Formação de professores para o uso de tecnologias computacionais no ensino: considerações sobre a importância da auto-eficácia
INTRODUÇÃO
movimento, o entendimento dos alunos de conceitos considerados abstratos, difíceis de serem entendidos
As tecnologias de informação e comunicação
apenas a partir da leitura de um texto ou da explica-
têm mediado, cada vez mais, processos econômi-
ção do professor. “É muito mais fácil entender, por
cos, sociais e culturais. A grande maioria das pessoas
exemplo, como age a insulina no corpo humano vi-
não ignora a importância dessas tecnologias nas mais
sualizando uma animação que simule o processo de
diferentes esferas da vida: estudo, trabalho e lazer.
ação da insulina, do que somente lendo ou ouvindo
O não-acesso às tecnologias, especialmente as de
uma explicação” (AUGUSTO, 2003, p.39).
informática, é visto como um problema denomina-
Zimmerman e Schunk (2003) destacam que,
do “exclusão digital”, que pode causar desemprego
segundo a visão de Bandura (1999), a aprendizagem
e desigualdades entre as pessoas. Conforme Silvei-
humana é um evento social no qual as crianças apren-
ra (2001), em uma sociedade considerada da infor-
dem sobre o mundo ao seu redor por meio de transa-
mação, aqueles que não dominarem o computador
ções sociais e recursos midiáticos. Grande parte des-
e a comunicação em rede, não souberem organizar,
sa aprendizagem social não está sob o controle direto
processar e analisar informações, ficarão distantes da
de professores ou pais, mas surge do contato com
produção de conhecimento e estarão sujeitos a se-
irmãos e irmãs, pares, colegas de trabalho e meios
rem excluídos do mercado de trabalho.
de comunicação de massa. Constata-se, nesse con-
Educadores que participaram, na condição de
texto, a relevância de que os meios de comunicação
alunos, tutores ou docentes, de um estudo realiza-
abordem conteúdos criteriosamente desenvolvidos e
do por Augusto (2004), que teve entre seus objetivos
sejam também diretamente incorporados ao ensino.
avaliar o uso didático das tecnologias de comunica-
Experiências internacionais e iniciativas na-
ção e informação no ensino (computador, tele e vi-
cionais sobre o uso da informática na educação, na
deoconferência), tiveram opiniões semelhantes às de
década de 70 e início dos anos 80, contextualizam o
Silveira (2001). Eles dizem que as tecnologias estão
interesse do governo, do Ministério de Ciência e Tec-
presentes em praticamente todas as atividades do
nologia (MCT) e de pesquisadores na disseminação da
dia-a-dia, conhecê-las é fundamental para inserir-se
informática na sociedade e na implantação de progra-
no mercado de trabalho e não ser um “excluído digi-
mas educacionais voltados para uso do computador
tal” e, além disso, são fontes de interesse dos alunos
na educação. Em 1997, foi criado o Programa Nacio-
de hoje, imersos na chamada sociedade da comunica-
nal de Informática na Educação (ProInfo), vinculado a
ção e informação e, portanto, precisam ser conside-
Secretaria de Educação a Distância – SEED, do MEC
radas e incorporadas à educação.
(Ministério da Educação e da Cultura), que tem como
Os estudos de Pfromn Neto (2001); Valente
objetivo principal informatizar as escolas públicas e
(1999) e Niskier (2000; 1972); permitem constatar
auxiliar no processo de incorporação e planejamento
que a televisão e o computador são as tecnologias de
da nova tecnologia, no suporte técnico e na formação
informação e comunicação que mais têm sido utili-
dos professores e equipes administrativas das escolas
zadas na educação. Programas de televisão educati-
(TAKAHASHI, 2000).
vos podem assumir o papel da aula tradicional e os
Programas de formação de professores e ges-
vídeos (filmes, documentários etc) podem auxiliar
tores da rede pública de ensino para utilização de
professores no ensino de conceitos mais dificilmente
tecnologias da informação em sala de aula, como o
compreendidos sem o recurso audiovisual (AUGUS-
Programa Nacional de Formação Continuada em Tec-
TO, 2004). As tecnologias, como os ambientes mul-
nologia Educacional (ProInfo Integrado), implementa-
timídia, tornam possível a apresentação de conteú-
do pelo Ministério da Educação em abril de 2008 e
dos de uma forma lúdica e dinâmica, facilitando, por
que tem como expectativa formar 240 mil professo-
meio da associação entre textos, sons e imagens em
res até 2010, vem sendo vistos como solução para
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