

Faz parte da tradição que após a missa do galo se coloque a imagem do menino Jesus no presépio e no dia 25 Dezembro é tempo de acordar mais tarde e fazer a troca de presentes que tinham sido deixados junto ao presépio nessa noite. Este é o dia para se fazer o pequenoalmoço prolongado em família.

O Natal é a ocasião em que somos convidados a dar um pouco mais de nós, é um tempo privilegiado para perdoar, amar e receber a bênção de Deus, tempo de nos deixarmos guiar pela presença divina em nós.

Natal, Caminho para Deus 11 | O Alforge | dezembro 2016

Natal! Natal universitário!

Nesta como em tantas outra o verdadeiro significado do Natal á muito que foi perdido, dando lugar a um tempo de consumismo.

Preparasse a festa de Natal para os filhos dos funcionários docentes e não docentes, aparece o “Pai Natal”, prendas para todas as crianças, umas ficam contentes outras jogam fora o que receberam porque já têm ou não gostam, fazem birra, e os pais para o filho não os envergonhar mais, prometem comprar o que eles exigem!

Fantástico, uma geração de crianças mimadas, sem educação, sem respeito, manda nos Dr., Natal! Mas afinal onde ficou o menino Jesus, será que ninguém aprendeu na universidade que o Natal é a festa do nascimento de Jesus?

Num ambiente de tantos humanos com crenças e religiões tão diferentes ou simplesmente ateus. Não seria normal fazer a festa de Natal, não perdendo o seu real significado, mas permitindo que todos estivessem presentes se assim o entendessem, numa

forma de partilhar o que verdadeiramente este tempo significa. Sem vergonha ou preconceito de manifestar a sua verdade.

Afinal onde estão os verdadeiros Cristãos, que não defendem o seu Natal como o nascimento de Jesus Cristo, o filho de Deus feito homem que veio ao mundo para nos salvar? O Cristão que respeita o próximo e suas crenças, mas que não deixa que o seu Natal sejam transformado numa Farsa como diz o Papa Francisco, numa festa pagã, numa festa de puro consumismo, que nada ensina às nossas crianças, aos jovens, que não ensina o respeito, que não ensina a dar valor a pequenas coisas.

Quanto têm que agradecer/ valorizar os jovens universitários por poderem aprender, quando tantos no mundo queriam e nem escolas têm! São obrigados a trabalhar desde muito novos para poder comer, eu sei que muitos respondem que não têm culpa, ou que não podem fazer nada! Mas será bem assim? Todos sabemos que há guerra em várias partes do mundo, será que

não podemos fazer nada?

Como pode haver paz no mundo quando pais e filhos não se entendem, quando casais não se entendem, quando famílias não se entendem! Como podemos acabar com a guerra quando o Natal se traduz em ver quem recebe as melhores prendas as mais caras, quem enfeita melhor a casa, quais as cidades com mais iluminações, com a árvore mais alta?

Mas sejamos otimista com o ser humano, vejamos algo de bom que podemos tirar deste Natal disfarçado numa festa de Família. Depois de questionar alguns jovens adolescentes sobre: O que é para eles o Natal ?

A resposta unânime, Natal é: estar em família, comida boa, luzinhas por toda a parte e prendas!

Natal é passado? Dezembro é : A Festa da Família!

Será que em alguma universidade se ensina que Natal é festejar o nascimento de Jesus Cristo, O Filho de Deus Que Veio Ao Mundo Para Nos Salvar Do Pecado Original?

Tenho a esperança neste Natal, que sim.

Porque eu nasci, diz Deus … (Lambert Noben) Nasci nu, diz Deus, Para que tu saibas despojar-te de ti mesmo.

Nasci pobre, Para que tu possas considerar-me a tua riqueza.

Nasci num estábulo, Para que tu aprendas a santificar todos os lugares.

Nasci débil, Para que tu nunca tenhas medo de mim.

Nasci por amor, Para que tu nunca duvides do meu amor.

Nasci na noite, Para que acredites que possas iluminar qualquer realidade.

Nasci pessoa, Para que nunca te envergonhes de seres tu mesmo.

Nasci homem, Para que rumorosas ser 'Deus'.

