Patio das Laranjeiras

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18 | PL | Março/Abril 2010 TEXTO

p a l av r a EDIÇÃO

empurra

p a l av r a

...porque há sempre lugar para mais uma palavra!

Teresa Noronha

LITERATURA Um Amor em Tempos de Guerra

A Rapariga que Roubava Livros

de Júlio Magalhães Esfera dos Livros

de Markus Zusak Editorial Presença

evisitar a minha infância foi, talvez, o motivo que me levou a comprar o livro ”Um Amor em Tempos de Guerra”, de Júlio Magalhães. Nuvens negras pairam, ainda, no meu imaginário de criança, não se admirem, pois, que deseje, agora mesmo, que o vento as leve para bem longe do meu horizonte. Vejam: os meus tios, os dois mais novos, foram para o Ultramar; os filhos do meu vizinho foram “a salto para França”, para não cumprirem o serviço militar; a minha irmã foi “madrinha de guerra”, recebia e escrevia cartas num papel muito fininho, dizia-me que era para avião; a filha da ti Almerida, uma jovem casada, engravidou na ausência do marido e, coitada, quase não resistiu ao falatório e ao peso da vergonha. Afinal, perguntava eu, onde fica esse Ultramar que tantas inquietações trazia para aquela pequena aldeia, onde todos se cumprimentavam e, acreditem, até os mais novos pediam aos mais velhos a sua bênção. Será que nessa terra tão longínqua também era necessário pedir a bênção? Falavam em guerra, mas que guerra? Ninguém explicava. Melhor, ninguém podia explicar. Este livro permitiu, de facto, recordar as vivências da minha infância, as emoções despertadas pela intimidade de um mundo rural e, acima de tudo, relembrar que, mesmo em tempo de guerra, o amor pode sobreviver a tudo, como o mais nobre dos sentimentos humanos. «O romance que vai ler é uma longa notícia. Espero que goste.» É assim que Júlio Magalhães, jornalista, inicia a terceira edição da sua notícia na qual descreve, clara, objectiva, factual e comprovadamente, que há amores que resistem a todas as vicissitudes.

O

R

GRAÇA NETO PINTO

Departamento de Ciências Sociais e Humanas

Holocausto visto pelo olhar inocente de Liesel, uma órfã alemã de nove anos que roubava livros. A descoberta da palavra escrita, o encanto da leitura para superar o horror e o poder supremo do amor aos livros. Comovente a oferta do livro “Mein Kampf ”, de Hitler, pintado como desenhos e transformado em livro infantil. A morte está sempre presente e é o narrador incansável deste livro. LUÍSA QUARESMA

Departamento de Línguas

Sinto Muito de Nuno Lobo Antunes Verso de Kapa

A

final…os médicos também sofrem. Sofrem quando têm de informar os pais que o seu filho, de tenra idade, tem nove meses de vida. Sofrem com as perdas dos seus pacientes e sofrem com a sua impotência para salvar vidas. Sofrem quando criam empatia com os doentes e lhes atinge a alma as dores físicas dos outros. Renovei a minha esperança na classe médica e guardei a minha descrença no armário, depois de ler o livro de Nuno Lobo Antunes, “Sinto Muito”. Porque, afinal, os médicos também sofrem! É um livro que fala da dor, seguida da perda, descritas pelo autor, especialista em neuro-oncologia pediátrica. “Muitos me perguntam como era possível conviver diariamente com o des-

gosto. A resposta é simples: é um privilégio poder conhecer a humanidade no seu melhor…”, afirma Nuno Lobo Antunes no próprio livro. “Sinto Muito” é uma obra que “agarra” o leitor com uma linguagem acessível e repleta de sentimento. ANA CASTANHEIRA

Centro de Formação e Difusão da Língua Portuguesa

INTERNET Pordata www.pordata.pt das melhores bases de dados em língua portuguesa que encontrei até hoje na incontornável Internet. Todos nós pre cisamos, para este ou aquele efeito, de determinado tipo de informações que, só de pensar nelas, por vezes nos retira imediata mente o ímpeto ou o entusiasmo. Falo vos de estatís tica, por exemplo. Pois o sítio Pordata é uma poderosa fer ramenta de informação estatística sobre Portugal contemporâneo que, uma vez uti l izada, passa a ser nossa al iada. Nunca sabe mos quando vamos precisar, por exemplo, de conhecer a taxa de natal idade bruta de 1976 ou a taxa de feridos graves nas estradas portuguesas no período entre 1987 e 2001. Os mecanismos de pesquisa estão bas tante aprimorados e com elevado grau de detalhe, o que permite saber praticamente tudo. São 12 os grandes temas gerais que estruturam a base de dados criada pela Fun dação Francisco Manuel dos Santos. A possi bil idade de util izar os dados disponíveis para fazer os seus próprios cruzamentos de informação e obter indicadores mais especí ficos e, finalmente, poder exportar os dados para suportes digitais, torna o Pordata ver dadeiramente irresistível.

É

ANTÓNIO LOPES

Centro de Recursos Educativo/Centro de Formação e Difusão da Língua Portuguesa


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