Nasci perseguido, Para que tu saibas aceitar as dificuldades.

Nasci na simplicidade, Para que tu deixes de ser complicado.

Nasci na tua vida, Para levar todos a casa do Pai.

António de Deus Abrantes Jorge, nasceu a 19 de Fevereiro, de 1969, em Seia.

Católico praticante e crente na humanidade. É especialista de informática a desempenhar funções na área das TIC na Universidade de Aveiro.

Natal, Caminho para Deus 12 | O Alforge | dezembro 2016

Revisão de Vida à luz do Presépio Neste Natal e ao longo do ano que se aproxima, coloquemos Jesus no centro das nossas vidas, na família, no trabalho e aproveitemos bem o tempo que o Senhor nos oferece. Só quem sabe aproveitar o tempo não se desgasta nem envelhece.

Aproveitar o tempo é caminhar para Deus na certeza do acolhimento e do prémio que Deus reserva aqueles que Passou mais um ano na história da nossa vida. A nossa primeira atitude deve ser de ação de graças ao Senhor do Tempo e da História. A mais eficaz graça para a nossa salvação é o tempo. O tempo é o primeiro talento que o Senhor nos concede para o fazermos render.

Cada hora é preciosa; cada dia é único e cada ano tem o seu proprietário valor.

Só depois deste talento é que o Senhor nos dá outros talentos, outras graças. Mais um ano está a terminar. Ao longo deste ano tivemos acondimenteis tristes e outros alegres; quantas alegrias e quantas tristezas; quantas vitórias e quantas derrotas. Foi assim tecida a nossa história durante um ano.

A história é a mestra da vida e são tantos os ensinamentos que ela nos pode fornecer à luz do Evangelho e, sobretudo, à luz do Presépio, à luz do

Natal de Jesus Cristo.

Diz o Evangelista que Jesus é a luz verdadeira que ilumina todo o homem que vem a este mundo. Para serem ensinados os homens, vão às escolas. Jesus fundou a sua escola numa manjedoura de animais e da manjedoura fez a sua cátedra para ensinar os homens.

Quem precisa de ser ensinado nos caminhos da vida e da salvação vai à escola de Jesus. Todos nós somos alunos dessa escola e temos muito que aprender, apesar do curso que fizemos. Muitas vezes queremos parecer mais do que aquilo que somos. Jesus quis parecer menos do que aquilo que é.

Ele era o mais sábio e quis parece o mais ignorante. Ele que era o mais forte e quis parecer o mais fraco. É esta a primeira lição para nos neste Natal. Jesus nasceu no meio das maiores privações

a ponto de não ter casa para nascer. Temos aqui uma grande lição! Nas dificuldades da vida, tantas vezes, encaramos os problemas e privações como se fossem a maior desgraça do mundo. É verdade que muitas vezes, parece que até vivemos as bemaventuranças às avessas.

Na vida conjugal ou na vida de relações entre pais e filhos ou na nossa vida profissional ou de negócios vivemos o Evangelho como se ele tivesse por finalidade libertar-nos de fracassos.

Não terá sido isto o que tem acontecido na nossa vida? E queixamo-nos de dificuldades na fé e na oração pessoal e comunitária, quando aparecem os problemas na vida conjugal por falta de adaptação de diálogo, não saber aceitar as diferenças, ou então o egoísmo de uma ou ambas as partes e logo o Evangelho é posto em causa.

sabem administrar o seu tempo, justamente com os outros dons. O nosso tempo é para ser bem gerido, quer a trabalhar, quer a descansar, quer a cantar, quer a rezar!

Pe. Mário Bizarro da Nave (Peso - Covilha)

Notícias da Misericórdia ...

13 | O Alforge | dezembro 2016

Misericórdia: E agora?

Em 2000, tivemos o «Grande Jubileu», precedido por um triénio temático de preparação. Em 2002-03, tivemos o «Ano do Rosário».

Em 2004-05, tivemos o «Ano da Eucaristia». Em 2008-09, tivemos o «Ano Paulino».

Em 2009-10, tivemos o «Ano Sacerdotal». Em 201213, tivemos o «Ano da Fé».

Em 2014-16, tivemos o «Ano da Vida Consagrada». Em 2015-16, tivemos, finalmente, o «Jubileu da Misericórdia», que agora encerrou. Para lá destes anos, propostos à Igreja universal, haveria ainda que acrescentar os anos temáticos celebrados ao nível local.

Este sumário elenco, contudo, deveria fazer-nos pensar. Que ficou destes anos naquilo que deles passou? Não escondo que, por vezes, fico com a desconfortável impressão de uma certa saturação temática na agenda e discurso eclesiais. Como se se quisesse assim, com esta insistência em temas, contrariar a sensação de algo se vai perdendo.

A bondade da intenção, porém, nem sempre parece ser acompanhada pela fecundidade e durabilidade dos seus efeitos. E estes efeitos podem mesmo, em certos casos, ser paradoxais.

Por um lado, a voragem deste calendário temático acaba por desvalorizar os temas que procurara promover. Por outro, tal sobreposição de temas dificilmente não deixará no auditório uma certa sensação de ruído. Daí, então, a razão de ser da pergunta: misericórdia, e

agora?

E agora? Agora importa reconhecer que, com esta insistência na misericórdia de Deus, se iniciou um processo que não está concluído. Se algo se fez, muito continua ainda por ser feito. A nível do aprofundamento da fé, faltará levar até às últimas consequências o reconhecimento de que esse é um traço singular do Deus de Jesus Cristo e, portanto, também dos seus filhos e discípulos.

Onde nos levará pensar em Deus como misericórdia, até ao fim e com todas as suas consequências? Onde nos levará reler o Evangelho como revelação da misericórdia, até ao fim e com todas as suas consequências? Onde nos levará a prioridade da misericórdia na vida e testemunho eclesiais, até ao fim e com todas as suas consequências?

Agora, falta ainda assumir a misericórdia como chavede-leitura e critério do pensar e viver cristãos.

Agora, falta fazer da Igreja, sempre e cada vez mais, morada e comunidade de misericórdia. Agora, falta saber se é com esse rosto evangélico que ela se quer apresentar e estar no mundo.

Mas podemos mais e ir mais longe. Porque a pertinência do tema e a tomada de posição que ele requer não se ficam pela esfera eclesial, mas alargamse ao todo da sociedade.

Cabe ainda pensar o agora da misericórdia nas relações sociais. E agora? Agora há que socializar a misericórdia,

ou seja, dar-lhe forma efetiva nas nossas sociedades. Sim, porque esta atitude tem um alcance não apenas pessoal, mas também social; não apenas individual, mas também comunitário; não apenas espiritual, mas também político. Agora, precisamos de melhores traduções sociais da misericórdia.

Para lá deste ano, o que permanece? Permanece a própria misericórdia.

Permanece como algo a pensar, a propor e, acima de tudo mais, a viver. E agora?

Responde o Papa Francisco: «é tempo de olhar para diante e compreender como se pode continuar, com fidelidade, alegria e entusiasmo, a experimentar a riqueza da misericórdia divina. […]

Não limitemos sua ação [da força renovadora da misericórdia]; não entristeçamos o Espírito que indica sempre novas sendas a percorrer para levar a todos o Evangelho da salvação» (Misericordia et misera, 5).

O Padre Alexandre Coutinho Lopes de Brito Palma nasceu a 11 de Agosto de 1987 e é sacerdote do Patriarcado de Lisboa.

É licenciado em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (1ª grau canónico).

Em 2008, fez o Mestrado em Teologia Sistemática pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (2ª grau canónico).

Em 2013 concluiu o Doutoramento em Teologia pela Pontificia Università Gregoriana [Roma, Itália] (3ª grau canónico).

Desde 2012 que é investigador e secretário da direcção do Centro de Estudos Religiões e Culturas da Universidade Católica Portuguesa.

Noticias da Nossa Ter ra 14| O Alforge | dezembro 2016

O Jubileu da Misericórdia de Seia O Jubileu da Misericórdia que o Papa Francisco, durante quase um ano instituiu, terminou no dia 20 de Novembro.

O apelo do Papa não deixou ninguém indiferente e, entre católicos, despertou muitas consciências para o objectivo que colocou neste Ano Santo: (1) A Misericórdia do Pai é infinita; (2) Sede misericordiosos como o pai.

Nesta fase da vida social tão conturbada e de tanta carência material, social e dúvida espiritual, foi assinalável o êxito desta iniciativa do Pontífice.

Quem assistiu com mais proximidade ao apelo e às diversas actividades que, ao longo do ano, se foram desenvolvendo, ficou, certamente, tocado neste sentimento do Papa e nos resultados que ele espera que aconteçam.

Quem viveu o ano dentro da vida das próprias Santas Casas de Misericórdia e onde em cada dia se percebem bem as realidades espirituais e materiais dos mais necessitados e também conviveu com as reais situações, ficará, certamente, marcado por um acontecimento extraordinário que, embora sabido, não era entendido em todo o seu sentido e alcance. A Santa Casa de Misericórdia de Seia não podia deixar de se associar ao chamamento do Pontífice.

Desde quase o primeiro dia ao último do Jubileu, esteve presente naquilo que foi sendo julgado de mais interesse e sentido religioso, social e misericordioso.

Em Dezembro de 2015, assinalava-se, na fachada

principal da Igreja da Misericórdia, sita na principal Avenida da cidade de Seia, uma faixa anunciando o Jubileu, convidando os cristãos a reflectir, incentivar os visitantes e os transeuntes a olhar com outra dimensão no que é fazer a prática das obras e a ser misericordiosos.

A vigília de Abertura do Ano Santo, a cargo do assistente religioso Padre António Carlos, constituiu um momento alto de oração no dia 07 de Dezembro de 2015, naquele mesmo Templo.

Correspondendo aos apelos feitos, quer pela União das Misericórdias, quer pelo Santo Padre, a Misericórdia de Seia participou na peregrinação a Fátima que reuniu mais de 10 mil pessoas, numa assombrosa cerimónia de fé e comunhão de sentimentos. Aquela missa, celebrada pelo D. Jorge Ortiga, a sua homília, transbordou de alegria e fé

cristã. Os idosos, os colaboradores, irmãos, voluntários e dirigentes de Seia acorreram a Fátima, em número que rondou a sete dezenas. Seia ali deixou o seu sinal de presença física e espiritual. O rosto e os comentários dos participantes ainda são o maior testemunho desse espírito.

Para as Misericórdias de Portugal houve, ainda, um momento alto, com a peregrinação a Roma, nos dias 03 e 04 de Setembro.

Na Praça de São Pedro, o Papa Francisco recebeu para saudar e agradeceu às Misericórdias de todo o mundo a acção do seu voluntariado e exortou-as a continuarem neste espírito de ajudar os mais fracos da sociedade que se vive.

Coincidindo com a cerimónia de Santificação de Madre Teresa, aquelas duas manhãs, na tórrida Praça do Vaticano, em comunhão com o Papa, vincou profundamente. Seia, como sempre, marcou presença

através de dois membros dos corpos sociais.

Para terminar este ano extraordinário, no dia 12 de Novembro, pelas 21:00 horas, os Padres Joaquim Cardoso e António Carlos, responsáveis pelas paróquias onde as valências da Misericórdia exercem suas actividades, encerraram este Ano Jubilar, numa cerimónia que compreendeu missa e homília alusiva ao acontecimento e descida da tarja que, durante o ano, lembrava as pessoas para serem misericordiosas como o Pai. O Orfeão de Seia acompanhou as cerimónias entoando, no final, o Hino do Jubileu.

Poderemos afirmar que a Misericórdia de Seia procurou corresponder ao objectivo de Francisco. Nesta síntese ajustada, não estaremos enganados que as pessoas da Misericórdia, e fora dela, ficaram a compreender o que é a Misericórdia e o alcance desejado pelo Pai Misericordioso.

Alcides Henriques

Testemunhos sobre o Natal...

15 | O Alforge | dezembro 2016

A vivência do Natal, hoje e sempre...

Por esta altura, todos nós vivemos uma quadra muito especial....a quadra natalícia, que é uma das melhores alturas do ano , onde as pessoas não ficam indiferentes umas em relação às outras. É nesta data que o ser humano abre o seu coração para a sua família e para todas as pessoas ao seu redor, partilhando afeto, bondade, amor, espalhando, assim, gestos concretos e autênticos que podem tornar o mundo melhor.

Para muitos, esta quadra resume-se somente aos presentes, ao materialismo desenfreado, à busca do imediato, esquecendo que o verdadeiro sentido do Natal, está na vinda de Alguém, Jesus Cristo, que na sua humildade, quer trazer uma nova esperança para o mundo de hoje!

O Natal é muito mais do

que os presentes , e é fundamental que todas as pessoas o percebam , pois só assim, podem verdadeiramente, ano após ano , vivenciar o espírito natalício.

Por norma em Portugal, o Natal é esperado com muita expectativa e ansiedade , tanto por parte dos mais pequenos como por parte dos mais velhos....decoramse casas, ruas, cidades inteiras ficam iluminadas com a magia do Natal.

E as luzes do Natal, o que poderão representar para nós? Será uma decoração superficial, feita pontualmente, para eventos especiais ou poderá ser uma forma de nos fazer acordar para uma nova realidade, a qual desperta para cada um de nós, à semelhança de Jesus, possa ser um luz para os outros.

Nesta quadra, é habitual

as famílias juntarem-se à mesa , para poderem confraternizar, e aguardam ansiosamente pela chegada da meia noite para poderem desembrulhar os seus presentes e ,assim, desvendarem o mistério que estava por detrás de todo aquele papel de embrulho.

Porém , existem muitas pessoas que não podem ter um Natal em paz e em família, ou porque já perderam aqueles que lhe eram muito queridos, ou porque não tem condições económicas, que lhes permitam ter uma casa para poderem partilhar à mesa , ou pelos conflitos de violência e de guerra que dividem famílias, que perdem o seu sentido de viver...

Neste Natal, vou fazer um pedido: que o Menino Jesus, que vai nascer, faça crescer em nós a chama do Amor,

da Esperança, da Caridade, da Fé!

Que saibamos manter sempre presente o verdadeiro sentido do Natal e que através do exemplo da Família de Nazaré, sejamos verdadeiros escutas, no sentido de entendermos melhor o significado profundo da manifestação do Filho de Deus.

O Natal existe devido ao nascimento de Jesus Cristo, e sendo dia 25 de dezembro, o dia do seu aniversário, nada melhor do que o recordar!

Votos de um Santo e Feliz Natal!

recordam dos tempos passados e nós deixamos as tradições para trás não querendo saber.

Somos jovens, com energia para dar e vender e temos de agarrar as tradições! E porque não darlhes uma nova vida, acrescentando alguns pontos mais jovens aqui e ali para que elas fiquem com a nossa marca.

Afinal de contas tudo está nas nossas mãos e não podemos perder a Esperança!

Juntos por um Natal melhor! Que dos nossos corações desabrochem sentimentos autênticos, para que o Menino Deus

possa ficar sempre entre nós!

Maria Carolina Ferreira, 10ºA

O Natal… Tempo dos Afetos O Natal é a época mais bonita do ano, é a época em que as famílias se juntam, a época em que as pessoas mostram o seu lado mais generoso.

Na minha opinião o Natal perfeito seria com toda a família reunida durante um belo serão de convivência, o que nem sempre acontece porque alguns estão fora do seu país de origem, à procura de uma vida mais estável.

Hoje em dia, a maior parte das pessoas, preocupa -se, apenas, com os presentes que vão receber e esquecem-se dos atos de afeto que valem muito mais que qualquer bem material.

Dou comigo a pensar… Se é no Natal que a bondade e generosidade das pessoas vêm ao de cima, então deveria ser sempre Natal!

E é, Natal é quando o Homem quiser. Todos os dias podemos oferecer o que de melhor há em nós e não é difícil, por vezes um sorriso, um olhar, um elogio, o estender de mão a alguém que precise vale muito mais do que dinheiro, uma roupa de marca ou algo do género.

Apercebo-me que de ano para ano as tradições mudam. Por vezes, algumas podem parecer insignificantes, mas para os nosso pais e avós são importantes, porque os

Feliz Natal e um Próspero Ano Novo de 2017 Sara Sousa, 10º A

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